1. INTRODUÇÃO

A cada dia, mais e mais pessoas se preocupam com o tema da saúde. Revistas, livros, programas de rádio e de TV, páginas da internet etc, tratam do tema, infelizmente, nem sempre da maneira mais adequada.

Por se tratar de um assunto muito importante para cada um de nós, qualquer informação passada de forma inadequada pode criar mais problemas do que ajudar. Além disso, certas publicações também embutem as tais medicinas alternativas entre os temas médicos reais, criando ainda mais confusão nas já preocupadas mentes dos cidadãos comuns, que podem inadvertidamente, passar a utilizar uma dessas alternativas ao invés de se tratar de forma adequada com um médico sério e com medicamentos de eficácia cientificamente comprovada.

Infelizmente as relações entre a medicina e os meios de comunicação nem sempre são das melhores. Seja por dificuldades de entendimento, seja em parte por arrogância de alguns profissionais de ambos os lados, a verdade é que o cidadão comum se sente indefeso diante do imenso volume de informação desencontrada divulgado pela mídia.

A comunidade espera ansiosamente, que algum dia essa situação se normalize.



2. A ÉTICA MÉDICA POSTA EM XEQUE

Ética é a parte da filosofia que estuda os valores morais e os princípios ideais da conduta humana. É o conjunto de princípios morais que se devem observar no exercício de uma profissão(1). Hipócrates, chamado de Pai da Medicina foi o primeiro médico de que nos conta a história, preocupado com a ética médica. É dele a autoria do famoso Juramento de Hipócrates, que poucos médicos sabem de cor, ou lembram, a não ser a proibição de fazer sexo com as pacientes(2).

O termo hipocrisia, sinônimo de fingimento e falsidade, originou-se a partir da comparação das atitudes de certos profissionais da medicina com o dito juramento. Com o tempo, ampliou-se muito além desse significado inicial e é adotado hoje, sem medo, por todas as profissões.

Segundo o Dr. Drauzio Varella, está na hora de acabar com o ritual do juramento de Hipócrates nas cerimônias de formatura. Ele está tão antiquado que soa ridículo ouvir jovens recém-formados repetirem-no feito papagaios. Embora o juramento contenha intenções filosóficas louváveis a respeito da ética no relacionamento com as pessoas que nos procuram em momentos de fragilidade física e psicológica, convenhamos que a visão social do pai da medicina deixava muito a desejar. Ele era médico dos cidadãos gregos e da aristocracia da vizinhança atraída por sua fama merecida; se alimentava alguma simpatia pelo contingente de escravos que constituía a maior parte da população da Grécia naquele tempo, soube disfarçá-la em seus escritos. Repetir o juramento escrito por ele sem fazer menção ao papel do médico na preservação da saúde e na prevenção de doenças na comunidade é fazer vistas grossas à responsabilidade social inerente à profissão(3).

Seja como for, os médicos são humanos, e como tal não se pode esperar que sejam perfeitos. Entretanto, apesar de concordarmos que há necessidade de impor-se limites a qualquer profissão, através de seus códigos de ética e de coibir abusos através de punições, a medicina sempre teve um papel de destaque no quesito importância, pois a saúde e a vida humana são o alvo de sua atuação o que nos torna a todos, seres humanos vivos, dependentes dessa prática.

Sabemos através da história, que enormes abusos foram cometidos em nome da ciência e da obtenção do conhecimento. Praticados por médicos, esses abusos raiam o inconcebível. Basta olharmos para o Movimento Eugênico Americano e as barbaridades nazistas do Dr. Josef Mengele, apenas para citar alguns.

Acreditando serem os donos da verdade, essas pessoas tomaram decisões unilaterais sobre a vida de outros, impondo sofrimento sem limites e manchando a dignidade da profissão médica.
Se por um lado o Dr. Varella menciona que aos olhos da sociedade, a mera existência de um juramento solene dá a impressão de que somos sacerdotes e de que devemos dedicação total aos que nos procuram, sem manifestarmos preocupação com aspectos materiais como as condições de trabalho ou a remuneração pelos serviços prestados, para a felicidade de tantos empresários gananciosos e que por causa desse pretenso sacerdócio, os médicos se submetem ao absurdo medieval dos plantões de 24 horas, seguidos por mais 12 horas de trabalho continuado no dia seguinte, em claro desprezo à própria saúde e colocando em risco a dos doentes atendidos nesses momentos de cansaço extremo(3), por outro lado, o uso de seres humanos como cobaias pelos médicos nazistas demonstra a que ponto foi levada a idéia de sacerdócio do médico, capaz de ao seu bel prazer determinar o destino de milhões de indivíduos.

