Talvez o leitor pergunte quem é ela, mas não vem ao caso. Maria José foi minha professora de graduação; primeira pessoa a falar-me da importância de se ler um texto, depois relê-lo quantas vezes sejam necessárias para sua efetiva compreensão e, dessa maneira, poder brincar com seus enunciados e palavras, no sentido de trazer para frente o que estava lá atrás, e assim por diante. Começo este texto com uma citação do final do livro de Jean-Claude Bernadete, O que é cinema. Escreve o autor: “no final do livro, vocês não sabem. Eu também não, não é possível responder a tão pretensiosa pergunta”. Bernadete (2008, p. 117) esclarece que a pretensão do texto foi “um passeio em torno de alguns eventuais problemas que se colocam pessoas que estudam cinema”. Minha proposta não passa necessariamente por aí, mas objetiva tão somente discutir situações em que o cinema pode nos ajudar a pensar o impensável, ou raramente pensado. Como disse Jean-Luc Godard, “o cinema faz mostrar o que não se pode ver” (Apud ROURE, s.d.). Mas, no caso deste texto em particular, o leitor verá, seguiremos a perspectiva do italiano Fellini, para quem o cinema é visto como narrativa. Para tanto, vamos antes a Walter Benjamin (2007). Em primeiro lugar, atentemo-nos aos capítulos 6 e 7 da obra Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação. Assim, pensemos o livro infantil como importante ferramenta pedagógica1 , constituidora de experiência2 . Walter Benjamin recorre a Karl Hobrecker 3 (1924), Alte vergessene Kinderücher, para lembrar que o livro infantil4 alemão nasceu com o Iluminismo.