1 INTRODUÇÃO

 

Ao longo dos anos a sociedade vem sofrendo grandes avanços e a educação precisa acompanhar essas inovações para que não haja exclusões sociais. Assim é por meio da leitura que desenvolvemos reflexões críticas sobre a realidade e que dispomos de conhecimentos essenciais para a atuação humana.

 

Dessa forma com o surgimento da escrita, a comunicação, por se constituir como uma habilidade primordial para o desenvolvimento contínuo da sociedade passou a constituir-se dentro do prisma da leitura, pois a forma escrita tornou-se o meio mais importante de obtenção de informações e conhecimento, onde a leitura adquiriu a função de mediadora do conhecimento.

 

Nesse sentido a leitura é tão necessária ao progresso do espírito como a alimentação ao desenvolvimento do corpo. O indivíduo que não lê, inevitavelmente se atrofia, isola-se e inferioriza-se, tornando excluído da sociedade, já que o conhecimento de tudo que se passa no mundo é adquirido pela leitura. Assim é navegando no mar da leitura que fortalecemos o barco da nossa vida.

 

Partindo, então, da importância que a leitura desempenha em nossas vidas e das observações realizadas em escola de aula verificando o desinteresse por grande parte dos alunos em relação à leitura, bem como as dificuldades apresentadas durante o processo de aprendizagem dos discentes é que nos levaram a escolher esta temática, visando a melhoria das práticas de leitura, a fim de que cultive o gosto pela leitura e conseqüentemente proporcione o desenvolvimento dos educandos.

 

Esse estudo tem como objetivo retratar o papel que a leitura exerce na formação do homem como sujeito crítico e autônomo, mostrando a importância de se repensar à prática docente e sobretudo os métodos de leitura como elemento norteador na construção de novos saberes, tendo em visto ser a leitura fonte  inesgotável de conhecimentos.

 

 Ressaltamos que neste estudo utilizamos das contribuições de vários estudiosos, tais como: ALLIENDE e CONDEMARIN (2005), DELL’ISOLA (2001), FREIRE (2003), INFANTE (1998), GARCIA (1980), BAMBERGER (1995), SILVIA (1993) entre outros, além de consultarmos os PCN do Ensino Fundamental.

2. A LEITURA NO CONTEXTO ESCOLAR

 

 

            Neste capítulo pretende-se destacar o papel que a leitura  representa em nossas vidas, sendo ela a principal fonte de conhecimento e aprendizagem, tornando-se, portanto, indispensável para a formação do homem; daí o fato de ser algo tão almejada no âmbito escolar, tendo em vista a sua importância social. Procura-se ainda retratar a relevância do professor para a formação de leitores, visto ser o mediador entre o conhecimento, o aluno e a sociedade. 

 

           

2.1. Leitura: Uma fonte de conhecimento e aprendizagem

 

            Atualmente vivemos em um mundo onde o conhecimento constitui o passaporte para um futuro melhor. Assim as pessoas que almejam algo melhor, vivem em constante aperfeiçoamento e a leitura é sem dúvida a principal fonte de conhecimento e aprendizagem.  

 

            Leitura pressupõe, busca de informação, por isso aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de tudo, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade. Ler é sair do lugar comum. Quem lê se enriquece com um tesouro que jamais será furtado. Quem lê alarga seu horizonte descobre os parâmetros da realidade e os ultrapassa. Descobre então o poder da imaginação.

 

            Sobre o conceito de leitura Soares (2002, p 68) ressalta que:

 

 [...] do ponto de vista da dimensão individual de letramento (a leitura como uma tecnologia), é um conjunto de habilidades lingüísticas e psicológicas, que se estendem desde a habilidade de decodificar palavras escritas até a capacidade de compreender textos escritos. [...] refletir sobre o significado do que foi lido, tirando conclusões e fazendo julgamentos sobre o conteúdo.

 

 

           

 

Por outro lado Dell’ Isola (2001, p.30), acrescenta que:

 

 

A leitura não é um processo preciso que envolve uma percepção exata, detalhada e seqüencial, com identificação progressiva de letras, sílabas, palavras, estruturas, proposições, dentre outros. Ela envolve o uso parcial de pistas mínimas e disponíveis, selecionadas a partir das experiências do leitor.

