Silvio Carlos da Fonseca Marias

RESUMO

Quando falamos sobre desenvolvimento infantil nos instiga a compreender quais são os estágios que a criança passa para que tal desenvolvimento ocorra e como este desenvolvimento ocorre. Ao longo do processo de desenvolvimento, a criança, em seu ambiente familiar, ou em instituições equivalentes a educação infantil, pode encontrar-se em situação de risco social. Situação de risco essa que desfavorece a criança no âmbito da educação, arte e cultura, da condição de imaginar, criar, sonhar, ser autônoma, ter moradia, estar nutrida e agasalhada e principalmente ter o direito à própria vida. Entretanto, a criança de zero a três anos, em sua adaptação/exploração ao mundo, sem os cuidados devidos, viésmente a própria família e/ou cuidadores podem construir ambientes que exponha a criança numa determinada situação de risco. Este trabalho de cunho analítico ancora-se nas concepções de desenvolvimento humano relacionando-se a teorias que emergem ambientes favoráveis ao processo de desenvolvimento.

Palavras-chave: Desenvolvimento infantil. Situação de risco socia.

1. INTRODUÇÃO

Quando abordamos a temática referente ao desenvolvimento infantil nos instiga a compreender algumas teorias da concepção de desenvolvimento infantil, são elas: Inatismo na qual a criança nasce com pré-disposições de comportamento, Empirismo que dá ênfase a dependência da criança dos estímulos ambientais para se desenvolver, e Cognitivismo a qual conhecemos também como Interacionismo que aproxima o meio ambiente e a criança construindo juntos, uma inter-relação, cuja qual contribuirá no processo de aprendizagem. Frente ás concepções podemos averiguar as diferentes abordagens sobre o desenvolvimento e a aprendizagem da criança. A criança indiferentemente das interpretações teóricas possui o direito vital. Direito esse que garante seu total desenvolvimento sendo ele físico, emocional, afetivo e cognitivo. Por outro lado, observamos a negligência voluntária ou involuntária da família e entidades equivalentes à educação infantil no tratado ao pleno desenvolvimento da criança.

As diversas concepções de desenvolvimento, entretanto, contribuem na compreensão do processo evolucionário da criança e no respeito as suas individualidades. A forma de a criança estabelecer o primeiro contato com o mundo ao nascer coopera na própria adaptação ao ambiente que a circunda. Este processo de adaptação e primeiro contato podem ser interrompidos com a ausência de estímulos apropriados. O ambiente com o qual a criança vai se adaptar é o mesmo que fornecerá a ela condições para se desenvolver. A criança como sujeito individual e ao mesmo tempo dependente auxilia-nos no entendimento do papel de entidades referentes ao cuidado com crianças em idade de zero a três anos, as quais incluem as creches e pré-escolas.

A escolha etária corrobora para a temática e a discussão sobre o processo de desenvolvimento da criança em circunstância de risco, ou seja, situações que desfavorecem o ritmo normal de crescimento da criança, a maturação de seus órgãos e a construção de sua autonomia e identidade.

Perceberemos, no entanto, as possíveis dificuldades que algumas crianças encontrarão para se desenvolverem em determinado ambiente, pois cada criança possui uma singularidade, não mais, ressaltamos que toda criança passa pelo mesmo processo de desenvolvimento. Talvez, o ritmo da criança seja superestimulado ou subestimulado por educadores e/ou cuidadores. Há também a classificação no atendimento às crianças de baixa renda e que pode contribuir na demora em adquirir vagas nas escolas ou nas instituições equivalentes.

2. A CRIANÇA DE ZERO A TRÊS ANOS EM AMBIENTES FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS A SEU DESENVOLVIMETO

O conceito de zelar pelo desenvolvimento pleno da criança em entidades e/ou instituições equivalentes à educação infantil infere, qualitativamente, no atendimento prestado a crianças e na compreensão das mesmas. Tendo como objetivo as características da criança, ao passo que se desenvolve, a aquisição de conhecimento é compreendida em etapas, cujos conceitos se diferem de uma aquisição intrínseca ou extrínseca a criança, co-dependente ou independente do ambiente em que vivem ou participam.

O vínculo familiar estabelecido independe ou não da constituição e condição familiar? A diversidade na maneira de situar o papel da família na sociedade e para o desenvolvimento da criança de zero a três anos infere ou não no desenvolvimento?

