Resumo
O presente trabalho demonstra não só alertar sobre os malefícios da excessiva precocidade infantil, mais os limites que os pais devem impor aos filhos, não os deixando fazer tudo o que desejam, e sim colocá-los frente a uma situação que os estimulem de uma maneira correta na construção de sua subjetividade que é entendida pelo encontro do individuo com o mundo social, resultando tanto em marcas singulares na formação do individuo quanto na construção de crenças e valores que serão compreendidos na dimensão cultural. Tivemos conhecimento desse conceito através de discussões de texto, aulas expositivas e vimos à necessidade de nos aprofundarmos no assunto mediante a grande exposição de crianças na mídia se tornando pequenos adultos. Educar é estimular a capacidade de transformação, através de atividades, mas sem limitá-las.É brincando que a criança experimenta situações e emoções da vida adulta sendo necessário o brincar de ser apresentadora, ser miss, cantora, professora, e não os exercendo profissionalmente, o faz-de-conta é vital para o desenvolvimento humano, cabendo aos educadores e pais dá a devida importância para cada estagio da criança. É enorme a influencia do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. O brinquedo ajuda a criança a aprender sobre ela mesma, com as motivações certas ela tende a ser mais expressiva, a ter limites.


Introdução

Subjetividade é entendida como um espaço de encontro do individuo com o mundo social, resultando tanto em marcas singulares na formação do individuo quanto na construção de crenças e valores compartilhados na dimensão cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos grupos e populações. A psicologia social utiliza freqüentemente esse conceito de subjetividade e seus derivados como formação da subjetividade ou subjetivação O ingresso precoce das crianças em um mundo adulto, cada vez mais complexo tem um grande impacto no comportamento e no desenvolvimento delas. De um lado os pequenos têm acesso a mais informações do que são capazes de processar o que lhes dá uma sensação de prepotência mais do que é própria da idade. Nessa perceptiva as crianças acreditam que podem mais do que são capazes, e resistem aos limites que lhes são impostos. Assim, são criados pequenos "déspotas". Dessa forma, o perfil das crianças contemporâneas é ser insaciável, consumista e pouco solidária. Estamos vivendo um retrocesso do tratamento infantil, fabricando e estimulando pequenos adultos, causando uma interferência na sua subjetividade. Criança tem que ser criança, viver o lúdico, o faz-de-conta, desfrutar das coisas natas da infância. Segundo (Piaget apud, Lima 1998), a criança passa por estágios em seu desenvolvimento e ao pular algum deles em vez de significar promoção social, representa regressão emocional. As funções básicas superiores da memória, da atenção, da imaginação e da capacidade lingüística necessitam de certo tempo para amadurecer. Assim, uma criança de um ano não pode ser tratada como um adolescente de quinze, porque necessita de um repertório vivencial e de experiências que envolvem acertos e erros até que se construa um pensamento organizado. Por isso há uma necessidade do lúdico. A função do brincar na infância é muito importante e indispensável tanto quanto comer, dormir e falar. É por meio dessa atividade que a criança alimenta seu sistema emocional psíquico e cognitivo, ela elabora e reelabora toda sua existência por meio da linguagem do brincar, do lúdico e das interações com seus pares. O brincar desenvolve a imaginação, estimula a atividade motora, faz criar cumplicidade entre aqueles que jogam e dançam juntos, independente dos seus graus de habilidades e das necessidades educacionais especiais. "Assim como a atividade normal do adulto denomina-se trabalho, a da criança denomina-se jogo. O jogo é o trabalho da criança e o trabalho é o jogo do adulto." (Piaget apud Lima, 1998: 79). O nosso objetivo é demonstrar que a precocidade infantil acarreta grandes interferências na construção e desenvolvimento da subjetividade da criança, fundamentado nas abordagens teóricas educacionais: Epistemologia Genética de Jean Piaget e na sócio-histórico-interacionista de Lev Vygotsky.


Metodologia

Pesquisamos subjetividade no contexto dos grandes educadores Jean Piaget e Lev Vygotsky na disciplina PB 142: Psicologia da Educação II ? Infância, através de leituras de textos, livros, discussões grupais, aulas expositivas-participativas, vídeos, avaliação, orientação/supervisão sistemática pela professora. Sobre a precocidade Infantil em programas semanais de TV, jornais, revistas com várias reportagens, relatando que nos dias atuais as crianças vêm se tornando pequenos adultos no seu comportamento, na maneira de se vestir, de se expressar, de consumir produtos que são destinados aos adultos, e o ingresso precoce das crianças na mídia como apresentadores, modelos, cantores, artistas de novelas.



