A criança se desenvolve integralmente, e não como algo fragmentado tal como apresenta o dualismo cartesiano mente e corpo, partindo dessa perspectiva entende-se que a relação educação, corpo e movimento, estão simultaneamente interligados no processo de aquisição da linguagem e da escrita, uma vez que a imagem que a criança tem de seu esquema corporal, irá influenciar em sua dominância lateral e também na sua percepção espacial, fatores estes essenciais ao processo alfabético.
O domínio e o conhecimento do próprio corpo, considerando aqui as partes que exigem a motricidade fina, tais como a coordenação dos movimentos dos dedos e das mãos, é fundamental para a criança exercer a sua grafia com maior destreza, além disso, a noção topológica de perto, longe, acima, embaixo, tem ligação direta com a percepção que a mesma tem do espaço, pois segundo SOUZA:
“[...] uma criança não é capaz de distinguir, por exemplo, um “b” de um “d”, um “p” de um “q”, “21” de “12”, caso não perceba a diferença entre a esquerda e a direita. Se não se distingue bem o alto e o baixo, confunde o “b” e o “p”, o “n” e o “u”, o “ou” e o “on”, ou seja, não consegue perceber, no abstrato, as questões que não lhe foram supridas no concreto.” (SOUZA, 2012, p. 128). 
Em relação à lateralidade, que é outro fator psicomotor que interfere na alfabetização, observa que algumas crianças embora se apresentem bilaterais, tem uma tendência natural a pintar ora com a mão esquerda, ora com a mão direita, isso deve ser respeitado e o professor observando o desenvolvimento do seu aluno deve orientá-lo, porém não forçá-lo, por exemplo, já tive a experiência de observar em meu estágio na educação infantil, que a educadora em questão segurava na mão da criança para ajuda - lá a escrever, no entanto, vale à pena frisar que, ela em nenhum momento se preocupou em observar em qual hemisfério corporal estava predominando em algumas crianças, pois a educadora em questão ajudou as crianças a escrever somente com a mão direita, sendo que algumas pintavam com a mão esquerda, a famosa e conhecida escrita espelhada que muitas crianças fazem demonstra que ela ainda não adquiriu uma noção espacial, por isso o esquema corporal é tão importante no processo de aprendizagem da língua escrita e falada.
A coordenação óculo-manual é outro ponto de grande relevância, pois segundo Souza (2012, p.161), a criança precisa adquirir o controle do campo de visão, ligado a coordenação motora das mãos.
Em síntese podemos concluir que, o processo de alfabetização está diretamente ligado ao desenvolvimento do esquema corporal, entender este processo, bem como os fatores que interferem no mesmo, nos dá subsídios para uma aprendizagem mais significativa, no sentido de que a imagem que temos do nosso corpo, determina a maneira como nos colocamos em relação ao espaço, se esse espaço for à escola, ele necessariamente precisa ser levado em conta.


Referências

SOUZA, Vânia de Fátima Matias de. Desenvolvimento Psicomotor na Infância. Maringá: Cesumar,2012.