O filme de Charles Chaplin, Tempos Modernos , ilustra o contexto abordado por Morgan, ao anunciar sobre os processos da mecanização na Idade Contemporânea. Já em 1930, a mecanização era sentida na sociedade como um fator de impacto na produção industrial. As máquinas roubaram o trabalho humano e com isso trouxe uma astronômica taxa de desempregados, facilitando a criminalidade e violência. Tempos Modernos, retrata situações pitorescas de que a mecanização é motivo de escravidão e faz críticas severas a vários movimentos como o capitalismo, militarismo, fascismo, nazismo e imperialismo. Com a evolução das máquinas, o meio organizacional teve que se adaptarem as ordens cronológicas exigidas pela mecanização. Os turnos de trabalhos passaram a ser monitorados no relógio, os operários se desdobram para conseguir atender a demanda de que as máquinas exigem, reduzindo as horas de descanso e refeições. A mecanização trouxe desenvolvimento industrial e também trouxe sérios problemas à saúde física e psicológica. Horas a fio operando em uma máquina, cujo trabalho se reduz a realizar uma única atividade, cria entraves repetitivos e consequências físicas, devido ao esforço do operário para conseguir dar conta da produção. O trabalho nas indústrias e suas normas tiveram que ser reimplantadas para se adaptar a mecanização. A divisão do trabalho é privilegiada pelo economista escocês Adam Smith, no seu livro A riqueza das nações (1776), isso devido o crescente e aumento da eficiência, reduzindo a liberdade de ação dos trabalhadores em favor do controle exercidos por suas máquinas e supervisores. Novos procedimentos e métodos foram implantados para disciplinar a classe operária, otimizando a rotina de trabalho e ao mesmo tempo tornando a carga horária uma rigorosa disciplina. A filosofia acerca da mecanização despertou interesses grotescos e desumanos, principalmente em Frederico, O Grande. Apaixonado pela mecanização, Frederico herdou um exército com a maior parte composta de pessoas de baixo escalão, introduziu meios da mecanização com propósito de transformar estes homens em autômatos. Frederico queria que o seu exército funcionasse sob os rigores da mecanização. Até mesmo a administração clássica passou por mudanças profundas com o intuito de se adequar a um sistema voltado ao mecanicismo de atingir metas e objetivos em uma organização. Contudo, a mecanização atinge a ciência administrativa, fazendo com que os departamentos funcionem rigorosamente na mesma engrenagem das máquinas. Com a mesma visão medieval que perdurou durante o Renascimento e, sobretudo na era da Revolução Industrial, a máquina surge no horizonte das expectativas humanas como um instrumento de multiplicação das forças humanas. Já Ernesto Renan defende em sua obra L’avenir de la science que “à última palavra da ciência moderna é organizar cientificamente a humanidade”. Com a invenção da máquina, o homem muda sua forma de pensar sobre a condição espiritualista e torna-se onipotente: o próprio Deus será criado pelo homem, pois o advento da ciência e da máquina o faz sentir-se todo-poderoso. A máquina por assim dizer não somente toma conta da vida humana, mas também é um elemento de expressão sentimental e também um elemento estético, com motivo de encantamento. Substitui astronomicamente a força humana, rebaixando o ser humano em suas atividades. A civilização da máquina foi forjada por uma convicção no valor absoluto da razão humana. Na visão de Taylor, a máquina substitui a incapacidade do homem de produzir e é por estas razões que a administração tem sentido tão influente, embora seja aplicada de forma maligna. O aumento da produtividade tem sido atingido com frequência através do trabalho humano, uma vez escravizados, tornando-se meros trabalhadores autômatos. Enfim, a mecanização nas organizações tende a limitar a capacidade humana, fazendo deste um agente inferior na escala da produtividade e atualmente se planejam, no âmbito administrativo metas e estratégias de se produzir em alta escala, a fim de dar conta da demanda do mercado, que a cada dia torna-se mais exigente e competitivo. Mas na verdade, a industrialização mecanizada não segue os propósitos do pensamento medieval, pois na Idade Média, o pensamento era construir uma máquina que deixasse de lado o árduo trabalho humano com a finalidade de gozar da liberdade e do prazer.

REFERÊNCIAS MORGAN,G. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996. Cap.2. (A mecanização assume o controle) p. 22-41. MENDONÇA, Eduardo Prado. O Mundo precisa de Filosofia. Rio de Janeiro: Agir, 1981.