FACULDADES JORGE AMADO
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
CURSO: PSICOLOGIA




Ana Paula F. Müller
Eliane Correia
Margarete Paixão
Paloma Alves
Suzana Ferreira









A mídia nos transtornos alimentares do adolescente: um contraste multidisciplinar.













Salvador
2008

FACULDADES JORGE AMADO
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
CURSO: PSICOLOGIA




Ana Paula F. Müller
Eliane Correia
Margarete Paixão
Paloma Alves
Suzana Ferreira






A mídia nos transtornos alimentares do adolescente: um contraste multidisciplinar.





Relatório final como requisito parcial à obtenção de aprovação na disciplina de Práticas Investigativas Interdisciplinares III, do curso de Psicologia das Faculdades Jorge Amado.

Orientadora: Profª. Silvia Carla Teles Barbosa.










Salvador
2008





Sumário

1.0 - Introdução........................................................................................................ 04
2.0 - Revisão Bibliográfica...................................................................................... 05
2.1 - O adolescente e a imagem corporal....................................................................... 05
2.2 - O adolescente e a nutrição no século XXI.............................................................. 06
2.3 - Etiologia do Transtorno Alimentar ..........................................................................07
2.4 - Mídia....................................................................................................................09
3.0 - Método.............................................................................................................. 10
4.0 - Resultados e Discussão................................................................................. 11
4.1 - Anexo I (Psicologia).............................................................................................. 11
4.2 - Anexo II (Psiquiatria)............................................................................................ 12
4.3 - Anexo III (Nutrição e Gastroenterologia)................................................................. 12
5.0 - Considerações Finais..................................................................................... 14
6.0 - Referências Bibliográficas............................................................................. 15


1.0 ? Introdução
Atualmente temos assistido à consolidação da chamada "geração saúde" que condena tudo o que ameace estar em boa forma, fruto de exageros para conseguir a beleza ideal. A televisão é percebida como co-responsável com a crescente propagação de patologias do homem moderno. Cirurgiões plásticos recebem em seus consultórios muitas adolescentes com o desejo de mudar o corpo, através de implantes de silicone, lipoescultura, com a intenção de ficar igual a alguém da mídia. Nos EUA tal fenômeno é decorrência do cinema (Hollywood), no Brasil a TV, especialmente a Rede Globo (maior emissora) exerce este "poder". Embora não haja consenso sobre o assunto, a influência da TV (principal mídia) tem sido invocada em várias situações para explicar certos comportamentos e modismos contemporâneos. (grifo nosso) (NASCIMENTO, 2005)
"Os meios de comunicação de massa ganharam uma importância formidável nos últimos tempos. Não é por acaso que alguns chamam a imprensa de ?o quarto poder?" (BOCK, 2003, p. 276). Os meios de comunicação estabelecem a função de intermediários entre as pessoas e a realidade. Estudiosos da área de comunicação afirmam que a mídia estimula, seduz, favorece identificações, influencia opiniões e contribui para o fortalecimento do hedonismo e da hegemonia da aparência. (grifo nosso) Através de propagandas, revistas, jornais, pessoas dotadas de beleza cultuam o imaginário da população que adota hábitos e práticas destes ícones da mídia para alcançarem o corpo ideal (NASCIMENTO, 2005).
Para Stice (2002), existem evidências que dão suporte de que a mídia promove distúrbios da imagem corporal e alimentar (grifo nosso). Análises têm estabelecido que modelos, atrizes e outros ícones femininos vêm se tornando mais magras ao longo das décadas. Indivíduos com transtornos alimentares sentem-se pressionados em demasia pela mídia para serem magros e reportam terem aprendido técnicas não-saudáveis de controle de peso (indução de vômitos, exercícios físicos rigorosos, dietas drásticas) através desse veículo.
Estes são alguns exemplos encontrados em literatura onde verificamos ocorrer divergências de opiniões a respeito do grau de influência da mídia sobre os vários problemas apresentados na adolescência (violência, distúrbios sexuais, transtornos alimentares...). A mídia ora explica, ora favorece, estimula, ora promove.
Interessamo-nos em estudar os transtornos alimentares e verificamos que este depende de um tratamento multidisciplinar, porém ao analisar seus discursos referentes à etiologia deste transtorno em nosso país, todos os profissionais atuantes na área, consideram importante o fator contexto cultural, porém não estabelecem clareza em relação à posição da mídia nesta questão. Trata-se de uma eliciadora desses transtornos ou apenas uma catalisadora deste processo, reflexo de uma sociedade individualista e globalizada? É sobre esta questão que pretendemos nos aprofundar mais e discutir neste trabalho.