Resultados e Discussão

A criança é um sujeito como todo ser humano que esta inserida em uma sociedade. Deve ter assegurada uma infância enriquecedora no sentido do seu desenvolvimento seja psicomotor, afetivo ou cognitivo. "Criança é toda pessoa de até 12 anos de idade incompletos" (Estatuto da Criança e do Adolescente ? Lei 8069 de 13 de Julho de 1990, artigo 2, parágrafo único). Por subjetividade entendemos um conjunto de condições que torna possível em instancias individuais e/ou coletivas estejam em posição de emergir como território existencial auto-referencial em adjacência ou em relação com uma alteridade ela mesma subjetiva. Guattari, 21/10/2008, ou seja, é o encontro do individuo com o mundo social resultado tanto em marcas singulares na formação do individuo quanto na construção de crenças e valores que serão compreendidos na dimensão cultural. Os pais, um dos principais responsáveis pela construção da subjetividade, não tem sabido impor limites em seus filhos, em quem eles usam como modelos, não interferindo em suas vidas achando que as crianças já podem escolher entre o bom e o ruim, o que psicologicamente não estão preparados para o mundo competitivo, estimulando, assim, a precocidade infantil gerando duas atitudes diferentes em seus pais. Uma, passiva, em relação à escolha de seus modelos, marcas de roupas e todo o consumismo, e uma segunda, ativa, em relação à projeção com o sucesso de seus filhos, deixando em segundo plano o que realmente é vital para a vida da criança, um crescimento saudável estimulado pelo brincar, pelo brinquedo, pela relação social com outras crianças, pela estimulação lúdica. Segundo Piaget (apud Beard,1978) a criança passa por três grandes estágios de desenvolvimento. O primeiro estágio é o sensório-motor (0 a 24 meses) que se estende do nascimento ate o aparecimento da linguagem, aproximadamente durante os primeiros meses de vida. É o período de desenvolvimento metal que começa coma capacidade para alguns reflexos, como ações e percepções e termina quando a linguagem e outros meios simbólicos de representação do mundo aparecem pela primeira vez. O segundo estágio é o pré-operatório (2 a 7 anos), é um período de preparação para operações concretas, abrange a transição de estímulos de inteligência sensório-motoras para o pensamento operacional. Nesse estágio a imitação é em grande parte inconsciente. A criança produz e simula movimentos e idéias de outras pessoas sem perceber o que faz. As observações de Piaget mostram que as crianças, em geral, não obedecem às regras senão quando já estão quase com 7 anos. (Beard, 1978). É o período em que as crianças desenham, brincam de faz-de-conta e se reconhecem no espelho. O terceiro, e último, grande estagio é o Operatório (7 a 12 anos), é a conquista da organização lógica, do pensamento que permite chegar a verdade sem contradições. "Quero ser criança ate o final: a criança é a fase criadora por excelência" (Piaget apud LIMA, 1998). Como é o caso de Maisa Alves, 6 anos, apresentadora do sábado animado, no SBT, que ingressou precocemente na Televisão, e isso ocasiona um grande impacto no seu comportamento e desenvolvimento, já que ela tem acesso a mais informações do que é capaz de processar, lhe dando um sensação de prepotência maior do que é da própria idade, numa situação de inversão, já que a criança passa a ser a própria provedora afetando drasticamente a sua subjetividade. "Eu sou apresentadora de primeira classe", Maísa, 6 anos (Jornal O Povo de 29/08/2008 - artigo L?enfant Terrible). Embora essa exposição seja na televisão, não deixa de ser uma exploração do trabalho infantil, vimos que a criança não possui estrutura psicológica para a grande competição do mundo contemporâneo. É necessário repensar as relações dos adultos com a infância.
"Eles precisam se recolocar no papel de autoridade e de interdição,atuando monitores de passagens etárias, e, assim, precisam apresentar às crianças a cultura e as regras sociais de maneira gradativa, incluindo-as como seres participantes de seu conhecimento, e não apenas como consumidores de bons espetáculos" (Revista Projetos Escolares em 05/09/2008. Precocidade Infantil. Gisele Wayskop, Socióloga).
"A Bettina foi uma surpresa. Tenho um filho mais velho que eu sempre vesti do jeito que eu queria. Mas ela mostrou opinião própria muito cedo" conforma-se a mãe, a empresária Daniela Maia,mãe de Bettina, de quem, piscou o olho, a menina toma emprestados sapatos de salto e batom. Pois é: por mais que os pais fiquem de cabelo em pé com a precocidade acelerada (embora mamãe seja, na maioria das vezes, a fonte inspiradora, e papai babe de orgulho de sua bonequinha), as meninas estão exibindo traços de adolescentes cada vez mais cedo, num movimento incontrolável estimulado pela televisão e cultivado pela interação nos grupos que freqüentam" (Revista Veja em 01/11/2006 - Nascidas para se maquiar, Laura Ming).
"A relação do adulto com a criança é sempre opressora mesmo que esta não seja a intenção" (Piaget, apud Lima, 1998: 52).. Ela é minha Barbie grande, quando ela passa por mim e eu digo:- Borboletinha da mamãe! É para sorrir. Se eu falo:- Princesinha da mamãe! "É para encolher a barriga e arrumar a postura." (Dani, mãe de Natalia, 3 anos, miss mundo em entrevista a Revista Veja em 16/09/2008 no artigo A menina mais bonita do mundo de Sandra Brasil). É impossível verificar nos dias de hoje certa passividade dos pais em relação ao comportamento exageradamente precoce dos filhos. Criança tem que ser criança! Viver o lúdico, usar a imaginação para assim se desenvolver tanto no aspecto psicológico como no motor. Para que elas resgatem o prazer da vida que é a arte de brincar, e para isso temos que resgatar a infância, incentivar as crianças a brincar e mostrar o quanto é bom e prazeroso. O brincar é vital para o desenvolvimento do potencial de todas as crianças. As vivencias lúdicas trabalham ao mesmo tempo a motricidade, a atenção, a memória, o raciocínio, a criatividade, a aprendizagem, a ansiedade, a organização espacial, e a coordenação motora. Vemos que a função do brinquedo é muito importante para a criança porque assim, ela pode usar a sua imaginação, brincar com as outras crianças. É através disso, que ela aprende regras, a respeitar os outros, a ter limites.
"Apesar de a relação brinquedo-desenvolvimento poder ser comparada à relação instrução-desenvolvimento, o brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntarias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas, tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brincar. Somente neste sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança." (Vygotsky, 1994:135
Nós, como estudantes de pedagogia, tivemos a oportunidade de compreender a importância do brincar como uma das estratégias para a construção da subjetividade da criança, no contexto da cientificidade.



