INTRODUÇÃO A disciplina Movimentos Sociais cursada durante o VI bloco do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Faculdade Piauiense e as práticas vivenciadas no cotidiano eclesial e comunitário suscitaram-nos a curiosidade e a necessidade de sistematizar uma investigação sobre o envolvimento da Igreja Católica com esses movimentos que objetivam a melhoria da sociedade em seus aspectos culturais, econômicos, sociais e políticos na cidade de Parnaíba. Os movimentos populares foram impulsionados pelas Sociedades Amigos de Bairro (SABs) e pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Cada uma com características marcantes e livres, foram contundentes nos anos 1960 e 1970, e mesmo em frente de uma forte repressão policial e política, esses movimentos não ocultaram sua voz lutando, cada vez, mais contra a opressão do sistema político, econômico e social. Havia reivindicações por vários motivos, os maiores deles eram: educação, moradia e voto direto. Os movimentos caracterizam-se por enfocarem e lutarem por ações coletivas que ora denunciam a depredação ambiental e a poluição dos rios e oceanos, buscando a visibilidade da denúncia, ora reivindicam por proposição de alternativas sociais (SOUZA, 2008). A Doutrina Social da Igreja da Católica reflete acerca do sistema de políticas públicas e afirma que estas ocorrem acarretando forte exclusão social, não oferecendo condições básicas de sobrevivência a uma parcela significativa da sociedade brasileira. É em meio a essa massa que atuam e se organizam tais movimentos, enfatizando a população dos lugares, onde atua a Igreja Católica e suas pastorais, tendo o papel de instituição social mais tradicional e preocupada com a vida oprimida, tomando como suas as dores que visualizou no rosto dos excluídos: trabalhando, assim, em cima de questões cruciais à vida, reivindicando os direitos à cidadania, como a moradia e a educação. Nesse contexto dos movimentos sociais, destacamos a importância do papel da Igreja Católica, dando ênfase aos excluídos da sociedade e à reivindicação dos seus direitos. Nos movimentos encabeçados pela instituição prevaleceu o respeito mútuo e a busca de melhoria na condição de vida dos indivíduos, contexto iniciado nas periferias das grandes cidades que se ramificou Brasil a fora e enfrenta poderes políticos fortes, refletindo na realidade de cada comunidade e/ou bairro onde encontra-se Agressões à vida, em todas as suas instâncias, em especial contra os mais inocentes e desvalidos, pobreza aguda e exclusão social corrupção e relativismo ético, entre outros aspectos, têm como referencia um ser humano, na prática fechado a Deus e ao outro (Documento de Aparecida 503). Durante a V Conferência do Episcopado Latino-americano e do Caribe (Celam) em Aparecida, notabilizou-se que é diante da realidade adversa vivida por inúmeras famílias carentes brasileiras que deve atuar os Movimentos Sociais Católicos (DOCUMENTO DE APARECIDA, 2007, p. 26), no que diz respeito à moradia, condições básicas de respeito à sua cidadania, bem como dar expressão à opção preferencial pelos pobres e demais excluídos e a educação. A Diocese de Parnaíba, partindo das Luzes da XV Assembleia Diocesana de Pastoral, possibilitou a elaboração, sistematização e construção de projetos que valorizassem a dignidade da pessoa humana em sua plenitude, realizando o trabalho social através dos Projetos Sociais que atendem as comunidades da área periférica da cidade de Parnaíba (PROJETO SOCIAL - DIOCESE DE PARNAÍBA). Diante da realidade supracitada, buscamos responder as seguintes questões ao longo de toda a pesquisa: ? Qual é a prática pedagógica dos voluntários leigos de um projeto social da Igreja Católica na cidade de Parnaíba - PI? ? Como acontece a organização da intervenção pedagógica proposta por estes projetos sociais da Igreja? ? Como agem pedagogicamente os voluntários, leigos ou religiosos dos projetos sociais? CAPÍTULO 1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA 1.1 Tipo e abordagem da pesquisa A pesquisa foi realizada com uma abordagem qualitativa, defronte da prática e intervenção dos voluntários do Projeto Social Coração. A pesquisa com abordagem qualitativa caracteriza-se por ser uma descrição analítica realizada de modo fidedigno sobre o objeto pesquisado. Sendo assim, ela não se apega a idealizações ou deduções; atua, pois, auxiliando o pesquisador, vislumbrando uma análise real por meio da descrição, possibilitando uma correlação com o contexto geral (FAZENDA, 1997), com efeito queremos apresentar diante do observado a situação real da intervenção pedagógica das voluntárias de forma a apreciar dados e fatos. Como Janet Ward-Schofield (1993:202) sugere: No coração da aproximação qualitativa está o suposto que dita pesquisa está influenciada pelos atributos individuais do investigador e suas perspectivas. A meta não é produzir um conjunto unificado de resultados que um outro investigador meticuloso teria produzido, na mesma situação ou estudando os mesmos assuntos. O objetivo é produzir uma descrição coerente e iluminadora de uma situação baseada no estudo consistente e detalhado dessa situação. 1.2.1 Cidade de Parnaíba /PI Parnaíba é a segunda maior cidade do Estado do Piauí, com uma população de aproximadamente 144. 892, (IBGE, 2000). A realidade social e educativa da cidade de Parnaíba é analisada sob um, prisma educativo, social e cultural, onde se pode enfocar a pouca atuação das políticas públicas nas áreas periféricas de toda a cidade. Dentro dessa realidade passam a agir entidades comprometidas com o social e seu desenvolvimento, é o caso da atuação dos Projetos Sociais da Diocese de Parnaíba, onde se propõem desenvolver atividades que envolvem geração de trabalho e renda, tais ações foram tomadas por conta do baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região e a situação climática que para muitos é motivo de desespero e abandono, sendo um suporte para alimentar uma cultura de atraso e pobreza (SITE DA PREFEITURA MUNICIPAL). 1.2.2 Diocese de Parnaíba A Diocese de Parnaíba é a extrema autoridade da Igreja católica na cidade de Parnaíba e nas cidades vizinhas. Foi criada em 1944, sendo desmembrada da Arquidiocese de Teresina. Sua área pastoral se desde Piripiri à cidade litorânea de Luiz Correia, abrangendo cerca de 18 cidades, em 27 paróquias e áreas missionárias, administradas e orientadas espiritualmente por padres diocesanos¹ ou por congregações religiosas da Ordem Franciscana². Faz parte do Regional Nordeste IV, área pastoral designada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e é administrada por Dom Alfredo Schaffler. Segundo suas Orientações Pastorais o seu trabalho deve voltar-se não apenas para obras espirituais, mas sim para obras humanitárias, nisto se idealiza e realiza os projetos sociais, que trabalham a educação, a desnutrição e a geração de renda de pessoas carentes. 1.2.3 O Projeto Social Coração de Maria O Projeto Social se propõe a ajudar a superar a realidade supracitada dentro das comunidades carentes. As atividades desenvolvidas no citado projeto ajudam a combater a desnutrição das crianças e adolescentes que são atendidos diariamente nos centros sociais, ao mesmo tempo em que incentiva o interesse e gosto pelos estudos. Isso se percebe através do comportamento das crianças, por se tratar de experiências que são encaminhadas para as salas de aulas das escolas formais a partir dos três anos (PROJETO SOCIAL ? DIOCESE DE PARNAÌBA, 2009). As atividades do Projeto Social consistem em pôr em prática o maior mandamento de Jesus, "amai-vos uns aos outros como eu tenho amado" de forma a doar-se em um trabalho voluntariado, atuando sobre duas dimensões, a social pedagógica que se caracteriza mais no perfil sócio-assistencial, onde a alimentação balanceada, o acompanhamento pedagógico/educativo e psicológico e o desenvolvimento psicomotor das crianças tornam-se prioridade, e a dimensão social econômica que tem o perfil sócio-transformador, buscando devolver a dignidade dos pobres, por meio da geração de emprego e renda (PROJETO SOCIAL ? DIOCESE DE PARNAÌBA, 2009). 1.3 ? Participantes da pesquisa A pesquisa realizada no Projeto Coração de Maria foi enriquecida com a presença dos participantes, cada um com sua devida importância. O Projeto Social Coração de Maria foi fundado em 2008, fica localizado na Rua Sant?Ana, n° 1435, funciona nos turnos manhã e tarde, oferecendo a esta crianças uma educação no nível de ensino fundamental menor, primeiro ciclo, de 1° a 5° ano, sendo assim subdivididas as turmas: do 1° ao 2° juntos e 3° a 5°, atendendo aproximadamente 60 crianças, que moram no mesmo bairro, provenientes de famílias carentes Os dados coletados foram obtidos a cerca da observação-não participante e realização de entrevistas com os voluntários. A coordenação dos projetos é composta de uma pedagoga, graduanda em Licenciatura Plena em Pedagogia e por administradora, graduanda em Licenciatura Plena em História, que junto ao padre e aos voluntários (as) de cada projeto, e embasadas teoricamente planejam as atividades do projeto ao longo de um semestre, viabilizando a organização e realização de cada meta pré-estabelecida. A coordenação também é responsável pelo repasse das verbas de cada projeto, pela formação e acompanhamento junto aos voluntários e diagnósticos de cada comunidade, onde estão inseridos os projetos. 1.3.1 ? Voluntários (as) do Projeto Coração de Maria O projeto Coração de Maria conta com a participação de três voluntários educativos, sendo uma pedagoga e os demais com formação de nível médio, todos engajados nas pastorais sociais da Igreja, quatro cozinheiras, também voluntárias leigas e as Irmãs Franciscanas que cuidam da organização dos materiais didáticos, disponibilizando também de duas salas e um salão para as atividades pedagógicas. Cada voluntário foi observado em sua sala de atuação por durante 4h divididos em cinco dias, perfazendo assim uma observação com carga horária de 20h, nos turnos manhã e tarde, durante uma semana de observação não-participante. Caracterizaremos, detalhadamente, apenas as voluntárias pedagógicas, visto que estas são os principais sujeitos da pesquisa e os únicos observados. Os nomes escolhidos para cada voluntário representam as virtudes teologais: fé, esperança e caridade, visto que se percebe na pesquisa plena doação por parte de cada um dos participantes da pesquisa. 1.3.1.1 ? Voluntária Fé A voluntária Fé, 18 anos, solteira, é graduanda (do 1° período) em Licenciatura Plena em Pedagogia, na Universidade Federal do Piauí, atuando com as crianças de acordo com as necessidades e convites da coordenação. 1.3.1.2 ? Voluntária Esperança A voluntária Esperança, 27 anos, solteira, é graduanda (do 1° período) em Licenciatura Plena em Pedagogia, na Universidade Federal do Piauí, atua somente pelo turno da tarde com as crianças menores, dos 1° e 2° anos. Aplica seus conhecimentos e adquiri experiência para sua profissionalização. 