As diferentes concepções de desenvolvimento instauram uma nova idéia sobre o desenvolvimento da criança. O verbete nos dá a interpretação de desenvolvimento como ampliação das capacidades motora e emocionais da criança. Segundo o verbete, desenvolvimento significa: crescimento, progresso; ampliação; aumentar, crescer e progredir (RIOS, l999, p. 216). É tudo aquilo que cresce e progride, que amplia e aumenta. Nós seres humanos crescemos externamente (quando não possuímos nenhuma doença do crescimento), como o ganho de peso e altura, e internamente com a ampliação das capacidades psicológicas.

Rappaport (1981), descreve o desenvolvimento como um ganho visível e físico. Desenvolver-se, então, é ganho, evolucionar e ao mesmo tempo uma perda. Perda essa que podemos caracterizá-la como mudança. Então, conforme crescemos adquirimos novas capacidades físicas e psicológicas. O ser humano, ao nascer, cresce e, para crescer, é necessário uma alimentação saudável para que os órgãos se desenvolvam, músculos se fortaleçam e etc. Quando, ainda éramos bebês, tínhamos comportamentos reflexos, como por exemplo o tônico cervical, de marcha, moro, magnético, preensão, entre outros segundo Flehmig (1987). Estes reflexos possibilitaram nossa adaptação ao meio ambiente e ainda possibilitará muitas outras crianças recém nascidas.

Conforme crescemos, ou melhor, dizendo, evolucionamos, perdemos estes reflexos, por isso, desenvolver-se é ganhar e perder, pois, a mudança que ocorre é ganho de habilidades, mas, quando ouvimos falar em desenvolvimento a idéia é de somente maturação do biológico, porém, "[...] o homem é mais que isso. Ainda que nos anos iniciais sejam marcados por ganhos mais visíveis como maior peso, altura e coordenação, aumento do vocabulário, muitas perdas e involuções marcam igualmente algum progresso" (RAPPAPORT, 1981, p. 25).

Somos seres biológicos, mas também psicológicos. A Teoria Inatista/Maturacionista, cujo desenvolvimento ocorre por etapas e precisa de tempo e ritmo exemplifica o determinismo biológico, o qual a maturação biológica nesta teoria é marcada pelo inatismo, ou seja, o indivíduo nasce com as pré-disposições para o desenvolvimento. A carga genética segue uma seqüência mutável, a qual o desenvolvimento está nas pré-disposições conforme Baldwin (1973). A criança nasce pré-disposta para exercer algumas capacidades como o ato de se adaptar ao meio ambiente sem estímulos oferecidos pelo mesmo.

Em contraponto, a Teoria Empirista/Ambientalista descreve o desenvolvimento como um fator extrínseco do sujeito, é o ambiente, o meio, que propicia o desenvolvimento do indivíduo. Segundo Locke (1690 apud BALDWIN, 1973, p. 29), "[...] a mente do bebê é uma tábula rasa que ganha registro conforme as experiências do bebê". A criança experimenta o meio a sua volta e com isso, suas experiências são como registros, desenhos na mente deixando o ambiente exercer total influência e dependência sobre si, sendo ele o responsável pelo seu desenvolvimento.

E para a Teoria Cognitivista/Interacionista, a criança se desenvolve interagindo com o meio ambiente, explorando suas formas, cheiros, sons, imagens e gustações. A relação da criança com o ambiente que a cerca, suas experiências com este é o que fortalecerá seu desenvolvimento físico e emocional contribuindo no desenvolvimento da autonomia, pois é quando a criança está "livre" para explorar que ocorre a confiança em si e em seus atos.

Sendo assim, esta é a teoria que hoje se estuda e se aplica nas diversas pesquisas sobre desenvolvimento tem a contribuição de dois teóricos Piaget (1936) e Vygotsky (1987).

Como reportamos anteriormente, Piaget (1936 apud FREITAS, 2003) mostrou-se interessado, não somente com o desenvolvimento físico, mas também psicológico. O desenvolvimento psicológico de cada criança se dá conforme suas experiências com o meio. A relação que a criança estabelece com o meio contribui em seu desenvolvimento psicológico. É uma abertura a novas experiências neuro-sensoriais.