 

 

            A leitura ultrapassa, portanto, a atividade visual. Ler é interagir, é construir significado para o texto. Não é possível haver leitura sem compreensão. A leitura está, pois, intrinsecamente ligada à compreensão. Compreender um texto é ter acesso a uma das leituras que ele permite, é buscar um dos sentidos possíveis oferecidos por ele, determinados pela bagagem sociocultural que o leitor traz consigo.

 

            Entretanto para ter um bom aprendizado inicial da leitura é preciso superar algumas concepções e a principal delas é que “Ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons, sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação”. (BRASIL, 2001, p. 55).

 

            Assim ler não é apenas decodificar palavras, embora a decodificação possa ser o primeiro passo para a ocorrência da leitura, pelo contrário isso só contribui para que o leitor construa uma visão empobrecida da leitura, e é por conta desta concepção equivocada que a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que tentam ler, pois uma boa leitura é aquela em que o leitor tem um bom entendimento sobre aquilo que lê.

 

            Assim estudiosos da língua passaram a considerar a leitura um processo no qual o leitor participa com uma aptidão que não depende apenas de sua capacidade de decifrar sinais, mas de dar sentido a eles, compreendê-los.

 

           

 

 

Para Orlandi (1983 apud DELL’ISOLA , 2001,p. 34-35).

 

 

A leitura é o momento crítico do texto, é o momento privilegiado da interação, aquele em que os interlocutores se identificam como interlocutores e, ao se constituírem como tais desencadeiam o processo da significação do texto.

 

 

 

            A leitura consiste, pois, na interação entre o texto e o leitor. Assim pode-se afirmar que um texto não carrega por si só significado, visto que depende dos conhecimentos prévios do leitor e de sua experiência de vida, para que se atribua ao texto um dado significado. “O texto não preexiste e sua leitura, e leitura não é aceitação passiva, mas é construção ativa: é no processo de interação desencadeado pela leitura que o texto se constitui”. (DELL’ISOLA, 2001, p. 34). Portanto um único texto pode evocar múltiplos significados, dependendo das circunstâncias e de quem o interpreta.

 

            Segundo Infante (1998) pode-se afirmar que há três tipos de leitura: a leitura sensorial, que corresponde a primeira etapa do processo de decodificação; a leitura emocional, é aquela que provoca no leitor diversos sentimentos, assim uma história pode ser emocionante ou tediosa, sem maiores pretensões analíticas e por último temos a leitura intelectual, a qual se destina a análise estrutural dos textos, onde a mesma implica uma atitude crítica, voltada não só para a compreensão do conteúdo do texto, porém está ligada principalmente a investigação dos procedimentos de que o produziu.

 

            Enfim diversos são os conceitos da leitura, no se pode, por isso, definir com precisão o conceito de leitura, em virtude da complexidade que a envolve. “Ler é, portanto, um processo contínuo que se confunde com o próprio fato de estar no mundo – biologicamente e socialmente falado.” (INFANTE,1998, p. 48).

 

            Ler é também uma forma de adquirir conhecimentos, além disso a leitura contribui para a formação humana, visto que a partir do momento que a criança entra em contato com os livros literários, através de histórias infantis, a mesma passa a conhecer melhor as coisas que a rodeiam, adquirindo um conhecimento do mundo e de si mesma, onde o mesmo consiste na elaboração de um esboço compreensível da sociedade; isto é a cada personagem é dado um papel definido em relação às outras, e sua posição é designada num contexto geral da organização social.

 

            A respeito da importância da leitura Alliende e Condemarin (2005,p.182) comentam que:

 

 

A literatura desempenha um papel crítico em nossas vidas, a literatura ajuda a nos compreender e a compreender os demais, proporciona diferentes perspectivas para examinar os nossos pensamentos, sentimentos, crenças, preconceitos e ações; ensina que há múltiplas possibilidades e muitas variedades e nenhuma solução definida [...].

