A INFLUÊNCIA DA INTERNET NO ENSINO FUNDAMENTAL:
OS IMPACTOS NA PRÁTICA DO ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA

Identifica na bibliografia a visão de profissionais e pensadores de diversas áreas associadas à Educação sobre os impactos da Internet no ensino de Língua Portuguesa, principalmente, no Ensino Fundamental, e evidencia que apesar das negativas influências que uma tecnologia pode causar inicialmente, a Internet contribui para a formação do discente que precisará estar conectado desde muito cedo com essa nova modalidade de comunicação para sua sobrevivência no mercado de trabalho. Contextualiza o Ensino Fundamental dentro de uma sociedade contemporânea abordando temas como os aspectos legais, sociais e familiares, além de delimitar a idéia de Língua Materna, tecnologia e Internet. A seguir, descreve os aspectos desfavoráveis e favoráveis ao uso da Internet em relação ao ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. Expõe uma nova possibilidade de entender a escrita na Internet como um novo gênero textual. Conjectura sobre o futuro dessa criança na Era Virtual. Para encerrar, oferece uma nova abordagem para o docente no ato de ensinar e estratégias para o discente no ato de aprender. O esforço praticado por mestres na compreensão desse fenômeno dará a este, a possibilidade de continuar a exercer sua cidadania, e ao discípulo, a possibilidade de iniciá-la plenamente. Artigo apresentado para a obtenção do titulo de Especialização em Metodologia de Ensino de Língua Portugesa - Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2009.

1. INTRODUÇÃO

"A Educação é um processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor integração individual e social", segundo definição do Dicionário Aurélio. Levando em consideração essa função de propiciar ao homem a oportunidade de se adaptar e transformar o ambiente em que vive, não seria possível conscientizá-lo, durante todo processo escolar, começando pelo Ensino Fundamental, para a necessidade de identificar as diferentes formas de comunicação e que cada estilo tem um espaço social diferente?

A constante preocupação com a possibilidade da língua materna perder o seu valor ou suas qualidades intrínsecas devido aos modismos das novas gerações, vêm reforçando uma imagem negativa quanto ao uso da língua materna. A supervalorização da língua formal em uma idade (fase das operações concretase formais) onde a necessidade de ser inovativo é inerente a curiosidade da criança e a insistência de ignorar essa necessidade está limitando e prejudicando o ensino da Língua Portuguesa na sua fase de fundamentação.

Em 1997, quando o Ministério da Educação e Desporto elaborou os Parâmetros Curriculares Nacional tinha como meta ajudar "o aluno a enfrentar o mundo atual como cidadão participativo, reflexivo e autônomo, conhecedor de seus direitos e deveres" (1997, p. 4). É óbvio quais são os deveres, mas será que cabe a nós definirmos "todos" os direitos sem levarmos em conta as necessidades desses aprendizes? No PCN volume 2, dedicado a Língua Portuguesa, também se verifica: "Não se trata de ensinar a falar ou a fala 'correta', mas sim as falas adequadas ao contexto de uso" (1997, p. 20). Por isso, cabe refletir sobre os direitos dos pequenos alunos, considerar suas necessidades humanas e históricas, inserir essas necessidades no processo de aprendizagem e ajudá-los a identificar o contexto e qual a linguagem mais adequada para cada momento.

O PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação – menciona que "reconhece na educação uma face do processo dialético que se estabelece entre socialização e individuação da pessoa, que tem como objetivo a construção da autonomia, isto é, a formação de indivíduos capazes de assumir uma postura crítica e criativa frente ao mundo" (2007, p. 5). Sendo assim, o sistema educacional deve considerar todos os aspectos socio-linguísticos que o momento apresenta como oportunidade de abordá-los em sala de aula e definir seus limites e contexto de atuação. Resistir aos "dialetos das relações virtuais", por exemplo, não vai impedir que os jovens os usem. Muito mais eficaz é trazer essa parte da realidade para sala de aula e contextualizar esse evento. Dar aos aspectos diversificados da língua escrita e oral seu papel na história daquele momento da sociedade.

Considerando o trabalho exaustivo dos teóricos da educação para compreender o momento histórico em que vivemos, é importante reconhecer que o ensino da língua materna está diretamente associada a Era da Informação ou Era Virtual. O que é informação sem linguagem? A compreensão da importância de se criar uma base sólida do processo de comunicação através do ensino da língua materna dará tanto aos docentes quanto aos discentes a certeza de que o que se está desenvolvendo naquele momento é para toda uma vida como ser social e livre para fazer as escolhas que sua capacidade intelectual o permitir.

Como dizia Paulo Freire, "A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda," (FREIRE apud BARRETO) fez-me refletir como eu poderia contribuir para identificar a importância do ensino de Língua Portuguesa na Era da Informação e entender que as variações linguísticas, como as provocadas pelo uso da Internet na escrita, mesmo sendo consideradas negativas ao ensino de Língua Portuguesa podem ser analisadas e interpretadas/compreendidas não somente pelos pesquisadores mas também pelos próprios alunos em sala de aula. As reflexões sobre este tema são úteis para os profissionais de ensino em geral, escolas e instituições de pesquisas educacionais que buscam alternativas ou outros pontos de vista para contornar as dificuldades que a escrita vem sofrente com o estilo de linguagem usado na Internet.

Foram pesquisados os impactos que a Internet exerce sobre os discentes do Ensino Fundamental e sua influência sobre a aprendizagem da Língua Portuguesa. Os aspectos mais relevantes foram:

1) Identificar os aspectos favoráveis e desfavoráveis que a Internet vem causando na aprendizagem de Língua Portuguesa.

2) Compreender como o uso da Internet está contribuindo para o aumento da prática da escrita e da visão macro do mundo do discente.

3) Demonstrar a importância de contextualizar o ensino formal e informal de Língua Portuguesa na fase inicial do processo de formação do futuro profissional para a Era Virtual.

4) Traçar estratégias onde o ensino de Língua Portuguesa e as variações linguísticas causadas pela Internet sejam ensinadas como parte natural do processo de aquisição de conhecimento e desenvolvimento de competência e habilidades no discente como base para garantir sua empregabilidade.

Foram realizadas pesquisas bibliográficas, com diversos teóricos, na área de pedagogia, psicologia, linguística e sociologia. Além disso, foram feitas pesquisas na Internet e revistas especializadas. As fontes pesquisadas foram livros, monografias, teses, artigos, entidades coletivas, órgãos públicos.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Ensino Fundamental

2.1.1 Aspectos Legais, Sociais e Familiares

Podemos compreender o Ensino Fundamental se refletirmos sobre as leis que regulamentam essa etapa do aprendizado dentro de um contexto socio-cultural e, levando em consideração a transformação do sistema familiar como esteio para a criança que irá iniciar o seu processo de construção como ser social e individual dentro do ambiente escolar.