Sendo assim, para Piaget (1936 apud FREITAS, 2003) tem o processo de aprendizagem ditado pelo ritmo de desenvolvimento. Quanto mais a criança se desenvolve (matura), aprende. Para Vygotsky (1987 apud OLIVEIRA, 1990) a aprendizagem é que promove o desenvolvimento. Conforme a criança adquire experiências, estas nortearão seu desenvolvimento.

A teoria de Vygotsky (1987 apud OLIVEIRA, 1990), enfatiza a interação do indivíduo com o mundo numa relação mediada, a mediação ocorre por um elemento interposto entre o sujeito e o objeto a ser explorado. Sendo assim, a relação que o indivíduo estabelece com o mundo não é direta. Esta mediação possui dois tipos de mediadores: os instrumentos e os signos. Os instrumentos são objetos utilizados pelo indivíduo no cotidiano ou numa atividade específica. Por exemplo, o machado é um elemento que medeia a força humana, ou seja, a ação do indivíduo em seu trabalho, evitando, assim, o uso das mãos para cortar árvores.

No entanto, os animais também constroem seus instrumentos, mas de forma rudimentar. Vygotsky (1987 apud OLIVEIRA, 1990) aprimora esta idéia com o exemplo de um chimpanzé que utiliza uma vara ou caixotes para alcançar frutas sobre o alto. Todavia, não são capazes de guardar para uso futuro e é por isso que esta ação é denominada inteligência prática.

Uma outra forma de mediação é através dos signos. Os instrumentos agem de forma externa, os signos, porém internamente, pois são instrumentos psicológicos. Eles auxiliam o indivíduo em seu cotidiano, pois o uso dos signos contribui, por exemplo, na identificação de um banheiro. Em qualquer lugar do mundo (acreditamos), o signo do banheiro será o mesmo. É uma forma padronizada de informar um lugar de uso comum a todas as pessoas. Ou então, as cores padronizadas de um semáforo.

A aprendizagem que Vygotsky (1987 apud OLIVEIRA, 1990) descreve é com base no uso dos signos. A criança ao nascer se apropria dos signos já existentes no meio a sua volta, o mesmo ocorre com a linguagem. A linguagem é extrínseca ao homem, está fora do indivíduo ele, no entanto, se apropria dela desde seu nascimento. O uso dos signos é externo, mas são internalizados conforme a utilização dos mesmos para representarem um objeto ausente. Um objeto internalizado é a não utilização do mesmo de forma real, mas simbólica.

Com isso, a criança em seu processo de aprendizagem imaginará determinado objeto. Ela vai utilizar apenas uma imagem representativa do objeto a ser representado, um símbolo. Conforme dissemos anteriormente Piaget (1926 apud DESSEN & COSTA JUNIOR et al 2005), se atenta ao processo de aquisição de conhecimento.

[...] a proposta teórica piagetiana descreve o desenvolvimento a partir do mapeamento das estruturas padrão, possíveis de serem observadas mediante a funcionalidade do comportamento da criança em contextos específicos. Portanto, a premissa básica é a de que não há estrutura mental sem função, e nem vice-versa. Nesse sentido, podemos observar certo paralelismo entre a inteligência e as funções biológicas, na medida em que a função intelectual é vista como parte integrante da totalidade psicológica do indivíduo (PIAGET, 1936 apud DESSEN et al 2005, p. 55).

Sua pesquisa descende da procura daquilo que é comum a todos os seres humanos. O desenvolvimento por estágios demonstra um determinismo biológico. Os estágios seguem a seguinte ordem: Sensório Motor, Pré Operatório, Operatório Concreto e Operatório Formal (não serão abordadas no momento).

A idéia de adaptação é a facilidade que temos, quando nascemos de nos adaptar ao meio que nos circunda. A adaptação proporciona a assimilação e a acomodação. Assimilar é trazer para dentro de si (psicológico) experiências. As novas experiências tendem a acomodar-se com as já adquiridas gerando resistência. E é por isso que estamos em constante assimilação. A criança de aproximadamente um ano e meio, operacionaliza o pensamento de forma prática. Ela opera por intencionalidade como exemplo subir numa cadeira e retirar de cima da mesa objetos e também é capaz de representar o mundo (PIAGET, 1952 apud DESSEN & COSTA JUNIOR, 2005).