1.3.1.3 ? Voluntário Amor O voluntário Amor, 19 anos, solteiro, possui Ensino Médio, e atua em movimentos e grupos na comunidade. Trabalha no projeto com as crianças maiores, do 3°, 4° e 5° ano. CAPÍTULO 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DA PESQUISA 2.1. A Igreja Católica e os Movimentos Sociais Os movimentos sociais brasileiros têm sido objeto de amplos e aprofundados estudos, visto que cada um deles tenta resgatar suas referências históricas e analisar a função destes no contexto social, enfatizando desde o seu caráter político até o seu desempenho enquanto agentes de transformação da realidade vivenciada em um dado momento. Frente a esses movimentos, várias lutas por direitos foram travadas ao longo de anos em todo território brasileiro, ressaltando que o maior objetivo da intervenção educativa planejada é a melhoria de uma situação ou realidade que não é digna à pessoa huaman ou que está oprimindo alguém ou prejudicando o desenvolvimento da sociedade (SOUZA). Parafraseando Machado e buscando na historicidade resposta a essas atitudes relata-se que no Brasil, diversos movimentos sociais surgiram a partir da década de 1970 com o objetivo de questionar as práticas do Estado autoritário e capitalista, contestando assim a ordem e as regras que foram estabelecidas pela Ditadura Militar, fato marcante na história e na vida do povo brasileiro. Tais ações eram constituídas com base nas demandas referentes à reprodução social e às condições de vida, mesmo não tendo ainda uma grande representatividade nacional, pois aconteciam nos núcleos dos bairros pobres das grandes cidades, logo após sendo ramificados por todas as comunidades carentes, independe do tamanho das cidades onde se encontravam. No âmbito educacional os movimentos sociais são formas reformadas da educação popular como ressalta Gohn, entrando e sendo reivindicado a partir de 1980, ao se falar nessas lutas, firma-se um maior interesse a respeito da importância crucial da educação nessa sociedade e seus objetivos voltaram-se efetivamente pela incessante procura dessa melhoria no campo, onde se pudesse encontrar uma significativa mudança na sociedade, sendo que a educação ocupa lugar centrífugo na acepção coletiva da cidadania. A educação era tida como um instrumento de caráter político, o qual priorizaria a efetiva formação do cidadão, o que não difere muito dos dias atuais, sendo, neste contexto, assumida, face à uma intervenção, por organizações não-governamentais e instituições religiosas. Os movimentos e seus aspectos levaram a uma "consciência adquirida progressivamente através do conhecimento, sobre quais são direitos e os deveres dos indivíduos na sociedade hoje, em determinadas questões por que se luta, levando concomitantemente à organização do grupo" (GOHN, p. 17) visando que este " processo não se dá espontaneamente e dele participam vários agentes" (GOHN, p. 17), agentes esses que preocupam-se em elevar a causa pela qual brigam, a questão é ampla e pode congregar, dependendo dos critérios de análise escolhidos, organizações voltadas para a promoção de interesses morais, éticos e legais bem como entidades voltadas para a defesa de direitos humanos ou de procedimentos análogos, sendo essas as características básicas de todo o embasamento dos movimentos e suas ações. Visando serem os movimentos, contextualizações históricas e sociais em busca do fortalecimento da questão social e cidadã vê-se que a sociedade civil organizada, ou a parte excluída, é o manancial de onde brotam os valores da cidadania que se organiza em cada sociedade para encaminhamento de suas ações em prol de políticas sociais e públicas, protestos sociais, manifestações simbólicas e pressões políticas. Diante disso acontece "as assessorias técnicas, políticas e religiosas, que atuam junto aos grupos populares e desempenham um papel fundamental no processo" (GOHN, p. 17), que busca fortalecer a ação e intervenção, no que diz respeito ao popular, sendo idealizadas e realizadas intervenções e orientações não-formais dentro da comunidades. Fazendo uma releitura dos acontecimentos do passado, a maior opressão política, negação dos direitos entre outros fortalecem a leitura da estrutura encontrada hodiernamente. Continua enfocando os grupos minoritários bem como a luta pela valorização e aquisição dos direitos ou mesmo pela melhora de algum aspecto da sociedade. Ainda conceituando e firmando os movimentos, Touraine (1976, p. 76) considera os movimentos sociais são agentes históricos que expressam, em cada momento, as formas históricas de opressão, de miséria, de injustiça, de desigualdade, mas expressam também muito mais do que isto. Apresentam o verdadeiro dever de execução das ideias, através de sua crítica, de suas formas de contestar, nas suas lutas na busca por novas alternativas, para o comando de uma nova historicidade firmando-se assim que dentro dos movimentos sociais opera-se a mesma ligação de uma ação de defesa à contestação do poder, da afirmação de uma identidade à denúncia de uma relação de dominação, mesmo sendo essas as mais adversas possíveis e imprevisíveis. Frente a essa realidade e reivindicações que atua a Igreja Católica quando esta adentra aos movimentos, tendo por base o que rege a instituição eclesial, os ensinamentos de Cristo e a valorização do oprimido. A Igreja se coloca frente à luta pela igualdade social e em defesa da vida em todos os seus estágios de desenvolvimento. A Igreja Católica no Brasil é representa pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que priorizou a interação com a sociedade civil durante o regime de 1964 e o processo de abertura política. Nessa fase dedicamos especial atenção ao papel das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), como sendo o alicerce do processo de mudanças no papel sociopolítico da Igreja no Brasil, voltando-se para a base da população, tendo o país, em seu contexto histórico, uma forte imagem que evidencia uma estrutura social cada vez mais desigual e polarizada. Nisto, teremos uma carta da Comissão Central da CNBB em julho de 1962 que ressalta a situação exposta no país: Ninguém desconhece o clamor das massas que, martirizadas pelo espectro da fome, vão chegando, aqui e acolá, às raias do desespero... o povo da cidade e dos campos começa a compreender que, sem a participação na vida das instituições e da própria sociedade, jamais será libertado do estado de ignomínia em que se encontra. (CNBB) O que se ressalta na mensagem é uma preocupação da Igreja em relação ao povo e não apenas um discurso ligado a determinado aspecto da sociedade, o que deveras caracteriza sua atuação, mobilizadora e transformadora do âmbito social, frente aos movimentos sociais. Os citados movimentos eclesiais são a expressão da sociedade cristã organizada que luta para defender os interesses populares nas escolhas sociais e políticas. Pretendem, assim, conquistar tais direitos enfatizando a cidadania dentro da sociedade e ajudar na construção de outra história, dignificando o viver. Criticando construtivamente o sistema e alertando a sociedade de como lidar com esses fatos corriqueiros. Diante do posicionamento da Igreja em detrimento da sociedade, em Fontes (p. 95) verifica-se a afirmação da religião católica, como fator de uma regeneração social que foi dando lugar, a um maior reconhecimento do valor e plenitude dos direitos humanos, onde se inclui a liberdade religiosa e a preocupação com a situação habitacional e econômica da população. Analisando o pensamento da Igreja verificou-se uma "incorporação crítica de várias categorias da modernidade, como mudança, evolução, progresso, desenvolvimento, individualização, socialização, secularização, numa linha de valorização do diálogo cultural e religioso". Por fim, Fontes ainda apresenta "a passagem de uma atitude de simples exortação moral ao reconhecimento da necessidade de aprofundamento de uma reflexão ética", no que diz respeito ao olhar mais comunitário e igualitário da Igreja para com o povo, iniciando a luta para melhoria e desenvolvimento social. Verificamos uma mudança de comportamento da Igreja, que antes vivia isolada e absorta ao mundo e que agora busca total envolvimento com os excluídos, estando mais envolvidos com as comunidades, sendo que a participação de seus membros nas lutas simultânea, sendo que ocorrem várias ao mesmo tempo, embora haja um tipo que aglutina todos, dependendo da conjuntura: internamente eles trabalham com as coordenações e comissões, não havendo diretorias; a composição interna dos participantes internos se diferencia pelos papeis: agentes pastorais, padres, freiras, líderes populares, várias assessorias; existe um processo de divisão do trabalho, nas funções a serem desempenhadas, onde têm grande importância os agentes pastorais. (GOHN, 2007, p.36) Visando um completo envolvimento da Igreja em todos os seus seguimentos, não havendo, pois uma descentralização nas causas e sim um encadeamento de ideias e ações que são divididas e executadas. Viabilizando um trabalho em conjunto, unindo e aprimorando setores sociais, ocasionando desenvolvimento e engajamento frente às complexidades defrontadas. A atuação da Igreja Católica ocorre em vários âmbitos sociais, regiões e são variados os aspectos de sua luta pela melhoria das condições de vida da população, entre eles a reforma, ou melhor, dizendo a ajuda oferecida por ela às comunidades carentes à respeito das falhas governamentais. A atitude frente a essas falhas, é a realização e oferta de serviços complementares aos do governo, por este não satisfazer toda a população, ficando, parte dela, descoberta das ações e preocupações do sistema. Sendo assim com a realidade das comunidades pode-se afirmar que "a dependência dos movimentos comunitários ao apoio da Igreja é grande. Dependência das estruturas físicas e dependência da própria condução da luta, que fica por conta dos agentes" (GOHN, 2007, p. 38), ficando ao seu encargo a manutenção dos centros e projetos desenvolvidos no seio de seus movimentos. Verifica-se que, impelidos pela concepção cristã de caridade, grupos de voluntários católicos praticam uma assistência baseada na ideia do amor aos mais necessitados, assistência essa que não visa interesses pessoais ou recompensas materiais. Para exercê-la, segundo essa concepção, o critério exigido é a vontade de servir ao próximo, por ser um dever cristão para com os desfavorecidos, demonstrando, assim, um espírito nobre, nisto surge à intervenção e atuação da Igreja no seio da sociedade. No que tange a intervenção educativa dos movimentos da igreja, em seus projetos elaborados para diminuir o déficit deixado pelo governo, apresentam-se "as suas atuações pedagógicas, fundadas no método ver-julgar-agir" (GOHN, p. 38), tendo eles efeitos básicos diante da proposta da educação elaborada para cada distinta situação. Com isso, também podemos notar que a sociedade muito ganhou com a elaboração da Doutrina Social da Igreja, tendo esta a finalidade de "levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena", preocupando-se assim com o outro. Nesse contexto o papa Leão XIII elabora a encíclica Rerum Novarum, que se constituiu na verdade na carta magna da atividade cristã no campo social, em busca de uma ordem social justa e mais igualitária, buscando a renovação das ações da sociedade e de suas entidades no que tange aos fatores do desenvolvimento e significativa melhoria da sociedade. Deste modo enfocamos o que nos diz a Bíblia Sagrada a cerca da atuação do voluntariado em nossa sociedade, apontando, assim uma indistinta escolha pelos menos favorecidos: A caridade cristã