Introdução

Se perguntarmos para algumas pessoas o que poderiam associar à palavra "futebol" ao ouvirem este vocábulo, certamente imergirá de forma imediata e quase universal em suas mentes a imagem do nosso célebre ex-jogador Pelé, ou mesmo, a nossa seleção brasileira; ou ainda, se fizermos este mesmo teste indagando agora a possível associação que pode ser feita com a palavra "comida", por exemplo, surgirá na mente da maioria das pessoas, o prato feijoada, ou algum outro prato típico dos arraiais tupiniquins, ou comida relacionada com a sua experiência diária. Este fenômeno acontece porque, parece existir uma relação intima, entre futebol e seleção brasileira, ou prato culinário e feijoada. Mas no tocante à palavra "filmes", o que poder-se-ia esperar, com certo grau de acerto, ao solicitarmos uma relação de palavras com o vocábulo em apreço? Positivamente obteríamos, associações como, Homem-Aranha, Matrix, Titanic, Rambo, ou qualquer outro filme comercial holyhoodiano.
No Brasil, infelizmente, os filmes de maneira geral, os quais são consumidos como mercadoria tanto pelos cinéfilos como pelos estratos mais pobres da população ( mais do que nunca agora por conta da facilidade do DVD e a difusão da pirataria de filmes entre os pobres), diferentemente de outros elementos de nossa cultura, como a música genuinamente brasileira, a nossa culinária, etc. não são produto original de nossa cultura, de forma que os filmes produzidos no estrangeiro, por excelência os filmes oriundos dos Estados Unidos, abrangem toda a referência e cultura cinematográfica neste país. Este fenômeno cultural tão marcante, a saber, o verdadeiro domínio dos filmes americanos sobre os nacionais, servindo primeiramente a uma ideologia macabra, somada a um preconceito, e carência cultural, por parte da população, no que tange aos filmes nacionais, não se limita ao cinema, mas também reporta-se a arte dos quadrinhos.




A instrumentalização dos quadrinhos em prol da ideologia norte-americana

A mesma discussão que é feita sobre o cinema nos círculos intelectuais neste país, é feita também a respeito dos quadrinhos, perguntas como, por que não temos quadrinhos nacionais de qualidade, ou, por que somos reféns da cultura americana? São comuns a ambas as artes, por isso não é gratuitamente que desejo entrar primeiramente no assunto dos quadrinhos, antes de comentar sobre o cinema americano, relacionando-os com o imperialismo e ideologia americanos, e por fim o cinema nacional. Espera um pouco, você poderá perguntar, o que tem a ver os filmes com as revistas em quadrinhos, e o que tem a haver estas mídias com o imperialismo americano? Na verdade, tem tudo a ver, e é o que eu procurarei demonstrar com todo o rigor, a começar pelas revistas em quadrinhos que até os últimos anos fizeram a cabeça de milhões de jovens; é importante ressaltar, que com o fenômeno da internet somado a outros fatores, a febre dos HQs tem gradualmente diminuído, tanto que o grande papa dos quadrinhos americanos Stan Lee, o criador do Homem-Aranha, prevendo o fim dos quadrinhos vende sua grande indústria mundial, a saber, a Marvel Comics, para a Disney, e resolve agora, emprestar seus personagens à tela dos cinemas, e o próprio Stan Lee, que é um senhor simpático, magro e de bigode, o qual também, vez por outra, aparece em algumas cenas dos filmes de super-heróis fabricados por Hollyhood.
Desde a criação das histórias em quadrinhos, seu sucesso foi quase total entre as crianças e adolescentes; se hoje nossos jovens ficam enfurnados no quarto fazendo o sei lá o quê navegando na internet, ou jogando games, os jovens da gerações passadas, tinham o vício, digamos assim, aparentemente mais saudável, de viver em sebos comprando e trocando revistas. Os quadrinhos desde sua origem tiveram grande poder atrativo e influência sobre as pessoas, o que foi desde cedo percebido pelo governo americano, o qual, sem escrúpulos, e sob a justificativa da segurança nacional, lançou mão desta mídia para, difundir entre os jovens americanos e por extensão o resto do mundo, sua ideologia. O governo americano procurou então dominar as indústrias de quadrinhos, concedendo incentivos fiscais e até mesmo dinheiro para que nas histórias em quadrinhos contivessem concepções capitalistas e imperialistas, com o intuito de, desde cedo, dominar a mente dos americanos. No período da Segunda grande Guerra, nas histórias de super-herois, era comum ver, o Capitão - América esmurrando soldados nazistas com seu companheiro Bucky Burnes. E no período da guerra fria, vê-se super heróis lutando contra comunistas, que eram caracterizados como encarnações do demônio. Nas histórias os comunas constantemente queriam governar o mundo, e os super-heróis americanos, colocavam-se sempre como os salvadores bonzinhos da humanidade. A instrumentalização dos quadrinhos (comics), para a apologia e inculcação de sua ideologia, foi muito utilizada pelo governo americano, que aplicou o mesmo método, mas com muito mais poder de alcance à sétima arte.



