"Falar, por exemplo, em democracia e silenciar o povo é uma farsa, falar em humanismo e negar os homens é uma mentira". (Paulo Freire, 94p, 2005).


O professor é um dos autores fundamentais na formação moral e social do educando, orientando na medida do possível o aluno em alguns aspectos de sua vida. O educador não apenas orienta no tocante a disciplina que está ministrando, como também criar debates sobre os mesmos, de forma a discutir, gradativamente, os temas atuais com os alunos sobre o que ocorre na sociedade.


*Educadora, Pedagoga, Licenciada em História, Pós graduada em História da Cultura Afro-Brasileira, Mestrando em Ciências da Educação. Mail: [email protected].
A diversidade étnico-cultural presente diariamente no contexto brasileiro, expressando-se na música, na dança, na culinária, na nossa língua portuguesa e entre inúmeras atividades em nosso cotidiano. O que se faz necessário lembrar, é
que para tratar dessas questões é preciso ir além da constatação, da contemplação e da folclorização que muitas vezes se faz em torno das diferenças existentes.
O processo educativo emanado pela educação é algo que a sociedade não pode prescindir. Ao contrário, a educação é fundamental no processo de aprendizagem e na compreensão necessária para que se possa ver o "diferente" em suas complexidades de formas de relações humanas e suas afirmações e significações/ressignificações. As relações existentes no processo de construção e significação das diferenças na sociedade precisam ser muito bem compreendidas.
A necessária valorização da diferença que buscamos se dá no sentido de reconhecer e afirmar positivamente a pluralidade e a singularidade de cada diferente cultura e da não aceitação das desigualdades, muitas vezes, justificadas equivocadamente pela diferença cultural/racial e que resultam na interiorização dos seres humanos.
È de fundamental importância à abordagem em torno da questão étnico-cultural/racial, ressaltando a necessidade da desconstrução social do preconceito e da discriminação racial que são atribuídos à população negra e indígena. Procurar suscitar reflexões sobre as representações sociais negativas colocadas a essa população por meio de estigmas e estereótipos, abordando particularmente a questão da educação étnico-racial no espaço escolar a partir da Lei Federal Nº 10.639 de 09 de janeiro de 2003, agora 11.645/08 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394/96 estabelecendo a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira e indígena os estabelecimentos de ensino fundamental das escolas publicas.
Não basta apenas tratar da questão étnico- racial é preciso utilizar-se de uma abordagem critica e inovadora, assim o curso de Pedagogia não deve dar continuidade ao preconceito e, sim, criar um espaço de transformação e desconstrução de valores preconceituosos que possam provocar o ostracismo social.


2. Lei Nº. 11.645/008: Perspectivas e Possibilidades

A atual implementação da Lei Federal nº. 11.645/08, nas unidades escolares publicas e particulares nos níveis de ensino fundamental e médio, instituindo a obrigatoriedade do ensino da História da África e indígena bem como, o estudo do processo de efetiva participação e contribuição do povo negro e índio brasileiro no contexto da história do Brasil, tem provocado inquietações no sistema escolar.
Muitas vezes, os professores utilizam-se do argumento da não preparação, da não formação em questões referentes à diversidade étnico-racial. Embora seja real em parte, isso não pode servir para justificar a opção pelo silenciamento e o não questionamento das questões de exclusão, preconceito e discriminação racial presentes na sociedade, que atribuem às diferenças da população negra e indígena representações e sentidos que os desqualificam e os inferiorizam.
Os educadores têm a frente um caminho que trata propositivamente as questões referentes ao povo negro, e indígena apontado por meio da Lei nº. 11645/08, necessitando ser percorrido por todos na escola. Que estes não fiquem apenas a esperar que se façam antes as grandes transformações e mudanças, pois acreditar unicamente nesta opção pode representar a manutenção e a continuidade do sistema de exclusão sócio-racial.
Nunca é demais lembrar que a sociedade traz consigo de forma muitas vezes velada, os anacrônicos malefícios do racismo, que têm provocado disparidades sociais nas quais os índices mais baixos têm sido destinados aos negros, quando comparados aos brancos. É oportuno observar que o modelo econômico social existente tem sido muito injusto com a população menos favorecida economicamente e que em grande parte dentre os mais alijados do processo social encontram-se os negros.
Como diz Demo (2002, p.10), é mais que necessário que o professor procure repensar sua pratica atual, pois:

"O papel do professor básico precisa mudar da situação atual marcada pela mera transmissão de conhecimento, mero intermediário repensador, para a condição ativa, dinâmica de (re)construtor de conhecimento.Portanto, competência não se transmite,reproduz,imita copia.Constrói-se."