2.0 ? Revisão Bibliográfica
Para facilitar a leitura dos textos sobre o tema, resolvemos esquematizar com subtemas pertinentes ao mesmo. O que se segue foi o que julgamos de maior relevância para a consecução dos objetivos deste trabalho.
2.1 O adolescente e a imagem corporal
Um conjunto de rápidas transformações na tecnologia, na racionalização dos processos de produção e na modernização dos meios de comunicação dilui nosso sentido de identidade e coletividade. A globalização nos dá a sensação de que "tudo" é mundial e em trânsito, descentrando subjetividades e também, gerando inseguranças e desigualdades. Temos como conseqüência uma descorporificação seguida de uma virtualização do mundo do trabalho. Esta vulnerabilidade pode traduzir-se em uma busca humana de referências, a fim de balizar a construção de um sentido de "ser- no mundo", que vem se fragmentando (Hall, 2000 apud Andrade). Segundo Costa (1999 apud Andrade) a identidade do ser humano se dá através do corpo. O individualismo narcísico e hedonista elege o corpo e as sensações como os depositários dos valores pessoais. Com o apogeu da ciência racional e "dona da verdade" (principalmente no mundo "capitalista"), o mundo vêm acreditando no controle do desgaste biológico (com suas fórmulas de longevidade). Dessa forma, não há tempo para lidar com a nossa grande e única certeza - a finitude humana. Assim, não pensamos sobre a idéia de morte, supervalorizando o corpo e as sensações, não sobrando tempo e nem vontade de refletir sobre o fim do tradicionalismo, da espontaneidade e da criatividade, perdendo a noção de identidade (Costa, 1999 apud Andrade). Essa cultura da sensação é a forma ilusória de que a felicidade e o conhecimento são adquiridos, principalmente, através do consumo além dos grandes investimentos na produção da imagem corporal.
Segundo Thompson (1996 apud Saikali, 2004), o conceito de imagem corporal envolve três componentes:
? Perceptivo, que se relaciona com a precisão da percepção da própria aparência física, envolvendo uma estimativa do tamanho corporal e do peso;
? Subjetivo, que envolve aspectos como satisfação com a aparência, o nível de preocupação e ansiedade a ela associada;
? Comportamental, que focaliza as situações evitadas pelo indivíduo por experimentar desconforto associado à aparência corporal.
"As crenças culturais determinam normas sociais na relação com o corpo humano. Práticas de embelezamento, manipulação e mutilação, fazem do corpo um terreno de significados simbólicos" (McNamara, 2002 apud Saikali, 2004). Mudanças artificiais no corpo são comuns em todas as sociedades e têm uma importante função social. Elas comunicam a posição social do indivíduo e, muitas vezes podem sinalizar mudança no status social.
De acordo com Adams (1977 apud Saikali, 2004), percebe-se que o mundo social evidencia cotidianamente os indivíduos não atraentes.
Pessoas consideradas atraentes parecem receber mais suporte e encorajamento no desenvolvimento de repertórios cognitivos socialmente seguros e competentes, assim, indivíduos tidos como não atraentes, estão mais sujeitos a encontrar ambientes sociais que variam do não-responsivo ao rejeitador e que desencorajam o desenvolvimento de habilidades sociais e de um autoconceito favorável.
Segundo Stice (2002 apud Saikali, 2004), sociólogos têm proposto dois processos que promovem atitudes e comportamentos: reforço social e a modelagem. Como exemplo de um reforço social, um adolescente pode querer seguir uma dieta caso perceba que a mídia glorifica o corpo esbelto e magro e critica as pessoas com excesso de peso (atitudes internalizadas que correspondem à aprovação dos outros) ou de modelagem quando imita alguém já mitificado.
A sociedade pode ser um modelo de preocupações com as medidas corporais, dietas excessivas, comportamentos não-saudáveis de controle de peso e em última análise, compulsões alimentares.
O comportamento adolescente apresenta um apelo na cultura contemporânea. Portanto a problemática destes jovens pode ser compreendida a partir da análise do momento histórico em que estão inseridos (Giroux, 1996; Green e Bigun, 1995; Abramo, 1997 apud Soares 2007). A este fenômeno da pós-modernidade, características como o individualismo, a globalização, a mídia, a figura da mãe ausente, famílias compostas por homossexuais assumidos, paternidade e maternidade por adoção e inseminação artificial, encurtamento da adolescência entre outros configuram o cenário em que os jovens do século XXI estão vivendo (NASCIMENTO, 2005).
Os adolescentes, em conseqüência da fase em que se encontram tornam-se alvos perfeitos deste culto ao corpo enfatizado pela mídia. O luto ao corpo infantil e a aceitação deste novo corpo que se forma é algo complicado para os adolescentes, a integração de todas as modificações corporais chega a se tornar algo estranho. As alterações corporais determinam uma revisão da auto?imagem e a construção de uma imagem corporal (NASCIMENTO, 2005). Segundo Shilder (1994) apud Saikali (2004) a imagem corporal é a representação mental que temos do nosso corpo. Neste período de mudanças o adolescente atribui muita importância ao olhar do outro e ser diferente o perturba muito, os amigos funcionam como espelho. Por isso o ideal da aparência física torna estes jovens escravos de dietas, academias, esportes, produtos naturais, cirurgias plásticas, eles ficam vulneráveis a esta idolatria do corpo. (NASCIMENTO, 2005).
Com toda esta ênfase ao corpo surge um fenômeno. "... com a urgente revalorização do prazer, se estrutura um verdadeiro CULTO ao corpo, em tudo análogo a qualquer religião, dogmática e idólatra como soem ser as religiões, em uma palavra, assistimos hoje ao surgimento de um novo universo mágico: A CORPOLATRIA." .( NASCIMENTO, 2005, p.112 grifo do autor).
A imagem corporal mudou e hoje se valoriza garotas altas e magras, enganam-se quem pensa que os meninos estão fora desta obsessão do corpo ideal, para eles o lema é: quanto mais forte melhor. Neste modelo em que a aparência física traz a felicidade, muitas adolescentes estão sendo vítimas da anorexia e bulimia, e os meninos arriscam a saúde com os hormônios que fortalecem os músculos peitorais, conhecidos como "bombas" (NASCIMENTO, 2005).
2.2 O adolescente e a nutrição no século XXI
O adolescente é uma construção social moderna, que significa a possibilidade da emergência de subjetividade e novas referências e padrões identitários. Biologicamente é a fase de maior velocidade do crescimento do indivíduo, o que implica uma necessidade de maior aporte calórico e de nutrientes (Gambardella, 1999 apud Serra). Admite-se que nem sempre nessa fase da vida são respeitadas as demandas que compõem essa "faixa" social e cronológica. Sabe-se, entre nutricionistas e profissionais de saúde, que nessa idade, o aumento do aporte calórico pode se dar pelo excesso de alimentos ricos em gorduras e açúcares, como no caso da prática alimentar dos lanches rápidos, levando a sobrepeso, obesidade e doenças carenciais. Ao contrário, pode haver uma diminuição do aporte calórico, pois, o adolescente também é levado a se preocupar ou está muito preocupado com sua imagem corporal e acaba "cedendo" à estética corporal atual, que privilegia o corpo esguio e esbelto, o que poderá ter como conseqüência o desenvolvimento de transtornos alimentares.
2.3 Etiologia doTranstorno Alimentar
Os transtornos alimentares (TA) mais especificamente a anorexia (AN) e a bulimia nervosa (BN) constituem patologias graves, caracterizados por um padrão de comportamento alimentar gravemente perturbado, um controle patológico do peso corporal e por distúrbios da percepção do formato corporal. Possui alto grau de morbidade, sobretudo na adolescência e freqüentemente iniciam e afetam ampla e severamente o desenvolvimento do indivíduo. É cada vez mais foco da atenção dos profissionais da área da saúde (psiquiatras, nutricionistas, psicólogos, psicopedagogos, gastroenterologistas e endocrinologistas).