Gagné (1968 apud BALDWIN, 1973), diz que a aprendizagem é uma mudança que ocorre internamente manifestando-se no comportamento e tende a persistir. A relação que o indivíduo estabelece com o meio o faz agir de maneira diferente, sendo assim, podemos afirmar que:

A aprendizagem é ativada por uma variedade de tipos de estimulação provenientes do ambiente do indivíduo. Esta estimulação se constitui em insumo (input) para os processos de aprendizagem. O exumo (output) é uma modificação do comportamento que é observado como desempenho humano (GAGNÉ, 1968 apud BALDWIN, 1973, p. 31).

O meio proporciona uma variedade de estímulos para o indivíduo, estímulos esses, cuja sua aprendizagem pode ser caracterizada em condicionamentos. Ao longo de experimentações alguns pesquisadores como Skinner e Pavlov (s.d. apud BEE, 1984) analisaram a mudança de comportamento frente a uma resposta dada a um determinado estímulo.

Este método nasceu com Watson (1910) que acreditava que todo comportamento era aprendido através de processos de associação, ou seja, tudo aquilo que era explícito e observável deveria ser levado em consideração pela psicologia. Este se limitava a observar o que era observável, o evidente, o explícito na pessoa, ou seja, o comportamento. Este comportamento modificava-se de acordo com estímulos. No entanto, está teoria ganha o nome de método Clínico ou Experimental.

Entretanto, a teoria não nega padrões inatos do comportamento e fatores genéticos, mas a mesma encontra-se apta para lidar com problemas de aprendizagem. Sendo assim, "a teoria reconhece que alguns atos podem ser auto premiados, que em algumas situações alguns acontecimentos que reforçam o comportamento, podem não parecer do ponto de vista ingênuo realmente prêmios (BALDWIN, 1973, p. 369)".

Com isso, cada indivíduo será premiado quando responder adequadamente determinado estímulo. Para Baldwin (1973), o método E-R (estímulo-resposta) baseia-se no princípio que cada indivíduo aprende padrões adultos de comportamento e pode ser identificado a partir de uma investigação do meio natural do indivíduo e hipóteses sobre teorias de aprendizagem social, a respeito do desenvolvimento da criança.

A aprendizagem neste método é caracterizada como condicionamento e possui dois elementos. O primeiro refere-se ao condicionamento clássico: estímulo incondicionado e resposta incondicionada; estímulo condicionado e resposta condicionada. Ambos se referem á experimentações de Pavlov (s.d. apud BEE, 1984). Pavlov (s.d. apud BEE, 1984), realizou vários experimentos num deles, observou a salivação dum cão sempre que lhe punham pó de alimento em sua boca. Neste experimento identificaram-se o pó dado ao cão como estímulo incondicionado e a salivação resposta incondicionada.

O experimentador atribuiu uma campainha e a tocava amiúde antes de apresentar o estímulo alimento, no entanto, o cão sempre que ouvia a campainha salivava mesmo não havendo recompensa. A campainha serviu-se de estímulo condicionante e a salivação resposta condicionada. O segundo elemento refere-se ao Condicionamento Instrumental cuja resposta é operante e não somente respondente, ou seja, na experimentação de Skinner (s.d. apud BEE, 1984), ele utilizou um rato e o pôs numa caixa pequena próxima a uma alavanca.

O rato alcançando a alavanca teria como recompensa o alimento, sendo então, Condicionamento Operante, pois o rato, logo após bater a pata pela primeira vez na alavanca e perceber que com sua ação houve a liberação de alimento, amiúde utilizaria o mesmo movimento a fins de saciar-se, com isso, sua ação era o instrumento, um modo operante. No desenvolvimento da criança o método E-R tende a permear premiando a criança quando ela responde adequadamente a um estímulo.

A primeira palavra reconhecível da criança é recebida com um ruidoso coro de aprovação, mesmo que não seja pronunciada corretamente. Depois, as exigências para aprovação são muito mais rigorosas. A mesma expressão 'mu-mu', tão entusiasticamente aprovada quando a criança tinha quinze meses, será criticada quando tiver cinco anos (BALDWIN, 1973, p. 372).

