O educador, filósofo e sociólogo colombiano José Bernardo Toro vem dedicando a sua obra a desafiar os países latino-americanos a agir em busca de uma sociedade mais justa e democrática, baseada no sujeito cidadão, fonte de criação de ordem social. Para ele, essa é a condição para a sobrevivência no século XXI.  Para Toro, a escola tem a obrigação de formar jovens capazes de viver com dignidade. Partindo de seu foco sobre as realidades social, cultural e econômica, Toro elaborou uma lista identificando sete habilidades que considera necessárias desenvolver nas crianças e jovens para que eles tenham uma participação produtiva no século 21. São elas:

 

1-        Saber ler e escrever com desenvoltura, de modo a poder participar ativa e produtivamente da vida social.

 

2-        Apresentar a capacidade de fazer cálculos e resolver problemas, utilizando-a nas necessidades do trabalho e da vida diária.

 

3-        Ter a capacidade de analisar, sintetizar e interpretar dados e fatos, de modo a poder expressar seus pensamentos oralmente ou por escrito.

 

4-        Ter a capacidade de compreender e atuar socialmente, tendo o direito de receber informação e formação que lhe permita atuar como cidadão.

 

5-        Receber criticamente os meios de comunicação, não se deixando manipular como consumidor e como cidadão.

 

6-        Apresentar a capacidade de acessar e utilizar, da melhor forma, a informação acumulada, sabendo localizar dados, pessoas e experiências e, principalmente, saber como utilizar essas informações para resolver problemas.

 

7-        Ter a capacidade de planejar, trabalhar e decidir em grupo, com saberes estratégicos para produtividade e democratização do conhecimento.

 

Além das conclusões a que Bernardo Toro chegou, devemos acrescentar a necessidade de utilização da intuição no nosso dia-a-dia. Atualmente, as pessoas estão agindo com base, prioritariamente, no seu raciocínio, e se afastam, cada vez mais, da intuição, não conseguindo mais ouvir a sua voz interior.

 

A palavra intuição é compreendida de diferentes maneiras por diferentes pessoas. Para uns, ela é o discernimento rápido, a percepção clara e imediata. Para outros, é a capacidade de pressentir acontecimentos ou caminhos que levam à solução de difíceis problemas.

 

Muitos estudiosos estão percebendo que a busca frenética do cérebro para querer compreender tudo ao seu redor está levando a uma congestão mental, travando a tomada de decisões, já que os seres humanos estão perdendo a capacidade de distinguir intuitivamente o caminho acertado. Sobrecarregados e inseguros, ficam rodeando os problemas, fazendo análises sobre análises. Vacilantes, perderam a intuição até para as coisas mais simples.

 

Desde cedo as crianças têm a sua mente empanturrada de teorias abstratas. Os ensinamentos escolares são em muitas matérias extensos e áridos, tendo pouco a ver com a realidade natural.

 

Os estudantes devem ser estimulados a buscar o conhecimento de si mesmos e da vida de forma natural, eliminando o ódio e a revolta, fortalecendo a individualidade, aprendendo a ter respeito e consideração pelo próximo. Eles têm que aprender a ler e a falar corretamente, mas os textos devem conter ensinamentos sobre a vida para que eles possam entendê-la, e então ficarem aptos a descobrir as artes, as ciências, as profissões tornando-se cidadãos úteis e benéficos. Compreendendo o significado da vida, tudo o mais se torna proveitoso e utilizável.

 

Os meios de comunicação também pressionam a mente com uma enormidade de informações elaboradas de tal forma que penetram em nosso íntimo com formas negativas e destrutivas. Os videogames e a televisão também dão a sua contribuição no embrutecimento da sensibilidade infantil. Isso tudo sobrecarrega a mente. Assim, de geração em geração, a intuição tem se esvaído da face da Terra, impedindo o surgimento de seres humanos de elevada qualidade, aptos a construir um mundo de paz e felicidade. Torna-se necessário ampliar a percepção intuitiva que vem do eu interior, para evitar a formação de gerações que pensam mecanicamente, sem a participação da alma.

 

* Benedicto Ismael Camargo Dutra é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, articulista colaborador de importantes jornais de São Paulo e  realiza palestras sobre temas ligados à qualidade de vida. Atualmente, é um dos coordenadores do www.library.com.br, site sem fins lucrativos, e autor dos livros  Encontro com o Homem Sábio , Reencontro com o Homem Sábio,  A Trajetória do Ser Humano na Terra e Nola – o manuscrito que abalou o mundo, editados pela Editora Nobel com o selo Marco Zero. E-mail: [email protected]