Uma moça olhava a lua da janela. Candura perplexa em olhos delgados, presente ressentido de futuro incerto.sopro de brisa, brisa de chuva. Sentimento de luto em quase abandono de fina estirpe. Ela queria o sonho ou a dor que o sonho traz?

A alma feminina é mistério de abismo profundo. Abismo de queda livre, de livre essência. É força que prescinde de força em gestos leves, leveza de quintessência. Não há flor que lhe espete os dedos nem luz que lhe cegue os olhos.

Da janela via o mundo, do mundo se encanta e desencanta. Se deseja o amor ou o desejar, qualquer que fosse, nunca se saberia. Segredo oculto em silêncio, aflição que não se responde. É na dúvida que encontramos as melhores respostas.

Nunca conheci o coração de uma mulher. Escrevo à vista de sombras espúrias projetadas na parede. Se a alma da mulher é janela ou portal jamais saberei. Só sei que havia uma moça, uma janela, uma brisa e uma lua.

Maurílio Ribeiro da Silva

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