Intrumentalização do cinema em prol da ideologia norte-americana e o sionismo


A obra filosófica chamada a Arte da Guerra, do estrategista militar e general chinês Sun Tsu já na antiguidade, demonstrava a eficaz técnica, na verdade a mais perfeita, de vencer os inimigos sem desembalar a espada , isto é, pela mente. Sun Tsu ensina, por exemplo, o estado deve evitar a qualquer custo conflitos, mas e se houver a necessidade de conflito, este tem de ser rápido, com o intuito de evitar desperdício de víveres e homens, e acima disso, a guerra tem de ser vencida sem o uso da espada, a vitoria sem guerra, é a forma suprema de estratégia militar. O governo americano, sob a falaciosa justificativa da segurança nacional, descobriu o cinema como veículo de transmissão de suas idéias pelo mundo afora, as quais ratificam suas políticas tanto interna como externas, de forma que sem ter de invadir nações para que seus interesses sejam atingidos, invadem aquilo que é mais melindroso, a saber, o espírito das pessoas, e vencem batalhas sem sequer puxar um gatilho.
No começo do século passado, o governo americano implantou a lei de eugenia , o que levou a esterilização de muitos os nativos americanos, que por justiça eram os donos do pedaço, sob a justificativa cientifica, de melhoramento da raça, sob a influência do chamado Darwinismo Social, que era a teoria perfeita para as elites pintarem e abusarem sobre os pobres e marginalizados. No que tange à eugenia americana, temos o "mais belo" dos testemunhos na obra Mein kampf que Hitler escrevera na prisão, após tentar implementar seu golpe de estado; nesta obra Hitler assevera que foi muito influenciado pela política de eugenia americana, a qual é digna e merecedora toda a admiração. O cinema foi utilizado pelo governo americano desde seus primórdios, como eficaz intrumento inculcador se suas ideologias, das quais a mais perversa certamente foi a eugenia, pois em muitos de seus filmes produzidos pelo dedo do governo, Hollywood coloca os nativo-americanos como vilões escalpadores de pessoas, que comiam americanos bonzinhos no café da manhã; nós podemos constatar este dado principalmente nos filmes de Western, ou faroeste; nestes filmes as personagens são sempre cristalizadas sob um maniqueísmo que continua até hoje na política americana, de uma lado, os bonzinhos e mocinhos americanos, e de outro lado os malévolos indígenas, dos quais o heroizinho tem de salvar a mocinha casta e bela. Esta concepção implícita, que se verifica em alguns filmes americanos, inconscientemente gera valores sociais, os quais são previamente planejados, para que as massas sejam facilmente convencidas e manipuladas, com o intuito de aceitarem qualquer atitude de violência e injustiça contra qualquer grupo social.
Depois da era dos índios pintados sempre como vilões. Surge uma série de filmes mostrando os árabes e os comunistas como indivíduos intrinsecamente maus; isto pode ser verificado por qualquer um, pois em quase todos os filmes nos quais estes personagens aparecem, os mesmos são mostrados como sendo sempre os vilões cheios de vícios.
Os árabes , nunca foram tão macetados na história da humanidade, e nunca foram tão mal compreendidos, e injustiçados, desde que o cinema americano começou a difundir uma série de concepções falaciosas e tendenciosas a respeito desta rica etnia, em relação a qual somos muito devedores, principalmente no campo da ciência . Observe como os árabes são mostrados pelo cinema americano : os árabes são geralmente pessoas que só se importam com dinheiro, e, portanto vivem de negócios; ou são beduínos selvagens; ou são ladrões tão ambiciosos que não possuem qualquer escrúpulo para obter o que querem; são mostrados como não civilizados e bárbaros, quase não humanos; eles são retratados como cruéis, machistas, idiotas, fanáticos e as mulheres como simples objetos sexuais, submissas ou com pouca inteligência. Presente desde o desenhos animados como o Pica-Pau, até as superproduções, a estratégia segue a mesma forma covarde e injusta, imitando a forma como os judeus eram retratados pela propaganda nazista. Esse tipo de preconceito acaba trazendo para o ocidente convenientes ingredientes sociais para uma guerra: o ódio ou pior ainda, criaram a tão forte idéia do árabe terrorista, a qual está tão arraigada na mente das pessoas que, ao se falar em árabe, já associam imediatamente ao terrorismo. Segundo pesquisa feita por Jack Shareen sobre o tema, nos filmes de Hollywood , cerca de 25% dos filmes americanos denigrem os árabes, e que fique bem claro, que não são os 25% dos filmes que versam sobre os árabes, mas, pasmem! São os 25% da totalidade dos filmes produzidos por Hollywood. Qual o interesse americano em vilipendiar tanto os árabes? Sabe-se que muitos dos donos de produtoras de filmes nos Estados Unidos, são judeus sionistas, isto é, defendem o retorno de todos os judeus dispersos, desde os anos 70 d.C. para a sua terra prometida por Deus. Nada é por acaso, a política norte-americana no oriente médio e Hollywood estão intimamente ligados, o que beneficia muitíssimo os grupos armamentistas, petroleiras e banqueiros que financiam as guerras, portanto é necessátio que os árabes sejam vistos como vilões, pois dessa maneira, a opinião pública estará sempre ao seu lado, garantindo enormes lucros com um eventual conflito. Vale a pena destacar que vários desses grupos são os próprios donos das indústrias cinematográficas e canais de TV, que veiculam esses filmes. Os filmes, então, difundem idéias de ódio aos árabes, para que a política de expansão das colônias israelenses, mesmo a custo de violência contra os direitos humanos sejam tolerados tanto pelos americanos, como pelo mundo. Depois de tantos bombardeios contra os árabes através do cinema é muito fácil fazer vista grossa a um ataque ao Afeganistão ou ao Iraque, sob a justificativa de lutar contra o terrorismo e a falta de democracia.