Alguns exemplos: o Professor Kurt Gutzeit, gastrenterologista da Universidade de Breslau, fez experiências sobre hepatite em crianças judias de Auschwitz. O Professor Heinrich Berning, da Universidade de Hamburgo, as fez sobre a fome com prisioneiros de guerra soviéticos, anotando cuidadosamente seus sintomas enquanto morriam de inanição. Josef Mengele estudou medicina, antropologia e genética em Munique, Bonn, Viena e Frankfurt. Ele realizou vários projetos de pesquisa envolvendo gêmeos em Auschwitz. Seu assistente-escravo judeu húngaro, o Dr. Miklos Nyiszli, descreveu como preparou os olhos de quatro pares de gêmeos que Mengele assassinara com injeções intracardíacas. Mengele infectou gêmeos idênticos e falsos judeus e ciganos com bactéria tifóide, tirou sangue em várias etapas para análise química em Berlim, e acompanhou o curso da doença até a morte(4).

Em 2 de maio de 1927, o ministro americano associado Oliver Wendell Holmes concluiu que a existência de uma mãe, filha e neta deficientes justificava a necessidade de esterilização e ofereceu um dos pareceres jurídicos mais infames da história moderna (Buck versus Bell): forneceu precedente para a esterilização de mais de oito mil cidadãos da Virgínia e mais de 20 mil pessoas nos Estados Unidos(5). Um marco na eugenia mundial !

Esses acontecimentos apenas demonstram o quão delicada é a questão ética da medicina. Os exemplos utilizados ferem diretamente o artigo 6° do Código de Ética Médica Brasileiro - O médico deve guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando sempre em benefício do paciente. Jamais utilizará seus conhecimentos para gerar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano, ou para permitir e acobertar tentativa contra sua dignidade e integridade(6) e, são considerados pela maioria das pessoas, como crimes hediondos.

Sem utilizar exemplos tão extremos, é visível no dia a dia, a maneira como alguns médicos ferem os artigos do Código e a dignidade humana. Recentemente minha sogra passou por cirurgia desnecessária para implantação de uma prótese caríssima no joelho e teve seu estado pulmonar oculto pelo médico. Como o mesmo não detectou o câncer que lhe tomava os dois pulmões no raio x, se apenas duas semanas depois era diagnosticada a metástase do câncer pulmonar no fígado e nos ossos de sua bacia?

O artigo 9° do citado código(6) diz que A Medicina não pode, em qualquer circunstância, ou de qualquer forma, ser exercida como comércio. O art. 42 por sua vez veda ao médico Praticar ou indicar atos médicos desnecessários ou proibidos pela legislação do País. Há algo de errado com as atitudes desses indivíduos, que acaba por manchar indelevelmente a profissão digna e importantíssima do médico.

Entretanto, não terminam aí os exemplos de atitudes dos próprios profissionais que denigrem a categoria aqui ou no exterior.

A Folha Online publicou neste mês duas notícias que evidenciam a falácia que se criou ao redor da infalibilidade da medicina.

A primeira de 12/07/05 diz respeito à influência que as indústrias farmacêuticas tem nas decisões médicas ao manipular periódicos importantes, como o British Medical Journal. São afirmações do próprio ex-editor dessa conceituada publicação, Sr. Richard Smith: Ele percebeu que, por meio de estratégias discretas, as empresas fazem seus remédios parecerem muito melhores do que realmente são. Além disso, atrelariam as revistas a seus interesses comprando milhões em artigos reimpressos e distribuindo-os para médicos do mundo todo. (7)

A outra, de 13/07/05, informa que um relatório publicado na revista Journal of the American Medical Association sobre estudos médicos publicados em três prestigiadas publicações constata que o que os médicos um dia disseram que era saudável, acabou sendo considerado prejudicial, ou pelo menos não tão maravilhoso como se pensou a princípio. Os pesquisadores avaliaram artigos que saíram publicados entre 1990 e 2003, entre eles 45 trabalhos que receberam uma grande cobertura e que inicialmente insistiram nos benefícios de um medicamento ou tratamento. Os estudos em questão abordaram variados assuntos médicos. O tratamento de reposição hormonal, por exemplo, foi em seu momento considerado uma receita mágica frente às moléstias da menopausa. Mas em 2002, pesquisadores anunciaram que este tratamento aumentava os riscos de derrames, câncer de mama e problemas cardíacos. Os benefícios da vitamina E, à qual era atribuída a capacidade de prevenir infartos, também foram posteriormente desmentidas. As contradições também respingaram sobre as pesquisas sobre o óxido nítrico, um composto que não melhora, como se assegurava, as chances de sobrevivência de pacientes com insuficiência respiratória. Outro estudo dizia que um tratamento com anticorpos não melhorava as chances de sobrevivência em certos pacientes com septicemia. Posteriormente, se descobriu que esse tratamento sim beneficiava pessoas com o citado problema(8).