 

 

            Assim os textos literários manifestam através da ficção e da fantasia um saber sobre o mundo e oferece ao leitor um padrão para interpretá-lo com efeito, eles dão conta de uma tarefa que está voltada a cultura a de “conhecimento do mundo e do ser”, fornecendo ao leitor condições de seu mundo interior, além de transmitir-lo uma concepção autônoma e, portanto crítica da vida exterior.

 

            A leitura nos permite ainda ter acesso aos bens culturais existentes deixados pelos nossos antepassados e que somente através da leitura podemos ter acesso a esse conhecimento, tão importante para a humanidade. Ademais, por meio da leitura, o ser humano cresce e conhece o universo, descobre a maneira de aprender a ler a vida, ler no sentido de interpretar, observar e refletir.

 

            É fundamental compreender que, na formação de cada cidadão bem como de um povo, a leitura é de máxima importância, representando um papel essencial, pois revela-se como uma das vias no processo de construção do conhecimento, como fonte de informação e formação cultural. A pessoa que lê conhece o mundo e conhecendo-o terá condições de atuar sobre ele, modificando-o e tornando-o melhor.

 

 

A respeito disso Martins (1982, p. 22) comenta que:

 

 

Se o conceito de leitura está geralmente restrito a decifração da escrita, sua aprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação global do indivíduo, à sua capacitação para o convívio e atuações políticas, social, econômica e cultural.

 

 

            A leitura, pois, proporciona ao indivíduo autonomia, possibilitando que o mesmo desempenhe um papel crítico diante da sociedade, ao passo que a mesma abre oportunidades no mercado de trabalho, ampliando novos horizontes, portanto “a leitura seria a ponte para o processo educacional eficiente, proporcionando a formação integral do individuo” (MARTINS, 1982, p. 25).

 

            Assim há algum tempo, um dos principais objetivos da educação básica era aprender a ler, hoje a ênfase é dada no ler para aprender. É importante que o aluno aprenda a ler, contudo, mais importante ainda é aprender através da leitura.

 

            Percebe-se a grande importância que a leitura exerce na vida do homem em sociedade, sendo a mesma essencial para o desenvolvimento tanto individual como social do ser humano, visto que através dela podemos construir e reconstruir conceitos que servirão para a nossa formação enquanto sujeitos sociais, logo a leitura possibilita ao homem a inserção e participação ativa no meio social, em virtude disso, essa prática deve ser desenvolvida desde cedo e, primordialmente, no âmbito escolar.    

 

 

2.2. O papel do educador na formação de leitores.

 

            A formação do leitor se dá desde cedo no meio familiar a partir do momento em que a criança passa a ouvir histórias ou convive com outras situações que envolve a leitura, momento este que exerce grande importância na formação de leitores, visto que a criança começa o despertar aos poucos o interesse pelo leitura.

 

 

Silva (1993, p. 51) ressalta que:

 

 

(...) O processo de formação do leitor está vinculado, num primeiro momento, as características físicas (dimensões humanas) do contexto familiar, isto é, presença de livros, de leitores e situações de leitura, que configura um quadro específico de estimulação sócio cultural.

 

 

Percebe-se a importância de “bons exemplos familiares” para o processo de formação dos leitores, é importante, pois, que os pais sejam leitores e que os mesmos proporcionem aos seus filhos o contato com o mundo da leitura, caso contrário dificilmente se formarão bons leitores.

 

            Contudo é no âmbito escolar que a criança passa a ter o contato mais íntimo com a leitura, sendo o professor o mediador durante esse processo de aprendizagem da leitura. Daí a importância de seu papel na formação de leitura.

 

            Portanto cabe ao professor trabalhar a leitura de modo que os educandos desenvolvam o prazer e o gosto pela leitura, visto que jamais se formarão leitores se estes não se sentirem instigados a ler. Assim o professor desempenha uma tarefa muito importante e deve ajudar principalmente aos alunos que não apresentarem interesse pela leitura, a fim de que desenvolvam as habilidades de base da leitura, da maneira que encontrem satisfação e desejo de ler.