E os comunistas? Coitadinhos dos nossos camaradas! São eles sempre marcados nos filmes americanos, mesmo depois da guerra fria, a até nos nossos dias, como indivíduos no mínimo loucos, os quais, mais do que tudo na vida, querem dominar o mundo todo. Nos filmes de espionagem, como por exemplo, na série James Bond de Ian Fleming, que já está no filme de "número 100" ou mais, isto se verifica muito claramente, o vilão que quer conquistar o mundo é sempre um russo austero, e com aquele sotaque carregado que gostam de explorar. Pode-se falar também, dos comunistas do Vietnã, mostrados nos filmes de guerra, como indivíduos tão descaracterizados de humanidade que é tão fácil odiá-los; o filme Bradock,( principalmente o terceiro filme da série) estrelado por Chuck Noris, é um bom exemplo disto). O governo americano ao aplicar todas estas ações em prol de sua segurança nacional, cumpre um dos requisitos mais importantes para se obter sucesso na arte da guerra enfatizado tanto por Sun Tsu, isto é, a dissimulação, e de enganar ele entendem muito bem, pois consegue fazer as pessoas acreditarem que os exploradores do mundo são os heróis, e os comunistas, que lutam pela igualdade social e justiça para os pobres, são malévolos desejosos do poder, pelo poder. Eduardo Pandini, comunista militante e médico, redigiu no seu brilhante artigo intitulado "Sobre caubóis e alienígenas: como Hollywood impõe sua visão de mundo " estas palavras dignas de menção, sobre o tema em consideração:
"Já nos filmes de faroeste, são os americanos que fazem o papel de invasores. Mas isso não os impede de aparecer como mocinhos. As cenas mostram os pobres colonos covardemente atacados por índios hostis. Na mesma hora, os mocinhos sacam seus winchesters e disparam contra os índios maus, salvando os colonos de mais um ataque. Ao fundo, tremula a bandeira de listras e estrelas. Hollywood se tornou mestra em imprimir valores típicos estadunidenses em seus filmes - muitas vezes de maneira tendenciosa e explícita. Isso não seria problema se os únicos espectadores dos filmes de lá fossem os próprios cidadãos estadunidenses. Só que Hollywood e os EUA são economicamente ricos, e exportam sua cultura para o mundo todo - de maneira unilateral. É vendo filmes produzidos em Hollywood que as crianças do mundo todo aprendem que muçulmanos são terroristas, índios são maus, comunistas comem criancinhas e o mundo pode estar sob ameaça extraterrestre iminente... Hollywood se tornou mestra em imprimir valores típicos estadunidenses em seus filmes - muitas vezes de maneira tendenciosa e explícita. Isso não seria problema se os únicos espectadores dos filmes de lá fossem os próprios cidadãos estadunidenses. Só que Hollywood e os EUA são economicamente ricos, e exportam sua cultura para o mundo todo - de maneira unilateral. É vendo filmes produzidos em Hollywood que as crianças do mundo todo aprendem que muçulmanos são terroristas, índios são maus, comunistas comem criancinhas e o mundo pode estar sob ameaça extraterrestre iminente.O tratamento que Hollywood concede aos comunistas merece destaque. Não há um filme sequer, pelo menos entre os de bilheteria no mínimo mediana, que não mostre os comunistas como os grandes vilões dispostos a acabar com a Humanidade. Não se poderia esperar nada muito diferente de um país que se engajou tão comprometidamente na missão de combater um regime que se dizia socialista e atrapalhava bastante os planos geopolíticos estadunidenses - disfarçados por trás das máscaras de "liberdade e democracia" - mas Hollywood exagera. Rocky Balboa, Rambo, James Bond... Todos eles fizeram carreira lutando contra comunistas nas telas dos cinemas. A última "mensagem subliminar" anticomunista que vi foi uma foice e um martelo tatuados no pescoço do vilão de uma das sequências de Velozes e Furiosos. Mas mensagens subliminares não são novidade. O filme "Eu, Robô" é uma grande mensagem subliminar anticomunista. Mesmo que os regimes de inspiração soviética não tenham sido lá grande coisa perto do que pretendiam, e mesmo que na prática as liberdades individuais fossem duramente cerceadas naqueles países, seria justo demonizá-los dessa forma? Por que não abordar a questão imparcialmente e sem propaganda ideológica? Dois bons filmes que vi (e não são de Hollywood), O Labirinto do Fauno (México) e Vermelho Como o Céu (Itália), longe de endeusar os comunistas, pelo menos não os demonizam com mensagens subliminares. É possível fazer bons filmes sem fazer propaganda anticomunista, caso Hollywood ainda não tenha percebido. Quem conta um só lado da História dificilmente pode ser chamado de democrático..."