Está presente, na anorexia nervosa, um inexplicável medo de ganhar peso ou de tornar-se obeso, mesmo estando abaixo do peso ou mais intensamente, uma supervalorização da forma corporal como um todo ou de suas partes, classicamente descrito como distorção da imagem corporal.
Afetam predominantemente mulheres jovens, brancas e é a bulimia o transtorno alimentar mais comum, com o uso de laxantes. A diferença entre gêneros diminui nas estatísticas no início da adolescência. Nos homens, parece haver associação específica a homossexualidade. Mulheres em determinadas profissões como atletas, modelos e bailarinas também parecem ter risco aumentado de AN e BN e o que parece explicar é que nessas atividades existe uma pressão ainda maior para obtenção e manutenção do corpo magro (Johnson et al., 1999 apud Pinzon, 2004,p.158).
Parecem ser doenças "ocidentais", pois, ocorrem mais em países desenvolvidos e industrializados (Guideline, 2000 apud Pinzon, 2004, p.158), principalmente após a 2ª Guerra Mundial, quando se criou uma verdadeira confusão com a auto-imagem. Embora já tenhamos documentado o aumento de casos "orientais" com possível relação com o fato da entrada cultural do ocidente nestes países com estas referências. (Lee et al.,2003 apud Pinzon, 2004, p.158).
Com relação à genética, parentes de primeiro grau têm maiores índices dessas doenças. Isso também ocorre com irmãos gêmeos monozigóticos (Kendler, 1997 apud Pinzon, 2004, p.159). Biologicamente, essas pessoas podem apresentar uma lentidão do esvaziamento do estômago, ou uma alteração nos neurotransmissores. Uma especial atenção tem sido dada às funções bioquímicas, em especial ao sistema neuroendócrino (responsável por múltiplas funções físicas e mentais). Em pessoas que apresentam transtornos alimentares, muitos desses mecanismos reguladores estão gravemente comprometidos.
Entre os transtornos psiquiátricos comórbidos, encontramos: episódio depressivo maior e a distimia (50% a 75%), fobia social e TOC. O comportamento alimentar parece desenvolver-se como uma forma de lidar com o stress e a ansiedade, mas que só ajuda a gerar culpa e depressão. Abuso de substâncias e transtornos de personalidade também pode acontecer. Os traços de personalidade encontrados de forma mais comum são: tendência a obediência "passiva", introvertidas, perfeccionistas, possuidoras de baixa auto-estima, sentimentos de desesperança e medo de se tornarem gordas. Costumam ser boas alunas e excelentes atletas. Sendo assim, vários fatores de desenvolvimento destes transtornos estão envolvidos: biológicos, psicológicos, culturais e familiares.
Com relação ao comportamento familiar, normalmente a família desses pacientes é muito preocupada com a imagem, comparam os filhos e são superprotetoras. Os pais se intrometem de forma exagerada na vida dos filhos. Um estudo recente demonstrou que as mães muito preocupadas com o excesso de peso e a aparência física das filhas podem aumentar o risco de transtornos alimentares. Além disso, meninas com transtornos alimentares freqüentemente têm pais e irmãos extremamente críticos. Quando se compara as "famílias de anorexia" com "famílias psicossomáticas", os resultados são bastante interessantes, pois as dinâmicas se assemelham muito. A interação familiar seria caracterizada pela educação superprotetora dos filhos e pela ligação muito íntima entre as gerações. O estilo de comunicação e interação, nas famílias deste tipo, seria provocado pelas alterações das condições sociais e da hierarquia de valores, entre outros fatores mais, resultando em modificações das estruturas e do papel desempenhado pelo indivíduo, dentro da família.
O prognóstico é reservado e depende do tipo de envolvimento da família. O tratamento-padrão deve ser multidisciplinar (grifo nosso). Os melhores resultados parecem ocorrer nos casos de intervenção precoce durante a adolescência, evitando as formas crônicas e imutáveis das doenças alimentares (Lock et al., 2001 apud Pinzon, 2004 p.159). Nenhuma modalidade de tratamento pode ser indicada como única ou isoladamente melhor (Szmukler et al., 1995 apud Pinzon, 2004,p.159). Segundo os textos encontrados, elaboramos a seguir o Quadro 1, que apresenta o foco de cada um desses profissionais envolvidos com os adolescentes com TA.
Tipos de abordagem Tratamento adotado
familiar "Hoje, após uma profunda revisão de literatura, um dado "salta aos olhos", a eficácia da terapia familiar para pacientes jovens no início da doença é maior dentre todas as outras abordagens terapêuticas" (Kaplan, 2002 apud Pinzon, 2004, p.168).
nutricional "(...) modificar os comportamentos relacionados ao peso e à alimentação(...)" (Ednos, 1984; Ednos, 2001 apud Pinzon, 2004, p.168) Além disso, acredita na família com papel fundamental no seguimento do plano alimentar.
cognitivo-comportamental "(...) ajudar a fazer a ligação entre pensamentos e sentimentos e facilita a expressão das emoções (White e Freeman, 2003 apud Pinzon, 2004, p.168), pois para esta linha, entre os fatores que contribuem para a ocorrência de TA está a presença constante do pensamento radical, absoluto do "tudo ou nada" (...)".
psicodinâmico "(...) ajudar o paciente com TA a entender o significado dos sintomas (...) (Zerbe, 2001 apud Pinzon, 2004, p.168)."(...) A psicoterapia grupal deve ser o procedimento de escolha para adolescentes, já que existe uma inclinação natural nesta fase em procurar nos grupos uma ressonância ou continente para suas ansiedades existenciais (...)" (Osório, 2000, pg.79 apud Pinzon, 2004, p.168). "(...) o trabalho em direção ao insight e visa elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos na reestruturação, reorganização e desenvolvimento da personalidade.(...)"
médico "(...) avaliar a necessidade de medicação. Geralmente as medicações usadas são os antidepressivos." (Casper, 2002 apud Pinzon, 2004, p.169). No tratamento da anorexia nervosa, o medicamento só entra no processo terapêutico após o restabelecimento do peso. Na bulimia nervosa, visam diminuir tanto compulsões e vômitos muito intensos e resistentes à abordagem psicoterápica, (...)"(Kotler e Wash, 2000 apud Pinzon, 2004, p.169).
Quadro 1 - Tipos de Abordagens Multidisciplinares dos Transtornos Alimentares
2.4 Mídia
Os meios de comunicação veiculam ou produzem notícias, representações e expectativas nos indivíduos com propagandas, informações e noticiário em que de um lado estimulam o uso de produtos dietéticos e práticas alimentares para emagrecimento e, de outro, instigam ao consumo de lanches tipo fast food. Não se trata de uma decisão ou ação das empresas midiáticas, elas integram um contexto empresarial e um sistema de crenças em que há uma estreita relação entre uma suposta verdade biomédica e um desejo social e individual. O corpo é um campo de luta que envolve diferentes saberes, práticas e imaginário social. É neste "ringue" que aparece o perigo do desenvolvimento de transtornos alimentares.
Um relatório publicado pela Associação Médica Britânica (BMA), mostrou uma relação entre a imagem de modelos "muito magras" apresentadas em revistas e na TV com esses tipos de distúrbios. Essas garotas produtos da indústria cultural do emagrecimento recorrem a sites para obterem informações da bulimia e anorexia. (NASCIMENTO, 2005).
Outra visão encontrada é a mídia como fator de formação de opinião pública, quando se encontra em um local de fraca pesquisa, tornando-se a única verdade para a população deste local.
Na sociedade contemporânea, a mídia constitui dos fatores fundamentais na formação do que é comumente conhecido como opinião pública. (...) quando se aplica a um assunto que apresenta uma fraca tradição de pesquisa no Brasil, (...) os conteúdos das reportagens da mídia têm a permissão de reinar sozinhos (...) o que é visto, lido e ouvido, através da mídia (...), tende a se tornar a única medida padrão de verdade para a grande maioria da população brasileira.
(CARLINI-COTRIM; "A mídia na fabricação do pânico: um estudo no Brasil" - www.imesc.sp.gov.br, 2003)