O Ensino Fundamental tem uma duração estimada de 8 anos, sendo a segunda fase da Educação Básica. Os discentes, normalmente em torno de 6 ou 7 anos, iniciam uma fase mais estruturada do aprendizado escolar. Nesta fase segundo a Lei de Diretrizes e Bases, Art. 32°, Inciso I a IV descreve como objetivos a serem alcançados:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Atualmente a sociedade está passando por intensas mudanças em todas as suas vertentes. A tentativa de se ajustar as mudanças econômicas local e global faz a política educacional alterar suas leis regulatórias constantemente para serem capazes de incluir os que ficam excluídos com as mudanças causadas pelos avanços tecnológicos, mudanças dos perfis profissionais, extinção de profissões, etc. Como reflete Petrini (2005, p. 20):

Trata-se de mudanças profundas e permanentes, que dizem respeito à atividade produtiva e à organização do trabalho, aos processos educativos e de comunicação até a socialização das novas gerações, ao universo de valores e critérios que orientam a conduta no quotidiano.

Esse universo em constante mutação está afetando não só as estruturas sociais mas também as familiares. A abertura do mercado de trabalho para as mulhres retirou do lar a "orientadora" que as crianças tinham para disciplinar suas impulsividades. Petrini (2005, p. 21) também destaca essa mudança no sistema familiar:

Essas mudanças, concentradas e aceleradas, repercutem significativamente na vida familiar, desde a concepção de masculinidade e feminilidade e a forma de compreender a sexualidade e a relação entre os sexos, até a maternidade e a paternidade, a relação entre as gerações, principalmente no tocante à atividade educativa e de socialização.

Assim, podemos posicionar o Ensino Fundamental no centro desse contexto de mudanças sociais e familiares. A criança inicia a partir do Ensino Fundamental um processo educacional onde passará a ser avaliada pela sua capacidade intelectual de domínio do conhecimento transferido a ela. A escola na busca por ajudar a essa criança a se adaptar, busca reajustar sua metodologia e seus currículos aos novos perfis profissionais, as demandas de mercado, e a estrutura descentralizada da família. Assim, é proposta da escola preparar essa criança emocional e intelectualmente para atuar em um futuro próximo como um profissional em uma sociedade que talvez seja completamente diferente da que a está orientando agora. O Ensino Fundamental pode oferecer aos futuros jovens a possibilidade não somente de aquisição do conhecimento acumulado ao longo dos milênios, mas também desenvolver neles a habilidade de lidar com um grande acervo de informações online, ter flexibilidade de se abrir para o novo a todo momento, confiar na sua criatividade e visão de futuro, e incorporar o "como aprender" como um processo para toda a vida.

2.1.2 Língua Materna

Como vimos, o Ensino Fundamental será o primeiro contato que a criança terá com o "trabalho organizado", a "coletividade" e a noção de que os seres são diferentes, ou seja, tem diferentes potencialidades. Nesta fase onde a avaliação é parte do processo avaliativo, a criança irá se comparar aos demais colegas e buscar sua autoidentidade.

A necessidade que a criança terá de se comunicar e se fazer entender será primordial para seu desenvolvimento cognitivo. Para Piaget a criança a partir dos 7 anos inicia o Estádio das Operações Concretas quando começa a deixar de ser apenas sonhadora para começar a ver a realidade que a cerca, diferenciando os sonhos da realidade (PIAGET apud PAPALIA, 2003). É nesta fase que precisamos delicadamente introduzir à criança a realidade dos fenômenos linguísticos.

A língua materna é o meio pelo qual a criança terá acesso as diversas áreas do conhecimento. A tomada de consciência da importância da língua materna no contexto escolar foi motivo de um trabalho científico conduzido por três professoras em Lisboa, Portugal, entitulado "A Língua Materna na Educação Básica: competências nucleares e níveis de desempenho", onde mais uma vez busca dar ao tema o seu valor intrínsico ao aprendizado:

Dado o papel que a linguagem desempenha na comunicação e na veiculação das aprendizagens (escolares e não escolares), a estimulação linguística é pedra basilar no crescimento do sujeito. Para além do domínio implícito da língua, as aprendizagens escolares, particularmente a mestria da leitura e da escrita, implicam formas de apreensão do conhecimento que mobilizam um conjunto de processos cognitivos conducentes à consciencialização do conhecimento já implícito e à análise e explicitação de regras, estratégias e técnicas que devem ser objecto de um ensino sistematizado, rigoroso e cuidado por parte da escola. (1997, p. 36)

Conscientes do papel da língua materna no processo ensino-aprendizagem, outro aspecto vem a ser ressaltado que são as variações linguísticas. "Em qualquer comunidade linguística circulam variedades geográficas (diatópicas), sociais (diastráticas) e situacionais (diafásicas) diferentes" (SIM-SIM, 1997, p. 36). Independente do grau de complexidade das variações linguísticas, elas existem e precisam ser abordadas no início do Ensino Fundamental para ajudar a criança a assimilar os diferentes estilos de comunicação oral ou escrita, formal ou informal, e mais recentemente, o "dialeto virtual"[1].

2.1.3 Tecnologia e Internet

As mudanças sempre alteram o curso da história. Já comentamos sobre o impacto de algumas mudanças na vida social e educacional da criança, e não podemos deixar excluído a mudança tecnológica e seu impacto na vida educacional. A professora Maria Teresa de Assunção Freitas em seu artigo "Da Tecnologia da escrita à tecnologia da Internet" comenta que "... os computadores pessoais que transformaram a informática em um meio de massa para a criação, comunicação e simulação" (2006, p.14). Com o uso do computador, a criança está modificando o seu processo de aprendizagem da comunicação escrita e até oral quando criou um estilo de se comunicar oralmente através da Internet usando a escrita.

Para os que não aceitam as mudanças trazidas pelo computador e a Internet ou resistem a elas, Lévy (1996) diz:

(...) que considerar o computador apenas como um instrumento a mais para produzir textos, sons ou imagens sobre um suporte fixo equivale a negar sua fecundidade propriamente cultural, ou seja, o aparecimento de novos gêneros ligados à interatividade. (...) Na tela do computador o leitor seleciona um texto que reside numa reserva de informação possível e faz uma edição para si, uma montagem singular. Nesse sentido, seu ato de leitura é uma atualização das significações de um texto, já que a interpretação comporta também um elemento de criação pessoal. Enfim, o suporte digital está permitindo novos tipos de leitura e escrita. Pode-se até falar de uma leitura e escrita coletiva. (LEVY apud FREITAS, p. 17)

Não tem como ignorar as alterações no processo de ensino-aprendizagem causados pelo advento da informática. Mesmo que esse advento não seja inclusivo e invoque diversas questões políticas-educacionais, ainda sim é um fato real e irreversível. Tanto o computador quanto a Internet estão ou estarão na vida dos futuros educadores e educandos. É proposta desse trabalho de conclusão de curso identificar os aspectos favoráveis e desfavoráveis do uso da Internet no Ensino Fundamental e possíveis alternativas de implementar ações produtivas para estimular o ensino de Língua Portuguesa.

