Todo inicio de chuvas traz  um aumento considerável de insetos. Isso ocorre em função do aumento brusco de umidade do ar aliado a alta temperatura ainda persistente nesse período, tornando um ambiente propício para eclosão de ninfas (foto 1), que passaram o período das secas em forma de ovos, só esperando o momento adequado para nascerem.

 

  
         
Se já não bastasse o aumento natural dos insetos nesta época do ano, a coisa fica pior quando o número de certas espécies ultrapassa a normalidade, pois indica um desequilíbrio do ecossistema.

           

            Este ano a bola da vez são as cigarrinhas da pastagem, o que desperta uma maior atenção por se tratar de uma praga que pode ocasionar vários prejuízos não só na queda de qualidade das pastagens (pecuária) como também em lavouras de cana-de-açucar, arroz, milho, entre outras (elas são predadoras naturais das gramíneas). Com hábitos sugadores, as folhas atacadas por esse inseto morrem a partir das pontas apresentando um aspecto retorcido. Em grande número, as cigarrinhas vão reduzir o crescimento das gramíneas, refletindo em uma queda da produção. As plantas atacadas apresentam menores teores de proteína e fósforo, além de um aumento de fibra, reduzindo de forma considerável a qualidade do pasto.

 


            A cigarrinha adulta vive cerca de 10 dias, tempo suficiente para que, em surgimento de um grande número de população, possa ocasionar grandes prejuízos.

 

            Inseto da família Cercopidae, existem várias espécies, dentre as mais conhecidas estão as Deois, como a D. flavopicta (foto 2) , a D. schach e a D. mahanarva fribriola. Um fato interessante é que na zona urbana de Gurupi, a maior infestação é de uma espécie de cor esverdeada podendo chegar a 25mm de tamanho (foto 3), que procuramos identificar sua classificação mas não obtemos sucesso, não há referências sobre essa espécie.


 


           
Para combater essa praga existem os controles biológico (feito com inimigos naturais como a mosca Salpingogaster nigra - foto 4, e o fungo Metarhizium anisopliae – foto 5), o controle cultural que compreende em um manejo adequado de cada tipo de pastagem (evitando o super pastejo ou pressão de pastoreio mantendo a altura de 25 Cm dos pastos) e o controle químico que dependendo da extensão da área infestada se torna anti econômico, além de correr os riscos de poluição do meio ambiente e contaminação do leite e da carne (são na maioria inseticidas fosforados, e  tem significativa capacidade residual).


 


            As cigarrinhas se desenvolvem em ciclos e na fase de ninfa, fica envolta de uma espuma resultante de sua ação sugadora (foto 4), dificultando o seu controle. Um outro problema muito comum é que o homem do campo, logo que detecta o amarelamento das pastagens começa a fazer o controle químico, o que na realidade não surte efeito, uma vez que quando o pasto amarela, a maioria das cigarrinhas já estão mortas. O melhor então é prevenir. Antes que comecem os ataques, é o controle de manejo, conforme citamos acima, e claro, uma visita periódica nas pastagens para detectar a infestação no início. Uma boa alternativa é a diversificação de variedades no cultivo de gramíneas, optando por aquelas mais resistentes aos ataques das cigarrinhas (por exemplo: Marandu, Tanzânia, Mombaça, Massai, Pojuca, entre algumas outras).

 

 

 

* Heráclito Ney Suiter -  CREA/DF 1281, atuou na área técnica dando assistência a produtores rurais nos Estados de Tocantins, Goiás e D.F. nas décadas de 80 e 90. As fotos são de arquivos do autor.