A profissão médica está passando por uma crise sem precedentes nos quesitos éticos que a norteiam. Isso pode ser um sinal de que algo tem de mudar em seu próprio seio. A melhor atitude talvez seja a de manter a humildade em primeiro lugar. Humildade de que não se tem as respostas para tudo que é enfrentado no dia a dia e de que não é impossível errar, por mais que se negue o fato.

Nas sábias palavras do Dr. Varella(3), talvez a aquisição mais importante da maturidade profissional seja a consciência de que a falta de tempo não serve de desculpa para deixarmos de escutar a história que os doentes contam. Hipócrates dizia que a fama de um médico depende mais de sua capacidade de fazer prognósticos do que de fazer diagnósticos. Queria ensinar que ao paciente interessa mais saber o que lhe acontecerá nos dias seguintes do que o nome de sua doença. Explicar claramente a natureza da enfermidade e como agir para enfrentá-la alivia a angústia de estar doente e aumenta a probabilidade de adesão ao tratamento. Curar é finalidade secundária da medicina, se tanto; o objetivo fundamental de nossa profissão é aliviar o sofrimento humano.


3. A COMPLICADA ÉTICA JORNALÍSTICA

O Artigo 2º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros(9) diz que a divulgação de informação, precisa e correta, é dever dos meios de comunicação pública, independente da natureza de sua propriedade. No artigo 7º lemos que o compromisso fundamental do jornalista é com a verdade dos fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação.

Belas palavras. Entretanto, a busca pela notícia e por furos jornalísticos faz com que nem sempre sejam seguidas. É anedótica a figura do jornalista em busca da notícia de primeira página em filmes ou nos quadrinhos. A chamada imprensa marrom que o diga. Caso não a obtenha, ela a inventa.

Entretanto, assim como em qualquer profissão, há bons e maus profissionais. É para evitar a preponderância dos maus, que os códigos de ética foram criados.

Há vezes em que os meios de comunicação são manipulados, mesmo sem o saber. O exemplo dado no capítulo anterior, do British Medical Journal, manipulado pelas indústrias farmacêuticas, demonstra claramente essa situação(7), mesmo se tratando de jornalismo especializado. O que dizer então dos jornais diários que publicam centenas de notícias muitas vezes sem checar adequadamente a fonte? Típico exemplo são as pegadinhas de primeiro de abril que ocorrem anualmente com eles.

E os erros de informações cometidos? As erratas estão cada vez mais freqüentes nessas publicações. A pressa em divulgar a notícia propicia cada vez mais que isso ocorra. E como num gigantesco telefone sem fio, a notícia original acaba por se deturpar, ficando irreconhecível em alguns casos. Ela passa então a fazer parte da boataria.

A classe médica é um prato cheio para os jornalistas. Seja por haver rivalidades pessoais, por notar-se certa arrogância em suas atitudes ou por não entender a mensagem passada (talvez expressa em jargão incompreensível), a verdade é que a medicina não é levada suficientemente a sério pelas publicações. Um exemplo é misturar matérias sérias com medicina alternativa em algumas publicações, a exemplo da revista Saúde! é vital da Editora Abril, que mistura em suas páginas, como sendo verdade absoluta, declarações de médicos sérios como o cardiologista Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, da Universidade Federal Fluminense, falando sobre a piridogstimina, droga utilizada para distúrbios musculares e testada no tratamento de pacientes com arritmia cardíaca(10) enquanto em outras páginas, a revista alardeia o uso da homeopatia e da acupuntura.

Enquanto a população em geral acreditar nas alternativas, mais e mais a classe jornalística se sentirá estimulada em propagar a desinformação. Infelizmente não encontrei estatísticas comprobatórias, mas imagino que muitas pessoas que poderiam ser auxiliadas pela medicina séria, acabaram prejudicando-se e quiçá morrendo por acompanhar tais loucuras e tentar curar, por exemplo, um câncer por meio da homeopatia ao invés de utilizar a medicina convencional.

