As agências de notação financeira foram as principais responsáveis pela crise, que teve o seu início em 2007. Os produtos mais tóxicos facilmente obtiveram as notações mais elevadas, para que os investidores os adquirissem. As grandes perdas do sistema bancário estão a ser pagas, actualmente pelos contribuintes. Mas, apesar disso, as agências continuam a influenciar as políticas dos países, nomeadamente nas de apertar o cinto, pois caso contrário ameaçam com a descida do rating e, o consequente aumento dos custos do crédito.

A fraude está bem montada, as empresas do Capital Group e do Capital World Investors, são as maiores accionistas da Standard & Poor?s, e da Moody?s. Estas empresas detêm um significativo investimento em títulos das dívidas soberanas da Irlanda, Grécia, Portugal, entre outros. Assim, pelo menos duas das maiores accionistas das agências de notação do mundo agem e beneficiam directamente do mercado, pois a sua evolução é fortemente condicionada pelas suas próprias agências de notação. Foi possível verificar a sua intervenção no mercado português.

Quem não se lembra da empresa financeira, do agora preso Bernad Madoff, que teve sempre a melhor classificação, em AAA, até surgir a hecatombe financeira. Quem não se lembra do banco Lehman Brothers, que tinha sempre a máxima classificação até a sua falência.

A frágil e fragmentada União Europeia, devido a aliança franco-alemã sente-se impotente e com enorme frustração por não conseguir supervisionar a actividade das três grandes agências de notação norte-americanas. Este é hoje, o grande instrumento de manipulação dos mercados utilizado pelos Estados Unidos, para disfarçarem o seu enormíssimo endividamento externo, mas cuidado com os abutres.

Como cereja em cima do bolo temos o Fundo Monetário Internacional (FMI), que só no caso português vai lucrar cerca de 550 milhões de euros. A ausência de crises financeiras internacionais é, em si mesma, uma crise para o FMI. Sem crises não há empréstimos, sem empréstimos não há rendimentos e sem rendimentos não há empregos.

Os governos eleitos democraticamente ficam impedidos de adoptar as suas políticas em matéria de finanças públicas. A dívida acumulada portuguesa está muito abaixo de outros países europeus, nomeadamente a Itália. O défice orçamental é inferior ao de muitos países europeus. Porque fomos nós os escolhidos? E porque será que as próximas vítimas vão ser a Bélgica, Itália e Espanha? Estas respostas ficarão para outro post.
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