a todos se estende sem distinção de raça, de condição social ou de religião. Ela não espera vantagem alguma nem gratidão. Foi com amor gratuito que Deus nos amou. Assim também os fiéis por sua caridade mostrem-se solícitos por todos os homens, amando-os naquele mesmo afeto que levou Deus a procurar o homem. À imitação de Cristo que percorria todas as cidades e aldeias, curando toda doença e enfermidade em sinal da vinda do Reino de Deus (cf. 9, 35 ss; At 10, 38), a Igreja por seus filhos se liga aos homens de qualquer condição e particularmente aos pobres e aflitos, dedicando-se a eles prazerosamente. (cf. 2Cor 12, 15). Refletindo a carta de São Paulo aos Coríntios, podemos nos deter que a ação social descrita pelo fazer cristão, aponta preferência pelos pobres e oprimidos, que na verdade hoje não precisariam ser caracterizados dessa forma, porém estão ainda à margem de uma sociedade, que cada vez mais os coloca em um baixo patamar. Inferimos também que tal preocupação não é nova e sim é presente ao longo de todo cristianismo. Neste contexto notificamos que as ações sociais ?batem de frente? com o sistema excludente. Ver e ouvir o ?clamor? do povo, neste caso os excluídos da sociedade, trabalhar os déficits ora expostos são propostas da Igreja, intervindo nos âmbitos social e humano, no entanto, enfocar-se-á no momento, o que se volta para a questão da intervenção pedagógica. Sendo esta, muitas vezes, nem realizada por pedagogos ou educadores, e sim por voluntários, que apenas ajudam e doam seu tempo a melhorar uma parcela da população, bem como acreditar no desenvolvimento das crianças (Documento de Aparecida 560). Diante do exposto, notabiliza-se a atual situação da população mais pobre, o tema da justiça social e educação são mais aceitos que os temas de caráter moral e ético, expressando maior intervenção contextualizada de tais temas. Hoje a Igreja trabalha ao lado e com o povo, pela busca de seus direitos e intervindo onde pode. Visto que a sociedade está diante de políticas "que, por uma parte, produzem o empobrecimento acelerado da maior parte da população mundial e, por outro, gera a destruição da maior parte das culturas e, consequentemente da diversidade cultural" (LANGON, 2003, p.75), o que se distorce e cria valores a todo e determinado momento, viabilizando práticas alternativas de uma educação que acontece nos muros extraescolares. Assim, a solidariedade social e política são cruciais diante das dificuldades, para que se possa construir uma sociedade em que todos tenham direitos, vislumbram uma formação democrática e vêem, nesta formação, uma prática de real importância. Infere-se que a aprendizagem e a elevação do sujeito não são compatíveis com o treinamento pragmático ou com o elitismo autoritário dos que se pensam donos da verdade e do saber articulado (FREIRE, 1996, p.42), neste caso nos referimos ao sistema ou as autoridades, que dele fazem parte, e que pouco ou nada fazem para mudar a realidade. Podendo e devendo, haver preocupações externas a tais colocações, no caso ora discutido a posição da Igreja, como tantas outras instituições, preocupadas com a sociedade. O prisma social supracitado e pesquisado, nos aponta que os movimentos sociais realizado nas bases, das últimas décadas, diversificaram e ampliaram suas reivindicações, buscando e validando direitos básicos. Além do direito à educação escolar sistemática e oferecida pelo governo, perspectivas diferentes emergiram e tornaram-se bandeiras entre os vários setores da sociedade preocupados com o seu desenvolvimento. Direitos, estes que dão acesso e tornam real a moradia, a informação, o ambiente saudável, oportunizam visitas ao acervo cultural da humanidade, ao respeito às manifestações culturais locais e tradicionais e, com significativa expressão, a uma equidade social, dentro de uma empreitada, na busca da afirmação da identidade e da construção da cidadania. 2.2 Os Projetos Sociais da Diocese de Parnaíba Na Diocese de Parnaíba, que abrange todo o litoral e região Norte do estado do Piauí, enfocou-se a atuação da Igreja nas comunidades carentes e desprovidas de algum item básico para o seu pleno desenvolvimento. Realidades comumente encontradas nos bairros periféricos da cidade, onde a Igreja atua como fonte espiritual e atuando também tentando minimizar as mazelas dessas comunidades, no que diz respeito ao trabalho de cunho educativo realizado com as crianças. Os projetos da Igreja trabalham de forma sistemática, cumprindo metas pré-estabelecidas e seguindo um currículo elaborado em conjunto com cada envolvido no projeto, trabalhando com parcerias nacionais e envolvendo outros países, como também trabalhando a interação dentro da própria igreja, quando se fala da manutenção dos centros pastorais (PROJETO SOCIAL). Com o exposto, cabe-nos ressaltar a importância da realização de projetos que visem o social, bem como a plenitude da valorização da cidadania e da dignidade humana. Sobre os projetos Uma boa definição é formulada por Domingos Armani: "Um projeto é uma ação social planejada, estruturada em objetivos, resultados e atividades, baseados em uma quantidade limitada de recursos (...) e de tempo" (Armani, 2000:18). Os projetos sociais tornam-se, assim, espaços permanentes de negociação entre nossas utopias pessoais e coletivas como o desejo de mudar as coisas e a realidade e as possibilidades concretas que temos para realizar estas mudanças. Cada realidade apresenta, em seu âmago, as necessidades de uma intervenção ou contribuição, para isso efetiva-se a elaboração de um projeto, que implica em diagnosticar uma realidade social, identificar contextos sócio-históricos, compreender relações institucionais, grupais e comunitárias e, finalmente, planejar uma intervenção, considerando os limites e as oportunidades para a transformação social, para que assim se possibilite um maior desenvolvimento da área que se caracteriza como de risco ou apenas não conseguiu um olhar mais humanizado da população (Stephanou, 2003). Os projetos sociais não são realizações isoladas, ou seja, eles não mudam o mundo sozinhos. Estão sempre interagindo, através de diferentes modalidades de relação, com políticas e programas voltados para o desenvolvimento social, cultural e educativo, no que diz respeito ao profundo contato com as dificuldades enfrentadas por determinado povo. Neste sentido, os projetos sociais podem tanto ser indutores de novas políticas públicas, pelo seu caráter demonstrativo de boas práticas sociais, quanto atuarem na gestão e execução de políticas já existentes. Os projetos contribuem para transformação de uma problemática social, a partir de uma ação geralmente mais localizada no tempo e focalizada em seus resultados (Stephanou, 2003). Nisto, o projeto social enfoca a razão de ser e existir da falta de preparo humano e social para a realização da intervenção pedagógica estruturada. A inclusão dos grupos excluídos, ganha cada vez mais espaço nas políticas de responsabilidade social das principais organizações não-governamentais (ONGs) do país, bem como para instituições religiosas (DOCUMENTO DE APARECIDA). Assim podemos identificar que a educação, em um âmbito geral, acontece de acordo com a intencionalidade de quem a produz. A educação em espaços não escolares, se faz necessária, no momento em que as intenções se chocam e disputam espaço no ambiente formal, bem como a uma realidade adversa e fora do sistema que a exclui. Como maneira de oposição ao que vigora no sistema de ensino, desenvolve-se várias pedagogias em diversos espaços. Não deixando de trabalhar o pedagógico, mas torna-se algo mais usual e até mesmo menos sistematizado, não deixando de ser uma prática educativa. Tais colocações sociais e a falta de posicionamentos governamentais proporcionaram a Igreja Católica, desenvolver, através de seus membros, ações voltadas para o atendimento a essa população, seja a partir de ações individuais ou de instituições assistenciais (DA SILVA, 2006, p. 329), como, por exemplo, a ação de desenvolver o campo social, mudança esta provinda da boa vontade dos leigos e religiosos preocupados com a transformação social. Os estudos de Camargo (1982) apontam, que decresceu o interesse de colaboração entre Igreja e Estado, isto é, poder político e poder eclesiástico, crescendo o contato com a massa de explorados e excluídos sociais. Nesta direção, elaborou-se na América Latina um novo pensamento teológico que procura se fundamentar na análise sociológica da realidade social, na releitura e reflexão dos Evangelhos e aplicação de seus ensinamentos (Camargo, 1982: 60), para que, agindo em comunhão, a Igreja e a sociedade ajam unidas em defesa da vida e dos direitos humanos. Quanto às pastorais sociais, de acordo com a cartilha publicada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB, 2001, p.18), ela é: Solicitude da Igreja voltada especialmente para a condição sócio-econômica da população. Hoje como ontem, ela se preocupa com as questões relacionadas à saúde, à habitação, ao trabalho, à educação, enfim, às condições reais da existência, à qualidade de vida. Ela expressa a compaixão de Jesus e o amor da mãe, traduzindo-os numa ação social de promoção humana junto aos setores mais pobres da sociedade. Para verificarmos em que medida a nova orientação da Igreja repercutiu nas práticas de cunho caritativo, procuramos desvelar o significado das ações e relações que se estabelecem entre padres, religiosas, coordenadores de pastorais e os atendidos. Perante a realidade parnaibana se procurou a elaboração de um projeto que enfatizasse as questões sociais mais urgentes, para que estas fossem prioridades, não apenas para a igreja católica parnaibana, mas para toda população da cidade (PROJETO SOCIAL). Com a contribuição direta da Igreja, hoje se olha para estas comunidades como referencias sociais, acreditando-se na possibilidade de mudança nos aspectos sociais e educativos. A dimensão social pedagógica do projeto social atua na educação infantil e ensino fundamental e diante as atividades nos centros sociais, com a prática que envolve a educação, essa ação vem contribuindo para a socialização e o desenvolvimento psicomotor e psicossocial das crianças (PROJETO SOCIAL), que são desde a mais tenra idade inseridas em um programa de práticas pedagógicas, que viabilizam metodologias, similares ao sistema educacional formal, que contribuem para a socialização e desenvolvimento cognitivo, social e cultural das crianças assistidas. De acordo com Freinet refletimos que a educação das crianças, deve conduzi-las para uma futura transformação social (COSTA, 2006), que também preocupe-se com o seu lado cidadão e que viabilize práticas de socialização, não isolando e dignificando a vida de tal criança enquanto um ser social, que precisa dos demais para desenvolver-se e viver harmoniosamente. Nisto verificamos as preocupações do projeto social em trabalhar diretamente com as crianças e sua educação básica, esta crucial no seu processo de maturação e da vida em comunidade. Na vida cotidiana a sociedade a não mais reflete sobre situações que interferem na vida dos seres humanos em uma sociedade. Diante de tal constatação verificamos certo engajamento das instituições religiosas, buscando sempre buscam uma melhoria social viável, mesmo que apenas