2.2 Os Impactos da Internet na Prática do Ensino de Língua Portuguesa

Questiona-se se a tecnologia realmente ajudou no processo ensino-aprendizagem. Muitos dizem que sim, outros advogam que não. Mas o fato é que os jovens adotaram essas tecnologias e fazem uso constante delas. A mais recente e polêmica tecnlogia para o meio educacional é o uso da Internet. Pesquisam evidenciam que 13,9 milhões de estudantes acessam a Internet e 24,1% dos usuários da Internet entre 10 a 17 anos de idade utilizaram a rede pelo menos uma vez por dia (IBGE, 2005)[2]. É inevitável o uso do computador e, recentemente, computador significa apenas um meio para ter acesso a Internet e tudo que essa rede oferece ao usuário.

Ao refletir sobre o impacto da Internet no ensino da Língua Portuguesa, tomou-se como base que "a finalidade do ensino de Língua Portuguesa é a expansão das possibilidades do uso da linguagem, assume-se que as capacidades a serem desenvolvidas estão relacionadas à quatro habilidades linguísticas básicas: falar, escutar, ler e escrever" (PCN-LP, 1997, p. 30). Essas habilidades quando desenvolvidas deveriam auxiliar a esse ser a possibilidade de interagir em diferentes ambientes sociais, utilizando tanto da linguagem oral quanto da escrita de forma significativa e coerente, possibilitando o êxito em sua forma de se comunicar. Cabe agora analisar até que ponto a Internet está impactando no desenvolvimento dessas habilidades linguísticas associadas a capacidade de socialização.

2.2.1 Aspectos Desfavoráveis

O uso da Internet por crianças tem potencial para prejudicar o desenvolvimento emocional e psiquico da criança. No artigo "Aspectos Negativos da Computação na Educação", os pesquisadores baseados na Pedadogia Waldorf analisa o impacto causado pela Internet no processo de formação da criança. Citam que "a Internet usada educacionalmente introduz a uma espécie de educação libertária, onde o aluno tem liberdade para acessar informações que podem ser impróprias para sua maturidade e ambiente" (NOGUEIRA, p.2), e como consequência temos:

A liberdade exagerada e necessidade de autocontrole forçam as crianças e os jovens a se comportarem com maturidade o que tende a induzi-los a serem adultos aleijados emocional e psiquicamente.(...) muita liberdade cedo demais tende a produzir adultos inseguros e desrespeitosos.

Outros aspectos a serem considerados são comentados por Ellen Seiter (2005) quando as crianças usam a Internet para ajudar nas pesquisas escolares. A Internet se transformou em um mercado online, e seus usuários, os potenciais consumidores. As crianças – grandes adeptos dessa tecnologia por conseguirem desenvolver habilidades para navegar facilmente sem a ajuda de um instrutor – usam-na intensamente para fazer downloads de figuras, jogos e vídeos. Crianças e jovens tornaram consumidores potenciais, e assim, o uso da Internet passou a ser uma fonte de distração e a criança perde facilmente o foco da pesquisa devido ao excesso de marketing contido nos sites. Também foi observado que as crianças ao usarem o computador perdem o contato visual com os demais, o que a longo tempo pode afetar a vontade de interagir em grupo, principalmente nos ambientes escolares onde a criança pode se sentir desconfortável.

Na pesquisa realizada pela psicopedagoga Magalis B. D. Schneider (2005) com alunos de 8 a 12 anos de idade, pode-se constatar que:

(...) nos e-mails que recebi alguns constavam de erros de ortografia na escrita, principalmente com aqueles alunos da 2ª série. Como bem analisa Chartier (2001) em sua afirmação que "...a correspondência eletrônica introduz uma negligência formal, ortográfica e gramatical, muito perigosa para as línguas...". Assim, pude comprovar que a escrita eletrônica dos meus alunos, estava cheia de códigos, ou seja, com abreviações. As mais utilizadas foram d+ (demais), vc (você), bj (beijo) e pq (porque).

A escrita na Internet seja nas salas de bate-papo seja nos envios de e-mails pelos alunos registra-se a ocorrência de abreviações, símbolos, etc. Os alunos sabem que não devem fazer isso em ambiente escolar, mas muitas vezes os hábitos adquiridos se tornam tão automáticos que eles escrevem "errado" sem se dar conta, como cita um aluno em uma sala de chat[3]: "Rolls: a todo mundo escreve HERRADO", se referindo a maneira que se escreve na Internet. O próprio aluno reconhece que às vezes se confunde: "Rolls: otro dia já ia botando Rolls na minha prova." Ou seja, quando deveria escrever seu nome ao invés do nickname. Mais adiante no diálogo quando a interlocuta pergunta se ele escreve na aula do mesmo jeito que na Internet, Rolls responde: "não até aki não". Claro que existe alunos que o fazem, mas cabe aqui refletir por que alguns fazem e outros não?

Nicolaci-da-Costa (2005, p. 6) também descreve alguns efeitos do uso dos canais de chats e e-mails:

"Caracterizavam-se também por aquilo que chamei de estilo on-line de escrita, um estilo abreviado, econômico, objetivo e, acima de tudo, espontâneo (o que, consequentemente, gerava muitos pequenos e grandes erros ortográficos ou gramaticias). Embora adquiridos on-line, esses usos também cruzabam a fronteira entre o virtual e o real e passavam a influenciar os empregos de linguagem off-line.

Apesar das pesquisas ainda não serem conclusivas sobre os impactos desfavoráveis causados pelo acesso a Internet no desenvolvimento cognitivo da criança, professores e psicopedagogos continuam pesquisando esses efeitos em sala de aula. No livro "In Bringing the Internet to the School", as pesquisas que duraram cinco anos alertam para um importante aspecto:

Second, the kinds of use students made of the Internet and the goals they and their teacher had for such use varied tremendously. Some students used it to communicate with peers and others outside their schools; others used it as an information archive; still others focused on activities such as producing home pages on the World Wide Web. Experiences so different are likely to have quite different outcomes. (SCHOFIELD, 2002, P.226)

Portanto, fica claro que o uso que se faz da Internet poderá ser favorável ou desfavorável. Cabe aos pais e professores – orientadores – alertar para as ciladas da Internet, porque apesar de aprenderem a manuseá-la sozinha, a maioria das crianças não tem maturidade para descobrir por si mesma as manipulações utilizadas pelo marketing ou serem capazes de controlar a compulsividade pelo entretenimento.

