Professor Antonio Martins dos Santos organizou cartórios e registro de imóveis, registro de nascimento/casamento, emitindo recibo de óbito no século 20

Município de Correntes-PE.

 

 

A pequena vila chamada Pau Amarelo, localizada no município de Correntes-PE a273 kmde Recife, capital pernambucana, foi construída em 1826, sua invenção foi uma iniciativa particular dos exploradores da capitania de Pernambuco, a revelia da metrópole portuguesa, posteriormente da monarquia brasileira, governo civil e militar. Ate os dias de hoje não tem água tratada, esgoto, saneamento básico, transporte, saúde, a pavimentação é de paralelepípedo, conta com uma rua principal e três secundárias. Não há supermercados, farmácias, posto de Gasolina, nada se fabrica nesta vila, conta com várias mercearias para atender as necessidades básicas de suprimentos, como feição, farinha, açúcar, café e materiais de limpeza e higiene pessoal. A feira é no sábado, ocorre no centro da cidade a3,6 km, funciona das 07h00min às 15h00min, aonde os quase 1.000 habitantes vão às compras para um período de uma semana. O leite para as crianças ainda é natural diretamente dos currais de vacas. A luz elétrica chegou ao povoado em 1973, exatamente há 39 anos, conta com uma Escola Municipal João de Deus Neto, uma Zona Eleitoral nº 059 com duas seções a seção nº 11 com 355 aleitares aptos e seção 20 com 357 eleitores aptos, totalizando 712 eleitores prontos para votarem. Com as ameaças de transformação que circundava, surgia a visão de capitalismo, quando foi instaladas antenas de televisão, porque apenas o rádio era o meio de comunicação em todo período, oportunidade que o telefone abriu o caminho para as comunicações externas. Única verdade na vila perdida, considerada esquecida como existência, sua construção foi idealizada pela iniciativa privada, sem a presença do Estado, sua gente mestiça, parecida com portugueses, às vezes com holandeses e outras vezes com espanhóis galegos. Essa gente seleta reservada na linha do tempo. Será que eram sertanejos? Nordestinos fortes, vibrantes e altaneiros. Suportaram o calor no trabalho árduo na plantação de milho, feijão, algodão e café, de onde produzia o essencial para sobrevivência, no enorme contraste social a que representavam, sem escola e sem qualquer assistência da monarquia, sob toda a situação de uma Capitania em franco desenvolvimento econômico, social e cultural. A igreja católica explorou como pioneira até a década de 1980, porém, não dava assistência aos habitantes da vila, o Padre só comparecia anualmente para as festividades de São Sebastião, padroeiro adotado pelas influências estrangeiras do catolicismo, assim as pessoas eram servidas apenas com a participação dos leigos disponíveis. Na década de 1980, o evangelho chegou ao povoado, sendo implantada a Igreja Evangélica Assembléia de Deus, Igreja Cristã Maranata. O povoado nunca fez parte do seu município, nunca foi criado, oficialmente, organizado politicamente, para o município de Correntes PE apenas a sombra da existência de uma simples aglomeração conhecido como sítio. O município reconheceu os povoados de Poço Comprido, Lagoa do Ouro, enquanto a Vila de Pau Amarelo era apenas um oásis de gente forte, uma família quase completa. As condições de vida eram precárias, a zona da mata oferecia uma vantagem maior com a beleza dos seus rios, abastecimentos de água nas plantações produziam frutas, farta lavoura, no período da seca abria passagem para as chuvas, Pau Amarelo foi espaço de repouso dos Senhores de engenhos, comerciante e escravos. Conforme Galvão 1998, página 190 descreve a situação dos nordestinos esquecidos do resto do Brasil, é fato que se encaixa exatamente na invenção de Pau Amarelo. Antonio Martins dos Santos organizou cartórios e registro de imóveis, registro de nascimento/casamento, emitindo recibo de óbito. Ele servia como se fosse um cartório ambulante, os agricultores rurais negociavam com os senhores chefe e delegado ordenado para a região, exploravam a economia da vila, os senhores compravam toda a colheita de café, que ainda na flor vendia as sementes de café. Os agricultores com uma quantidade de dois mil pés de café recebia os valores de 80 sacas de café, quando colhiam apenas entregava a colheita pelo dinheiro que recebera das mãos do senhor. O professor Antonio Martins dos Santos escrevia a transação financeira onde o agricultor carimbava as suas impressões digitais, confirmando a transação entre o agricultor e o senhor, recebia um valor pela elaboração da nota promissória. Com a chegada dos Cartórios foi incorporados na organização do Estado, embora as transações fossem substituídas pelos escriturários. Porém a exploração da economia foi até a década de70. Afunção idealizada pelo Professor Antonio Martins dos Santos, fundador da única escola particular para alfabetização na vila perdida, sua origem possivelmente era portuguesa, o qual chegou ao município de Correntes por ocasião da exploração do Pau d’arco madeira de classe na exploração da região. Sua escola ensinava as matérias básicas de linguagem e aritmética sem qualquer espírito de invenção, nem de reflexão, um pouco de verdade no sentimento moral e expressão para uma fala adaptada. Um dos métodos para testar e controlar o comportamento dos alunos, conferir sua agilidade, consistia na contagem de um litro de feijão, somar suas sementes, o professor misturava um litro de feição branco com um litro de feijão preto, entregava ao aluno para separar em tempo estipulado. Após o tempo previsto se o aluno não terminasse, ele misturava novamente e marcada outro tempo, com esse método o aluno era punido severamente, servia para pagamento dos castigos por infração como atrasos aos horários escolares, esquecimento de materiais didáticos como tinteiros, penas e não podiam manchar os exercícios. Por causa do isolamento, a doce vida era superada pela vida simples, sem atropelo, como metáfora da existência, a vida na agricultura oferecia seus benefícios de sobrevivência.

 

ESPEDITO SIQUEIRA DOS SANTOS