O resgate da cultura cinematográfica nacional.

No tocante ao nosso cinema nacional, sem me ater aos sintomas desta moléstia, que consiste, talvez sem exagero, no desprezo geral dos brasileiros pelos filmes nacionais, procurarei oferecer uma série de medidas, as mais racionais possíveis, com o intuito de podermos aspirar, desde o presente, uma conversão, digamos assim, das pessoas em direção ao cinema nacional, o qual, não fica aquém da qualidade das produção cinematográficas estrangeiras.
Primeiramente, é necessário, que tenhamos, investimento financeiro por parte da iniciativa privada, de forma que não tenhamos mendigar investimento do Governo Federal, quanto a isto, é coisa bem estabelecida. Mas para que houvesse investimento da sociedade privada como sempre ocorreu nos Estados Unidos e outros países, teríamos de suscitar primeiramente o apreço geral da população pelo cinema nacional, pois, não é possível que haja investimento num produto como o cinema nacional, que não vende. Seria a mesma coisa que tentar vender geladeira para esquimós, o que seria impossível.
Parece que a solução do problema nos coloca no interior de um círculo vicioso: o cinema não recebe investimento pesado, para que ocorram efetivamente boas produções, porque não há uma demanda de pessoas para consumir estas produções nacionais, por sua vez, as pessoas de forma geral não se interessam pelos filmes nacionais porque há pouco investimento, o que interfere diretamente na qualidade, tendo os produtores de fazer convênio com a borracharia do seu Zé, e com o açougue do seu João, racionando ao máximo os gastos, para dar cabo a um determinado filme.
A solução mais razoável, a fim de podermos nutrir uma certa esperança de mudança, consiste em investir na valorização do cinema nacional. É possível ensinar as pessoas, mesmo que pareça uma empreitada muito difícil a princípio, a conscientizarem-se do valor e da necessidade de assistirmos nossas próprias produções, tanto passadas quanto presentes, das quais existem muitas de excepcional qualidade, mas infelizmente pouco conhecidas, e portanto pouco apreciadas. A educação para o resgate do cinema nacional, e a maior disponibilidade de sessões de filmes nacionais em salas específicas de caráter público, seguida de debate sobre o filme com a presença de cinéfilos,( que é o trabalho que já tem sido feito com muito amor, mas de forma tímida por nossos heróis cineclubistas desde o começo do século passado no Brasil) e mais transmissões de filmes nacionais nos canais de televisão aberta, talvez seja o começo para uma solução mais factível no presente para mudar a nossa situação. A legislação talvez pudesse ajudar nesta problemática, por isto proponho duas medidas possíveis e factíveis para começar a mudar o quadro dos filmes nacionais no Brasil de forma que pelo menos os filmes nacionais estejam num igual nível de competição com os filmes estrangeiros, principalmente em relação às produções americanas que dominam mercado nacional . Primeiramente proponho uma lei que exija dos canais abertos uma quantidade mínima de filmes nacionais, por mês, por exemplo, de modo que os brasileiros se acostumem a apreciar nossas produções nacionais. É possível também a promulgação de uma lei que exija que em todos os cinemas, haja um mínimo de sessões para filmes nacionais, com incentivos do governo para o barateamento das sessões de filmes nacionais.