É necessário observar que a educação multicultural tem por objetivo contribuir para a desconstrução desse sistema. Portanto, a escola não pode compactuar com os ditames sociais sedimentados na seletividade, na discriminação racial e na injustiça.
Ao longo da história da educação, desenvolveram-se na sociedade processos de naturalização do racismo. A escola, não tem conseguido desfazer essa naturalização e por vezes opta pela afirmação e manutenção dos preconceitos raciais quando não propõe contínuos diálogos, debates e reflexões sobre as posturas e práticas dos seres humanos a esse respeito.
Nesta perspectiva torna-se necessário questionar as concepções etnocêntricas e eurocêntricas que de modo explícito ou implícito estão presentes na escola. Neste sentido, questiona-se: Se além da escola, na sociedade existem práticas sociais e culturais que mantém a cultura hegemônica e atribuem à população negra uma visão inferiorizada, como a escola pode se contrapor e oferecer possibilidades para que crianças, adolescentes e jovens negros construam uma justa imagem de si mesmo e do outro? Como promover a construção dos valores multiculturais numa sociedade que se pautado pela exclusão e discriminação?
Como decorrência desse caminho a ser percorrido pela escola e por demais instituições educativas da sociedade, não se pode deixar de destacar as lutas e reivindicações que há tempos vê sendo realizadas por meio do Movimento Social Negro no sentido de transformar os mecanismos e desconstruir ideologias e mentalidades discriminatórias e preconceituosas que regem a organização social em que vivemos.
Diante do perverso processo histórico, sutil e dissimulado do racismo, existente em nossa sociedade, que impede e dificulta o acesso das pessoas negras às reais condições de igualdade e de direito, no acesso e permanência aos espaços sociais, historicamente visto pela cultura hegemônica, como restritos a sociedade branca, a escola não pode silenciar.
Neste sentido, é que ressaltamos a necessidade de se dispensar novos olhares sobre a africanidade brasileira por meio da Lei Nº. 11.645/08 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluindo no currículo do ensino fundamental e médio das escolas públicas e particulares, a temática da história e Cultura da África e dos negros no Brasil, entendendo ser imprescindível.
Tal propositura para se construir novas concepções de educação que possam ser inteiramente comprometidas no combate a todas as formas de preconceito e discriminação.Alheios às questões de exclusão e discriminação raciais vivenciadas pelos negros brasileiros, muitos, frutos da escola monocultural, ainda se perguntam: Há necessidade da educação da diversidade étnico-racial nas escolas?
Freire (2005, p.143),afirma que"Para dominar, o dominador não tem outro caminho senão negar as massas populares a práxis verdadeira.Negar-lhes o direito de dizer suas palavras, de pensar certo." Vendo como o olhar de Freire, agente percebe o grande poder da práxis e o quanto esse poder pode ser definitivo na formação do pensar, pois quando se nega o direito de pensar certo, conseqüentemente passa-se a não agir certo,a não agir verdadeiramente.
Pesquisas demonstram que, ao longo do processo histórico, a formação do professor sofreu profunda e constante tensão, que tem origem no confronto entre sua institucionalidade e sua práxis. E que se desdobra em outras tensões: necessidade de preservar valores e urgência em transformá-los; importância de reagir a determinados modernismos e, ao mesmo tempo, revolucionar o conservadorismo; apelo a uma ordem que possa sustentar e fundamentar ações e a necessidade de um planejamento organizado, capaz de fecundar a criatividade; obediência aos estatutos e regimentos e a sensibilidade às aspirações inovadoras da comunidade; verticalidade hierárquica e a horizontalidade representativa; importância da autoridade e necessidade do diálogo espontâneo; importância de se concentrar as decisões e o oportuno convite à difusão do poder; entre o momento em que é importante identificar-se com o aluno, fazendo-se, ele mesmo, um aluno.
Por tudo isso, é imprescindível o pensar e repensar sobre a formação do educador. A ressonância das transformações ocorridas na humanidade determina a urgência e a profundidade de revisões e reformulações no campo educativo, para atender às novas demandas da contemporaneidade, principalmente no que concerne à criação de sujeitos plurais, críticos, criativos e comprometidos com um novo mundo.
Entre muitos outros corpos teóricos cristalizados, essa nova concepção de mundo rejeita as heteronímias vigentes em busca de autonomia; a verdade em busca de verdades e a condução das ciências humanas que qualificam e desqualificam saberes hierarquizando-os e positivando-os para a ativação dos saberes libertos da sujeição hegemônica de base positivista e fundamentados na razão instrumental.
Para Freire (2004), o professor que pensa certo quando deixa transparecer aos educandos que uma das bonitezas dessa nossa maneira de estar no mundo e com o mundo, como seres históricos, é a capacidade de, intervindo no mundo, conhecer o mundo.