Findo esse conjunto de subtemas supracitados, com dimensões diferentes, porém representativas sobre o tema, percebemos que os mesmos corroboram com o interesse inicial do grupo em esclarecer a posição da mídia como fator associado aos transtornos alimentares.














3.0 ? Método
Objetivo Geral
? Verificar, na atualidade, se a mídia é vista como fator associado ao transtorno alimentar em áreas multidisciplinares que estudam o tema.
Objetivos Específicos
? Discutir o papel do contexto cultural nos transtornos alimentares (anorexia e bulimia) a partir de uma perspectiva multidisciplinar e multiprofissional;
? Conhecer como os profissionais conceituam a mídia dentro do contexto cultural gerador de transtorno alimentar.
Coleta de dados
Esse estudo possui caráter qualitativo com a utilização de duas técnicas: uma revisão bibliográfica (estudo exploratório) mais aprofundada e uma proposta de entrevista semi-estruturada (anexo IV, sobre o tema, oriunda de tabelas multidisciplinares (anexos I a III) elaboradas a partir deste estudo exploratório.
Na primeira técnica foi feita uma ampla pesquisa bibliográfica de diferentes dimensões sobre o tema proposto. Teve como objetivo alcançar uma melhor compreensão dos transtornos alimentares e dos fatores à eles associados. A conclusão desta técnica auxiliou na efetividade do emprego da segunda, que tratou da elaboração de uma entrevista semi-estruturada.
Esta entrevista segue como sugestão para ser utilizada em um estudo posterior, a ser realizada com os profissionais em questão, e assim contribuir para o aumento do número de pesquisas no país acerca do tema. Desta forma aprofundando o conhecimento dos fatores que estão intimamente ligados aos transtornos alimentares, poderemos combater com mais efetividade as causas do mesmo, evitando receber informações via mídia (televisiva, impressa, virtual) de forma completamente leiga, dificultando reflexões.
















