Uma das qualidades que mais fácilmente pode provocar a ruína de um líder é a generosidade, visto que quanto mais ela é praticada no presente, menos condições se tem de praticá-la no futuro. Ao mesmo tempo, a parcimônia se torna uma importante qualidade no contexto da liderança, pois mantém as condições gerenciais do líder. O líder liberal, que distribui favores e generosidades aos seus comandados, acaba por esgotar rápidamente seus recursos, e quando é obrigado a negar favores, ganha a fama de miserável. Já o líder austero e parcimonioso, pode realizar grandes ações em sua gestão e acabar ganhando a fama de competente, mesmo tendo de desagradar a alguns.

Como bem diz Maquiavel:

"Portanto, um príncipe deve gastar pouco para não precisar roubar seus
súditos, para poder defender-se, para não ficar pobre e desprezado,
para não ser forçado a tornar-se rapace, não se importando de incorrer
na fama de miserável, porque esse é um daqueles defeitos que o fazem
reinar".

 

Em geral, dentro das organizações, o líder é bastante assediado com as mais diversas propostas por parte de seus liderados e de outros colaboradores, com o objetivo de sugar-lhe recursos, ou fazê-lo assumir compromissos que poderão comprometer suas condições gerenciais. O líder generoso tem dificuldade de dizer não, e acaba cedendo mais do que deveria, abrindo precedente para que outros liderados também possam utilizar sua generosidade para conseguir favores.

 

Esta situação gera um ciclo vicioso, e a tendência é que este líder chegue a um ponto em que se veja impossibilitado de conceder, em função do esgotamento de seus recursos,.não apenas os favores inapropriados, como também aqueles que deveria atender normalmente, A partir deste ponto começa um processo de falência de suas condições gerenciais, e nasce a sua fama de miserável.

 

Nas palavras de Maquiavel:

 

"E não há coisa que tanto se destrua a si mesma como a liberalidade, pois,
enquanto tu a usas, perdes a faculdade de utilizá-la, tornando-te
pobre e desprezado ou, para fugir à pobreza, rapace e odioso. Dentre
todas as coisas de que um príncipe se deve guardar está o ser
desprezado e odiado, e a liberalidade te conduz a uma e a outra dessas
coisas. Portanto, é mais sabedoria ter a fama de miserável, que dá
origem a uma infâmia sem ódio, do que, por querer o conceito de
liberal, ver-se na necessidade de incorrer no julgamento de rapace,
que cria uma má fama com ódio".

Tanto na gestão pública quanto na privada, os melhores administradores são aqueles que mantém suas contas em dia, pagam seus fornecedores e funcionários pontualmente, e mantém o equilíbrio financeiro. Estes lideres normalmente são conhecidos pela sua austeridade e parcimoniosidade.

Também em outros aspectos do funcionamento organizacional a liberalidade se contrapõe a austeridade. Líderes parcimoniosos não permitem comportamentos inadequados, disputas entre funcionários, desrespeito a horários e outras liberalidades. Já os lideres generosos são por demais flexíveis, aceitando pequenos desvios que, com o tempo, vão se avolumando e acabam por tornar sua gestão caótica e desrespeitada por parte dos liderados.

A generosidade e liberalidade geram simpatias em curto prazo e fama de miserável a médio e longo prazo, e, em conseqüência, desgastes e perda de liderança num processo irreversível. O contrário ocorre com a austeridade, que pode gerar uma certa antipatia por parte dos liderados num primeiro momento, mas, no entanto, a médio e longo prazo trazem a fama de competência.

Portanto, dadas todas estas argumentações, sugerimos que os lideres não temam incorrer na fama de austeros ao manter um comportamento parcimonioso junto a seus liderados, e mesmo ser taxado de pouco generoso. Certamente, com o tempo, irão sobressair os resultados de sua austeridade e estes resultados irão trazer-lhes a fama de lideres competentes.

Ari Lima

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Obs.
Publicaremos seqüencialmente, cada um dos dezessete capítulos que compõem esta obra, que esperamos possam contribuir para esclarecer e ajudar na difícil tarefa de liderar pessoas.