Contudo, Gagné (1968 apud BALDWIN, 1973), descreve a aprendizagem do tipo que instiga a curiosidade fazendo cada indivíduo um sujeito capaz de aprender através da relação com o meio e seus objetos. Este se aproxima das teorias que utilizamos hoje. Talvez, o enfoque de desenvolvimento e de aprendizagem, junto a esta gama de pesquisadores, esteja sendo, de maneira cuidadosa reformulada por pesquisadores contemporâneos. O grande foco dos pesquisadores sobre desenvolvimento não se limita somente à maturação, mas também, à aprendizagem. Após serem discutidas as várias teorias sobre desenvolvimento e aprendizagem, seguiremos, ao passo de contribuir no porvir de novas pesquisas, a observação de crianças de zero a três anos de idade, sendo as mesmas, foco de nosso trabalho.

Quando se quer situar o desenvolvimento infantil é importante mencionar que Piaget (1959), descreve os estágios ou fases com idades médias ao desenvolvimento. Ele enfatiza o processo de aquisição do conhecimento da criança, ou seja, aquilo que é comum a todo ser humano. Piaget (1969) desvela o desenvolvimento da criança sob égide de adaptação desta ao meio. A esta nomeou de Esquema. A criança, neste Esquema, está em constante absorção de estímulos através dos órgãos dos sentidos: tato, olfato, paladar, visual e auditivo.

O único instrumento de interação que a criança possui ao nascer são os esquemas primários, ou como já citamos, os reflexos. Os reflexos tendem a se ampliarem conforme os exercitam. Por exemplo, a criança quando procura o mamilo do seio da mãe para sugar o faz instintivamente. A criança, logo após o nascimento está pronta para assimilar experiências do meio que a circunda, pois, seus reflexos neonatais são de características filogenéticas, cuja ação é responsável pela adaptação inicial da criança no mundo segundo Brêtas (2006).

No entanto, por várias vezes, o sugar, a criança, então, generaliza esta função pondo quaisquer que sejam os objetos na boca, a fins de sugá-los também. Sendo assim, quando a criança ganha maturidade cognitiva ela terá condições de distinguir o mamilo de outros objetos. Brêtas (2006, p. 27) exemplifica este fenômeno dizendo que "No primeiro mês de vida, quando a mão do bebê acidentalmente encontra o caminho de sua boca, em ação reflexa passa a sugá-la; repete este ato por muitas vezes, até que com a organização neuromotora torne-se voluntária".

É no Estágio Sensório Motor que a criança interage, conhece e aprende sobre o mundo que a cerca, no entanto, Vygotsky (1987 apud OLVEIRA, 1990) dá ênfase no desenvolvimento (aprendo porque me desenvolvo) ancorado na interação mediada. Para Vygotsky (1987 apud OLIVEIRA, 1990), todo ser humano passa por um plano de desenvolvimento genético: filogênese, ontogênese, sociogênese e microgênese.

Temos um ritmo de desenvolvimento diferente. Maneiras de relacionarmos com o meio singularizado. Cada indivíduo, nos planos anteriores, porta um determinismo, mas neste, o sujeito é livre, autônomo com ênfase em seu próprio desenvolvimento e no processo de aquisição de conhecimento.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nossa discussão não envolve somente aspectos cognitivos, mas psicomotores também. O desenvolvimento da criança até a fase adulta depende da maturação do sistema nervoso central e dos estímulos que o ambiente oferece. A criança de zero a três anos de idade precisa de seu próprio espaço de desenvolvimento para desenvolver suas potencialidades e capacidades. No entanto, é na pré-escola ou creche que as crianças terão este espaço e estímulos que instiguem suas potencialidades.

Este arcabouço teórico contribuiu ao desvelamento de uma realidade não muito distante de nossos circulos de relacionamentos. Entretanto, famílias, creches, pré-escolas e instituições equivalentes a Educação infantil são importantes na formação do ser da criança de zero a três anos. Contudo, há crianças fora, as margens destes recursos. São as que jazem em situação de risco social. Seu desenvolvimento está ameaçado, como já dizíamos outrora, pela subnutrição, carência afetiva, um ambiente de drogaditos, a ausência total de recursos que cubram suas necessidades ingênitas e entre outros. É triste, chocante ver o quanto existe poucas pessoas que têm muito e muitas que têm tão pouco. O desfavorecimento social pode abarcar consequências danosas ao desenvolvimento de crianças em tais circunstâncias. O saneamento básico e a adequada alimentação são fundamentais para o desenvolvimento adequado. Portanto, a criança de zero a três anos, em fase de adaptação ao meio ambiente que a circunda, oriunda de qualquer nível social, não está imune a experiêncializar alguns dos fatores de Situação de Risco. Cabe a família orientar e proporcionar a criança estímulos adequados e saudáveis a seu desenvolvimento, ou utilizar recursos externos como creches, pré-escolas e ou entidades equivalentes a Educação Infantil.