Conclusão
Considerando-se que o relacionamento da criança nos seus primeiros anos de vida, com os adultos que a cercam tem decisiva influência em seu equilíbrio emocional futuro. É preciso o respeito às características de cada faixa etária em suas diferenças individuais, seus direitos e necessidades, para que a ludicidade seja compatível com a necessidade básica que a criança tem de brincar, fazendo com que todas as atividades sejam pontos de prazer e alegria. Devemos ter cuidado para que as crianças sejam atendidas em todas as suas necessidades básicas de segurança, afetividade, lúdico e satisfação em sua curiosidade natural. Entendemos por subjetividade a formação do mundo interno da criança em seus primórdios, através do mundo externo e dos vários fatores que a influenciam. A precocidade excessiva sem a orientação dos pais e os estímulos corretos afeta diretamente na construção dessa subjetividade. Concluímos que embora a precocidade tenha sido explorada de forma negativa, a intenção do nosso trabalho é auxiliar os pais e educadores a usar os estímulos corretos em cada fase da criança para que futuramente se tornem adultos resolvidos.



Referências

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http://veja.abril.com.br/011106/p_110.html, Nascidas para se maquiar. Laura Ming
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Subjetividade, Subjetividade. acesso 19/08/2008.
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VYGOTSKY, L.S. A formação Social da Mente: O desenvolvimento dos processos Psicológicos Superiores. Tradução de José Cipolla Neto, Luis Silveira Menna Barreto e Solange Castro Afeche ? 5ª edição. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
VYGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich e LEONTIEV, Alex N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução Maria da Penha Villalobos. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de São Paulo, 1998.
WAYSKOP, Gisele. Precocidade Infantil. Revista Projetos Escolares: Educação Infantil. Ano 3, nº 29, 2007.



Agradecimentos
Gostaríamos de agradecer à professora Dra. Helena Cláudia Frota de Holanda que nos orientou neste trabalho com muita paciência e dedicação. Agradecemos também aos nossos familiares pela paciência que tiveram conosco. E a Deus que foi, é e sempre será nosso sustento.