 

            É importante que o educador tenha cuidado ao selecionar o material e ser trabalhado com os alunos que deve ser adequada a faixa etária dos mesmos, valorizando as suas experiências de vida, além de serem interessantes a fim de que desperte a curiosidade dos educandos. Logo ao trabalhar com crianças, o professor deve estimular a leitura contando histórias lendo e criando personagens que se identifiquem com a fase que estejam passando.

 

            Durante esta fase de aprendizagem da leitura, o professor constitui o “espelho” do aluno, por isso é necessário que o mesmo demonstre ser um bom leitor, visto que é impossível formar leitores se o próprio professor não demonstrar o interesse pela leitura. Assim este deve ser o exemplo de um bom leitor procurando mexer com o imaginário da criança, visto que através do prazer e da paixão que o professor tem pela leitura levará a criança a entender que vale a pena se envolver nesse mundo de encanto e magia, passando a cultivar o interesse pela leitura.

 

Dessa forma para se formar leitores fluentes, é de fundamental importância a interação entre professor e aluno, pois será essa relação que irá proporcionar um maior interesse na busca do conhecimento, pois o educador tem a função de mediador entre o aluno e aquisição do hábito da leitura.

 

Freire ( 1987, p.12) afirma:

 

 

Ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se educa a se mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo, ou seja, o ato de educar, de se ensinar a ler, precisa se constituir em um pacto entre o educador e o aluno.

 

 

            Portanto é importante que haja essa interação entre professor e aluno, que este tenha a oportunidade de expressar sua opinião e de escolher quando que deseja ler, valorizando assim o repertório de leituras dos alunos, para que se possa construir uma boa pratica de leitura. Nota-se que a maneira como o educador organiza sua pratica pedagógica de leitura desempenha um papel essencial na formação do leitor como nos aponta Silva (1993, p. 49).

 

 

(...) Não é o método em si, mas sim o professor e o uso que ele faz do método, o elemento mais importante para o encaminhamento do processo de alfabetização e de leitura na escola. Em outras palavras, com um bom professor – alfabetizador (competente, bem preparado, lingüística e pedagogicamente e atuando dentro de condições escolares propicias) são bem maiores as probabilidades de uma boa formação do leitor.

 

 

            Para que se tenha uma prática de leitura favorável é necessário que o professor tenha uma boa formação e consequentemente saiba desenvolver estratégias de leitura que torne a aula dinâmica e proveitosa, despertando o interesse dos alunos, visto que o fato de em geral os discentes não gostarem de ler decorre dos procedimentos adotadas durante as práticas de leitura daí Martin da Silva (1985 Apud SILVA,1993, p. 75) caracterizar a leitura escolarizada como aquela “(...) tecida sob a autoridade do que tem a chave da interpretação; tecida na coletividade que na escola quer dizer anulação; tecida na produtividade dos textos fragmentados – cadeia de alienação”.

 

A leitura na escola muitas vezes é utilizada apenas como pretexto para se trabalhar a gramática ou é trabalhada de forma inadequada, através de fichas de leitura que geralmente exigem interpretações rigorosas ou por meio de outras atividades que geralmente que muitas vezes torna a aula cansativa e entediada, fazendo com que os alunos repudiem a leitura.

 

            Portanto tornar o hábito da leitura uma prática prazerosa no dia-a-dia do estudante em sala de aula é uma tarefa e um desafio para o educador, porém, é preciso que ele entenda a leitura como uma construção de sentidos que abrange tanto o conhecimento das habilidades lingüísticas como o conhecimento de suas potencialidades afetivas.

 

            O professor deve tornar o momento da prática de leitura como uma atividade divertida e ao mesmo tempo proveitosa, para que os educadores encarem a leitura como uma atividade de prazer e não como algo que esteja atrelado as atividades escolares formando leitores que se tornem capazes por iniciativa própria de irem em busca de novas leituras que atendam as suas necessidades.