Assim como todos nós, o nosso conhecimento de mundo também tem historicidade. Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se dispõe a ser ultrapassado por outro amanhã. Por isso que é tão fundamental possuir o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento ainda não existente. Pensar certo é fazer certo. (FREIRE,148p,2004).

O novo professor necessita de uma nova leitura do mundo e da condição humana. Os instrumentos dessa nova leitura não são os mecanismos analíticos e reducionistas da lógica clássica, a racionalidade é complementada ou substituída pela intuição e o sentimento. Começam-se então a questionar, em educação, diversos elementos dialeticamente contrapostos. Dentre eles, destaca-se a própria objetividade na formação do conhecimento, com a qual se confronta. Ou seja, o sujeito cognitivo passa a ser entendido não apenas como um sujeito racional, mas também como um sujeito psicológico, social, político, isto é, relacional, haja vista que é fruto do processo entre objetividade e subjetividade.


3. O compromisso do curso de Pedagogia com a formação de professores multiculturais.

Ao falar em compromisso nos cursos de pedagogia envolve-se um emaranhados de questões que vai de currículo a questões praticas e teóricas.Uma complexidade de fatos que as instituições escolares necessitam de uma reorganização curricular que responda de forma contundente que professores queremos formar? E que alunos esses professores vão formar?.
Nesse sentido, desenvolve uma necessidade de registrar e repensar essas práticas, buscando a construção de novos conhecimentos sobre o processo de formação e da prática docente, bem como sobre as diversas mudanças ocorridas no processo de formação e na atuação do professor.

(...) qualquer política de reformulação do Curso de Pedagogia tem que considerar essa identidade, que está diretamente ligada à perspectiva de práxis social revolucionária. Porém, o que vemos é um certo desmonte desse curso por parte do Estado brasileiro, quando da implantação das novas diretrizes de Pedagogia ? o que é lamentável,pois, historicamente, esse curso tem cumprido um papel importante na formação de professores para a educação básica e de gestores da educação escolar.( PEREIRA,2010,p.8).


Vivemos uma época em que a consciência de que o mundo passa por transformações profundas é cada dia mais forte. Esta realidade provoca em muitas pessoas e grupos, sentimentos, sensações e desejos contraditórios, ao mesmo tempo de insegurança e medo, potenciadores de apatia e conformismo como também de novidade e esperança, mobilizadores das melhores energias e criatividade para a construção de um mundo diferente, mais humano e solidário.
Globalização, multiculturalismo, pós-modernidade, questões de gênero e de raça, novas formas de comunicação, informatização, manifestações culturais dos adolescentes e jovens, expressões de diferentes classes sociais, movimentos culturais e religiosos, diversas formas de violência e exclusão social configuram novos e diferenciados cenários sociais, políticos e culturais. Estes fenômenos se interpenetram em processos contínuos de hibridização.
O desafio da Pluralidade Cultural é respeitar os diferentes grupos e culturas que compõem o mosaico étnico brasileiro e mundial, incentivando o convívio dos diversos grupos e fazer dessa característica um fator de enriquecimento cultural.Com ela propomos os respeitar as diferenças, enriquecer-se com elas e, ao mesmo tempo, valorizar a própria identidade cultural e regional.
Também lutar por um mundo em que o respeito às diferenças seja a base de uma visão de mundo cada vez mais rica para todos nós. Essas são as questões mais importantes que o século XXI suscita e sobre a qual cada um de nós pode e deve refletir.
Segundo consta nos PCNEM (1999),
O estudo de novos temas, considerando a pluralidade de sujeitos em seus confrontos, alterando concepções alcançadas apenas nos "grandes eventos" ou nas formas estruturalista baseadas nos modos de produção, por intermédio dos quais desaparecem de sena homens e mulheres de "carne e osso", tem redefinido igualmente o tratamento metodológico da pesquisa. A investigação histórica passou a considera a importância da utilização de outras fontes documentais, além da escrita, aperfeiçoando métodos de interpretação que abrangem aos vários registros produzidos. A comunicação entre os homens, além de escrita, é oral, gestual, sonora e pictórica. (PCNEM, 1999, p.44).