2.2.2 Aspectos Favoráveis

Atualmente, é imprescindível o domínio da tecnologia e da Internet como fatores essenciais para a adaptação do futuro jovem no ambiente profissional como destaca a psicopedagoga Drª. Leny Magalhães Mrech (2008):

Com a criação da rede de computadores, e principalmente da Internet, não basta apenas o sujeito aprender a lidar com as informações mais gerais. É preciso aprofundá-las, decodificando-as em toda a sua complexidade. Isto porque agora o sujeito está sozinho frente ao processo de transmissão e produção/reprodução das informações.

Por isso, Sugere-se que ao buscarmos aspectos favoráveis ao uso da Internet, estejam – os professores – buscando motivações que os ajudem a superar suas resistências como educadores em prol de ajudar aos educandos a melhor se adaptar a um futuro imprevisível. Assim, como ressalta Drª Leny, a necessidade de trasmitir, produzir e reproduzir as informações e, devo complementar, através da tecnologia principalmente, será uma habilidade necessária até na mais simples atividade humana, como por exemplo um porteiro que agora precisa aprender a lidar com uma enorme quantidade de equipamentos eletrônicos (videocâmera, painel eletrônico, etc.).

Há aspectos motivadores associados à Internet como os pesquisados pela professora da UFJF, Maria Teresa de A. Freitas, em entrevista à Veja (2009)[4] onde constatou que a Internet está levando ao adolescente a ler e a escrever muito mais. Prof. Maria Teresa, ainda diz: "Isso (Internet) é capaz de aproximar o adolescente da literatura. Há sites em que eles escrevem poesia, até de modo coletivo, e outros onde podem baixar e-books". Para Maria Teresa (2006, p.16) "O leitor em tela é mais ativo que o leitor em papel". O que pode estar mais em sintonia com o atual ritmo da sociedade da informação, possibilitando ao leitor uma leitura mais dinâmica e rica de informações adicionais, ao invés de restrita ao conteúdo de uma página de livro.

Para o linguísta Sérgio Roberto Costa, os hipertextos também contribuem para as práticas de letramento:

É um novo espaço cibernético interativo 'invadido' por crianças e adolescentes, que passam horas e horas frente à tela do computador, divertem-se com jogos, desenhos, editam textos e, mais do que tudo, navegam na Internet lendo e, principalmente, escrevendo. São formas de leitura e escrita com características próprias e específicas. Leitor e autor se confundem nos hipertextos. Oralidade e escrita se 'dissolvem' nas salas de bate-papo (chats), por exemplo. (FREITAS & COSTA, 2006, p. 20)

Costa também comenta que historicamente a mudança da fase oral para a escrita beneficiou o acúmulo do conhecimento para a posteridade, já que a morte de um mestre não permitiria que o seu saber morresse com ele. E, neste momento da contemporaneidade, a Internet vem não somente preservar o conhecimento da humanidade, mas também disponibilizá-la a todos coletivamente. Ele também cita, "Na sociedade ciberespacial, (...) há o reencontro da comunicação viva, interativa, direta, contextualizada da oralidade, embora a situação e o contexto de produção comunicativos sejam mais complexos, devido ao caráter coletivo".

Como o processo de aprendizagem é diferente para cada criança, muitas delas necessitam de mais tempo para a retenção da informação ou de diferentes abordagens. Um fator interessante relatado por Ellen Seiter (2005) é que o processo de aprendizagem de uma linguagem ou programa de computador se dá, pelas crianças, na forma de tentativas e erros. Elas também se interessam em ensinar outras crianças a resolverem seus problemas de computação. Se isso significar que a criança possa ser mais tolerante consigo mesma e aprender em seu próprio tempo sem a censura ou pressão de um professor, poderá ser benéfico para o processo cognitivo da criança. Além disso, é estimulante o processo de aprendizagem seja de português, ou mesmo de outra disciplina, quando a criança está fazendo isso em um computador

Using the Internet as a source of information on sports, music, TV, and film drew the Washington (school) students into participating in what was essentially a writing program. In the long run, our lessons about writing and about image making were more valuable than the lessons about computers, but the computers are what got the children there in the first place. (SEITER, 2005, p.103)

Em projetos longos como os realizados pelas psicóloga Janet Ward Schofield e a educadora Ann Locke Davidson onde a Internet foi introduzida como parte integral do processo ensino-aprendizagem em sala de aula, pode-se destacar aspectos positivos como: aumento da motivação e participação prazerosa nas atividades, aumento na qualidade dos trabalhos desenvolvidos, informações sobre possíveis carreiras e oportunidades de trabalho, melhoramento das habilidades de leitura da língua materna e línguas estrangeiras. Além disso, a possibilidade de socialização não somente com os alunos da sua comunidade, mas com o mundo:

In social studies we learned about the world... (The Internet) took us to different places, and it helped us like picture… picture in our minds about… places… It helped us picture in our minds… how different people live on the earth. (SCHOFIELD, 2002, p. 246)

Não basta somente ensinar uma língua materna, se não der a criança a idéia que o mundo é maior que a comunidade em que ela vive. Desde muito cedo, a criança deveria perceber que o seu mundo não terá fronteiras, e que muito além de aprender sua língua, precisará ser capaz de estar conectada com um número cada vez maior de línguas e encontrar uma forma de se comunicar com elas.

2.3 Escrita e Internet: Novo Gênero Textual

Os desafios encontrados no uso da Internet que estão influenciando as crianças em seu aprendizado da leitura e escrita são irreversíveis. Mas isso não significa que seja inatural. Como analisa Costa (2005), talvez seja parte da evolução dos gêneros textuais que cada período da história traz como reflexo da necessidade de interação entre leitor e escritor. Assim como a língua materna surgiu como um meio de comunicação nas sociedades primitivas e foi evoluindo com a escrita e a imprensa, surge agora uma nova necessidade de comunicação oral e escrita:

Em síntese, são novos processos de produção e construção (hiper)textual que, certamente, nos levam a reler, a pensar os conceitos de texto, a repensar trabalhos de análises e interpretações textuais, em nível micro ou macro, envolvendo as noções de coesão/coerência, etc., com implicações didático-pedagógicas no ensino/aprendizagem da oralidade, da leitura e da escrita. (FREITAS & COSTA, 2005, p. 37)

Segundo Richardson, ler e escrever na Web promete transformar tanto como os professores ensinam quanto como os estudantes aprendem. Como aprendizes não estaremos mais limitados a sermos leitores independentes ou consumidores de informação. Nós poderemos ser colaboradores na criação de uma grande rede de informação. Gilmor (2005) acrescenta que talvez essas mudanças só sejam compreendidas em um futuro próximo: "the people who'll understand this best are probably just being born" (apud RICHARDSON, 2006).