em uma localidade ou bairro, muito já se faz para o desenvolvimento da comunidade local. As ações do projeto que têm como proposta intervir no cenário urbano, através de uma intervenção educativa, que se dá no âmbito educacional, embasados na educação não- formal, utilizando-se do educador social, que são métodos de dizer que alguém se preocupa com o meio social e busca melhorá-lo. Mesmo com uma nova realidade produzida pela ação de parcerias ou interação da sociedade civil organizada com órgãos públicos, a Igreja, empresas, ONGs, ainda é pouco reconhecida à atitude de transformar em social os problemas das comunidades carentes e marginalizadas. Esta nova faceta social enquadra várias instituições e apresenta grupos sócio-culturais distintos que se preocupam com a questão social, principalmente com crianças e adolescentes, que vivem, ou melhor, sobrevivem, nessas zonas urbanas desfavoráveis, excluídas das práticas e vivências socioeconômicas, mas que possuem plena vontade de mudar, atuando sempre com muita criatividade e perseverança. O Brasil é hoje desenhado por práticas solidárias, sejam elas de qualquer ordem,religiosa ou laica, emerge um palco aonde os atores e sujeitos desconhecidos são diariamente enfocados e se tornam protagonistas de espetáculo social, tudo isto em detrimento da realização de projetos sociais desenvolvidos nas zonas periféricas cidades, que muitos ainda desconhecem. Por isso com tais adversidades sistemáticas, algo mais é necessário, para que se contraponha ao modelo que está implantado no país, exige que as ações das Igrejas, ou demais instituições engajadas e fortalecidas dentro das comunidades, tenham vínculos com a sociedade civil organizada. Com os movimentos sociais e populares, as associações de moradores, com todos os grupos organizados e com todos aqueles que lutam por direitos sociais no país, pode-se acreditar em uma possível mudança, que implicará em desenvolvimento social básico. O projeto social também enfoca a cidadania, bem como a subjetividade de suas crianças, primando por um trabalho que faça acontecer as iniciativas solidárias, de respeito mútuo, dignidade da pessoa humana, dentre outras atribuições, que notamos no comportamento e na Doutrina Cristã Católica que, com tais atitudes, não enfocam apenas indivíduos dessa religião, visto que o projeto atende a um público bem diversificado culturalmente, mesmo sua essência sendo católica, trabalha-se hoje com sincretismo religioso e a pluralidade cultural. O que de certo modo apresenta um desenvolvimento de pensamentos e mudanças de comportamentos obsoletos para uma sociedade pós-moderna. 2.3 A educação não-formal e o educador social A educação não-formal se destaca hoje em meio a um mundo por completo capitalista, mas que, ainda, se busca ou se realiza, neste caso, um trabalho sem fins lucrativos e imediatos. Não obstante, um novo campo de ação coletiva e eficaz está em ação, sob o signo de uma modalidade da educação sempre esquecida, ignorada ou desdenhada: a educação não-formal. Fundamental para a formação dos indivíduos, parte integrante da constituição dos seres humanos enquanto cidadãos, esta que também acontece mais por vontades alheias ao sistema, do que com sua ajuda. Tal educação vislumbra uma sociedade melhor, mais ativa e mais preocupada com seus pequenos frutos: as crianças, em especial as desfavorecidas economicamente. A educação não-formal é uma ferramenta importante no processo de formação e construção da cidadania das pessoas. Sua realização ocorre junto à processos sociais desenvolvidos com as comunidades carentes socioeconomicamente, ela proporciona processos de inclusão social no resgate cultural e subjetivo das pessoas envolvidas e diretamente beneficiadas, expresso na diversidade de práticas, valores e experiências realizadas. Quando presente na fase de escolarização básica de crianças, jovens/adolescentes ou adultos, a educação informal potencializa e plenifica o processo de aprendizagem, complementando-o com outras dimensões, que não tem espaço nas estruturas curriculares, dando espaço a manifestações culturais e vivências sociais, oportunizando comunhão entre os envolvidos. A educação não-formal não substitui a escola, apenas complementa sua ação, aponta métodos e vivências que forma cidadãos preocupados com o bem-estar comunitário, possuindo condições de unir cultura e política, entendidas aqui como conjunto de valores e formas de representações, dando elementos para uma nova e empreendedora forma politizada de se pensar e agir. A educação não-formal não deve ser vista, de forma alguma, como algum tipo de proposta contra ou alternativa à educação formal, escolar. Não devendo ser conceituada pelo que não é, mas pelo o que ela representa, podendo ser assim vislumbrada um espaço concreto de formação com a aprendizagem de saberes para a vida em coletivos. Um lugar que valoriza a subjetividade e liberdade de expressão dos educandos e que viabiliza a formação da cidadania de seu público. Devendo estar presente, nesta formação, pressupostos que envolvem variadas aprendizagens, diversificando seu campus, sendo ela subjetiva/relativa, emocional e cognitiva, como, cabe-nos ressaltar, que a aprendizagem de habilidades corporais, técnicas, manuais entre outras, capacitam e ampliam horizontes dos indivíduos envolvidos, uma ação tão digna de efeitos positivos. Sem a sistematização de uma educação formal e regulamentada, a educação informal acontece em um âmbito adverso e muitas vezes marginalizado, o que implica certa dedicação e benevolência por parte do educador. Tais características se enquadram e ajudam- nos a delinear os perfis dos voluntários do Projeto Coração de Maria, que doam seu tempo e disponibilizam sua prática, ou seu bem querer, a crianças que precisam de uma intervenção e ajuda educativa, complementando ou suprindo necessidades básicas escolares e socioculturais. Segundo Gadotti (2005), a educação não-formal é mais difusa, menos hierárquica e menos burocrática, por isso informal, e talvez mais acessível e engajada socialmente. Estando sua linha muito relacionada à questão cultural, aonde se instala uma determinada instituição, em nosso caso a Igreja Católica, para desenvolver um determinado setor ou melhorar determinadas realidades, constituindo formas e práticas de intervenções pedagógicas, que na maioria dos casos, possibilitam um desempenho maior dos indivíduos, buscando enfatizar e validar o trabalho e sua qualificação. No caso dos projetos educativos, enfocam-se tais qualificações, nos pequenos gestos e atividade concretizadas, objetivando, como já fora exposto, o desenvolvimento psicomotor, cognitivo, subjetivo e social das crianças assistidas pelo projeto. Em suma, as manifestações educativas informais se desenvolvem usualmente extramuros escolares, nas organizações sociais, nos movimentos, nos programas de formação sobre direitos humanos, em meio às comunidades que buscam melhorias e é realizada por mãos que se doam, incessantemente. Sendo, assim, uma ação que o senso comum e a mídia usualmente não vêem e não tratam como educação porque não são processos escolarizáveis, muitas vezes, até desacreditadas da maioria da população. A educação não-formal designa um processo com várias dimensões, tais como a aprendizagem dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos, a capacitação desses para o trabalho, a aprendizagem e exercício de práticas que os capacitam, a se organizarem com objetivos comunitários. Sendo realizadas objetivando a solução de problemas coletivos e cotidianos, que ainda está aquém da grande massa, por talvez ignorância ou falta de propagação das boas ações nos meios midiáticos. Podemos caracterizá-la, também, como processo de auto-aprendizagem e aprendizagem coletiva adquirida e valorizada a cada nova descoberta, ressaltamos, aqui, sua contribuição para o desenvolvimento da comunidade. As ações desenvolvidas e melhorias são analisadas destacando-se os sujeitos que atuam como educadores nos projetos, denominados como educadores sociais, que trabalham diante a uma adversidade diária e contínua, que enfadam e marginalizam seu trabalho, mesmo com apoios e métodos diferenciados. Sendo eles, em suas atividades, frequentemente compelidos a conhecer para não pensar, adquirir e reproduzir para não criar, consumir, em lugar de realizar o trabalho de reflexão (GADOTTI, 2003, p.67), porém não se limitam a serem acríticos e alheios a sua realidade, inovam e atribuem com práticas e realizações comunitárias, visando o bem-comum. Cabe-nos ressaltar que tal educação ocorre dentro de uma realidade marginalizada e sendo, por vezes, o único contato de muitas crianças com a educação. 2.4 A intervenção pedagógica (prática e currículo) do Projeto Coração de Maria O Projeto Social Coração de Maria é orientado a cerca de uma intervenção pedagógica e de um currículo elaborado pela coordenação diocesana, fazendo-se assim um planejamento semestral e formações mensais com todos os voluntários, para propor metas e atividades ao longo do trabalho. Para se falar da prática, precisa-se enfocar a intervenção pedagógica dos (as) voluntários (as), fundamentando-se em teóricos da educação interativa. Os princípios básicos desta proposta, estão acentuados na educação popular, considerando a dimensão sociopolítica da educação parnaibana, a organização do ser humano a partir de seus saberes e desenvolvimento, o pronunciamento, a metodologia dialógica e a permanente relação texto/contexto em busca de uma tomada de consciência para uma ação transformadora em uma sociedade crescentemente diversificada, que precisa de ações realizadas enfocadas em suas dificuldades e problemáticas, não algo que aliena ou que predispõe falta de unidade. As imperfeições escolares e sociais não poderão ser moldadas se toda a sociedade não mudar junto com o espaço escolar, este é um lugar de transformação da realidade, mas que pouco pode fazer se os seus participantes não mudarem diante de suas atitudes, procurando englobar a plena participação dos alunos, atraindo-os para o processo de educação, da qual eles são os principais protagonistas (GADOTTI, 2007, p.13). Para Paulo Freire a formação do educador, neste caso dos (as) voluntários (as) do projeto social, é o ponto crucial de reflexões frente ao aspecto educacional de sua teoria, buscando nesta a plenitude e desaparecimento da classe opressora. Enfocando o papel do educador social, enquanto formador de caráter e de opiniões, estas levadas e vividas no cotidiano escolar, social e cultural (GADOTTI, 2007, p. 96). Focaliza-se o papel essencial dos educadores, formais e informais, em detrimento da transformação social e estes como agentes transformadores da vida cotidiana escolar e social de cada um dos indivíduos que interagem. Devendo ser o educador alguém amável, alguém que aja com rigor e não com rigidez, que acima de tudo ame o que faz e que se dedique plenamente para a opção que escolheu, possibilitando a efetivação de seu trabalhado, não precisando de visão plena e ampliada dos conteúdos escolares, e sim de conhecimento de mundo, para que se humanize e busque a melhor forma de contextualizar suas intervenção e convivências, devendo prezar pela democracia e coerência. Para Machado (2006): os métodos de ensino são as formas através das quais os