Aproximadamente duzentos e vinte anos depois da assinatura da Lei Áurea pode-se perceber que nada ou quase nada foi feito para efetivar a tão sonhada liberdade. Libertou-se das algemas, mas a privação continua: falta educação, falta emprego digno, falta....

Suprir as necessidades de um povo aprisionado dentro de uma utópica liberdade não é tão simples quanto criar bolsas: bolsa-família, bolsa-educação, bolsa e mais bolsa. Vã ilusão acreditar que essa tal liberdade caracteriza-se somente por se ter um documento onde, em letras miúdas, afirma-se que um povo até então cativo passa a ser livre a partir daquele dia e pronto! Eis a liberdade sonhada!

A liberdade é conquistada todos os dias, quando não nos submetemos aos submundos criados pelos senhores de engenho contemporâneos. É conquistada quando não nos sujeitamos a uma educação medíocre, predestinada de acordo com a cor da pele ou região demográfica de nossas casas. A primeira providencia a ser tomada é tirar o "s" da palavra "raças" Raça, composta por pessoas, é só uma: a raça humana. É muita pretensão acreditarmos em subdivisões raciais, formada por um "dégradé" social, do "mais claro" que está no topo, para o tom "mais escuro", a sub-raça. Todos temos um "q" negro em nossas veias. É a nossa miscigenação. É a nossa democracia. Pensando em políticas públicas para o negro estamos pensando em políticas públicas para nós mesmos. Tem se pensado em políticas públicas, em legislações, mas ao tem se preocupado tanto em se colocar em prática. Nossa Constituição de 1988: exatos duzentos anos pós abolição, temos uma Constituição que reza pela igualdade. Mas ainda não a vivenciamos! O governo deve pensar em estratégias práticas, vivenciais, que caibam em nossa realidade. Só assim, começaremos á ser livres: e verdade.