Voltamos a Costa (2005, p. 41) que reconfirmar a visão de leitor para o futuro:

(...) a fronteira entre leitor e escritor torna-se imprecisa, pois o leitor-navegador não é um mero consumidor passivo, mas um produtor do texto que está lendo, um co-autor ativo, leitor capaz de ligar os diferentes materiais disponíveis, e escolher seu próprio itinerário de navegação, que também pode trazer seus problemas decorrentes da sobrecarga exigida (...) stress cognitivo.

Se a mudança é inevitável, cabe à nós reinventar nossa visão de ensino da língua materna de forma a ajudar aos futuros leitores alternativas para evitar o estresse cognitivo que será a grande barreira na ânsia pelo saber. Espera-se que haja essa ânsia pelo saber e que possamos encontrar formas didático-pedagógicas para auxiliar esse novo processo de criação de textos e interação oral-escrita via Internet.

2.4 O Futuro da Criança na Era Virtual

A criança está pronta para interagir com o mundo de uma forma mais independente. A partir dos 11 anos, entrando nos 4 anos finais do Ensino Fundamental, a criança passa a ser denominada adolescente e entra na fase das Operações Formais (PIAGET apud PAPALIA, 2003) e desenvolve a capacidade de pensamentos abstratos. Nesse estádio o adolescente pode entender e apreciar metáforas e começa a apreciar literatura e suas diversas interpretações. Adolescentes nesse estádio utilizam o que aprendem para fazer planos para o futuro. A mudança de visão de mundo está presente em sua forma de se expressar e perceber o que ocorre ao seu redor. A necessidade de se ter contribuido para a percepção do que é importante para o futuro desses adolescentes é a chave para o sucesso na segunda fase do Ensino Fundamental. O desenvolvimento de competências e habilidades através de eficientes métodos de como aprender já devem ter sido incorporados por estes, esperando apenas a oportunidade para serem colocados em prática.

Diante do novo que nos circunda e se projeta num futuro cada vez mais rápido e mais próximo, precisamos adotar uma perspectiva aberta e positiva. Não se trata de uma postura ingênua e acrítica de passivos consumidores, mas frente aos atuais computadores, processadores de textos e canais eletrônicos de comunicação, como a Internet, precisamos nos colocar numa atitude de busca de conhecimento que leva à compreensão de suas possibilidades. (FREITAS & COSTA, 2005, p.16)

Essas "possibilidades" podem estar relacionadas não somente ao uso da Internet no processo ensino-aprendizagem, mas também a influência que a Internet está tendo sobre a psique desses adolescentes.

Era evidente que haviam também absorvido a nova lógica da rede. Uma lógica de excessos, agilidade, integração, relativização e expertise jovem. Uma vez absorvida, essa lógica era transportada para o mundo off-line e produzia profundas alterações também nos modos de agir e de ser desses sujeitos. (NICOLACI-DA-COSTA, 2005,
p. 6)

Ressalta-se que não é com o objetivo de crítica que se analisa o efeito da Internet na psique humana, mas de constatação de uma mudança. Nicolai-da Costa (2005) ainda comenta que a Internet está causando impacto em toda a sociedade e, isso independe de ser usuário ou não: "(...) tantos os primeiros (usuários) quantos os últimos (não usuários) sofrem os efeitos das profundas alterações introduzidas pela internet no mercado de trabalho, na circulação do capital, no exercício da cidadania, no acesso à informação na educação, etc." (p. 2)

Dar à criança a possibilidade de paulatinamente, desde os primeiros quatro anos do Ensino Fundamental, conhecer as ferramentas que a auxiliarão em sua busca por conhecer o mundo e a si mesma é construir um cidadão consciente de suas possibilidades. Nos últimos quatro anos do Ensino Fundamental, a criança-adolescente poderá juntamente com o seu mestre, entender que uma ferramenta de pesquisa, como a Internet, interfere tanto nas habilidades que precisará desenvolver (digitação) quanto na sua personalidade (no seu modo de ver e interagir como mundo). E isso não está destacado da língua materna, como bem destacado no artigo de Nicolaci-da-Costa (2005, p. 8), "Um outro resultado bastante consistente refere-se ao poder da escrita na comunicação online. De fato, a comunicação por escrito, (...), mostrou-se tão prazerosa, criativa e poderosa (...)."

Voltamos ao Plano de Desenvolvimento da Educação somente para fechar o desejo que se tem de oferecer à criança uma "(...) formação de indivíduos capazes de assumir uma postura crítica e criativa frente ao mundo." (2007, p. 5) Não se pode fazer isso excluindo a criança do direito de conhecer e usar as ferramentas que serão seu "amigo" ou "inimigo" no futuro – a Internet.

Como a própria fase do ensino já deixa evidente – Ensino Fundamental – deveria ser a fase onde ainda é mais fácil estimular, instruir, elaborar, criar na criança-adolescente padrões de comportamentos que a auxilie em sua fase pós-adolescente.Quaisquer que sejam as realidades sociais, é começando cedo que muitos têm a oportunidade de desenvolver habilidades e competências que vão lhes assegurar uma vida profissional satisfatória. E é o uso do computador juntamente com a Internet que será a tecnologia que desafiará o jovem ao ingressar no mundo profissional. Will Richardson (2006) nos alerta da necessidade de prepararmos nossos estudantes não somente para serem além de leitores e escritores, mas também editores e colaboradores. Isso porque no futuro, o mercado de trabalho vai necessitar de profissionais que interajam via internet: conferências virtuais, todos os tipos de correspondências via e-mail, colaboração em reuniões ou tomada de decisões virtuais. Isso tudo acontecendo sem nunca terem se visto pessoalmente. Creio que isso responde a questão fundamental deste trabalho sobre a importância do ensino da Língua Portuguesa como meio de interação no mundo virtual.

2.5 Estratégias para o Ensino da Língua Portuguesa e o Uso da Internet

Entre as diversas dificuldades associadas ao ensino da Língua Portuguesa, acredita-se ser necessário adicionar as questões referente ao uso da Internet e seus impactos no processo ensino-aprendizagem. Como contornar os aspectos desfavoráveis trazidos por essa prática pelos alunos-internautas? Não foi possível encontrar soluções já testadas em estudantes da nova geração, mas coloca-se algumas alternativas a serem refletidas ou testadas pelos docentes. Durante a busca literária foi possível perceber que há diferentes abordagens quanto ao docente e discente.

2.5.1 Docentes

Atualmente a necessidade de se manter atualizado é premissa para qualquer atividade. Uma mente informada é capaz de fazer conexões e buscar soluções para as dificuldades vigentes. Dificuldades que não deveriam precisar constar em leis para que incorporássemos nas nossas atividades escolares. Sugere-se que o docente também seja um agente de mudança, capaz de ousar e ser vangardista em sua área de atuação – Língua Portuguesa – e em seu espaço de trabalho – a sala de aula. Algumas sugestões são apresentadas por estudiosos seja de Linguística ou áreas afins.

