O ABC é uma metodologia de custeio que procura identificar os recursos disponíveis na organização e os associa, através de geradores de custos ("cost-drivers" ou direcionadores de custo) primários, às atividades executadas. Em seguida, estas atividades são associadas a outras atividades ou a objetos de custo através de geradores de custo secundários. Objetos de custo constituem os produtos, os clientes, os mercados ou qualquer outra entidade interna ou externa à empresa que consomem atividades e que geram custos e/ou receitas.

Como exemplos podemos citar um evento empresarial que demanda recursos multifuncionais e recursividade de atividades como é o caso da venda de um produto. Este evento requer a execução das seguintes atividades principais: identificação e conquista do cliente, contato e contratação da venda, identificação da disponibilidade de produtos, emissão do pedido de vendas, preparação do produto e embalagem, expedição e transporte do produto, emissão da nota fiscal e cobrança do cliente, recebimento da fatura, assistência técnica ao cliente e garantias do produto. Como podemos notar vários departamentos estão envolvidos num mesmo evento, que no caso são os departamentos de marketing, vendas, expedição, financeiro, produção, logística e assistência técnica.

Outro complicador diz respeito aos efeitos temporais, pois um evento atual envolve atividades muitas vezes desenvolvidas hoje, atividades já desenvolvidas em meses anteriores e atividades a serem desenvolvidas em meses seguintes. Como fazer para analisar se este evento trouxe ou não rentabilidade para a empresa se o sistema de custo atual é baseado em regime de competência de exercícios e, portanto é rígido quanto à temporalidade dos custos? Portanto, o sistema de custos tradicional nos moldes atual está muito mais orientado à análise funcional de custos e ao acompanhamento orçamentário por centro de custos do que às análises para tomada de decisões estratégicas e operacionais.

Mas como o ABC pode ajudar? Os principais benefícios do ABC residem na sua linguagem, que se aproxima das áreas operacionais, da possibilidade de rastreamento dos custos através dos departamentos/atividades, criação de uma sistemática de análise de resultado por evento, o que independe do aspecto temporal das atividades complementares a este evento, a criação de objetos de custo novos como clientes e mercados (diferentemente do sistema tradicional que visa somente à apuração de custos do produto), o entendimento de que tudo que se gasta é custo, e, portanto deve agregar valor ao cliente, e finalmente pela alocação mais precisa de custos de "overhead", normalmente apropriado ao produto por critérios de rateio pouco racionais.

O objetivo principal do sistema ABC é a alocação racional dos gastos indiretos aos bens e serviços produzidos, proporcionando um controle mais apurado dos gastos da empresa e melhor suporte nas decisões gerenciais, além de:

  • Realçar as diferenças entre o custeio do produto tradicional e por atividade
  • Descrever a abordagem tradicional ao custeio do produto, incluindo suas limitações.
  • Descrever a abordagem do custeio por atividades, incluindo discussão dos elementos rastreáveis de custo.
  • Discutir algumas considerações especiais, como:
  • Freqüência de Cálculo
  • Custos de Preparação
  • Custos de Gargalo de Produção
  • Ordens de Produção

O custo por atividades registra o consumo dos recursos na execução de atividades, visto que os produtos consomem atividades e materiais.

O sistema de custeio por atividades distribui materiais e todas as atividades são rastreáveis aos produtos com base no consumo de cada uma.

A base do funcionamento do sistema de Custo ABC pode ser classificada em duas categorias:

1- Primárias – Atividades relacionadas com o produto

2- Secundárias – Atividades Relacionadas com a organização e sua gestão.

O produto de uma atividade deverá estar sempre ligado à satisfação de uma necessidade de um cliente interno (outro setor da empresa) ou de um cliente externo (consumidor final).

O custo por atividades representa uma grande mudança em relação ao sistema tradicional de contabilidade de custos.

As diferenças são as seguintes:

O sistema ABC se diferencia dos custos tradicionais no momento em que os custos começam a ser computados, por exemplo, em um processo industrial, os custos gerados pelo recebimento da matéria-prima são considerados na formação do custo do produto. Nos custos tradicionais, a acumulação dos custos dos produtos inicia-se somente com o processamento da matéria-prima. No ABC são computadas também, as despesas que irão decorrer de garantia e atendimento ao consumidor após o momento da entrega do produto. Nos sistemas tradicionais, não existe este tipo de preocupação, sendo o custo do produto encerrado no momento da sua passagem ao estoque de produtos acabados.

A ênfase está na determinação do custo das atividades de produção e suporte (processos).

O custo do produto é um objetivo secundário.

A mão de obra direta é debitada à atividade (processo) e não ao produto. Esta abordagem elimina a necessidade de apropriar a mão de obra ao produto.

Grupo de custos é sinônimo de atividade. A prática de utilizar um único ou um número limitado de grupos de custo é eliminada.

O consumo da atividade é baseado na quantidade de medidas (unidades) da atividade consumidas pelo produto. A medida da atividade representa a saída (produção) da atividade.

A identificação ou rastreamento direto das atividades aos produtos reduz o valor das despesas indiretas de fabricação a ser distribuídos aos produtos.

O rastreamento direto das atividades aos produtos não distingue os custos diretos dos indiretos.

O custo é atribuído diretamente sempre que pode ser estabelecida uma relação de causa e efeito entre a atividade e o produto.

Os custos rastreáveis de marketing, vendas, engenharia e outros custos de suporte são também debitados diretamente aos produtos. Assim enfocamos o custo total da empresa e não apenas o custo de produção.

O custo do produto inclui o custo total de desenvolvimento, fabricação e distribuição de um produto.

Muitos custos incorridos durante o ciclo de vida do produto, que tradicionalmente são considerados despesas, serão agora rastreados aos produtos e distribuídos ao longo de sua existência.

O custo do ciclo de vida propicia à administração uma visão da lucratividade em longo prazo, permite combinar melhor as estratégias de preços ao custo dos produtos nos diferentes estágios do ciclo de vida e torna possível a quantificação do impacto no custo das alternativas de projeto do produto e do processo.

O impacto das variações de volume das atividades no custo do produto, também pode ser quantificado.

Medidas não financeiras de desempenho são incorporadas, para avaliação global do desempenho do produto.

Os dois benefícios principais do custo ABC são:

1-Acuracidade do custo do produto

2-Visibilidade das oportunidades de redução de custos e melhorias de desempenho.

Podemos inferir que o sistema ABC pode ser adotado nas áreas administrativas e comerciais da empresa da mesma forma que é empregada na área de produção, iniciando pela análise da estrutura dos gastos dessas áreas com a determinação dos fatores que deram origem a demanda de acordo com as funções desempenhadas.

O sistema de Custo ABC tenta sanar um problema crônico existente nos sistemas tradicionais, que é o rateio dos custos indiretos da fabricação, baseado em critério, arbitrariamente selecionados. O sistema ABC diminui alocações de custos com base em rateios, pois através de pesquisas em processos procura localizar as origens dos custos, podendo assim aloca-los com mais exatidão aos bens e serviços produzidos.