4.0 - Resultados e Discussão
Antes de nos atermos aos dados que serão apresentados, porém, gostaríamos de ressaltar a forma como analisamos a mídia. Verificamos em vários artigos que apesar dela ser uma forte aliada à opinião pública, esta só se torna responsável pela mesma, se inserida em um contexto pouco reflexivo, ou seja, em uma sociedade com pobres instrumentos de educação básica para formação de mentes reflexivas. A mídia a priori não é eliciadora de nenhum distúrbio, todavia, torna-se fator de desenvolvimento de qualquer processo social, quando vem associada à ignorância do tema que comunica.
Essa consciência do papel da mídia entra em discussões políticas educacionais, que não nos compete discutir. Entretanto, é importante expor com clareza nossa posição de entendedores de que a mídia acelera o processo de comunicação, principalmente hoje num mundo globalizado, divulga o que a sociedade (macro e micro) quer divulgar, se submete ao que o poder quer manter, mas é, na verdade, apenas um reflexo, uma "lente de aumento" da sociedade na qual ela está inserida.
Findo esta explicação, voltamos às discussões acerca do que encontramos após extensa busca literária acerca do tema, mais especificamente na anorexia nervosa e bulimia (pois ambas apresentam quadros similares, embora a anorexia nervosa seja considerada por todos os profissionais, a mais perigosa à vida do sujeito), Na prática do tratamento com TA, os profissionais envolvidos são: psiquiatra, psicólogo, nutricionista e gastroenterologista. A fim de facilitar a visualização da forma como eles abordam os fatores associados à etiologia dos transtornos e como a mídia estaria ou não envolvida, resolvemos montar as tabelas que se encontram em anexo, sistematizando a contribuição dos seguintes autores.
4.1 - Anexo I (Psicologia)
Na perspectiva desses autores psicólogos a mídia é vista como contribuição para informar a população a respeito dos Transtornos Alimentares, porém a quantidade de informações que servem para conscientizar é menor do que aquelas que propagam o modelo vigente de ser magro. Mais uma vez a sociedade é citada como responsável pela busca de um padrão corporal, apesar de outros fatores poderem ser desencadeantes. Inferimos então que, a sociedade está ditando "moda", e a mídia por ser a parte visível está sendo alvo de críticas e punições. A culpa não seria nossa, então?
Também vemos que a mídia funciona como divulgadora da imagem corporal feminina, a profissional ainda a critica por apresentar uma visão discriminatória com as mulheres que não tem as características físicas européias. Através dos termos usados por esta autora como divulgação e transmissão, vemos que ela coloca a mídia como parte construtora deste processo por contribuir para a exaltação destes modelos. Coloca a mídia como responsável pela mudança radical no padrão de beleza feminino. Entendemos que a sociedade escolhe um modelo a seguir, mas por este modelo ser colocado na mídia e ganhar destaque, valor, as pessoas passam a sofrer conseqüências subjetivas por conta disso. Sendo assim a mídia apresenta uma parcela de responsabilidade, pois é quem apresenta tais valores sociais. Com todo esse jogatilho "mídia ? sociedade" é importante refletir sobre o seguinte: - Caso a mídia deixasse de passar estes anúncios, entre outros meios de divulgação como novelas, revistas será que as pessoas, principalmente as mulheres não se sentiriam mais pressionada a seguir este padrão? Seria criado um ouro padrão? Em fim, se retirássemos da mídia o seu papel de divulgadora, o que aconteceria?

Ainda na mesma tabela, encontramos outra visão restrita ligada ao fator sócio ? cultural, atribuindo a cultura responsabilidade pelo desenvolvimento dos Transtornos Alimentares. Apenas algumas culturas apresentariam esta patologia em decorrência das suas características psicossociais. A pressão cultural é vista como o elemento fundamental para ocasionar este tipo de transtorno, apesar de poder estar associado a outros fatores como fatores biológicos, psicológicos e familiares para gerar a preocupação excessiva com o corpo e o pavor doentio de engordar. A autora coloca que como a nossa cultura é a "cultura do corpo", haverá desta forma a expressão dos Transtornos Alimentares. A autora não faz referência à mídia, tendo uma concepção culturalista.
4.2 ? Anexo II (Psiquiatria)
Nesta tabela a mídia não apresenta papel eliciador no desenvolvimento dos Transtornos Alimentares. As autoras apresentam o desenvolvimento da anorexia e bulimia ao longo do tempo, contrastando com a idéia de doenças modernas, mostrando que sempre existiram, porém com outras explicações associadas a sua manifestação. Todavia, por trás destas outras explicações, como por exemplo, fatores religiosos, estariam a vontade da perda de atrativos femininos, a vontade de perder peso. Para elas a mídia apenas acompanha a evolução, é a arte visível deste processo. É importante olhar a mídia mesmo que de forma casual por que ela representa a sociedade.
Para Vanessa Pinzon, psiquiatra, existe diversos fatores envolvidos nos quadros alimentares na adolecência, porém a mesma faz uma relação com a mídia em seu discurso. Cita a divulgação que a internet faz de sites incentivadores para que as adolescentes pratiquem atos bulímicos e para que queiram ser bem magras. Ela apresenta, portanto, a mídia digital (blogs) como propagadora de tais transtornos.
4.3 ? Anexo III (Nutrição e Gastroenterologia)
Na perspectiva do profissional de nutrição a mídia também não é uma eliciadora, mas uma propagadora do modelo social vigente em que o corpo cada vez mais magro, ganha destaque. A mídia apresenta, ou seja, funciona como uma "lente de aumento" que apresenta o que a sociedade considera belo. Portanto, atribui às questões sócio-culturais empenho por este tipo de padrão, que a mídia apresenta. Coloca a difusão dos transtornos alimentares como um subproduto do processo de globalização, as pessoas tendo a necessidade de pertença a grupos humanos passam a imitar os modelos que a mídia transmite, mas que são oriundos da sociedade. Na análise do artigo de Alvarenga e Larino, não há referência a mídia, as autoras apresentam que os Transtornos Alimentares são multideterminados e resultam na interação entre fatores biológicos, culturais e experiências pessoais. Desta forma, não há nenhuma evidência para que possamos concluir se, para estas profissionais, a mídia é eliciadora ou propagadora deste tipo de patologia.
Na tabela de Gastroenterologia vemos que o profissional médico em questão, acredita nos seguintes fatores: emocionais, familiares, personalidade, hereditariedade, orgânico e cultural, porém em seu discurso, podemos verificar uma ênfase maior ao contexto cultural. Entretanto, quando reduzimos o olhar para a mídia em questão (pois ela está inserida neste contexto, servindo a este contexto), verificamos que o mesmo acredita que ela se interessa em manter o que já está, mas não como eliciadora desse distúrbio.