professores irão trabalhar os diversos conteúdos com a finalidade de atingirem os objetivos propostos. Compreende as estratégias e procedimentos adotados no ensino por professores e alunos. Os métodos se caracterizam por ações conscientes, planejadas, controladas, e visam atingir, além dos objetivos gerais e específicos propostos, algum nível de generalização. Nisto aponta uma digna importância de uma intervenção pedagógica e sistematização de atividades a cerca da realidade, sendo esta contextualizada e engajada socialmente. A intervenção pedagógica dos voluntários do Projeto Coração de Maria, consiste na ajuda à resolução das atividades vindas da escola regular, bem como aplicação de outras, com métodos, para que se conclua com sucesso o processo de ensino/aprendizagem das crianças, trabalhando suas dificuldades, com técnicas pré-estabelecidas e materiais didáticos oferecidas o grau de criança de acordo com cada dificuldade apresentada. Em virtude das significativas mudanças advindas do processo de desenvolvimento tecnológico faz-se necessário também, que os voluntários permitam novos olhares à educação, não é possível utilizar práticas obsoletas de intervenção pedagógica e sim utilizar-se do novo, que chama a atenção e faz acontecer à aprendizagem e superação (MONHOZ). Ainda segundo Monhoz (2007): os campos dos saberes são abertos, são como horizontes sem fronteiras, trânsitos livres e inéditos. As práticas pedagógicas ocorrem nos espaços micro políticos, no âmbito das salas de aula, já que é nas ações quotidianas de cada um, opondo resistências, produzindo diferença, provocando desterritorializações. O caráter educativo é obtido pelo convívio diário e pelas transformações que os educadores possam fazer a partir dele, agindo perante uma sociedade e ajudando-a a desenvolver-se. Com o currículo pré-estabelecido, ao longo de todo ano, fundamenta-se a interação e intervenção pedagógica do projeto em cima de atividades que desenvolvam o caráter crítico das crianças, bem como seus aspectos psicomotor e social, possibilitando assim um amplo desenvolvimento educativo, social, cultural e cognitivo. CAPÍTULO III APRESENTAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 3.1 DADOS COLETADOS POR MEIO DOS QUESTIONÁRIOS A emergência das tendências educativas intercepta-se com o novo sujeito histórico-pedagógico, ela acontece baseada em três fatores: à conexão dos educadores dinâmicos e preocupados com as necessidades e problemáticas das novas gerações, o que supõe a recuperação e o debate dialógico das ?velhas e novas ideias? e das propostas educativas, que hoje transpassam os muros escolares; os discursos e a sensibilidade pelo educar, pela formação ou pela aprendizagem, isto é, pelas mudanças, contributos e investigações de um processo educativo que proporciona uma significativa melhoria na sociedade; e enfim, abrange a inovação e o desenvolvimento, a renovação dos movimentos pedagógicos, com expressões organizativas que geram debates à volta das alternativas democráticas do ensino, da missão e função social da educação, modos de ensinar e aprender nos novos públicos e novas profissões, novos cenários de aprendizagem, novos saberes e culturas, nisto percebemos a ação e realização de um intervenção, esta muitas vezes realizada em um ambiente hostil e promíscuo. A intervenção pedagógica dos projetos sociais é uma ramificação da educação não-formal, que se caracteriza pela ação de instituições frente às situações adversas do cotidiano, miséria, abandono e desigualdade social, entre outros. A intervenção educativa é realizada junto a crianças, que mesmo matriculadas na rede regular de ensino, são, corriqueiramente, desafiadas a viver em meio a um ambiente, às vezes, inóspito e severo, por tais situações, e em condições de riscos se propõe a criação de projetos sociais. Os projetos sociais são a base de uma educação não-formal, esta realizada por voluntários, sem formação superior, mas que muito se dedicam para a transformação da realidade. Frente às realidades sociais e a miséria detectada em algumas comunidades, foram instalados projetos, cuja administração e formação são de responsabilidade da Igreja. Durante a observação realizada no projeto Coração de Maria, viabilizamos a elaboração e aplicação de um questionário, que tinha como objetivo investigar como é realizada a intervenção pedagógica nos projetos da diocese de Parnaíba, vislumbrando uma amostragem dos demais projetos e do desenvolvimento proporcionado à comunidade por meio deles. Cada voluntário expôs suas ideias e conceitos em suas respostas subjetivas, visto que o questionário aberto viabiliza uma abordagem qualitativa do atendimento das crianças e da sistematização das atividades do projeto. Utilizando o questionário aberto, caracterizado por proporcionar ao entrevistado livres e pessoais respostas, obtivemos os seguintes dados, que analisados e confrontados teoricamente, de acordo com as respostas de cada voluntário, chegaremos à uma abordagem da prática dos educadores, bem como da intervenção realizada no projeto Coração de Maria. Ao identificarmos esses aspectos e posicionamentos da Pedagogia Social, identificamos também a preocupação com a inclusão que se estabelece nas relações sociais. Uma atenção aos marginalizados e aos desvalidos, abandonados pelo sistema que a passos largos se fez excludente. Neste contexto são exploradas as realizações e tentativas de uma educação diferente, de um processo crítico de ensino/aprendizagem e de uma significativa mudança no quadro social e cultural das comunidades, que se dá junto a presença da Igreja e com sua atuação com abordagem pedagógica. É papel do educador social atuar intencionalmente, buscando analisar, discutir, colaborar e efetivar uma educação instituída como campo próprio de desenvolvimento e validar a cidadania, dentro desse processo o voluntário tem seu espaço crucial de contribuição. Porém há uma necessidade de se ter o cuidado e uma atenção para a especificidade da intervenção pedagógica, sem perder-se nas entranhas do capitalismo, que determina interesses e intenções. Desta maneira, veremos nas análises, que aos voluntários é dado carta branca para o desenvolvimento do trabalho, mesmo sendo monitorado por uma coordenação, são eles que vivem a realidade e serão eles que atuarão frente as mazelas da comunidade em que estão inseridos. Garantindo a realização da intervenção pedagógica, bem como a interação das crianças dentro da comunidade em que vivem. A seguir as análises das questões elaboradas durante as observações da pesquisa de campo. EIXO 1 ? A EDUCAÇÃO NOS PROJETOS SOCIAIS 3.1.1 Os projetos sociais da Diocese de Parnaíba são uma forma de mudar a realidade das comunidades carentes da cidade. De que maneira a Educação pode estar engajada nesses projetos? FÉ: "Ajudando cada um deles (crianças atendidas) e capacitando os voluntários, com formações mensais". ESPERANÇA: "Os educadores devem procurar entender os problemas da comunidade e a necessidade das crianças para poder agir juntos". AMOR: "Ajudando aqueles que têm dificuldades educacionais". De acordo com as respostas podemos inferir que: "Na nossa atividade, de educadores, somos frequentemente compelidos a conhecer para não pensar, adquirir e reproduzir para não criar, consumir, em lugar de realizar o trabalho de reflexão." (GADOTTI, 2003, p.67). Utilizando do conhecimento não para desenvolver e sim atrofiar o sistema, diante de tais pensamentos e posicionamentos é que atuam os educadores sociais, apresentando à sociedade formas melhoradas de senso crítico e de desenvolvimento e aprimoramento da realidade. A educação dentro dos projetos (movimentos) sociais está arraigada a uma desalienação e construção crítica do saber e do pensar. Sendo verificada pelo desenvolvimento sociocultural e político perceptível na comunidade. De modo que a educação é crucial ao processo de fortalecimento das melhorias da realidade, qualificando-se por ser a ação que edifica o fazer cidadãos responsáveis por sua sociedade. É por meio do processo e da intervenção educacional que o contexto socioeconômico e cultural de uma comunidade é modificado. Em sua base encontramos valores morais e éticos que permeiam e dignificam a vida em sociedade. Para Ausubel e Novak, a capacidade criativa consiste em construir o novo pela reestruturação do velho, ou seja, estando em uma sociedade atual é exigido ao educador agir sempre, diante das dificuldades da vida, com criatividade e altruísmo, assim, modificando o presente, designando um futuro melhor. Essa transmissão informal de conhecimentos que envolvem os aspectos sociais e a educação não-formal torna-se fundamental no processo de construção de valores positivos, em que as crianças desenvolvem potencialidades sociocognitivas e ao mesmo tempo a transforma em sujeitos com efetiva participação social. A educação das crianças, deve, pois, conduzi-las para uma futura transformação social e cognitiva, para que estas sejam o futuro empreendedor de uma sociedade diferente, mais justa e fraterna em defesa e valorização da vida.. Nisto, verificamos que a educação nos projetos sociais é vista como fonte de transformação social na comunidade, proporcionando, além da educação das crianças, o envolvimento das famílias e demais pessoas, estando o processo educacional, frente a uma plena interação e desenvolvimento dentro da realidade do projeto. Verificamos na fala de cada um dos voluntários, o sentimento de responsabilidade pelo trabalho desenvolvido, sendo que conhecem e sabem sobre a importância da intervenção pedagógica para as crianças e suas famílias. Também, podemos inferir que existe uma preocupação em conhecer a vida e em cima de tal conhecimento se realiza a prática pedagógica, cuidando em agir de acordo com as necessidades observadas e/ou vividas. Também pode ser notificado a referencia ao termo ajuda, que diz respeito, não apenas, as práticas educativas ou as tarefas escolares, mas sim nos aspectos mais abrangentes da vida das crianças, os voluntários, trabalham suas dificuldades educativas e proporcionam-lhes um ambiente propicio a aprendizagem, bem como a salutar vivência dos valores morais, éticos e cristãos. Revisando nossa fundamentação em espaços não escolares, lembramos de que é por meio da educação que a sociedade se desenvolve, por tal amostragem trabalha-se no projeto Coração de Maria a educação e sua assistência no que diz respeito ao processo de aprendizagem, sistematizando atividades e estabelecendo metas para cumpri-las, de forma que contribua para a transformação da criança em seus aspectos sociais, cognitivos e físicos. Vale ressaltar que a presença dos projetos da diocese se dá em comunidades marginalizadas e que precisam de apoio extragovernamental para o seu pelo desenvolvimento. EIXO 2 ? CURRÍCULO PRÉ-ESTABELECIDO NOS PROJETOS SOCIAIS 3.1.2 Como são planejadas as atividades cotidianas? FÉ: "Na sala há crianças de todas as séries e com isso fica difícil fazer um planejamento. Mais todos os dias levamos dinâmicas e/ou alguma mensagem". ESPERANÇA: "Como na sala há crianças que passam por algumas dificuldades e nem todos tem o mesmo assunto, torna-se um pouco mais difícil fazer um planejamento". AMOR: "Com reunião para debates". Quando pensamos no homem como o ser social, passamos entender que é