O ensino da História da Cultura Afro Brasileira torna-se fundamental para a compreensão dos fatos históricos e para a sua articulação com a história/realidade presente, uma vez que o presente é fruto da dinâmica dos acontecimentos históricos do passado. Nesse sentido, o ensino de História da Cultura Afro Brasileira possui papel relevante na superação da exclusão social, na construção da cidadania e na emancipação social e política dos sujeitos históricos.
Nesse intercurso com os questionamentos, os PCNs (BRASIL, 1996/1997) do ensino fundamental de História e o tema da "Pluralidade Cultural" difundido por esses parâmetros. Essas leituras possibilitam outras indagações: Qual perspectiva cultural está explícita e implícita nos Parâmetros Curriculares para o Ensino de História? As instituições formadoras de professores trabalham a perspectiva da pluralidade cultural nos seus currículos formais e ativos? Os professores formadores dos cursos de História formam "na" e "para" uma perspectiva multicultural?
Entende-se que, para compreendermos melhor a construção do ensino de História da Cultura Afro Brasileira no que se refere à diversidade cultural, era necessário investigarmos processos de formação de professores/as no Brasil.

A perspectiva de ensino temática e multicultural devem vir acompanhada de uma mudança pedagógica na formação inicial e continuada do docente. [...] É na ação que os saberes do professor são mobilizados, reconstruídos e assumem seus significados. (FONSCECA, 2001, p.2).

Compartilho com o autor o entendimento de que um multiculturalismo crítico pressupõe um projeto de transformação social, ou seja, para desmantelar o projeto social hegemônico vigente ? que concebe a diversidade apenas como uma mistura de culturas com significados particulares ? é necessário transformar as relações sociais, culturais e institucionais nas quais os significados são gerados.
Essa característica peculiar ao campo da História, que é o dinamismo, o movimento, o significado no contexto, reforça a necessidade de reestruturação de um ensino e uma formação que desmonte projetos de dominação constituídos ao longo da história da disciplina.
É notório que os formadores percebem a complexidade do momento vivido e reconstroem suas práticas, convergindo para aspectos inerentes à História . Eles preocupam-se com as mudanças, os rumos da História e se questionam sobre o próprio trabalho, revêem o como ensinam e o que ensinam. Articulam saberes, reescrevem o ensino, o que lhe é próprio, em busca de um outro ensino de História, revelador de outros tempos, de diferentes conhecimentos; de outras experiências subjetivas e ? por que não? ? de uma inovadora formação!
Neste momento, gostaria de salientar que a proposta de história temática contemplada nos PCNs (BRASIL, 1997) para o ensino fundamental não deixa dúvidas do quão é necessário articular diferentes saberes para se ensinar nessa perspectiva. Os PCNs de História propõem romper com os "fantasmas" que rondaram e rondam o ensino de História: a história factual, linear, questionários, livro didático como único referencial etc.
Enfoque similar é dado também à pluralidade cultural, tema essencial para a área de História. Isso vem reforçar a necessidade de se reestruturar os conteúdos e as abordagens historiográficas, o ensino e a pesquisa ? como afirmam os formadores? que potencializam, em seus cursos, a formação de professores. Aí também reside mais um dos limites, ou melhor, desafios, para o ensino e a formação do professor numa perspectiva multicultural.
Questiono sobre a formação de docentes na perspectiva das Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação de professores da Educação Básica, os formadores dizem até onde conhecem o documento e o que pensam sobre as implicações e usos dessas Diretrizes na formação de professores? .
No ensino e na pesquisa ? pesquisando inclusive a própria prática ? formadores redefinem saberes ao produzir outros saberes. Também, (re) significam qual ensino, qual formação, quais caminhos para formar o futuro professor , quais habilidades específicas formar nos cursos de formação inicial.
Como salienta bem Vasconcelos ao falar da formação do professor como algo complexo:
Trata-se,como sabemos, de uma questão muito complexa na medida em que envolve não só o período acadêmico, mas toda a vida profissional.Mesmo no campo acadêmico , o que temos constatado historicamente é que a formação tem deixado muito a desejar,existindo uma serie de complicadores, como por exempo a tão propalada relação teoria e pratica(...). (2002, p.180).