Após a análise do que cada profissional apresenta sobre a mídia percebemos que colocar a mídia como responsável pelos Transtornos Alimentares seria muito tendencioso, já que alguns nem mencionaram o envolvimento desta. Pelo que lemos, a mídia seja ela televisiva ou impressa tem sido acusada por ser a parte visível deste processo, é quem se expõe. Claro que por apresentar propagandas, incentivar a prática de dietas, enfim, fazer uso do seu poder para apresentar "a cultura do corpo", "ditar beleza", tem grande contribuição, mas ela não está criando modelos, está transmitindo a opinião da sociedade. Fazer uso do poder que a mídia tem para frisar estas questões não deve ser desconsiderado, mas daí a enxergá-la como vilã deste processo é uma questão bem diferente.





































5.0- Considerações Finais
Após refletirmos sobre o tema, concluímos que embora exista toda essa discussão que versa sobre a influência ou não da mídia, assim como da família e de fatores genéticos associados ao Transtorno Alimentar, chegamos a um ponto crucial, o qual não foi encontrado em nenhuma das referências buscadas por nós, mas que nos apareceu como um insight. O clima brasileiro!
O nosso clima tropical (sol, mar, etc...), nos influencia fortemente a mostrar o corpo e por conta disso temos uma cultura em que todo mundo quer "malhar" para estar "bem" no verão e exibir um belo corpo na praia e no carnaval. Diferente da cultura européia e norte - americana em que se "esconde" o corpo dentro de roupas largas e compridas, apropriadas ao clima do qual dispõem. Por isso, aqui no Brasil, o exercício físico não é encarado como uma prática saudável, mas como uma obrigação estética.
A sociedade brasileira, portanto, cultua o corpo, atendendo a um fenômeno natural que nos permite isso. Os outros fatores associados podem se tornar disparadores daquilo que já está predisposto, ou seja, arraigado na nossa cultura de clima quente. É como se esse fator fosse um forte gatilho para o que existe acerca das discussões presentes na mídia sobre moda, corpo esbelto, estética... Com essa discussão vislumbramos outro estudo sobre a influência do clima na cultura, nas diversas regiões do país.
Para ilustrar ainda melhor nosso ponto de vista sobre o quanto somos tropicalmente influenciados pelo clima, pensemos na cultura musical brasileira que Jorge Benjor canta:
"Moro, num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza (mas que beleza!), em fevereiro (em fevereiro!) tem carnaval, (tem carnaval)..."; sem contar com a bossa nova mais conhecida internacionalmente, "Garota de Ipanema" de Vinicius de Moraes e Tom Jobim:
"Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça é ela a menina, que vem e que passa, num doce balanço, caminho do mar. Moça do corpo dourado, do sol de Ipanema. O seu balançado é mais que um poema, é a coisa mais linda que eu já vi passar..."
O que pretendemos mostrar com a entrada desse novo fator, é que não existe uma causa, específica e única, mas sim um mecanismo dinâmico em relação aos transtornos alimentares, onde o clima exerce forte influência na cultura e que nos predispõem ao culto do corpo belo. Essa cultura anda de mãos dadas com a sociedade, seus pensamentos e sua dinâmica do poder influenciam diretamente a mídia, (segundo alguns autores encontrados no nosso estudo) e que esta por sua vez, retroalimenta a cultura, promovendo um ciclo que mantém os pensamentos, o poder.... Portanto, deve-se ter cuidado ao atribuir causa única a mídia, porque os componentes aqui presentes encontram-se muito entrelaçados, não podendo julgá-la como total responsável.