impossível não levar em consideração o modo de vida em que estes se encontram. As mazelas sociais a relação de exploração, aliena e evidenciam a desigualdade social, é em cima desta realidade que se elabora um planejamento para as ações do projeto social, vislumbrando uma plena e ampla transformação de tal situação. As atividades realizadas em um projeto de intervenção pedagógica precisam está estruturadas com base em um currículo pré-estabelecido, que permei e reflita a realidade em que está inserido. É válido, também, a realização de atividades contextualizadas, que possam inferir em suas entrelinhas a cidadania e demais valores, estes essenciais ao desenvolvimento e convívio humanos. Quando se fala em técnicas e metodologias de ensino, é importante ressaltar que deve haver preocupação a respeito de como preparar um ambiente e atividades atrativas para o público alvo, viabilizando formas de intervir, que contribuam com a formação pessoal, social e cognitiva das crianças (BAZANI, 2008). Fica claro também as carências na formação do educador que atua nos projetos, a necessidade da sistematização das metodologias pedagógicas utilizadas, a não continuidade das ações e a dificuldade de apoio às práticas desenvolvidas, precisando, corriqueiramente, planejar e propor ações, viabilizando sempre a interação e a aprendizagem entre as crianças. (Gohn, 2007). Porém, notamos que o espontâneo tem lugar na criação, mas ele não é o elemento dominante no trabalho do educador social, pois o seu trabalho deve ter: princípios, métodos e metodologias de trabalho, que precisam nortear e regimentar a prática diária das atividades. Porém, também é característica da educação não-formal ser maleável e designada, de acordo com as necessidades apontadas dentro do contexto social em que está inserido o projeto, sendo bastante flexível e menos democrática. Segundo Gohn (2007, p.13), são objetivos da educação não-formal: (...) formação de cidadãos aptos a solucionar problemas do cotidiano, desenvolver habilidades, capacitar-se para o trabalho, organizar-se coletivamente, apurar a compreensão do mundo a sua volta e ler criticamente a informação que recebem. Vislumbrando, assim, metas e práticas eficazes, que apontam um norte e uma eficácia no processo educacional. Tais objetivos perpassam a elaboração de um currículo, sendo este ora maleável ora não seguido. É analisando e refletindo a cerca das realidades de uma comunidade, que o currículo e seus objetivos são delimitados, porém notamos na voz dos voluntários o desconhecimento dessa ferramenta de trabalho, no entanto, podemos ressaltar sobre a autonomia de cada um diante de sua realidade, logo enquanto observadores, notificam o contexto e intervêm diretamente junto a ele. E para um processo de ensino-aprendizagem eficiente, é necessário que dentro das metodologias de ensino, os educadores privilegiem situações de aprendizagem que possibilite à criança a formação de sua bagagem cognitiva e social, vislumbrando momentos e práticas eficazes para que tal processo ocorra. Segundo os voluntários, o currículo é estabelecido de acordo com as vivências cotidianas, bem como com reflexões acerca das necessidades de cada criança, o que aponta uma preocupação da prática desenvolvida dia a dia. As atividades que visam a intervenção pedagógica, diante das dificuldades e falhas vividas pelas crianças assistidas na comunidade. Com tal posicionamento, notabilizamos a preocupação e a consistência da responsabilidade dos voluntários. Não obstante, é necessário ressaltar a importância da elaboração e cumprimento de um currículo pré-estabelecido, para que assim, seja sistematizado e cumprido um cronograma, para que a posteriori seja avaliado e destacado o desenvolvimento da comunidade local, identificando onde se precisa melhorar e o que pode ser repetido em tais práticas. Sempre dialogando e interagindo com a comunidade local. EIXO 3 ? DESENVOLVIMENTO DAS CRIANÇAS, DE ACORDO COM AS ATIVIDADES PRESENTES NO PROJETO 3.1.3 Como você avalia o desenvolvimento das crianças perante as atividades? FÉ: "Algumas ainda são muito tímidas, outras já estão bem preparadas". ESPERANÇA: "Algumas estão desenvolvendo-se devagar, outras até um pouco avançadas". AMOR: "Muito bem, de acordo com o ensino". Assim, o educador não-formal é o individuo, cuja ação e pensamentos refletem seus atos e metodologias, afirmada em Freinet, que acerca da educação das crianças, deve conduzi-las para uma futura transformação social. (COSTA, 2006), consolidando a atitude voluntariada e engajada dos educadores, que aprimoram seus saberes e boa vontade para o bem estar do outro. Para Gohn (2007), é fundamental para o êxito das ações educativas não-formais, conhecer a cultura local, a cultura do outro, as características exclusivas do grupo que vive em um determinado espaço, de modo a auxiliar no conhecimento do mundo, na construção da identidade e da cidadania. Com base nisto, acreditamos que a intervenção pedagógica precisa ser contextualizada, de acordo com a realidade exposta e com os recursos disponibilizados,sendo os voluntários os responsáveis pela criação de uma ambiente acolhedor e solicito com as desigualdades, que não exclua e sim que acolha. Por não possuir um currículo definido, a educação não-formal é bastante flexível, ou seja, menos burocrática, pode ocorrer em diversos espaços diferentes e não necessita de avaliações quantitativas e sim qualitativas, que são realizadas de acordo com as atividades realizadas pelos educadores sociais. O desenvolvimento da criança e da comunidade em que esta está inserida, diante da ação pedagógica do (a) voluntário (a) é perceptível ao longo de um período, de constante interação e intervenção. A intervenção pedagógica proporciona um significativo desenvolvimento, não apenas a criança, mas a toda sua comunidade, não se limitando ao âmbito educacional e sim nos aspectos socioeconômicos. Percebemos que os voluntários conceituam um desenvolvimento apenas no comportamento e atitudes em detrimento das atividades escolares, ainda, não sendo observado nos aspectos cognitivos. É proposta da intervenção pedagógica, proporcionar resultados obtidos pelo projeto social, em termos de melhoria das condições de vida das comunidades ou de um melhor desempenho escolar das crianças participantes e notabilizamos, significativo desenvolvimento das crianças e envolvimento nas ações e atividades desenvolvidas pelos voluntários do projeto, atendendo, assim, as perspectivas da proposta. Porém, deve ser enfocado, que a presença do projeto na comunidade é um acompanhamento e uma intervenção, não devendo ser o sistema educacional prioritário, ou seja, ele acontece junto a educação regular, sendo um apoio a esta, de forma a contribuir para o desenvolvimento da população. O posicionamento do educador não deve ser tradicionalista, mas sim construtivista, que interaja com as crianças, de forma a criar um ambiente propicio ao aprendizado e desenvolvimento físico e cognitivo dos indivíduos. Desta maneira, inferimos que cada espaço não escolar, busca as teorias pedagógicas, tentando desenvolver suas próprias teorias, assim, fortalecendo vínculos básicos dentro da intervenção pedagógica proposta. O que corresponde a uma significativa ação de empreender métodos eficazes de educar e de desenvolver atividade sociais. Quanto à finalidade, a educação formal, entre outros objetivos destacam-se os relativos ao ensino e aprendizagem de conteúdos historicamente sistematizados. A educação informal socializa os indivíduos, desenvolve hábitos, atitudes, comportamentos, modos de pensar e de expressar no uso da linguagem, processos que são idealizados na construção do currículo e na sua realização, buscando agindo na formação do individuo, em um prisma que se enquadra na formação subjetiva e social das crianças. EIXO 4 ? INTERVENÇÃO EDUCACIONAL E O (A) ORIENTADOR (A) PEDAGÓGICO 3.1.4 Qual é o seu comprometimento com as ações do projeto social? FÉ: "Ajudar cada vez mais essas crianças e me dispondo totalmente ao projeto". ESPERANÇA: "Sei que é um trabalho sério, pois é através dos educadores que essas crianças irão entender e crescer para tornarem-se adultos de verdade". AMOR: "Disponibilidade geral". A educação sociocultural aqui não é tratada como atividade que caracteriza-se apenas como um passa tempo, e parafraseando Melo (2007), não sendo atividades que contribuem para alienar o indivíduo perante a ordem social, notamos a salutar relevância deste trabalho. Trata-se de percebermos que temos uma poderosa ferramenta de intervenção em busca da construção de uma nova ordem social,igualitária e mais justa, precisando o educador ter consciência de sua crucial importância e de sua intervenção. Bem como é salutar à intervenção educacional, a plena consciência do (a) orientador (a) pedagógico a cerca de sua metodologia, ações e atitudes. É necessário tal pensamento para que se possa agir frente às dificuldades, buscando sempre o melhor e mais eficaz meio de transformar tais adversidades. Notamos na fala dos voluntários, uma entrega total para o trabalho social, vivendo eles a realidade enfrentada pelas crianças e envolvendo-se em tais situações, doando mais que seus tempos nesta tarefa, mas fazendo o que seja possível para o desenvolvimento pleno das crianças e da comunidade que estão inseridas. Mesmo em uma realidade não muito propicia para o desenvolvimento das atividades, eles utilizam-se de metodologias eficazes, tanto para prender a atenção das crianças, como para fazer com que estas aprendam. As atividades são sistematizadas de acordo com o calendário anual, seguindo datas festivas da sociedade, bem como datas de celebrações religiosas. A formação dos educadores sociais se constitui a partir da articulação entre saberes produzidos em experiências educacionais informais, cuja sistematização pode é feita diante das observações e necessidade da realidade. A intencionalidade e a intervenção pedagógicas, são responsáveis pela definição de objetivos e a sistematização dos saberes produzidos. Na educação não-formal, o grande educador é o ?outro?, aquele que interage ou se integra a sua realidade. Na educação informal, os agentes educadores são os pais, a família em geral, os amigos, os vizinhos, colegas de escola, a igreja paroquial, no nosso caso são universitários que preocupam-se com a sociedade e o futuro das crianças, porém todos são responsáveis pela realização das atividades lúdicas e pedagógicas do projeto. Vemos, também que Freire aponta a importância da consciência dentro da intervenção educativa, vislumbrando na solidariedade e entrega dos educadores, a sua ação na transformação do contexto social: A solidariedade social e política de que precisamos para construir a sociedade menos feia e menos arestosa, em que podemos ser mais nós mesmos, tem na formação democrática uma prática de real importância. (FREIRE, 1996, p.42). O que nos aponta não uma responsabilidade, mas sim um desejo de fazer algo por um mundo melhor e uma sociedade, mais justa e fraterna, mesmo sem formação sistemática e acadêmica, visto que os voluntários ainda não possuem o nível superior. O educador pedagógico do projeto é caracterizado, segundo Gohn (2004, p. 3) como: algo mais que um animador cultural, embora ele também deva ser um animador do grupo. Para que