Com o surgimento da energia elétrica se constituiu um grande “patrono” para permitir suportes que produzem tantos produtos, tendo-a como moldura. O poder de movimento e de deslocamento que a energia elétrica permitiu alterou toda uma mecânica de produção das mais variadas expressões sejam elas: lingüísticas, sonoras ou imagéticas. A imprensa, principalmente, sofreu suas conseqüências, tendo por decorrência a quase obrigatoriedade de convívio com o casamento texto-palavra com o texto-imagem.

De um discurso imagético que já desafiava uma sintaxe mais simples, se é que assim podemos chamar, da imagem fotográfica no seu estático de forma e cores, extrapola-se agora para uma movimentação dessas formas, associada entre outros, ao implemento do cromatismo que se apresenta com uma dinâmica. E então aparece o cinematógrafo.

O cinema vai permitir a popularização da imagem em movimento no sentido de que sua produção proporcionava a oportunidade de construções expressivas que se aproximassem da realidade cotidiana. Se socialmente a elite efetivamente consumia o diálogo palavra / imagem, o cinema veio dar dinamicidade a esse duplo, movimentando-os.

Com a introdução da televisão, aproveitam-se as explorações cinematográficas dentro do campo musical, por outro lado, a indústria fonográfica, detectando o poder televisivo, investe nesta mídia para aglutinar um elemento de visualidade à música. Some-se a isso, o surgimento de técnicas de gravação, caso do videotape, numa estratégia de identificação entre os receptores do espetáculo e os receptores televisivos. Essa cultura de espetáculos vai originar o aparecimento do videoclipe, principalmente como procedimento de marketing da indústria fonográfica.

O grande investimento no experimento que a publicidade patrocinou fez dessa expressão uma das mais promissoras vias de sedução para objetos que já não são exclusivos da produção industrial; a junção da comunicação social e do marketing se serve agora de expressões culturais cujos significados de base constroem identidades como direcionam modos de organização social, destacadamente no grupo de jovens e crianças.

O intuito deste trabalho é, portanto, observar o videoclipe na sua estrutura discursiva, mediada por um hibridismo de linguagens quanto aos seus suportes, que são variados, transitando de formas sígnicas como o lingüístico, o sonoro e o imagético, à sua produção de sentidos. Ao mesmo tempo, e em decorrência deste aprimoramento, vislumbrar o videoclipe como expressão do multiculturalismo e imaginário social.