A LONGEVIDADE DAS TARTARUGAS

 

Quem dera o homem tivesse a longevidade das tartarugas – poderia imitar os seus passos, movendo-se lentamente sem se  preocupar com o tempo.

Fazendo alusão ao um seriado americano, as pessoas estão mais para Tartarugas Ninja (lutando contra  os caos urbano), do que para a  secular tartaruga animal. Mas ambos, tartaruga e  homem, possuem ligações com o tempo. Enquanto o homem almeja ultrapassar o relógio do tempo para viver mais,  a tartaruga é o único animal que consegue viver mais do que o homem, lentamente e sem alardes.

Dias desses, li no jornal que uma tartaruga rejeitada pelo grupo fez amizade com uma tartaruga de brinquedo. O fato ocorreu em um Santuário de tartarugas abandonadas e feridas no sul da Inglaterra. Solitária, a tartaruga passou a demonstrar afeto pelo brinquedo que os funcionários colocaram para lhe fazer companhia.

Na atualidade, a experiência ou ideia de solidão nos faz lembrar situações de desamparo real ou imaginário. Segundo Nietzsche, a solidão nada tem  a ver com a presença ou ausência das pessoas, mas sim com a capacidade do homem de ter um contato íntimo consigo mesmo e saber  se adaptar no meio em que vive. Fazendo um paralelo entre a solidão  e o tempo, muitos podem afirmar que a solidão é a doença do nosso tempo; e a falta   de tempo contribui para essa solidão. Não existe tempo para apegar-se, seja uma pessoa, um animal ou mesmo,  a exemplo da tartaruga, um simples brinquedo que pareça semelhante e sirva de companhia. Sendo ou não a  passo da tartaruga, o ser humano sempre irá correr contra o tempo, e dependendo de seu estado emocional, mesmo diante  de uma multidão, se sentirá solitário.

Talvez a única  semelhança entre a tartaruga e o homem, seja a capacidade de refugiar-se em uma carapaça quando algo incomoda. Refugiar-se em uma carapaça para quê? Fugir  da responsabilidade, do conflito existencial,  do mundo exterior, se isolar.

A seu modo, a tartaruga é um animal solitário. Mas se tratando de seres humanos, quem não é?