Como conseqüência desse conjunto de fatores e agora com o acréscimo do fator "clima tropical brasileiro", encontramos por vezes, sofrimentos psíquicos em adolescentes brasileiros, desencadeando TAs.
Por tudo isso, não podemos simplesmente culpar a mídia pelo desencadeamento dos TA, mas tratá-la como uma transmissora da opinião social.
6.0 - Referências Bibliográficas
A. ANDRADE & M.L.M. BOSI, Mídia e subjetividade: impacto no comportamento alimentar feminino, Rev. Nutr., Campinas, 16(1): 117-125, jan./mar., 2003. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 14/03/2008.
BOCK, Ana; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13.ed .São Paulo:Saraiva,1999.
DUCHESNE, Mônica e ALMEIDA, Paola, Terapia cognitivo-comportamental dos transtornos alimentares, Rev Bras Psiquiatr; 24(Supl III): 49-53, 2002. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 28/03/2008
FARIA, Silvia e SHINOHARA, Helene. Transtornos Alimentares. InterAÇÃO em Psicologia, (60) Curitiba, v. 2, p. 51-73, jan./dez. ,1998. Disponível em: http:// www.ser.ufpr.br. Acesso em 15/05/2008
GORGATI, Soraia, HOLCBERG, Alessandra e OLIVEIRA, Marilene, Abordagem psicodinâmica no tratamento dos transtornos alimentares, Rev Bras Psiquiatr 2002; 24(Supl III): 44-8. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 28/03/2008.
NASCIMENTO, Angelina. Quem tem medo da geração shopping? 2ed. Salvador: EDUFBA, 2005.
PINZON, V.; NOGUEIRA, F.C., Epidemiologia, curso e evolução dos transtornos alimentares, Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 158-160, 2004. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 29/03/2008.
PINZON, V. et al., Peculiaridades do tratamento da anorexia e da bulimia nervosa na adolescência: a experiência do PROTAD, Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 167-169, 2004. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 29/03/2008.
SAIKALI, C.J.et al., Imagem corporal nos transtornos alimentares, Rev. Psiq. Clin. 31 (4); 164-166, 2004. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 14/03/2008.
SERRA, G. M. A & SANTOS, E. M., Saúde e mídia na construção da obesidade e do corpo perfeito, Ciência & Saúde Coletiva, 8(3): 691-701 2003. Disponível em: http// www.scielo.com.br. Acesso em 28/03/2008.
SOARES, Rosângela. Fica comigo: juventude e pedagogias amorosas/sexuais na MTV. Educ. rev. Belo Horizonte, nº. 46, p.311-335, dez., 2007.
TAKEY, M; EISENSTEIN E. Abordagem de adolescentes com anorexia nervosa: relato de caso, Rev Bras Nutr Clin 2006; 21(2):174-7. Disponível em: http://www.sbnpe.com.br. Acesso em 28/04/2008.
VIANNA, Cynthia S.M. Da Imagem da Mulher Imposta Pela Mídia Como Uma Violação dos Direitos Humanos. PUC/Minas Gerais. Disponível em: http://www.ser.ufpr.br/. Acesso em 12/05/2008.










ANEXO
















ANEXO I

Autor Definição Relação com a mídia Outros fatores associados
Niraldo
Santos "A anorexia nervosa se caracteriza por uma busca incansável pela magreza e pelo medo intenso de ganhar peso.
"... a bulimia configura-se por ataques repetidos de comer compulsivo, seguidos de métodos para evitar o ganho de peso, como o vômito, o uso de laxantes e diuréticos, e o exercício físico exaustivo. "... é preciso reconhecer que, ultimamente, os meios de comunicação vêm contribuindo para uma maior conscientização da questão. "A mídia tem sido responsável por expor esse problema, inclusive em camadas de níveis sócio-econômicos mais baixos, que antes tinham essas patologias subdiagnosticadas. "É importante alertar familiares, professores e amigos sobre os sintomas das doenças, sobre como lidar com os jovens com esses problemas"... "Ainda assim, o especialista avalia que há poucas abordagens desse tipo. "A idéia tirânica de que você precisa ser magro para ser bem sucedida ainda ganha disparado." "Múltiplas causas podem explicar o surgimento dos transtornos alimentares, como fatores psicológicos, neuroquímicos ou genéticos, mas a influência cultural é a principal responsável por desencadeá-los, especialmente nos casos de anorexia e bulimia. O culto ao corpo magro, encarado como símbolo de beleza, poder e modernidade, representa um golpe na auto-estima daqueles que não se encaixam no padrão estético instituído."

Cynthia Vianna

"A anorexia, que atinge em sua maioria adolescente do sexo feminino, é uma doença caracterizada pelo medo anormal de engordar, além de técnicas de emagrecimento drásticas que deixam a paciente com 40 kg ou 30 kg, podendo ainda sofrer infertilidade e desequilíbrios metabólicos que levam à morte." "A mídia transmite a essas mulheres que o controle sobre o próprio corpo é a única coisa que precisam obter para ter sucesso, ser profissionais, serem felizes."
"... a maior parte das mulheres pode afirmar, elas não são felizes com seu corpo, que não corresponde àquele dos anúncios televisivos e impressos."
"O padrão de beleza feminina foi modificado radicalmente durante o século vinte, por meio da divulgação do corpo feminino pelos meios de comunicação." Não encontrado
Christina Morgan & Angélica Azevedo
"Deste ponto de vista, os transtornos alimentares seriam a expressão máxima, numa relação linear e direta, da "cultura do corpo" predominante em algumas sociedades."
"... como doenças relativamente modernas e predominantemente ocidentais..."
Não encontrado A etiologia dos transtornos alimentares é hoje concebida como multidimensionais e inúmeros outros fatores parecem mediar o impacto da cultura no comportamento individual, entre eles a vulnerabilidade psicológica e biológica. "Os aspectos socioculturais dos transtornos alimentares têm sido amplamente estudados...". "... a extrema valorização da magreza nas sociedades ocidentais desenvolvidas estaria fortemente associada à ocorrência de anorexia nervosa e bulimia nervosa.
Estas informações levaram alguns pesquisadores transculturais a conceberem os transtornos alimentares como "síndromes ligadas à cultura" (culture-bound syndromes),
(PSICOLOGIA)