O trabalho com crianças de zero a três anos exige muitos cuidados, dedicação e principalmente amor. A excelência da criança está no atributo que escola, família e a sociedade lhes dão. A responsabilidade em cuidar é de todos, assim esse trabalho se justifica pela necessidade de conhecer a real importância da como base essencial para contribuição no desenvolvimento físico e psicológico das crianças de zero a três anos de idade.

A dimensão que ancora o tema "A influência do meio ambiente no desenvolvimento de crianças de zero a três anos em situação de risco social" transcende de um simples olhar sobre o desenvolvimento infantil para o desenvolvimento integral de cada criança. Para que o cuidar e o educar sejam efetivos é necessário um investimento nos profissionais da área em capacitações deve contribuir em grande ênfase o processo de aprendizagem da criança de zero a três anos e seu desenvolvimento. O adulto do futuro pode estar sendo preparado nas creches e/ou pré-escolas, assim esse trabalho pode contribuir com a apresentação da importância da Educação Infantil nos dias atuais. Portanto, este trabalho trará contribuições pessoais, pois a compreensão e a dimensão que tais conhecimentos trarão, serão alicerces para nossa carreira acadêmica e posteriori, em pesquisas a serem desenvolvidas, e social no sentido de alentar famílias, creches e quaisquer que sejam as instituições cuidadoras de crianças de zero a três anos, e científicas com intuito de instigar novas pesquisas e análises sobre a temática que tanto nos circunda, mas amiúde damo-na as costas.

REFERÊNCIAS

BALDWIN, A. L. Teorias do desenvolvimento da criança. São Paulo: Pioneira, 1973.

BEE, H. D. et al. A criança em desenvolvimento. 3ed. São Paulo: Harper & Row do Brasil Ltda, 1984.

BRÊTAS, J.R. da S. Cuidados com o desenvolvimento psicomotor e emocional da criança do nascimento a três anos de idade. São Paulo: Iátria, 2006.

CALIMAN, G. Estudantes em situação de risco. In: Estudantes em situação de risco e prevenção. Rio de Janeiro: Página Aberta, 2006. Disponível em <[email protected]> acesso em: 3 maio 2007.

DESENVOLVIMENTO. São Paulo: DCL, 1999. p. 216. ( Dermeval Rios)

DESSEN, M. A; COSTA JUNIOR, Á. L. A ciência do desenvolvimento humano: tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2005.

FLEHMIG, I. Texto e atlas do desenvolvimento normal e desvios no lactente: diagnóstico e tratamento do nascimento até o 18º mês. Rio de Janeiro: Atheneu, 1987.

FREITAS, L. A moral na obra de Jean Piaget: um projeto inacabado. São Paulo: Cortez, 2003.

KALOUSTIAN, S. M. (org.) Família brasileira: a fase de tudo. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: Unicef, 1994.

OLIVEIRA, M. K. Vygotsky aprendizado e desenvolvimento: um processo socio-histórico. São Paulo: Scipione, 1990.

OLIVEIRA, Z. M. et al. Creches: crianças, faz de conta & cia. Petrópolis: Vozes, 1992.

RAPPAPORT, C. R. Psicologia do desenvolvimento. São Paulo: EPU, v.1 e 2, 1981.

BRASIL,. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil/ Ministério da Educação e do Desporto, Secretária de Educação Fundamental. ___ Brasília: MEC/SEF. v. 1, 1998.

Pedagogo formado pela Universidade do Sagrado Coração – campus Bauru/SP.

Autor deste anal apresentado em 2006 na Universidade Estadual de São Paulo Júlio de Mesquita campus Bauru/SP

Id. Educação Familiar: Aspectos do desenvolvimento infantil frente a globalização apresentado em 2009 na 4ª Jornada Pedagógica e 1ª Mostra de Ciência e Tecnologia da Rede Municipal de Agudos – Formação de Professores e a Globalização promovida pela Faculdade de Agudos.