Não se trata aqui de definir um modelo de formação docente apenas em critérios práticos, em habilidades a serem adquiridas; ou seja, a formação do professor passa pela compreensão do saber-fazer, mas não pode ser reduzida apenas a isso.
Abordar essas questões, compreendendo-as como resultado da dinâmica social, significa tocar no âmago dos inúmeros problemas que a educação brasileira vem vivenciando cada vez com maior intensidade.
Nessa conjuntura educacional, não é mais possível continuar vendo a escola como um campo de atuação das manifestações culturais dominantes, uma vez que a escola tem como principio básica a formação dos cidadãos nas suas concepções mais amplas e democráticas, pois vivemos numa sociedade em que as manifestações políticas e culturais são múltiplas e variadas e, nesse contexto, se faz necessária a construção de uma prática pedagógica que privilegie as diferenças existentes no próprio ambiente de sala de aula.
As diferenças existentes são produto de uma sociedade culturalmente multifacetada e permeada pelas mais diversas realidades sociais, fruto de um contexto histórico construído sobre alicerces sociais discriminatórios e excludentes, onde os valores das camadas dominantes sempre estiveram em primeiro plano, impedindo a construção de uma sociedade fundada na diversidade e na democracia.

O momento vivido pelos pedagogos é um momento de perplexidade. O Curso de Pedagogia, a formação do pedagogo e conseqüente prática escolar estão sendo fortemente questionados. Sabe-se que as profissões são históricas, e isto quer dizer que são situadas e surgem e se desenvolvem a partir de necessidades concretas. Sem um profundo mergulho na história de nossa sociedade, de descortinar quem são os atores sociais presentes na construção da história do Curso de Pedagogia, a compreensão de sua profissionalidade não passará de abstração. (PEREIRA,2010.p.6).

Nesse processo, o professor/Pedagogo ocupa posição central na análise dessa conjuntura e na possibilidade de construir situações concretas de superação através da prática pedagógica por ele desenvolvida no interior do espaço escolar. Essa superação não deve ser um trabalho solitário ou anônimo, mas fundamentado na construção de um trabalho que envolva o coletivo escolar, principalmente o corpo docente, através de um trabalho de conscientização dos mesmos sobre a importância e o poder da ação pedagógica por eles desenvolvida em seu cotidiano. Assim, através de um trabalho coletivo, as possibilidades de avanço e sucesso desse empenho obterão resultados mais consistentes
Cabe, neste instante, considerar que os formadores admitem a necessidade de rever o processo de incorporação dos conhecimentos curriculares atrelados à dimensão formativa dos futuros professores, uma vez que manifestam preocupações com a questão das diferenças.
Compatibilizar todos os conhecimentos apreendidos é, sem dúvida alguma, uma tarefa dotada de espírito de renovação e, ao mesmo tempo, de renúncia. Renúncia aos velhos conceitos, tão arraigados, difíceis de ser mudados; renúncia aos velhos estigmas, às velhas certezas que nos acostumamos a incorporar e vivenciar.
Conhecimentos que não são desprezíveis por serem antigos, muito pelo contrário, são motivadores de novos, pois, ao se agregarem aos novos, não é necessário se desfazer dos velhos, apenas mudar a maneira de olhá-los, uma vez que estes são constitutivos da experiência de cada um.