Nicolaci-da-Costa (2005) sugere que analisemos as semelhanças entre as mudanças que estão ocorrendo agora com as que ocorreram no passado. Muitas delas trazem similaridades que podem ajudar a ter uma visão mais clara da direção que as mudanças estão tomando, e as soluções do passado podem ser um ponto de partida para a solução da realidade atual ou a aceitação do inevitável. Outro aspecto facilmente percebido em seu artigo é que é a confluência de várias visões que nos dá uma imagem mais objetiva da realidade, ou seja, através da perspectiva da psicologia, sociologia, filosofia entre outras que expande nossa capacidade de compreensão do mundo. São os diferentes pontos de vista que darão ao docente de Língua Portuguesa uma visão mais ampla das mudanças sociais e a flexibilidade de ir se adaptando a essas mudanças lentamente, facilitando assim a transição de uma fase do ensino para outra, baseado em novas realidades sociais.

Nicolaci-da-Costa (2005, p. 5) diz, "Sem as (mudanças) compreender, não tenho dúvidas de que acabaremos por perder o acesso àqueles sobre os quais queremos atuar." Além de entender as mudanças sociais ou tecnológicas, Nicolaci-da-Costa considera também os impactos subjetivos da Internet sobre seus usuários, "(...) o homem ou a mulher do século XXI – que pensa, age, faz uso da linguagem, relaciona-se com os outros e consigo mesmo de modos que são muito diferentes dos de seus predecessores." Assim, é vital para o docente atual entender dois pontos: (a) que a subjetividade está sendo influenciada pela Internet, e (b) como essa interação discente x internet está alterando a visão de mundo deste[5]. Somente a partir daí, poderá ser possível orientá-lo, talvez mais que ensiná-lo, a como entender a si mesmo para construir um ser preparado para o futuro como cidadão e profissional.

No artigo "Um Estudo Sobre a Reação dos Professores frente à Internet", um grupo de pesquisadores desenvolveu, como eles citam "um esforço exploratório, um olhar qualitativo em direção às atitudes de um grupo de professores em relação à Internet (...)" (p. 2). Cabe aqui transcrever parte da conclusão dessa interessante pesquisa:

Entre aqueles professores investigados (33), não encontramos indivíduos completamente integrados à ampla esfera de possibilidades da Internet. Sobre isso, é preciso observar que pode decorrer de diversos fatores, alguns efetivamente alheios a esfera da própria vontade dos professores. Além disso, é preciso destacar que os professores investigados atuavam na edcuação básica, contexto onde atualmente ocorre uma apropriação mais lenta da cibercultura, em relação à educação superior, por exemplo.

A pesquisa também não encontrou professores cujas práticas tivessem sido amplamente transformadas pela Internet. Sobre isso, dois aspectos a destacar. Inicialmente isso pode decorrer do próprio estado da arte da pesquisa e conhecimento das possibilidades da Internet na educação báscia. Nesse sentido, é preciso observar que a Internet hoje reúne tanto horizontes a serem explorados quanto territórios já conhecidos.Além disso, a educação também apresenta um horizonte cambiante, cujas teorias e práticas estão sujeitas a transformações, e nesse sentido, sempre estaremos investigando a educação que desejamos ao mesmo tempo em que buscamos em tecnologias como a Internet, caminhos para encontrar e exercer nossas melhores visões de futuro.

Atualmente uma grande quantidade de publicações e pesquisas vêm sendo realizadas e oferecidas via on-line facilitando ao docente da Língua Portuguesa uma possível interpretação por estudiosos sobre os efeitos da Internet na leitura e escrita. Freitas (1999, p. 2) sugere, "O avanço de novas tecnologias não pode ser ignorado pelos profissionais da educação (...) para compreender seu impacto no trabalho escolar." A Internet não impacta somente a vida do discente, mas pode impactar muito positivamente a vida do docente. Ela pode expandir sua compreensão e amenizar suas inquietações através do sortimento de informações de fácil acesso e custo "quase" zero. Por exemplo, o uso da Internet para pesquisar as mudanças sociais, a subjetividade do homem e mulher do século XXI, o impacto da Internet seja na leitura ou escrita, seja no comportamento do discente e quaisquer outras inquietações que porventura surjam. Por essas e muitas outras razões é recomendável que os discentes de Língua Portuguesa utilizem-se da Internet e possam vivenciar as experiências para poderem ajudar seus docentes a adminstrar o melhor possível os vícios inerentes a qualquer atividade.

2.5.2 Os Discentes

Quem são essas pequenas crianças de 5 ou 6 anos que ingressam no Ensino Fundamental? Quem são esses pré-adolescentes de 10 ou 11 anos? Quem serão esses adolescentes no final do Ensino Fundamental?

Nicolaci-da-Costa (2005, p. 11) descreve esse novo ser que surge da interação com a Internet como um ser que "Escreve artigos, escreve textos para sites, escreve e-mail, escreve blogs, dialoga por escrito e em tempo real com vários interlocurotes, constroi personagens..." Entre outras descrições, Nicolaci oferece um perfil desse "projeto de adulto" que tem como desafio a escrita e leitura no mundo contemporâneo. Ela conclui que esse sujeito tecla "(...) para se comunicar, escreve para construir personagens, escreve para informar, escreve para construir relacionamentos, escreve para registrar pensamentos, escreve para dar sentido às suas experiências múltiplas e diversificadas." E além disso, esse sujeito lê e lê muito. Lê o que escreve e lê o que o outro escreve, e dessa leitura virtual cria o hábito de ler, de saber, de estar informado.

Ao ir construindo essa imagem do discente da era virtual, Nicolaci-da-Costa (2005, p. 11 e 12) apresenta um perfil para esse ser que aqui transpomos resumidamente. Ela descreve esse discente-internauta como aquele que:

1) ... sente prazer em praticamente tudo o que faz on-line.
2) ... está disposto a experimentar novas formas de ser.
4) ... é ágil e está em constante movimento (mesmo quando seu corpo está imóvel).
5) ... por meio de sua escrita e não de seu corpo, habita vários espaços (muitas vezes simultaneamente)...
6) ... pode construir diferentes narrativas (verídicas ou não, sinceras ou não, anônimas ou não) a respeito de si mesmo.
8) ... em decorrência do retorno que recebe a partir do que escreve sobre si, submete as definições de si a um constante processo de revisão.
11) ... está tendo dificuldades para encontrar fórmulas com que se proteger dos excessos gerados por sua constante mobilidade e exposição à diversidade.
12) ... por efetuar, ele próprio, um recorte nas realidades às quais está exposto, torna-se cada vez mais singular e auto-referido.
13) ... é flexível, adaptável, inquieto e ávido de novas experiências.
14) ... conhece poucos limites para seus desejos.

