Há tempos não escrevo sobre o assunto político que mais chama a minha atenção, que é a possibilidade da volta do regime monárquico ao Brasil. Porém, neste meio tempo, tive a oportunidade de participar, no ano passado de encontro monárquico ocorrido no Rio de Janeiro, no Museu Histórico Nacional, onde finalmente pude ter o prazer de conhecer pessoalmente outras pessoas, que como eu, têm todos os motivos para apoiar a volta do regime monárquico.

Lá foram discutidos vários assuntos políticos, mesmo aqueles não atinentes diretamente à Causa Monárquica, como o defendido por uma vereadora convidada, que não se manifestou nem contra nem a favor da monarquia (como boa política que é). E é exatamente sobre tais assuntos que me debruço.

Já tive a oportunidade de questionar o porquê da dificuldade em colocar em pauta a Causa Monárquica no debate público, e pretendo retomar tal assunto. Neste intervalo no qual deixei de expor minhas idéias publicamente, pude aprofundar em outros assuntos político-históricos, e creio que descobri o que leva à impossibilidade de debater a sério: simplesmente não conseguimos que o povo tenha acesso a tal assunto porque o cenário político brasileiro não permite, desde o Golpe Militar de 1889.

O sistema monárquico é, em sua essência, conservador. E nada é mais claro do que isto, pois é um modelo de Estado no qual o Chefe assume sua condição hereditariamente e vitaliciamente exatamente para garantir a perenidade nacional mesmo que os governos dirigidos pelo povo, através do parlamento, mudem. Mas o Estado, exatamente para proteger o povo contra estrangeiros e contra si mesmo precisa de uma estrutura que não fique ao sabor e dissabor das marés políticas.

E eis o problema. Se formos fazer um retrospecto no Brasil desde a fatídica quartelada, no Brasil só vigoraram basicamente dois modelos políticos, intercalados: o positivismo (na chamada República Velha e no período militar pós-62) e o socialismo mais ou menos expresso (a partir de Vargas até 1962 e a partir do fim do último governo militar até hoje). Estas duas vertentes políticas, repito, que dominam a política brasileira durante toda esta ré-pública, tem em comum o que podemos chamar de Síndrome de Adão, pois se consideram as inovadoras do cenário nacional, de maneira que sempre que um governo deste assume o poder, busca jogar todas as instituições ao solo e reerguer tudo do zero. E isto impede qualquer sentimento de continuidade no Brasil, ainda mais de perenidade hereditária da Chefia de Estado.

No dito encontro monárquico um tema que foi tocado, quando foram apresentadas as estratégias políticas para criar uma frente parlamentar seria a criação ou não de um partido político, suscitado por um dos participantes do evento. O presidente da mesa, monarquista atuante desde antes do plebiscito, disse que fundar um partido não seria adequado, pois o movimento monarquista não deveria se posicionar quanto a linhas político-partidárias (o que rendeu uma breve piada de outro participante, que pelo menos ao Partido da República nós não deveríamos nos aliar).

Com todo respeito a ambas as posições, eu as reputo erradas em certa medida. Realmente, criar um partido específico monárquico não seria adequado para a Causa Monárquica, já que naturalmente seríamos adversários dos demais partidos em busca de votos. Porém, criar um movimento praticamente apolítico seria um erro, pois a monarquia, em sua essência, é inimiga fidagal tanto do positivismo (que derrubou o Imperador) quanto do socialismo, que precisa sempre usar o povo para manter um determinado grupo no poder para perpetuar um eterno sentimento revolucionário irracional que não mantém as instituições estruturadas por mais de uma geração.

O que o Brasil realmente precisa, antes de fundar partidos monárquicos ou realizar encontros monárquicos é voltar a cultivar no cenário nacional um meio de transmissão de valores conservadores, pois só o verdadeiro conservadorismo permitirá a volta da discussão política legítima, para, mediante consenso, podermos retirar o Trono que está no Museu Imperial de Petrópolis para colocá-lo de novo na Chefia do Estado.

Não estou aqui, justamente neste período eleitoral, fazendo apologia a nenhum candidato, nem mesmo à vereadora citada no início, pois o partido dela é de índole socialista e no Brasil não existe nenhum partido verdadeiramente de direita e conservador no qual se possa votar abertamente. Porém, em nossas atitudes, podemos ir construindo um ambiente mais propício a uma política conservadora, tal qual era aquela do período imperial.

Desta maneira, a mensagem que acredito se válida nesta mensagem, repetindo o que eu já falei noutras oportunidades, é que a nossa casa monárquica deve ser erguida em rocha sólida, não sobre a areia, tal qual já adverte a Bíblia Sagrada. Para que possamos pôr em pauta a presente discussão sem sermos motivo de chacota (como eu abertamente já fui), devemos antes buscar a implementação de um governo de direita e conservador no Brasil, ou ao menos criar um espaço suficientemente largo para tal debate no espaço público brasileiro.

Falando em termos bem claros aos caros amigos que desejam ser súditos-cidadãos do Brasil: MONARQUISTAS, NÃO VOTEM EM CANDIDATOS QUE DEFENDAM IDEIAS SOCIALISTAS, ESQUERDISTAS OU HUMANISTAS. Busquem, dentre a falta de opções que temos, candidatos que defendam valores tradicionais, como a família, a moral, a religião, as liberdades individuais e evitem também aqueles que são excessivamente “politicamente corretos”.

Enquanto no Brasil continuarmos a ter um cenário político esquizofrênico, na qual o povo conservador elege governantes socialistas, não poderemos discutir a sério o retorno à monarquia brasileira. Somente após criarmos um espaço político de verdade, onde temos partidos de direita, centro e esquerda, é que poderemos descortinar para o povo as benesses deste regime que temos a convicção de que é o melhor para o Brasil.

Salve o Imperador! Salve o Brasil!

Rio de Janeiro, 24 de agosto de 2012.

 

Aloysio Telles de Moraes Netto