Sou adepto a que as informações científicas, em especial as médicas, sejam divulgadas pelos próprios cientistas envolvidos. Por melhor que seja o conhecimento de um jornalista divulgador científico, este estará sempre aquém do necessário para expor de forma correta uma informação importante e que afete diretamente a vida dos leitores. A grande dificuldade é fazer com que o pesquisador domine a linguagem coloquial de forma a passar as idéias de sua descoberta, em termos leigos, ao público em geral.

Os pesquisadores entretanto, vem dominando cada vez mais essa técnica, basta ler revistas de divulgação científica do porte de uma Scientific American para perceber o que digo. Os artigos mais atraentes são indiscutivelmente os escritos pelos próprios responsáveis pela pesquisa. Em contrapartida, percebe-se a superficialidade dos artigos escritos por muitos jornalistas científicos. Isso propicia que as idéias não sejam claramente divulgadas e permite falhas desastrosas de comunicação.
Não creio que qualquer jornalista seja capaz de atuar em atividades de divulgação científica, sem especializar-se. Uma pós nessa área deveria ser pré-requisito para poder se escrever sobre ciência a fim de não se cometerem irregularidades perigosas. Ou então, permitir que apenas os pesquisadores escrevam sobre suas descobertas, fato que inviabiliza em muitos casos, a divulgação da notícia ao público em geral e fere os direitos profissionais dos jornalistas. É um belo dilema que cabe a ambas as categorias resolver em conjunto.

O que vemos com freqüência, são os meios de informação correrem atrás de escândalos. Eles vendem jornais, e é isso que lhes importa. A melhor notícia acaba sendo a sensacionalista. Isso cria um desserviço à sociedade. O papel de manter bem informada a população, de levar a realidade às massas, de fomentar as melhores e mais saudáveis práticas, de ensinar, acaba sendo preterido em prol da ilusão, da contenda e da ideologia tendenciosa.

A rotina estressante nas redações, faz com que a profissão de jornalista seja campeã em percentual de infartos, segundo a Associação Brasileira de Cardiologia. Ser jornalista significa não ter horário de trabalho, conviver diariamente com a pressão do fechamento e buscar constantemente a notícia(14).

Todos perdem com essas atitudes, o profissional que se vê enredado numa trama que mal compreende e que lhe faz mal à saúde; a população que passa a acreditar mais e mais no que se diz e menos no que se prova e por fim; o sentido da vida que se perde por não mais se acreditar nos valores éticos inerentes ao convívio em sociedade.


4. SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS

Duas profissões importantíssimas para a sociedade, ao mesmo tempo tão iguais e tão diferentes.

Ambas estão centradas na informação, no conhecimento e na busca pela verdade. Elas exigem muito da maioria de seus praticantes: sacrifícios pessoais e de saúde, em cargas horárias de trabalho absurdas. Cobranças ininterruptas de atitude. Salários aviltantes na maior parte dos casos. Não são realmente, profissões para qualquer um.

Entretanto, a medicina hoje está baseada na especialização, decorrente dos grandes avanços científicos do último século. O jornalismo por sua vez é generalista. Quanto mais conhecimento geral o profissional tiver, melhor.

Essa dicotomia, na maior parte das vezes, é a fonte do desentendimento. Como explicar nas poucas palavras exigíveis nos meios de comunicação, onde a informação é passada a conta gotas aos leitores, toda a gama de detalhes existentes numa especialização médica, sem correr os riscos da superficialidade e do erro de interpretação? E como passar essa informação ao jornalista e ao público sem parecer ininteligível ou pedante?


Uma maior aproximação das duas profissões, através de seus representantes de classe, pode ser a resposta.

O papel do jornalista divulgador científico nesse processo, amparado pelo estudo especializado adequado, em contato constante com o cientista e livre da precipitação e cobranças inerentes à sua profissão, pode ser a resposta ao dilema. É um profissional que tem como missão levar a verdade aos leitores e, seu livre trânsito entre dois mundos tão diferentes e ao mesmo tempo tão semelhantes é a resposta.


5. CONCLUSÃO

A meu ver a forma mais adequada de resolver os conflitos da ética na relação entre a medicina e os meios de comunicação, como visto, passaria pela cooperação entre ambas as entidades de classe.

Essa cooperação pode ser realizada de diversas formas, sendo que em todas o diferencial está na transparência das relações profissionais. Não há diferenças básicas entre as funções de qualquer profissão, pois todas tem um papel social importante. A engrenagem da sociedade só trabalha adequadamente quando suas partes não estão em atrito.