Acredita-se que esse seja um perfil bem delineado para os discentes que hoje se encontram em sala de aula. Certas características, habilidades e atitudes são essenciais para a adequação desse futuro jovem como cidadão atuante na sociedade. Outras são inquietantes porque como docentes não sabemos como ajudá-los a encontrar o equilíbrio que dará a eles a possibilidade de inserção no mundo adulto. Porém, é a partir desse perfil que podemos buscar rapport e, dando um passo atrás, nos colocar no lugar dessas crianças-adolescentes e iniciarmos nossa caminhada com eles. Não baseado nos paradigmas de nossa criação e mundo, mas no mundo como ele existe hoje, com todos os seus desafios, jogos, tecnologias, e Internet.

Entre os aspectos considerados desfavoráveis, principalmente os destacados no item 2.2.1, buscou-se algumas alternativas de abordagens que pudessem auxiliar o processo ensino-aprendizagem em sala de aula no ensino de Língua Portuguesa:

2.5.2.1 Compulsividade e falta de concentração

Tanto a compulsividade quanto a falta de concentração são aspectos que vêm desafiando os docentes em sala de aula, principalmente no ensino de Língua Portuguesa devida a enorme quantidade de leitura e escrita que se exige. Mesmo com o advento da Internet que força o aluno a ler e escrever, mesmo que informalmente, ainda assim a capacidade de concentração é dificultada pelo excesso de marketing que existe na WEB e, o próximo movimento é a compulsividade de fazer outra coisa ao invés do que é necessário fazer como no caso de uma pesquisa. Assim, a sugestão para essa duas atitudes foi encontrada no livro Essential Study Skills de Linda Wong (2009) que oferece tanto ao discente quanto ao docente orientações de como conduzir esses hábitos inconstrutivos que, na verdade, foi e sempre serão um desafio para o aluno. Três capítulos do livro são indicados para ajudar ao discente a criar bons hábitos através de técnicas de estudo. Sugere-se que essas técnicas sejam praticadas em sala de aula, ou seja, incorporadas a metodologia de ensino do docente:

a) Becoming a time manager and a goal setter (p. 90). Como estudante duas ou três áreas da vida precisam ser balanceadas: escola, diversão e, para muitos trabalho (seja ajudando a família em casa, seja trabalhando fora). Aprender como adminitrar o tempo baseando-se nas metas traçadas é uma bússula para o estudante. Neste capítulo tem várias atividades que podem ser adaptadas para qualquer idade. A criança-estudante deve aprender bem cedo as técnicas de estudo para que nos primeiros quatro anos do Ensino Fundamental tenham incorporado a seus hábitos que lhe darão mais segurança nos últimos 4 anos.

b) Developing self-management skills (p.122). A auto-gerência refere-se à capacidade de usar estratégias para lidar construtiva e efetivamente com variáveis que afetam a qualidade de sua vida pessoal. O estudante aprenderá estratégias para administrar e fortalecer a sua concentração e a motivação. Também aprenderá estratégias de identificação, redução e eliminação de stress e procrastinação. Essas habilidades de auto-gestão ajudará ao aluno a focar sua atenção melhorando sua concentração e identificar seus momentos de stress que o levam a compulsivamente de buscar diversão.

c) Developing note taking skills (p. 250). Apesar dessa técnica ter sido criada para ser aplicada aos livros, uma das razões de falta de concentração na Internet é a facilidade de ir de um assunto a outro em um clique, e no final, nem se sabe qual foi o assunto que o levou a pesquisar na Internet. Apropriadamente adequada ao uso da Internet, está técnica pode dar foco a pesquisa e eliminar compulsividade de ir de uma página a outra da Web. Neste capítulo são exploradas cinco técnicas de anotação durante pesquisa, estudo dirigido, etc. Elas são "annotation, the five-step Cornell Notetaking System, two-column notes, three-column notes, and outlines".

Essas três estrategias combinadas e aplicadas em sala de aula respeitando o desenvolvimento cognitivo da criança poderá auxiliá-las a contornar sua compulsividade e falta de concentração quando estiver usando a Internet seja por lazer seja para atividades escolares. Apesar da indicação ter sido retirada de literatura inglêsa, essas mesmas técnicas de estudos saõ disponíveis em literatura brasileira.

2.5.2.2 Erros ortográficos e gramaticais em atividades escolares

Os hábitos trazidos pelo uso da Internet para a escola é um outro ponto a ser trabalhado em sala de aula. A Internet não é a única culpada pelos erros ortográtificos e gramaticais mesmo que tenha agravado a ocorrência deles. Tanto não é que Renato Aquino (2007) cita em vários capítulos sobre a ocorrência de abreviaturas e erros como fatos já reconhecidos e classificados dentro da gramática da Língua Portuguesa. O processo de abreviação – "É o emprego de parte da palavra, quase sempre em uma ou duas sílabas. Passa a ser usada paralelamente à outra, como uma variante, mais ao gosto do povo..." (p. 374), é exemplificado por Aquino:

Antigamente, ia-se ao cinematógrafo. Palavra grande, estranha. Assim, o povo reduziu a palavra, e passou a ir ao cinema. Hoje já há uma outra abreviação: cine. Do jeito que as coisas vão, daqui a alguns anos iremos todos ao ci. Depois, por falta de palavra, não iremos a lugar algum. (AQUINO, 2007, p. 375)

Dois pontos a destacar: o primeiro se refere a própria definição de abreviação – como uma variante, mais ao gosto do povo – ou seja, é um fênomeno natural que ocorre com consequência da evolução de uma língua. O segundo, é a percepção que as novas gerações fazem em relação a um termo ou palavra, como no exemplo da palavra "cinematográfico", que seja por ser grande ou estranha, encontrou-se uma nova palavra por um geração e a geração atual já busca outra que adeque-se a necessidade desta.

Quanto aos erros gramaticais, estes também já fazem parte da gramática de Língua Portuguesa. AQUINO (2007, p. 457) ao se referir aos "Vícios de Linguagem – qualquer desvio da norma culta da língua recebe o nome genérico de vício de linguagem." Se buscarmos enquadrar os erros gramaticais associados ao uso da Internet, veremos que eles já fazem parte de nosso plano de aula. Alguns erros precisarão ser classificados diferentemente, mas a Internet não chega a criar nada novo, ou seja, que sempre já não tenha existido como consequência da evolução de qualquer língua materna.

2.5.2.3 Estilo online e off-line

Como comentado no item 2.3, entende-se escrita virtual como um novo gênero do discurso ciberespacial[6]. Não há uma fronteira clara que delineie os gêneros do discurso, dos escolares ou dos ciberespaciais. Embora sejam os gêneros escolares os utilizados formalmente no ensino da língua culta. Como separar o que é inseparável? Como pedir ao discente que em sala de aula use somente o gênero escolar porque os demais não são aceitáveis?