 

            O professor como mediador durante essa prática de leitura, deve trabalhar de modo que os discentes desenvolvam suas habilidades leitoras, podendo assim utilizar os textos literários, que além de divertidos contribuem para a formação dos alunos conforme nos mostra Cavalcante Junior (2005. P. 83

 

 

A narrativa literária, tendo como destinatário o aluno, ocupa um espaço, importante na formação do leitor, uma vez que estabelece uma ponte entre o social e o existencial presente na realidade. Dessa forma, a literatura, levada ao aluno, deve ser coerente e verossímil, e não pueril e simplória.

 

 

 

            Nessa perspectiva literatura colabora significativamente para a formação da pessoa, influindo nas suas formas de pensar e de encarar a vida, portanto, a leitura de textos literários é vista não só como um instrumento de formação acadêmico, mas, também, e principalmente como instrumento de humanização.

 

            Contudo para se formar leitores competentes, deve-se proporcionar aos mesmos o contato com os diversos tipos de textos, visto que “um leitor eficiente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente” (PCN, 2001,P.54) Isso é importante para que os descentes aprendam a interpretar os variados tipos de textos.

           

            Dessa forma o educador orienta o aluno, cria estratégias de leitura levantando questionamentos, possíveis soluções, ou seja, serve como apoio, mas de tal forma que a partir do momento em que o aluno vai ampliando e aprimorando seu conhecimento, o professor vai se distanciando sem que sua falta seja percebida.

 

            O papel do professor-educador como mediador da cultura ao introduzir novas experiências no mundo do aluno, formando e preparando cidadãos capazes de participar do processo de desenvolvimento e modernização da sociedade a qual pertencem. Onde a leitura será tratada como um instrumento do processo de produção do conhecimento e formação de cidadãos capazes de compreender e atuar no mundo atual.

 

            Assim, a escola deve proporcionar um ensino de qualidade, buscando a formação de cidadãos livres e conscientes de seu papel na construção ou transformação da sociedade. Para que esta formação ocorra, toda a escola precisa estar comprometida com o aluno, principalmente o professor que se torna o mediador entre o aluno e o conhecimento. O que deve ocorrer de maneira consciente, crítica e intelectual.

 

 

 

2.3 – Leitura na escola: um processo de conquistas pedagógicas.

 

            Formar bons leitores tem sido ao longo dos anos um dos grandes desafios da educação básica, visto que a leitura ou a baixa qualidade da leitura tem sido sempre apontada como causa para o fracasso escolar. Muitas vezes o aluno não se sai bem nas diversas disciplinas porque não sabe ler. Assim um dos motivos dos altos índices da reprovação na disciplina de matemática se deve ao fato de os educados não saberem ler e conseqüentemente não conseguem compreender o enunciado, o que dificulta ainda mais na aprendizagem.

 

            Portanto é comum alunos do 6º ano ao 9º ano do ensino fundamental das escolas brasileiras receberem constantes críticas por parte dos professores, que dizem terem observado grandes dificuldades por parte dos alunos em ler e interpretar textos. E muitas vezes chegam até sair da escola sem saberem ler com eficácia. Isso demonstra que o país, com todos os seus projetos e programas sobre leitura, não está ainda preparado para capacitar os alunos a obterem um melhor desempenho em suas atividades educacionais, principalmente no que diz respeito à leitura.

 

            Percebe-se que os saberes pedagógicos necessários para estimular a prática de leitura atualmente não tem sido suficientes para resolver esse problema. Assim sendo, precisa-se criar com urgência saberes pedagógicos de estímulos à prática de leitura. Assim fazer com que os alunos adquiram o hábito e o gosto pela leitura, tem sido um objeto de conquista, tanto almejado por professores e por todo o núcleo escolar, visando à formação de leitores e conseqüentemente a melhoria na educação.     

           

            Contudo, para que isso ocorra é necessário repensar a prática pedagógica e desenvolver métodos que torne a prática de leitura em uma atividade prazerosa, de modo que desperte a atenção dos discentes, visto que embora não se possa negar a interferências de fatores externos à sala de aula, certas práticas pedagógicas desmotivadoras, decorrentes de concepções equivocadas de leitura, são em grande parte responsáveis pelo fracasso na formação de leitores. 

