Na vanguarda artística moderna iniciada em Zurique, em 1916, surgia um movimento artístico chamado Dadaísmo ( Dadá).Esse movimento foi formado por um grupo de escritores, artistas plásticos e poetas, em pouco tempo o movimento alcançou várias cidades de Zurique.Eu redijo um manifesto e não quero nada, eu digo, portanto certas coisas e sou por princípios contra manifestos (...). Eu redijo este manifesto para mostrar que é possível fazer as ações opostas simultaneamente, numa única fresca respiração; sou contra a ação pela contínua contradição, pela afirmação também, eu não sou nem para nem contra e não explico por que odeio o bom-senso ( TZARA,1918,pg.55).

         O Dadaísmo causou um grande impacto e isso é justificado pela atmosfera de tumultos causados por desafios à lógica. Essa vanguarda vem anular a organização e uma postura racional trazendo para a arte uma espontaneidade através de objetivos comuns do cotidiano e da irreverência artística. Eram características desse movimento: o combate as forma de arte institucionalizada, a crítica ao capitalismo e ao consumismo, a ênfase no absurdo e nos temas e conteúdos sem lógica, o uso de vários formatos de expressão e o forte caráter pessimista e irônico, principalmente com relação aos acontecimentos políticos. Na composição das obras de arte os objetos do cotidiano eram considerados, assim como, sons, fotografias, poesias músicas, jornais etc. Observa-se uma quebra com o tradicionalismo nesse movimento através do próprio nome, Dadá (termo inglês que quer dizer brinquedo, cavalo de pau).Segundo Tzara( 1918,pg.78):‘‘Dadá’’ não significa nada: Sabe-se pelos jornais que os negros Krou denominam a cauda da vaca santa: Dada. O cubo é a mãe em certa região da Itália: Dada. Um cavalo de madeira, a ama-de-leite, dupla afirmação em russo e em romeno: Dada. Sábios jornalistas viram nela uma arte para os bebês, outros jesus chamando criancinhas do dia, o retorno a primitivismo seco e barulhento, barulhento e monótono. Não se constrói a sensibilidade sobre uma palavra; toda a construção converge para a perfeição que aborrece, a ideia estagnante de um pântano dourado, relativo ao produto humano. (TZARA,1918,pg.89)

         Para os dadaístas o problema das manifestações artísticas estavam em almejar algo que não poderia ser alcançado ou interpretado: explicar o ser humano. Os artistas que aderiram a esse movimento usavam métodos incompreensíveis reforçando uma expressão negativa de todos os valores estéticos e artísticos correntes naquela época. Tzara (1918,pg.99) decreta: "A obra de arte não deve ser a beleza em si mesma, porque a beleza está morta".

         Os artistas tinham como hábito utilizar objetivos jogados fora para pintar quadros ou criar esculturas. A arte sem lógica e o espontaneísmo alcançaram expressão máxima nas obras literárias. O grande segredo da poesia é que ‘‘o pensamento se faz na boca’’(TZARA,            1918,pg.87), fica evidente   o caráter incompreensível nesta declaração.

            Embora pareçam atos infantis, devemos levar em consideração no Dadaísmo, o momento em que surgiu. Este movimento antirracional e caracterizado pela oposição a qualquer tipo de equilíbrio e surgiu durante a Primeira Grande Guerra e protestava contra a loucura da mesma. Os aspectos introduzidos nas obras vêm de uma Europa caótica em guerra assim compreende-se que, a falta de lógica surge como uma característica justificável diante dos nossos olhos, trazendo para a compreensão definitiva um espelho crítico de uma incômoda realidade.         

         O movimento Surrealista inserido nas vanguardas viria a definir o modernismo no período entre as duas grandes guerras mundiais. Um movimento artístico e literário nascido em Paris na década de 1920, era fortemente influenciado pelas teorias psicanalistas do psicólogo Sigmund Freud, havia um desejo sobre o papel do inconsciente  na atividade criativa. Muitos artistas dadaístas aderiram a esse movimento e um dos objetivos era produzir uma arte, pois a arte estava sendo destruída pelo racionalismo.

         O representativo, o abstrato, o irreal e o inconsciente eram combinações características deste estilo, a arte  ia além da consciência humana cotidiana, era liberta de lógicas exigidas e de razões estabelecidas, a expressão do inconsciente e dos sonhos  tinha importância para a arte. A razão era rejeitada e os valores burgueses (religião, trabalho, honra, família e pátria) eram lançados fora, essa oposição ao racionalismo eram recursos utilizados para libertar o homem da falta de significado existencial referente a servir somente para a ‘‘utilidade’’ burguesa social.

          Segundo os surrealistas, o homem teria total liberdade em buscar o impulso criativo através do acaso e do fluxo de consciência despejada sobre a obra e as ideias de bom gosto não deveriam ser seguidas. Neste manifesto, declararam-se os princípios surrealistas, que falavam da isenção da lógica, e da adoção de uma realidade superior, chamada "maravilhosa". Segundo Breton (1963, pg.89), ele e o escritor Soupault, deram o nome de Surrealismo ao novo modo de expressão que tinham a seu alcance, em homenagem a Guillaume Apollinaire.

          A maneira de enxergar o mundo, a ampliação ou fluxo de consciência, a presença do inconsciente, dos sonhos e da fantasia, são comuns com a estética modernista. Assim, sem planejamento, essas vanguardas seguiam um estilo bem presente no modernismo: o desrespeito à norma gramatical, a ruptura com uma linguagem instrumental estava presente e fazia uma associação com a liberdade discursiva por meio de coloquialismo linguístico. Outro aspecto combatido pelo modernismo e a questão da subversão cronológica, o Dadá e o Surrealismo não objetivam uma lógica consciente e de entendimento. As ideias giram em torno de um discurso necessitado de aspectos inconscientes do pensamento humano e buscam dialogar com outras leituras da realidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRETON,André .Manifestes Du Surréalisme.Paris:Gallimard,1963. 

PROENÇA FILHO ,Domício.Estilos de época na literatura. São Paulo:Ática,1981.

TZARA,Tristan. Manifesto dadá. Paris: Books ,1918.