Esse mesmo fenômeno do que é aceitável ou não em sala de aula também abrange outras questões como as variações linguísticas devido as diferenças sociais ou regionais, por exemplo. Nesse contexto da diversificação podemos inserir o novo gênero do discurso realizado na Web. Já é uma proposta da Educação Básica contribuir para que os discentes sejam capazes de se comunicar de acordo com os diversos ambientes que estes interejam:

Assim, na perspectiva da educação básica, compete à escola adoptar uma pedagogia do oral que proporcione ao aluno um saber-fazer de ordem linguística, cognitiva e social que lhe permita exprimir as suas interrogações e os seus pontos de vista considerando o contexto, as reacções dos seus interlocutores, as suas expectativas e valores, e ter uma imagem de si próprio que o faça sentir-se um interlocutor de pleno direito. (PERRENOUD, 1991 apud SIM-SIM, 1997, p. 29)

Se não é possível trocar o "canal" cada vez que está em um ambiente difenrente, seja on-line (virtual), seja off-line (escola e outros ambientes) por que não contextualizar esse evento em sala de aula? Assim como na gramática existe o estudo de "Figura de Linguagem – emprego especial de palavras, expressões ou frases, característicos da linguagem literária" (AQUINO, 2007, p. 398), o mesmo pode se dar em relação a contextualização dos textos desenvolvidos na Web e suas características próprias como as abreviações, sinais de pontuação para expressar sentimentos e emoções, grafia das palavras de acordo com o som da fala, omissão de sinais gráficos (acentos), etc.

Sabemos que a variabilidade e a complexidade dos gêneros do discurso estão ligadas à inesgotabilidade das esferas de atividades humanas. Portanto, a diversificação de gêneros vai se dando à medida que tais esferas comunicacionais se ampliam. As várias culturas existentes elaboram, de acordo com suas necessidades, formas típicas de enunciados. (FREITAS, 2005, p. 100)

Por motivos diferentes dos que deu origem a Figura de Linguagem, mas não menos importante, o gênero ciberespacial também poderá coexistir com a gramática normativa. SIM-SIM (1997, p. 31) acrescenta que:

(...) é função da escola garantir a aprendizagem das técnicas e das estratégias básicas da escrita (incluindo as de revisão e autocorrecção), bem como o domínio pelos alunos das variáveis essenciais nela envolvidas – nomeadamente, o assunto, o interlocutor, a situação e os objectivos do texto a produzir.

O processo de revisão e autocorreção sempre foram utilizados em outras situações do ensino de Língua Portuguesa. Agora essa necessidade é ainda mais premente. A reavaliação do que foi escrito considerando não somente a estrutura gramatical mas também a clareza do texto deveria ser a meta do ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa. A questão aqui é despertar o aluno para a reflexão sobre sua forma de se comunicar. A resposta a minha intuição de que uma técnica mais elaborada já deveria existir surgiu com a dissertação de mestrado de BEZERRA e SEMIGHINI-SIQUEIRA: "Atividades Epilinguísticas: por uma revisão do ensino e aprendizagem de gramática no Ensino Fundamental."

Assim, no contexto da educação fundamental e, mais ainda, em suas séries iniciais, as atividades epilinguísticas constituem um importante meio de instrumentação para as práticas que envolvem as habilidades linguísticas dos alunos – ouvir (compreender), falar, ler (compreender), escrever. Isso significa que, permeando as atividades linguísticas propriamente ditas, centradas em práticas constantes de leitura, escrita e oralidade, as atividades epilinguísticas favorecem, por um lado, a aprendizagem de novas formas de construção e transformação das expressões; por outro, a ativação e operacionalização de um sistema a que o aluno já teve acesso por meio de sua prática linguística cotidiana. (2007, p. 5)

Essa estratégia pode vir a ser a solução para criar um hábito no discente de revisão e reflexão de sua comunicação oral e escrita. O termo epilinguístico é definido como uma "(...) prática que opera sobre a própria linguagem, compara as expressões, transforma-as, experimenta novos modos de construção canônicos ou não, brinca com a linguagem, investe as formas linguísticas de novas significações." (FRANCHI, 1991 apud BEZERRA, p. 3). É essa comparação que vai possibilitar ao discente autoavaliar sua escrita e identificar os desvios que são apropriados no estilo online mas não no estilo off-line.


3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os impactos causados pela Internet no ensino de Língua Portuguesa são irreversíveis. A tendência ao uso do computador e da Internet e da interação destes com a educação é fato que necessitamos incluir no processo ensino-aprendizagem. A coloboração do sistema educacional em contornar os males inerentes ao uso ineficaz de uma tecnologia ajudará os discentes a serem críticos com os excessos do uso de qualquer ferramenta por tempo indeterminado. O aumento da escrita e leitura devido ao uso da Internet é positivo, mesmo que isso signifique que o docente de Língua Portuguesa deverá fazer um trabalho intenso de conscientização do discente no começo da vida acadêmica para a importância de reconhecer os diversos gêneros textuais e sua aplicabilidade na vida pessoal, em um primeiro momento, mas principalmente na vida social e profissional como fator essencial de sociabilidade e impregabilidade. É na busca por estragégias para não excluir ninguém –docente ou discente – da possibilidade de inserção no mundo contemporâneo – Era da Informação – que o esforço praticado por mestres na compreensão desse fenômeno dará a este a possibilidade de continuar a exercer sua cidadania e ao discípulo a possibilidade de iniciá-la plenamente.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BEZERRA, Gema G. Rodrigues & SEMINGHINI-SIQUEIRA, Idméa. Atividade Epilinguísticas: Por uma revisão do ensino e apredizagem de gramática no Ensino Fundamental. Dissertação (Mestrado) USP, São Paulo, 2007. Disponível em http://www.alb.com.br/anais16/sem11pdf/sm11ss07_07.pdf. Acesso em 2 de out. 2009.

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[1] Este será o termo para descrever o estilo de escrita usado na Internet (MSN, chats, salas de bate-papo,
e-mails) e celulares (mensagem)

[2]IBGE, Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005.

[3] BERNANDES, A.S. e VIEIRA, P.M. O Chat como produção de linguagem. Em FREITAS, M.T.A. (org.) Leitura e escrita de adolescentes na internet e na escola. Belo Horizonte: Ed. Autêntica, 2006. pg. 57

[4] Linguagem de Internet e Celular. Veja: Seção On Line, mar. 2009.

[5] Ver perfil do discente-internauta na sessão 2.5.2

[6] Termo utilizado no artigo de Defillippo, J.G. e Cunha, P.V. Em: FREITAS, M.T.A. (org.)