ANEXO II

Autor Definição Relação com a mídia Outros fatores associados
Táki Cordás e Angélica Claudino

A ANOREXIA NERVOSA forma peculiar de doença que afeta principalmente mulheres jovens e caracteriza-se por emagrecimento extremo ["...]" cuja "falta de apetite é [...] decorrente de um estado mental mórbido e não a qualquer disfunção gástrica [...]". A BN é caracterizada, em sua forma típica, pela ingestão compulsiva e rápida de grande quantidade de alimento, com pouco ou nenhum prazer, alternada com comportamento dirigido para evitar o ganho de peso (como vomitar, abusar de laxantes e diuréticos ou períodos de restrição alimentar severa) e medo mórbido de engordar.
"Os transtornos alimentares são freqüentemente considerados quadros clínicos ligados à modernidade, na medida em que ao avanço da mídia nas últimas décadas tem se dado papel de relevância quase casual."

Não encontrado


Vanessa Pinzon
"Os transtornos alimentares constituem patologias graves, complexas e com alto grau de morbidade, sobretudo na adolescência, quando freqüentemente iniciam e afetam ampla e severamente o desenvolvimento do indivíduo."
"... a comunidade médica está tentando conseguir a proibição desses sites, que ela julga prejudiciais. "Às vezes, a menina que tem os fatores de risco para desenvolver um distúrbio liga o computador e pronto, o estrago está feito, diz." ..."Apresenta prognóstico reservado e, caracteristicamente, envolvem a família"...
..."A diversidade de fatores envolvidos nos quadros alimentares na adolescência"...
"... O mais comum para desencadear transtornos alimentares é a famosa dieta da segunda-feira. Eu vou fazer uma dietinha porque tenho festa no sábado ou encontro com a turma na quarta-feira"...
(PSIQUIATRIA)









ANEXO III

Autor Definição Relação com a mídia Outros fatores associados
Andrade & Bosi
"Com efeito, os quadros de anorexia (restritiva e/ou purgativa) e bulimia (purgativa e/ou sem purgação) apresentam-se intimamente relacionados por manifestar em psicopatologia comum: uma idéia prevalente envolvendo a preocupação excessiva com o peso e a forma corporal, expressa como um medo mórbido de engordar."
"O ideal de corpo perfeito preconizado pela nossa sociedade e veiculado pela mídia leva as mulheres, sobretudo na faixa adolescente, a uma insatisfação crônica..." "... na tentativa de corresponder ao modelo cultural vigente. Dessa forma, aumenta-se a pressão da equação: promessa de Felicidade e Beleza =Consumo (Kutscka,1993)."
"Em ambos os casos, a baixa auto-estima e a insatisfação com a imagem corporal são fatores de risco para transtornos alimentares, levando a um julgamento de si indevidamente baseados forma física, cuja avaliação se encontra comprometida por uma distorção cognitiva da percepção da auto-imagem, debilitada por práticas inadequadas de controle de peso alimentar anormais"
Marle Alvarenga Maria Aparecida Larino

O comportamento alimentar clássico na anorexia nervosa (AN) é uma grave e progressiva restrição com episódios de compulsão alimentar que pode levar a uma série de comprometimentos do estado clínico.
A BN é ainda caracterizada por comportamentos alimentares perturbados como expressiva repugnância, ingestão anormalmente lenta e um "comer social" prejudicado. Não aborda Não aborda
(NUTRIÇÃO)



(GASTROENTEROLOGIA)
Autor Definição Relação com a mídia Outros fatores associados
Márcia Takey "Transtorno alimentar que pode ser conceituado como um distúrbio de conduta auto-imposto com a restrição voluntária de alimentos
"(...) além de fatores culturais onde há abundância de oferta de alimentos e ao mesmo tempo obsessão pela magreza". "A anorexia nervosa tem despertado o interesse público e a atenção da mídia. É crescente o número de casos em prépúberes e adolescentes e a freqüência em determinadas atividades esportivas e profissionais, como dançarinas e atletas. "(...) resultante de uma complexa interação de fatores: emocionais e de personalidade; pressões familiares; possível susceptibilidade genética ou biológica..."





ANEXO IV

Entrevista

Gastro/Nutrólogos

1. Com que peso esses (as) adolescentes são direcionadas para internamento?(caso já não sejam acompanhadas pelo profissional ? apenas Gastro)
2. Qual fator você acredita ser preponderante no desenvolvimento de um transtorno alimentar?
3. Qual o discurso que os familiares costumam proferir a despeito dos motivos que levaram ao transtorno do (a) seu (ua) paciente?
4. Porque costumam ter mais adolescentes do sexo feminino apresentando esse sintoma? Você confirma este dado?
5. Como você pensa a mídia quando pensa em transtorno alimentar?

Psicólogo/Psiquiatra
1. O que acha desses blogs de incentivo ao "mundo da Ana e Mia (apelidos para anorexia e bulimia)? Você acha que a proibição dos mesmos teria que força impeditiva nos transtornos alimentares?
2. É comum existir transtornos mentais associados aos quadros de TA?
3. No caso dos TA, qual o fator motivador mais preponderante e como você acha que deva ser tratado? Qual a importância que você dá à dinâmica familiar?
4. Como você vê a mídia atualmente no contexto sócio-cultural?Ela contribui para o desenvolvimento do transtorno ou alerta para os riscos de vida?