ele exerça um papel ativo, propositivo e interativo, ele deve continuamente desafiar o grupo de participantes para a descoberta dos contextos onde estão sendo construídos os textos (escritos, falados, gestuais, gráficos, simbólicos etc). O educador, portanto, é peça fundamental para a atuação e intervenção pedagógica nas localidades. O que verificamos nas falas dos voluntários, tanto a consciência do trabalho e sua importância, como também, uma doação e vontade de ajudar, fazendo sempre mais. Gohn (2004, p. 2) ressalta que o orientador ou educador, precisa conhecer seus educandos, suas culturas, linguagens, valores e expectativas de vida, devendo ele também conhecer a comunidade onde atua, ser sensível aos seus problemas. No contexto do modelo de educação informal, é revelada a importância do desenvolvimento dos saberes das crianças através de espaços práticas diferenciadas de educação. Frente ao posicionamento dos voluntários verificamos que é chegada a hora da conscientização de toda a sociedade diante da prática elucidativa dos educadores não-formais, tais personagens na sociedade, hoje transformam a maneira de fazer e mudar, colocam o desempenho sociocognitivo das crianças como eixo do trabalho a ser seguido e desenvolvido. EIXO 5 ? INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA 3.1.5 Na sua opinião, o que é intervenção pedagógica? FÉ: "Intervir de acordo com a situação". ESPERANÇA: "Os educadores observarem o que está faltando para cada uma das crianças e procurar incentivar o que é de suma importância para as mesmas". AMOR: "Intervir de acordo com o momento ou situação". A intervenção pedagógica caracteriza-se como atitudes, gestos e métodos realizados frente à uma comunidade, onde se trabalha para diminuir as dificuldades e desigualdades sociais, para que se busque uma equidade entre as classes. Dentro do processo educacional informal se utiliza meios dinâmicos, que fortalecem e plenificam a condição de ser humano e de ser criança, informando e conscientizando dos direitos básicos e fazendo-se presença no seio familiar para auxiliar na busca de tais direitos. É por meio da intervenção pedagógica que as crianças, em algumas vezes, são apresentadas a educação, pois em muitos casos elas não frequentam o sistema regular de ensino, tendo apenas as contribuições do projeto para sua educação. É afirmável, ainda, que a intervenção é toda ação educativa realizada fora do sistema escolar, a qual podemos também denominar de educação não-escolar, em suma, todas as formas não institucionalizadas, sem uma hierarquia estruturada e que não precise, necessariamente, de uma cronologia gradual na aprendizagem (SIMSON, BRANDINI e PARK, 2001), dentro de uma realidade que necessite de um olhar mais apurado, ou que simplesmente tenham seus direitos básicos lesionados, como a educação. O que segundo Gohn (2004, p.2) gera incentivos às potencialidades dos próprios indivíduos para melhorarem suas condições imediatas de vida, promovendo o ?empoderamento? da comunidade, isto é, a capacidade de gerar processos de desenvolvimento com a mediação de mediadores externos, os educadores sociais, atores fundamentais na organização e realização dos projetos. O Educador Social ajuda a construir com seu trabalho, espaços de cidadania no território onde atua, atua diretamente com a vulnerabilidade das crianças e detém em suas mãos a melhoria, transforma vidas e embasa pensamentos críticos. Podemos inferir, partindo da fala dos voluntários, uma conscientização e conhecimento da intervenção, e de como ela precisa acontecer dentro do projeto. Sendo, por eles, apontadas as etapas e o método do trabalho que é preciso realizar. Retomando o que diz Gohn (2004, p.2) quando ressalta que o orientador ou educador precisa conhecer seus educandos, suas culturas, linguagens, valores e expectativas de vida, a comunidade onde atua e ser sensível aos seus problemas. Na fala dos voluntários, percebemos envolvimento e conhecimento do que é preciso ser realizado para a intervenção pedagógica concretizar-se. De modo, que cada um completa o que o outro falou, de maneira que inferimos certa sincronia e união, tanto nas atividades como nos pensamentos. Verificamos que Hardt e Negri (2005) chamam a atenção para a rede de singularidades que produzem a riqueza social de forma colaborativa em inúmeras ações e projetos coletivos, rede esta que integra o projeto e que fortalece vínculos entre educador e educandos. A ideia subjacente é a de que a educação ocorre em vários espaços, nestes o educador informal tem seu lugar de atuação desde que compreendida sua intervenção pedagógica, garantindo sua identidade de voluntário e seu fazer dentro da variedade de atividades voltadas para o processo educacional. O voluntário aprimora sua prática durante as formações mensais e semestrais, oferecidas pela coordenação diocesana dos projetos sociais, com isso reflete e pondera sua atitude e dinâmica no cotidiano do projeto. Contudo, a intervenção pedagógica, não compete ou substitui a escolarização formal, somente agrega, soma, ajuda no desenvolvimento e na inclusão de uma parcela pobre e excluída da sociedade. Esta, que muitas vezes, está a margem do bem estar, que sofre infortúnios e não é assistida governamentalmente em suas necessidades básicas, o que denota a crucial relevância da intervenção da Igreja neste espaço. A informalidade do projeto não o desqualifica de processo educativo, pelo contrário, nas reuniões e planejamento são estudados teóricos e metodologias sistemáticas do ensino regular, unindo assim uma teoria acadêmica ou média com a prática cotidiana informal. Há uma necessidade de conscientização para refletir sobre a educação não-formal. Primando pela libertação do sistema que exclui e por uma educação de cunho emancipatório. É nesse contexto que aparece a educação não-formal, não governamental, que necessita ser refletida para não promover a falácia, sendo um método de todo inclusivo e com cunho assistencial, proporcionando a comunidade a oportunidade de uma acompanhamento educacional e acessível a todos. Sendo, que as famílias das crianças do projeto, também são acompanhadas e direcionadas para uma profissionalização, ampliando assim suas perspectivas sociais e econômicas. EIXO 6 ? EDUCAÇÃO NÃO-FORMAL 3.1.6 Você é um educador não-formal? Por quê? FÉ: "Sim, por que ainda não conclui o ensino superior". ESPERANÇA: "Sim, por que ainda não tenho todos os recursos que necessitarei para fazer a diferença". AMOR: "Sim, pois não conclui o ensino superior". A educação não-formal é caracterizada por Gohn (2009, p. 31) como: uma área que o senso comum e a mídia usualmente não vêem e não tratam como educação porque não são processos escolarizáveis. A educação não-formal designa um processo com várias dimensões tais como: a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos enquanto cidadãos; a capacitação dos indivíduos para o trabalho, por meio da aprendizagem de habilidades e/ou desenvolvimento de potencialidades; a aprendizagem e exercício de práticas que capacitam os indivíduos a se organizarem com objetivos comunitários, voltadas para a solução de problemas coletivos cotidianos; a aprendizagem de conteúdos que possibilitem aos indivíduos fazerem uma leitura do mundo do ponto de vista de compreensão do que se passa ao seu redor Podemos afirmar que tal educação não precisa ser sistematizada, precisando apenas de incentivo e vontade para que seja realizada, de acordo com a realidade do espaço. Sendo que as práticas não-formais desenvolvem-se também no exercício de participação, nas formas colegiadas e conselhos gestores institucionalizados de representantes da sociedade civil, o que acarreta na implantação dos projetos sociais, financiados por instituições como a Igreja, empresas ou ONG?s. Essa educação viabiliza uma construção de conhecimento diferenciada, enfocando o engajamento social e a assistência à famílias carentes, acrescentando às suas vidas uma forma de conviver e caminhos para o desenvolvimento. De maneira, a incluir e valorizar a participação da família na educação da criança, e unindo-as para engajá-las na comunidade. Para o Ministério da Educação, a intervenção pedagógica informal representa atividades ou programas organizados fora do sistema regular de ensino, com objetivos educacionais bem definidos, sendo um tipo de educação ministrada sem se ater a uma seqüência gradual, não leva a graus nem títulos e se realiza fora do sistema de educação formal e em forma complementar, também é um programa sistemático e planejado que ocorre durante um período contínuo e pré-determinado de tempo, nisto percebemos, não irregularidade, mas o reconhecimento do MEC para com a educação informal, sendo por ele caracterizada e apoiada em suas diretrizes. A educação não- formal tem sido atualmente mais uma opção de aprendizagem, beneficiando grupos que até então foram excluídos da escola formal ou vivem em situação de vulnerabilidade e tiveram suas histórias omitidas nesses espaços. Diante dessas questões é possível compreender a criação de opções educativas, uma vez que a escola e a sociedade não são capazes de suprir sozinhas as necessidades atuais, oferecendo, assim, novas possibilidades de formação e socialização. Portanto, a educação informal é um movimento de base, quase ideológico, em busca de uma nova ação transformadora, e a educação informal abrange diversos aspectos que devem figurar e centralizar-se nos processos de ensino-aprendizagem para facilitar o desenvolvimento cognitivo das crianças. A educação não-formal, porém, define-se como qualquer tentativa educacional organizada e sistemática que, normalmente, se realiza fora dos quadros do sistema formal de ensino, neste caso, dos projetos sociais da diocese de Parnaíba, constatamos que eles representam um suplemento à população pobre, cujas crianças precisam de acompanhamento sociocognitivo e assistencialista. Porém, colocamos que este tipo de educação não pode competir com ou substituir a educação formal, mas ela serve como eficiente complementação para propiciar situações de aprendizagem satisfatória. Portanto, percebemos na fala dos voluntários certo desconhecimento da proposta da educação não-formal, mesmo atuando conscientemente por uma causa social, falta a sistematização e a caracterização deste conceito de não-formal para os envolvidos. O que para eles, é o fato de não terem o diploma de graduação que os enquadram na educação não-formal. Sendo assim, equivocados em suas colocações, visto que toda a discussão desta modalidade de educação se dá no âmbito da informalidade, dentro de um espaço que não requer pessoas com escolaridade especifica ou nível superior, o que neste projeto se qualifica como voluntariado, que não faz exigências acerca de formação. Enfim, ressalta-se em Bazani que na educação informal os resultados não são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do senso comum nos indivíduos. A educação não-formal desenvolve, como resultados, uma série de processos como: consciência e organização de como agir em grupos coletivos, a construção e reconstrução de concepções de mundo e sobre o mundo, contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade, forma o indivíduo para ávida e suas adversidades. Podemos dizer que infelizmente os educadores sociais não se classificam como tal, pois tantos eles como a sociedade, ainda não apresentam total valor à sua prática e contribuição para o desenvolvimento da mesma. Porém, a educação não-formal é algo novo, ou pelo menos em construção, não muito sistematizado e que requer tempo, dado a tais fatos a educação informal já constitui parte da sociedade parnaibana e brasileira, tendendo a diminuir as mazelas sociais, e firmando-se no seio social. