Eric Júnior Hobsbawm nasceu em Alexandria, no Egito, em 9 de Junho de 1917, filho de pai inglês de origem judaica e mãe austríaca. O autor de obras consagradas como: "A Era das Revoluções", "a Era do Capital", "Mundos do Trabalho", além de outros livros a exemplo: Da "Revolução Social Inglesa", "Imperialismo", "Rebeldes Primitivos", "Os Bandidos" etc. Eric Júnior Hobsbawmchega ao seu mais recente trabalho, "O breve século XX: A Era dos Extremos" publicado em 1994. pela Editora Companhia das Letras.

Hobsbawm é descendente da terceira geração de intelectuais do século XIX e XX, na primeira geração é representada por Hegel, Engels, Lênin, Rosa de Luxemburgo, Bakunin, Olekanov e Tróstki, enquanto que na terceira geração é representada por Paul Mantoux, March Bloch, Lucie Febvre, Lefebvre e Fernand Braudel, a sua erudição é inegável, já que, "sabe tudo, diz tudo, explica tudo" penso até que ele é discípulo de Fernand Braudel, ou seja, o último dos das "Escola dos Annales" que oscilou exatamente entre a 2º geração e 3º geração de intelectuais durante o século XIX e XX. Abordaremos agora o trabalho editado no Brasil: O Breve século XX: A Era dos Extremos, 1914 – 1991.

Partindo dessa interpretação da sociedade capitalista o autor enfatiza logo no início, um ensaio relacionado com uma visão área do século XX, fazendo um pararelo entre o Equador e a Bulgária expondo que estes países tinha muito mais em comum em 1980 do que em 1939. Outra parte rica do livro é o capítulo VII onde é abordado a bipolarização do planeta entre o socialismo e capitalismo, onde o homem colocou o planeta em pânico. Podemos perceber que este enfoque Hobsbawniano é fantástico já que uma pluralidade de fontes é analisada em suas obras e em Breve século XX não poderia ser diferente, assim sendo o autor analisa a influência da música para este século como no caso o Jazz ao Rock, que permeio durante a década de 50 e 60 em pleno nascimento da Revolução Cultural norte-americana. É evidente que Hobsbawm analisa que o século XX foi o século das revoluções como a vietnamita e castrita e mais recentemente a mais exótica de todas, a revolução islâmica no Irã. Em contrapartida, o futebol e o cinema também são objetos de estudo nesta obra. Como já sabemos, estas atividades culturais sofreram a concorrência com o aparecimento da televisão, assim também como o teatro. O cinema na grande crise de 1929 serviu tanto como uma válvula de escape perante a grande depressão. Pode-se vislumbrar, portanto, que os ingressos eram muitos baratos, assim também como a ida aos estádios de futebol nas décadas posteriores. Hobsbawm nos mostra também o avanço da ciência e da técnica no universo cultural das pessoas, também analisa a ficção científica a serviço da história, os eletrodomésticos, sendo fruto da sociedade de consumo, como as novelas de rádio deixando a mulher mais amável, assim como o fogão à gás e a geladeira deixaram mais doméstica e feminina a dona-de-casa, os cosméticos de beleza valorizaram também a estética feminina e sensual das dona-de-casa.

Este estudo possibilitou-me perceber que o Breve século XX, é também um estudo do cotidiano e imaginário inserido na ótica social e econômica. É lembrado que o telefone, paulatinamente, reduziu as fofocas de rua e a televisão a ida dos homens aos estádio de futebol, tudo isso e muito mais coisa é possível avaliarmos nesta obra de Eric Hobsbawm. Quando o autor refere-se por mais de uma vez ao nosso século, enfatiza que a contracultura dos anos 60 foi riquíssima e em 1968 foi o marco muito importantepara esta geração que fez manifestações pacíficas, greves, barricadas e assim sucessivamente no movimento hippie nos ESA, greves na França, resistência na ex-Tchescolováquia e protestos de rua no Brasil. A juventude pop de 1968 e 1969, segundo os estudos do autor, não foi apática como na ex-URSS e Leste da Europa; esta última tese vai de encontro com a tese de Tinothy Garton em seu livro "Nós o povo", editado pela Companhia das Letras em 1992.

É interessante assinalar que o autor se coloca também como personagem e diz quena sua geração no pós guerra, era difícil optar entre o nazifascismo e o stalinismo. Desta maneira, pode-se entender que o socialismo russo não era expansionista, esta colocação merece uma reflexão mais aprofundada, já que recentemente o jornalista e sociólogo brasileiro chamado William Waack editou um recente trabalho "Camaradas" aonde mostra justamente o contrário desta colocação de Hobsbawm. É impressionante como o autor de "O Breve século XX" viaja no tempo e no espaço em sua obra, com os enfoques do Egito, Brasil, Argentina, Bósnia-Herzegovina, Polônia e etc.

Mais adiante, com muita precisão, Hobsbawm analisa o PT brasileiro e a Solidariedade polonês, já que estas projeções políticas emergiram durante o final da década de 70. Ele afirma ainda a problematização da política egípcia de Nasser e de Atatuk na Turquia, em prol do socialismo de cunho populista com tendência socialista. Nasser foi o presidente egípcio que lutou pela causa do canal Suez e Atatuk foi o presidente considerando o pai dos Turcos. A questão da Bósnia Herzegóvina é também refletida na obra de Hobsbawm como um paradigma já que este conflito parece irrersível, isto porque, vale ressaltar que para ser resolvido este conflito seria necessário um gasto três vezes superior a todos os gatos da Segunda Guerra Mundial e para a ONU e o Ocidente esta proposta parece inviável, porque não traria um retorno financeiro desejável, assim sendo, o conflito da Bósnia tem suas indefinições profundas e Saravejo, me parece, que está distante de ser Beirute no início de nosso milênio. Percebo, pessoalmente falando que o conflito na Ex-Iuguslávia é um tanto irreversível, pelo menos nos próximos 5 ou 10 anos.

O autor em sua obra não se detém apenas a mostrar que a história europocentrista ocidental, ele mostra a causa Africana, nas guerras da África, seja na Somália ou na Etiópia. Fala muito bem do Sirilanka na Ásia colocando este país em condições privilegiadas diante do Brasil, já que, segundo os estudos do autor, o nosso país é um forte candidato ao título mundial de desigualdade social neste século e o seu déficit previdenciário está abaixo do Sirilanka.

Em suma, o Breve Século XX: A Era dos Extremos, 1914 – 1991, é fundamental para analisarmos e compreendermos a história durante este século e este apanhado de enfoques centrais é fundamental para entendermos o nosso cotidiano.

BIBLIOGRAFIA

  • HOBSBAWM, Eric. A Era dos Extremos: o Breve Século XX (1914-1991). Companhia das Letras: São Paulo, 1994.