A MORAL DA HISTÓRIA

Os dias passam tranquilos, ensolarados ou não, às vistas concretas e naturais do que é um tudo. Enquanto os enviados são modelados por um comprometimento, estranho a nós, com uma ousadia sincera de fazer a diferença. O que os motiva? Não tentemos entender porque o plano divino é assim mesmo, misterioso.
Aqueles que têm coragem, o temor não é obstáculo porque coragem é tão somente acreditar. E acreditar talvez seja qualidade daqueles que têm, em primeira instância, uma vontade, mesmo que inconsciente, de servir, postura primária e substancial para a propagação do bem.
Os enviados, enquanto pisam neste chão, misturam-se à multidão, feito a brisa nas ramagens, em sua transparência ativa e fecunda e mobilizam as situações para que o lago pantanoso da prostração se debata com a água abençoada da chuva de inovações, provocando a necessária mudança.
Mesquinharias, pensamentos pequenos, egoístas ou maléficos não fazem parte desta postura porque enviados são instrumentos de Deus que, como um bom bisturi, deve ser afiado, mas de ação delicada, para ser objetivo e justo, em concordância com a missão a eles incumbida.
Enviado é todo aquele que um dia acorda com uma vontade firme de fazer algo que torne as pisadas do próximo mais leves neste quinhão de universo. E as formas são muitas, que seja através da ternura das boas palavras, com a postura íntegra enquanto profissional, com um propósito leal a si de ser mais humano e mais amigo, dando vez e voz até mesmo ao inimigo (porque o que mais surpreende aos enviados é o milagre do amor universal), seja pela discrição do silêncio ou pela firmeza de seu caráter modelado pelos acertos, mas muito mais pelos erros que são tão somente aprendizagem àquele que "tem olhos para ver". Enfim, enviado é todo aquele desejoso de ser, como já disse, instrumento do bem, disposto a ser canal e não um ponto final.
Nesta era em que tudo urge, em que a caridade carece, que o respeito fenece e em que a divisão social, política, religiosa, racial, familiar e tantas outras, parece ser a única saída (triste hábito de nós, ainda ignorantes), revisitar as páginas da boa educação e do catecismo da natureza é fazer progresso individual, porque enquanto o outro estiver manchado com nódoas do meu mal, a minha felicidade ainda estará comprometida por toda uma vida.
Saibamos que os valores são subjetivos, cada um prioriza o que lhe é agradável, mas o grande Valor é universal e somente ele trará aquilo que nos falta, a plenitude de estarmos humanos e sermos divinos.
Portanto, se ainda não somos, queiramos bem aos enviados, pessoas que querem fazer a diferença, que querem cumprir a sentença sem a moral pequena, limitada, egoística do homem, mas fiel a uma causa maior, a uma amplitude de direitos e de deveres que nascem do manancial de Deus.
Parafraseando Immanuel Kant, fica aqui a moral da história: "A moral, propriamente dita, não é a doutrina que nos ensina como sermos felizes, mas como devemos tornar-nos dignos da felicidade". Falar sobre o ser moral é abrir um campo vasto e profundo de discussões, mas atenhamo-nos ao seu significado simples e direto: aquele que age conforme a honestidade e a justiça, cujo espírito disposto tem a energia para suportar as dificuldades e ânimo para vencê-las. Petulo-me aqui a completar dizendo que o ser moral é aquele que, mesmo sabendo-se limítrofe ainda, "combate o bom combate" em prol de sua evolução e daqueles que convive.
Portanto, saibamos respeitar quem tenta fazer a diferença, mas mais do que isso, admirar, valorizar e colaborar porque, fazendo isso, também tornamo-nos enviados, instrumentos de Deus prontos a servi-Lo, úteis para a conquista do Bem Universal.