 

            Em virtude disso, conhecer as diversas concepções de leitura, constitui um passo importante para que o professor consiga compreender melhor as teorias subjacentes à sua prática, e assim possa adotar um ensino condizente com a formação de leitores proficientes. Assim como nos informa Silva (1993, p. 21), “não se forma um leitor com uma ou duas cirandas e nem com uma ou duas sacolas de livros, se as condições sociais e escolares, subjacentes a leitura, não forem considerados e transformados”.

 

            Daí a necessidade de se pensar uma política de leitura para a escola, levando em consideração as reais condições para a produção da leitura. A leitura, portanto, deve ser tomada como uma prática a ser devidamente encarnada na vida cotidiana das pessoas, e cujo aprendizado se inicia na escola, mas que de forma nenhuma, deve terminar nos limites da experiência acadêmica. Daí, a diferença entre o ler como uma obrigação puramente escolar e o ler para compreender a realidade e situar-se na vida social.           

 

            A respeito da leitura no âmbito escolar Silva (1993, p. 19) nos afirma que:

 

 

Professores e alunos precisam ler porque a leitura é um componente da educação e a educação, sendo um processo, aponta para a necessidade de buscas constantes de conhecimento. Porém, para que estas buscas se efetivem na prática e gerem benefícios sociais, precisamos de condições concretas para produzir diferentes tipos de leitura. Mais especificamente, a inserção dos educandos no mundo da escrita não é uma questão de dom ou sacrifício, pois depende de trabalho, de instrumental de trabalho (livros) e de situações significativas de ensino-aprendizagem na esfera da escola.

 

 

            É necessário, portanto, avaliar criticamente os métodos educativos adotados durante a prática de leitura, geralmente oriundos de pedagogias consumistas, alienantes e fechados em si mesmas. Segundo Décroly (apud SILVA,1993, p. 19) “é absurdo querer preparar para a vida social de amanhã, com métodos adaptados à sociedade de ontem”. Assim é constante a busca de professores por mais e melhores leituras, entretanto muitas vezes a maneira como os mesmos organizam a sua prática pedagógica não favorece essa atividade, conforme nos diz Windson (1999, p 39).

 

 

O professor não pode e não deve confiar em uma metodologia especial, milagrosa, mas na sua experiência, fundamentada por sua competência pedagógica. É ele quem, observando seus alunos, refletindo sobre a sua prática e aprofundando seus conhecimentos sobre leitura e aprendizagem, pode compreender e atender às necessidades, às dificuldades e ao interesse de cada criança num dado momento.

           

 

Nota-se a necessidade de buscar ou construir técnicas de ensino a partir daquilo que existe em nossa frente, isto é, da realidade concreta das escolas e das necessidades dos educados, além disso é necessário que o professor conheça os materiais e técnicas pedagógicas, todavia mais importante ainda é o que o educador conheça os alunos que estão sendo formados para que assim saiba decidir como e quando utilizar cada método, conforme as necessidades dos mesmos.           

 

            Durante a prática de leitura o educador poderá adotar diversas estratégias de leitura. Assim poderá trabalhar a leitura em voz alta, visto que a concentração é facilitada, já que a leitura silenciosa pode sofrer interferências de pensamentos alheios ao assunto tratado no texto. Outra técnica a ser utilizada é a exposição de pensamentos, onde o aluno terá a oportunidade de expressar sua opinião sobre aquilo que leu, o professor poderá ainda orientar o educando e identificar as palavras chaves, do texto ou elementos mais importantes da narrativa, o que facilita a compreensão do que foi lido.

 

            Todas essas técnicas de leitura podem despertar interesse e ser um incentivo à leitura, levando ao aprimoramento, além de torná-la mais prazerosa e satisfatória. Portanto formar leitores é uma tarefa árdua que requer esforço e dedicação, o que só é possível mediante uma prática constante de leitura, visto que não se forma leitores se os mesmos não tiverem o contato com a diversidade de textos.

            Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001, p. 58) formar leitores requer também condições favoráveis para a prática de leitura, que não se restringe apenas aos materiais disponíveis, pois, na verdade, o uso que se faz desses materiais impressos é o aspecto mais importante para o desenvolvimento da prática e do gosto pela leitura. Esta prática para os PCN requer algumas condições favoráveis assim como:

 

 

·         Dispor de uma boa biblioteca na escola;

·         Organizar momentos de leitura livre em que o professor também leia. Ver alguém seduzido pelo que faz pode despertar o desejo de fazer também;

·         Possibilitar aos alunos a escolha de suas leituras. Fora da escola, o autor, a obra ou o gênero são decisões do leitor, tanto quanto for possível, é necessário que isso se preserve na escola;

·         Garantir que os alunos não sejam importunados durante os momentos de leitura com perguntas sobre o que estão achando, se estão entendendo e outras questões;

·         Possibilitar aos alunos o empréstimo de livros na escola. Bons textos podem ter o poder de provocar momentos de leitura junto com outras pessoas da casa [...].

 

 

 

            Estas questões citadas são essenciais para que as atividades com os alunos façam deles leitores críticos, capazes de desenvolver suas aptidões e sua consciência quando desafiados para realizar uma tarefa comunicativa, além disso uma prática de leitura intensa é importante para a formação do leitor, visto que a mesma exerce várias funções conforme nos relata os PCN (2001, P. 64)

 

 

·         Ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada;

·         Estimular o desejo de outras leituras;

·         Possibilitar a vivencia de emoções, o exercício da fantasia e da imaginação;

·         Expandir o conhecimento e respeito da própria leitura.

·         Aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares – condições para a leitura fluente e para a produção de textos;

 

 

            Em virtude disso uma das grandes conquistas, tão sonhadas pelo núcleo escolar, tem sido cultivar o gosto e o prazer pela leitura. Assim o professor precisa fazer com que o aluno veja a leitura como algo interessante e desafiador, algo que, conquistado plenamente lhe dará autonomia e independência. Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender fazendo”. Afinal uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente.

           

             Além do mais a leitura de fruição, ou seja, a leitura como fonte de prazer, facilita na aprendizagem dos alunos, ao passo que na medida em que os alunos sentem o prazer pela leitura isso os conduzirá a busca de novas leituras e com isso o aprimoramento de seus conhecimentos.

 

            Contudo a leitura no Brasil, ainda não é um bem cultural, plenamente desejado e compreendido pela sociedade brasileira, que desconhece sua abrangência como instrumento de cidadania e como direito individual. Ser leitor não é resultado de um processo natural. É preciso, além da interferência educacional e cultural, contato permanente com o material escrito, variado e de qualidade, fruto de uma ação consciente da sua importância e função social.

 

            Portanto, o acesso a leitura é uma das mais importantes conquistas do cidadão e por isso o discente deve apropriar-se dela como meio de promover sua vida social e intelectual. Daí resulta o fato de ela ser algo tão almejado pelo núcleo escolar.

 

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

           

 

            A leitura consiste sem dúvida num processo vital, sendo a mesma fundamental para o bom desenvolvimento tanto individual como social do homem, visto que por meio desta que podemos construir e reconstruir conceitos que serão imprescindíveis para nossa formação enquanto sujeitos sociais

.

Nessa perspectiva a leitura deve ser vista como um processo de construção de significados. Vemos então a necessidade de a escola oferecer possibilidades de transformação, visando à formação de sujeitos críticos e conscientes de sua realidade.

 

Sabe-se que muitos desafios ainda existem na superação dos problemas do desinteresse e das dificuldades encontrada no ensino de leitura, mas é possível chamar a atenção dos educadores para que tenham acesso e possam refletir sobre os escritos e considerações aqui registradas, como elemento impulsionador de novas praticas e de novos saberes pedagógicos.

 

            Diante de tudo que vimos e lemos, podemos afirmar que ler é saber e saber é elevar-se. Não existe ramo da atividade humana em que a leitura não ocupe o primeiro plano. Fator indispensável do progresso social é a leitura quem divulga e enriquece as idéias, quem matem a ligação entre os homens, quem acelera a marcha da evolução, quem opera as grandes transformações, numa palavra, quem impulsiona vigorosamente o universo.

 

 

REFERÊNCIAS

 

 

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