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, buscou-se uma amostragem fidedigna da intervenção dos (as) voluntários (as) do Projeto Coração de Maria. E entendemos que a intervenção pedagógica está arraigada na vida comunitária e fortemente marcada pela participação popular, onde se pôde constatar a grande importância de sua presença. O que proporciona as crianças um lugar digno de vivenciar valores, transmitir sua subjetividade, bem como desenvolver-se social, físico e cognitivamente. Porém, cabe-nos ressaltar que mesmo a tal intervenção e engajamento da Igreja, "não pode estar esquecida a pedagogia do oprimido, enquanto existirem oprimidos" (Gadotti, 1999a: 19). Com estas palavras de Gadotti, nos detemos as ações sociais, não podendo a sociedade ficar em inércia diante das desigualdades e exclusões, de modo que precisamos cada vez mais intervir para mudar e transformar tal realidade. Buscou-se com a presente pesquisa atingir os objetivos de investigar e a intervenção pedagógica dos projetos sociais da Diocese de Parnaíba, os quais foram atingidos e refletidos ao longo de toda a pesquisa de campo e bibliográfica; fazendo-se, assim, uma investigação da intervenção pedagógica nos projetos sociais oriundos dos Movimentos Populares da Igreja Católica na Diocese de Parnaíba, para obtenção de maiores detalhes, foram elaborados os objetivos específicos, os quais nortearam o caminho desejado da investigação, abordando de imediato a identificar a relevância social da Igreja Católica dentro das comunidades carentes, no que diz respeito aos seus projetos de cunho educativo, elencar e refletir a ação e as metodologias educativas dos voluntários ante a realidade da comunidade, e se teve a oportunidade de poder conhecer práticas educativas eficientes em detrimento do trabalho diante da realidade na comunidade e as necessidades de cada criança. Notabilizamos, que dentro da sociedade parnaibana, está arraigado o poder que oprimi e exclui muitas comunidades, sendo estas acolhidas e desenvolvidas por meio de um trabalho social educativo. O que dignifica a vida humana em seus estágios, variando e fortalecendo vínculos que integram e valorizam a vida. Dentro de uma comunidade carente, é salutar a realização de projetos e ações que fortalecem e unem fortalezas sociais, no caso da nossa pesquisa, as crianças, que são acompanhadas e inseridas dentro de uma sociedade, que com os valores cristãos, valoriza e defende a vida e a validade de seus direitos. Podemos então inferir que é chegada a hora, e não era sem tempo, de transformarmos nossa maneira de fazer, e mudar de verdade, colocando o desempenho social e educacional de nossas crianças como eixo do trabalho a ser desenvolvido. A educação deve ser o ponto de partida para alcançarmos o sucesso de todos. Nossa pesquisa fortalece a ideia subjacente é a de que a educação ocorre em vários espaços, nestes o educador tem seu lugar de atuação desde que compreendida sua intervenção pedagógica, garantindo sua identidade social e seu fazer dentro da variedade de atividades voltadas para o processo educacional. Nestes o educador atua intencionalmente, analisando, discutindo, colaborando e efetivando uma educação instituída como campo próprio de problematização. Diante do qual o educador tem seu espaço de contribuição. Porém há necessidade de se ter o cuidado e uma atenção para a especificidade da prática pedagógica, sem perder-se nas entranhas produzidas pelo mercado de trabalho que determina interesses e intenções (Cavalcante, 2009). Diante do estudo realizado, consideramos que o Projeto Social Coração de Maria constitui uma ação educativa não-formal e também apresenta características de um movimento social, pois além de atingir seu objetivo, que é preparar e educar crianças no acompanhamento de sua vida escolar e fortalecer o seu ingresso na comunidade, também pretende promover uma transformação na sociedade, trabalhando frente a uma cauda e a melhoria de um aspecto social: a educação. A educação não formal é uma ferramenta importante no processo de formação e construção da cidadania das pessoas, em qualquer nível social ou de escolaridade. Entretanto, quando ela é acionada em processos sociais desenvolvidos junto a comunidades carentes socioeconomicamente, ela possibilita processos de inclusão social no resgate da riqueza cultural das pessoas, expresso na diversidade de práticas, valores e experiências anteriores. Constatou-se que muitos participantes do projeto adquirem um sentimento de pertencimento aos propósitos da intervenção pedagógica, que é incluir estas pessoas na comunidade, melhorando sua condição e de suas famílias, de vida, e em alguns casos, até despertar para o questionamento da atual ordem social. Essas crianças sentem, por meio do restrito acesso aos bens públicos, a realidade de exclusão em que estão inseridas. Entre as diversas ações praticadas, destacam-se a discussão voltada para a cidadania, a conscientização ambiental, por meio do atividades de reciclagem e a participação nas ações de outros movimentos sociais. Contudo, podemos dizer que esse projeto tem ações afirmativas no bairro Piauí, pois, possibilita as crianças carentes, provenientes da escola pública, vislumbrar um pleno desenvolvimento social e cognitivo. Mas para nosso estudo podemos concluir que o projeto em muito se difere da escola de ensino básico, tendo uma cultura muito particular pelos objetivos e ações que pratica. Verificando também forte influência e ação relfexiva da Igreja Católica dentro da comunidade, realizando, por meio, das ações do projeto uma importante intervenção no desenvolvimento crítico e social da população. Enfim, recorrendo a um paradigma de um contexto paralelo ao lugar da criatividade na vida e no projeto social, adequando-se à nossa abordagem, usamos as palavras esclarecidas de Sir Ken Robinson, para deixar algumas notas. Creio que a nossa esperança para o futuro é adoptar uma nova concepção de ecologia humana. Uma em que comecemos a reconstituir a nossa concepção do valor da competência humana. Temos de repensar os princípios fundamentais segundo os quais estamos a educar as nossas crianças. Devemos olhá-las como uma solução em vez de um problema e a nossa tarefa é educar todo o seu ser para que elas possam lidar com o futuro que provavelmente nós não veremos, mas eles sim, e a nossa obrigação é permitir-lhes fazer algo dele. (Robinson, 2006) Acreditamos, que a educação informal e a ação dos projetos sociais são aspectos claros de um preocupação social. Sendo um espaço que acredita e deposita na criança a esperança de uma sociedade menos cruel e que seja lugar de validar e engrandecer o viver e conviver social. Permitindo, mesmos em uma ambiente hostil, a proliferação de boas ideias e da transformação comunitária. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADÃO, K. S.; CARVALHO, A. A. Dom Bosco e a pedagogia preventiva. Resumo. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Disponível em Acesso em 02 de fevereiro de 2011. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GOHN, M. G. Associativismo em São Paulo: novas formas e participação no planejamento urbano da cidade. In: NUNES, B. F. (Org.). Sociologia de capitais brasileiras: participação e planejamento urbano. Brasília, DF: Líber Livro, 2006. _____. Educação não-formal e cultura política. São Paulo: Cortez, 1999. ______. Mulheres: atrizes dos movimentos sociais: relações político-culturais e debate teórico no processo. _____. Movimentos Sociais e Educação. 6 ed. São Paulo: Cortez, 2009. GUSMÃO, R. A ideologia da solidariedade. Revista Serviço Social e Sociedade, nº 62. São Paulo: Cortez, 2000. p. 93-112. http://www.inepgov.br/pesquisa/thesaurus/thesaurus.asp?tel=122175&te2=122350&... (visitada em 05/08/2010) II, Papa João Paulo. Centesimus Annus, 1991. IVERN, F. & BINGEMER, M.C. Doutrina social da igreja e teologia da libertação. São Paulo: Loyola, 1994. IGREJA CATÓLICA. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (em português). Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2000. p. N. 218 e 219. IGREJA CATÓLICA. Rerum Novarum. 11 ? 13. 1891. JONES, S. The analysis of depth interviews. In: WALKER, R. (Org.) Applied qualitative research . Aldershot (Hants.) : Gower, 1985. JUNG, Carlos Fernando. Metodologia Científica: Ênfase em Pesquisa Tecnológica. 2003/I. Disponível em: http://www.jung.pro.br LAVALLE, A. A. G.; CASTELO, G.; BICHIR, R. Redes, protagonismos e alianças no seio da sociedade civil. In: Encontro Anual Da Anpocs, 30, 2006, Caxambu. Anais. Caxambu: MG: ANPOCS, 2006. LEÃO XIII, Papa. Rerum Novarum (1891). Disponível em http://www.montfort.org.br/index.php?secao=documentos&subsecao=enciclicas&artigo=rerumnovarum Acesso em: 24 Jun. 2010. MACHADO, Jorge. Ativismo em rede e conexões identitárias: novas perspectivas para os movimentos sociais. Sociologias, p.18, Porto Alegre, 2007. MACHADO, E. M. A pedagogia social: diálogos e fronteiras com a educação não-formal e educação sócio comunitária. Disponível em Acesso em 26 de abril de 2011. MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. MACHADO, Arthur Versiani. Métodos e meios de ensino: categorias básicas da Tecnologia Educacional. Publicação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso. Disponível em http://www.ufmt.br/revista/arquivo/rev16/machado.htm, acessado em 19/10/2010. MONHOZ, Angélica. Educação e linhas rizomáticas? Jornal on-line "A Página", n. 134, maio, 2004, p. 17. disponível em http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=3121 acessado em 28/11/2010. MUNAKATA, K. Serie Clásicos de la Educación. Nota de leitura. Revista Brasileira de História da Educação. n° 4. jul./dez. 2002 PERRENOUD, Philippe. A pedagogia na escola das diferenças: fragmentos de uma sociologia do fracasso. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. PINTO, Mário, A Doutrina Social da Igreja, ontem, hoje e amanhã, in rev. Direito e Justiça, Inverno de 1998, pp. 211-243. RODRIGUES, William Costa. Metodologia Científica. FAETEC/IST. Paracambi, 2007. SOUZA, Maria Antônia. Movimentos sociais no Brasil contemporâneo: participação e possibilidades no contexto das práticas democráticas. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Tuiuti de Curitiba, PR. 2008. SCHERER-WARREN, Ilse. Das Mobilizações às Redes de Movimentos Sociais, Sociedade e Estado, Brasília, p. 109-130, jan./abr. 2006/2007. STEPHANOU, Luis; Muller, Lúcia Helena; Carvalho, Isabel Cristina de Moura. Guia para a elaboração de projetos sociais. Porto Alegre. Editora Sinodal e Fundação Luterana de Diaconia. 2003. SZTOMPKA, P. A sociologia da mudança social. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998. TOURAINE, A. Em defesa da sociologia. Rio de Janeiro: ZAHAR, 1976. ______. Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994. ______. O mundo das mulheres. Petrópolis, Vozes, 2007.