*BIA OLIVEIRA DE ANDRADE
*CRISOSTOM DO NASCIMENTO OLIVEIRA
*JEOVÁ LIMA PEREIRA
*MARIA DAS GRAÇAS DE MEDEIROS PIRES

Este tema tem por objetivo correlacionar a obra de Gregório de Matos com a liberdade de expressão, tendo como foco a poesia satírica, a qual o poeta pôde se expressar de forma grotesco. Assim é relevante abordarmos de forma concisa o que levou o poeta a proceder de maneira demasiadamente livre na sua respectiva obra.
Primeiramente é necessário compreendermos a escola literária da qual o poeta está inserido, o Barroco, que no Brasil iniciou-se nos séculos XVII e XVIII, a partir do ciclo do ouro. E Brasil sendo colônia de Portugal era explorada pelos portugueses que neste período tinham interesse justamente de encontrar ouro no Brasil, sendo que, no final do século XVII, com a descoberta do ouro acabou atraindo gente de todos os lugares da colônia e do exterior, principalmente de Portugal, pois com sua mentalidade mercantilista só pensava na riqueza e assim usufruía com uma exploração predatória. E devido à baixa tecnologia e o contrabando provocou uma continua decadência.
É possível analisarmos que não só foram feitos esses tipos de exploração, mas dentre outras, visto que a exploração portuguesa era imposta na sociedade brasileira, o que causava muitas revoltas. E Gregório de Matos, sendo o principal representante da poesia Barroca no Brasil, na metade do século XVII, surge com seus ideais revolucionários, pelo fato de pertencer a uma família aristocrata de cunho puramente nobre, fator este que contribuiu na formação do curso de direito nauniversidade de Coimbra, e assumi também alguns cargos em Portugal,um deles de juiz criminal, e nesta mesma época já dava inicio a seus poemas satíricos.
Vale ressaltar também, que apesar de exercer uma promissora carreira, com possibilidade de ascensão social, fato raro para época, não se adaptou a vida na metrópole, regressando ao Brasil, aos 47 anos de idade. Ao chegar em sua terra natal, Bahia, cidade tão cultuada pelo poeta, acaba deparando-se com uma calamidade pública, ou seja, a cidade no verdadeiro caos.
Diante disso, foi com a produção satírica que Gregório de Matos pôde retratar a sociedade brasileira, principalmente a cidade de Bahia. O mesmo avistava na realidade apenas corrupção, negociata, oportunismo, mentira, imoralidade e completa inversão de valores, até se tornando cronista dos costumes de toda a sociedade Baiana, ridicularizando impiedosamente autoridades civis e religiosas, devido a sua audácia lhe custou o apelido de "Boca do inferno", pois, nada poupava, criticava tanto o governador como o clero (os mais bem organizados da sociedade portuguesa).
É nesse tipo de poesia que Gregório foge dos padrões lingüísticos do Barroco, utilizando-se de palavrões ou expressões populares, de caráter chulo e de baixo calão, transmitindo a denúncia com a vingança ao mundo. Embora nesta poesia fale de sua terra, sendo a maior produtora de açúcar, mas devido o excesso de produção acabou tendo que baixar o preço, sendo que, o açúcar assim como o tabaco servia de remédios. E nessa época, Bahia foi devastada por uma cólera, conhecida de "peste", matando grande quantidade de pessoas. Uma doença infecto-contagiosa que espalhava terror de morte, e ainda tendo a escassez de mercadorias e os preços só subiam, pois havia trocas com os estrangeiros.
Dessa forma Gregório faz uma critica de maneira explicita dirigida ao governador da Bahia, Câmara Coutinho, retratando-o de modo irônico: "Nariz de embono, com tal sacada, que entra na escada duas horas primeiro que seu dono". A tal expressão refere-se justamente ao desejo de mudanças, tanto parlamentar quanto ao desenvolvimento da própria cidade, pois, o que o poeta gostaria de ver era a Bahia sendo governada por uma sociedade mais seria, e ainda menciona por fazer da cidade, "tão amena,/tão fértil, e tão fecunda", uma "terra imunda".
Notamos que, neste período não havia liberdade de expressão, pois era através de sua poesia, que Matos, declarava ser inconformado com tais situações, insultando com suas palavras o governador, e o mesmo por não suportar suas sátiras acabou condenando ao degredo em Angola. Já bastante doente retorna ao Brasil, mas sob duas condições: "estava proibido de pisar em terras baianas e de falar suas sátiras". Visto que, a liberdade de expressão é o direito de manifestar livremente opiniões, idéias e pensamentos, os quais eram censurados na época pelos que detinham o poder. "Nunca se há de falar o que se sente, sempre se há de sentir o que se fala".
Apesar das sátiras de Gregório ser dirigida à sociedade da época, um século tão distante do nosso, elas nos remetem a fazer uma relação ao contemporâneo, pois quando somente o poeta via a corrupção política, negociata e a sociedade baiana indo de mal a pior, percebemos o quanto as historias se repetem, principalmente no que diz respeito à "política partidária", que é sempre sustentado no discurso ideológico, visando assim, mascarar a realidade da sociedade, tirando grandes proveitos com isso. Mais como estamos num período que dizem ser democrático, os poderosos não podem degredar ninguém para o exilo, como foi feito com saudoso Gregório de Matos, a não ser quando o cidadão tem um cargo político, que não pode ter voz ativa, ou seja, perde a liberdade de expressar-se perante fatores, os quais lhe prejudicam, e consequentemente toda uma sociedade, pois o que funciona na verdade é o imperialismo.
Isto é muito visível, quando um político é envolvido em alguns escândalos, por exemplo, se esse cidadão tiver um destaque ou lideranças políticas nada vai acontecer, ficará impune ou fará alianças fortíssimas, com outros "trapaceiros", como ressaltava Gregório. No entanto, a sociedade em si reivindica, mas é importante lembrarmos que, embora a Constituição apenas garanta as regras do jogo democrático, atualmente estamos assistindo a uma grande abertura entre a teoria da Constituição e outras ciências tais como a política, a filosofia do Direto. Portanto, o valor do cidadão estar na liberdade de existir e ser livre na expressão.






REFERÊNCIAS


BOSI, Alfredo. Historia Concisa da Literatura Brasileira. 43ª ed. São Paulo: Cultrix, 2006.

FARACO & MOURA. Literatura Brasileira. 12ª ed. São Paulo: Ática, 1995.


RONCARI, Luiz. Literatura Brasileira: Dos primeiros cronistas aos últimos românticos. 2ª ed. São Paulo: editora da Universidade de São Paulo, 2002.


http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2195. Acessado em 14 de set de 2009.