A profissão médica é importantíssima, tal qual a do jornalista, a do lixeiro, do agricultor, do administrador etc. Cabe a cada profissional respeitar a outra a fim de ter a sua respeitada.

A ética em uma profissão é requisito sine qua non para a criação de uma sociedade ética. Baseadas nessa meta, as entidades de classe deveriam cooperar entre si a fim de fazer com que suas profissões se complementassem.

À imprensa cabe, na análise do presidente do CRM-PR, Donizetti Giamberardino Filho, denunciar as omissões ou deficiências dos serviços públicos ou privados de saúde, seja envolvendo gestores, instituições ou profissionais. Contudo, insiste que esse processo precisa ser responsável e fundamentado para que não só os erros sejam contidos, mas para que a sociedade possa enxergar com clareza os riscos de métodos e procedimentos que não tem reconhecimento científico ou aceitação das especialidades médicas.(11)

Infelizmente, a atividade de jornalista não é regulada por um Conselho Profissional, o que pode dificultar as coisas. Segundo as palavras do Sr. Maurício Azêdo, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, o jornalismo trabalha no campo imaterial das idéias e não pode, como outras profissões, ser objeto de regulação, disciplina e fiscalização, como previsto no projeto de criação do CFJ. Por sua vez, o presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), José Inácio Pizani, criticou o projeto por estabelecer que o CFJ oriente e fiscalize o exercício da profissão, sem antes enumerar os princípios, direitos e deveres desses profissionais. Ele disse ainda que possíveis abusos dos jornalistas deveriam ser examinados pelo Poder Judiciário(12).

Entretanto, tal resistência não vem dos próprios jornalistas, conforme as declarações de Álvaro Nascimento, Jornalista da Fiocruz: a criação do Conselho Federal de Jornalismo (CFJ) é uma antiga reivindicação dos jornalistas brasileiros (não confundir com as empresas de comunicação), que através de suas instâncias democráticas de representação (sindicatos de jornalistas de todos os estados brasileiros e da Federação Nacional dos Jornalistas, a Fenaj) há décadas lutam pelo controle ético do exercício da profissão. Aliás, como ocorre com médicos, advogados, engenheiros, arquitetos, farmacêuticos, odontólogos, químicos, psicólogos e outras profissões consideradas de relevância social (13).

Enquanto não se chega a um acordo na área jornalística, cabe aos Conselhos de medicina, Federal e Regionais, darem os primeiros passos na aproximação com os meios de comunicação e principalmente, com os jornalistas, a fim de tê-los como importantes aliados que são, na divulgação científica.


6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
(1) Dicionário Prático da Língua Portuguesa, 1992, Melhoramentos.
(2) Gordon, Richard. A Assustadora História da Medicina, 1996, Ediouro.
(3) Varella, Drauzio. O Juramento de Hipócrates. www.drauziovarella.com.br.
(4) Cornwell, John. Os Cientistas de Hitler, 2003, Imago Editora.
(5) Goliszek, Andrew. Cobaias Humanas, 2004, Ediouro.
(6) Código de Ética Médica. Resolução CFM nº 1246/88 de 08/01/88 D.O.U. 26/01/88. www.crmpr.org.br.
(7) José Lopes, Reinaldo. Ex-editor de revista médica diz que farmacêuticas manipulam periódicos. Folha de São Paulo.
(8) Estudo aponta curto prazo de validade das pesquisas médicas. EFE em Washington. Folha Online.
(9) Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros. www.fenaj.org.br.
(10) Saúde! é vital. Julho de 2005. Editora Abril.
(11) Em defesa da Medicina Digna. www.crmpr.org.br.
(12) Projeto de Criação do CFJ poderá ser alterado. www.interlegis.gov.br.
(13) Nascimento, Álvaro. Sobre o Conselho Federal de Jornalismo. www.piratininga.org.br.
(14) Dicionário de Profissões do JT. Klick Editora.


7. GLOSSÁRIO
Errata Erro descoberto após a impressão de uma obra e corrigido a posteriori.
Eugenia Ciência que visa ao melhoramento da raça.
Furo - Notícia dada em primeira mão nos meios de comunicação jornais, rádio, tv, internet.
Jargão Linguagem ininteligível ou sem sentido. Gíria ou termos utilizados em determinadas atividades. Exemplo, o famoso economês, jargão dos economistas.