4 Considerações Finais.



Esse breve estudo espera que os currículos nos cursos de Pedagogia sejam revistos e refeitos como propósitos, preocupações e determinações na formação de um educador multicultural, critico e sensível as causas sociais, políticas, ideológicas,que envolvem todo o ser humano que é um ser histórico por natureza e sua Historia precisa ser estuda, analisadas pra ser contada livre de conceitos, preconceitos,respeitada e aceita por todos.(..)"essa tarefa cabe aos educadores reafirmar a educação e a pedagogia como necessária ao processo de emancipação e humanização social." .( PEREIRA,2010,p.20).
E com essa perspectiva, buscar pensar, o ensino da história e da cultura afro brasileira e indígena não com solução dos problemas, mas como forma de reflexão e aprendizagem, uma vez que , a educação escolar é o principal instrumento de difusão cultural.
O ponto de partida para transformação, para esse cenário, começa pelo corpo docente e com as instituições educacionais. Ainda lidamos com professores, coordenadores e dirigentes que matem uma postura arcaica, tirana e egocêntrica, que acreditam estar fazendo bem a sua parte na educação. Cabe a cada um de nós fazermos a diferença no ambiente que atuamos persistir, manter o ritmo, realizar, amar aquilo que fazemos. Não há papel que tenha sucesso quando ensaiado e desempenhado com amor e competência.
O grande valor nos estudos da História está a noção temporal. É necessário que se aprenda a se localizar no tempo, até mesmo com o objetivo de entender a realidade. A história deve ser trabalhada a partir do tempo presente, no qual estamos inseridos, e relacionar esse tempo ao passado, formado assim à idéia de tempo espiral identificado por mudanças, continuidades, rupturas, conflitos, criação de novos espaços, ordem, sucessão e simultaneidade.
Objetivo principal do ensino de Historia é a constituição da identidade. Assim, é nessa área que serão relacionados os aspectos da identidade individual, social e coletiva. Portanto, ela deve atender além dessas expectativas a valorização do que cada um traz em si, e, ao mesmo tempo, dar condições para a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao longo dos anos vividos.
Pensando dessa forma é que nasce a as indagações e inquietações pela História da Cultura Afro brasileira, pois a mesma dar condições a ao professor de buscar valores humanos, como a vida, convivência, participação, colaboração, entre outros. Somente assim será possível a construção da cultura da solidariedade e da cidadania.
A postura do professor é de definir os problemas e tenta resolvê-los, tendo nos erros e acertos os dados importantes para uma avaliação formativa. Para isso, o professor precisa está inserido no mundo, ou seja, contextualizado pessoal e socialmente.
Nessa perspectiva, com objetivo de combater o modelo tradicional é que se propõe a pensar, o ensino da história e da cultura afro brasileira e indígena não com solução dos problemas, mas como forma de reflexão e aprendizagem, uma vez que , a educação escolar é o principal instrumento de difusão cultural.
Na busca de desenvolver a interação e a reciprocidade entre grupos diferentes, como fator de crescimento cultural e enriquecimento mútuo, pois através dessas ações, valores e culturas múltiplas contemplam a harmonia social.
E fazer com que o educador parta do cotidiano dos alunos e das suas formas
orais, ou seja, a escola como um espaço de discussão, ressignificação e hibridização, um entre lugares.

Admitir e defender direitos humanos significa reconhecer não apenas esta ou aquela propriedade de alguns sujeitos, mas que o direito do ser humano é um estatuto que todas as pessoas tem o dever moral de, consciente voluntariamente, conceder-se umas as outras. (PCNs,2005, p.54).

Perpassam ainda pela desvalorização e preconceito em relação à cultura negra trazida pelos africanos. No cotidiano escolar podemos visualizar poucas ações que visam resgatar esses valores como uma forma de valorização e elevação de auto-estima dos alunos negros.
Destaca-se a necessidade de se formar educadores (as) preparados para lidar com a diversidade cultural em sala de aula, mas acima de tudo, preparados para criticar o currículo , abrir espaço para mudanças e o dinamismo .A interação social é o estimulo e a resposta necessária para promover a construção dos valores multiculturais numa sociedade que se é pautado pela exclusão e discriminação.
Pela crescente discussão e importância do tema abordado é valido a continuidade da discussão, como também estudos que analisem a formação docente a colocar-se as necessidades étnico cultural as quais são a base histórica e cultural desse país.



Referências


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BRASIL, Presidência da República. Casa Civil. Lei nº. 11.645. Publicada em 10 de março de 2008.

BRASIL, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: Ministério da Educação, 2004.

BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei n. 9.394/
96). 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.

DEMO, Pedro. ABC Iniciação á competência reconstrutiva do professor Básico. 3ª. ed.Campinas SP.Papirus,2002.

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PEREIRA, Antonio. Currículo e formação do (a) Pedagogo(a) frente às novas
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VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Para onde vai o profesor? Resgate do Professor como sujeito transformador. 10ª. ed.São Paulo Libertad.