A INFÂNCIA  ENTRE O BRINCAR E O APRENDER NA PERSPECTIVA VYGOTSKYANA

                                                                                  Edna Regina Pellenz

                                                                                  Ivina Munik de Souza Ferreira

                                                                                  Maria Izabel Miranda

                                                                                  Marcela Guimarães da Costa

RESUMO

 

Este trabalho presa por discutir a concepção de infância em Vygotsky, dialogando com sua ideias estabelecer a relação da educação de crianças pequenas entre o brincar e o aprender.  Desta forma o que se propõe aqui é discutir alguns conceitos relativos a infância e a aprendizagem e para isso centramos  o dialogo  na teoria vygotskyana, percorrendo sua compreensão de infância e sua contribuições a aprendizagem entre o lúdico e o cognitivo.

Palavras-chave: Brincar. Aprender. Infância.

  1. 1.      Introdução

 

Desde a idade medieval onde criança era tida como seres miniadultualizados, o conceito de infância vem sendo discutido por vários pensadores e estudiosos.  Desta forma este conceito bem como as práticas que envolvem a aprendizagem de crianças pequenas tem se tornado cada vês mais o tema dos debates educacionais no Brasil e no mundo.

O que se pretende aqui é por meio da pesquisa e do estudo dirigido estabelecer alguns conceitos atuais da infância e das praticas pedagógicas que permeam as atividades de aprendizagem voltadas para o publico infantil. O diálogo será subsidiado com a teoria de Vygotskyana, onde trataremos desde o conceito de infância a noções do brinca e do aprender.

Lev S. Vygotsky buscou compreender a infância e o desenvolvimento dos processos psicológicos  da criança, destacando sua principais contribuições na discussão da temática do uso das brincadeira nos processos de ensino. Neste sentido queremos dialogar com o autor sobre sua idéia de individualidade do sujeito e como este é definido pela cultura e pelo meio.

A metodologia a ser utilizada a da pesquisa bibliográfica e a comparação com idéias de outros autores que aludem a temática dom lúdico na infância.

2- A CONCEPÇÃO DE INFÂNCIA EM VYGOTSKY

 

O sentimento de infância  esta envolto a tudo aquilo que caracteriza este estagio da espécie humana, onde o ser passa pelo desenvolvimento de vários elementos cognitivos, biológicos e motor até atingir sua maturidade. Em bem sabido que na idade média a visão de crianças era a de meros adultos em miniaturas. Assim as crianças estavam fadas a um processo que as colocavam dentro do mundo dos adultos e deixam aquém da infância, da fantasia e de tudo aquilo  que pudesse a fazer senti-se como criança.

Neste ponto do diálogo queremos em rápidas considerações falaremos da concepção vygotskyana de infância. Vygotsky era advogado, filósofo e historiados. Nasceu na Rússia onde efetuou vários debates sobre concepção de criança, logo suas idéias se contrapunham ao estado russo. Ele não aceitava a ideia de que a criança era um adulto, uma réplica em miniatura, para a infância era uma faze peculiar  e criança um ser singular em desenvolvimento. Assim o que ele mostrava era que os seres humanos passam por fazes destinadas que inclusive distinguem e forma a maneira de enxergar o mundo e suas contradições.

Deste modo ele enxergava a criança como um ser em desenvolvimento cujas capacidades cognitivas eram severamente determinadas pelo meio social em que viviam. Todavia a infância na ideia de Vygotsky era passível de interferências do adulto como mediador da formação.

Na opinião de Rabello e Passos (sem data)

Vygotsky trouxe uma nova perspectiva de olhar às crianças. Ao lado de colaboradores como Luria, Leontiev e Sakarov, entre outros, apresenta-nos conceitos, alguns já abordados por Jean Piaget, um dos primeiros a considerara criança como ela própria, com seus processos e nuanças, e não um adulto em miniatura.

                  Vygotsky defendia que o desenvolvimento infantil  era composto também pelo desenvolvimento do pensamento, que segundo ele se dava por meio da relação com outro, e com situações inusitadas. Em outras palavras o que autor evidencia é que o meio social exerce papel  preponderante a formação da criança e no desenvolvimento da infância, atuando de forma eficaz na zona de desenvolvimento proximal. Isto resulta na formação cognitiva e em vasto processo de aprendizagem, no qual  os mais variados elementos da infância estão presentes.

            Neste sentido podemos dizer que Vygotsky além de ver a crianças como ser diferente do adulto, tanto em questões físicas como psicológicas, evidencia um processo de aprendizagem o adulto se faz presente como mediador e através de suas estratégias faz desenvolver a linguagem e a cultura. O pensamento das crianças em Vygotsky não inativo, mas pode ser guiado pela intervenção do adulto. Assim o processo de internalização infantil absorve do mundo adulto os elementos necessários a sua formação, a saber, conceitos como valores, ideais, linguagens e competências, destacando o processo histórico-social e a função da linguagem. Rabello e Passos (sem data)

O teórico pretendia uma abordagem que buscasse a síntese do homem como ser biológico, histórico e social. Ele sempre considerou o homem inserido na sociedade e, sendo assim, sua abordagem sempre foi orientada para os processos de desenvolvimento do ser humano com ênfase da dimensão sócio-histórica e na interação do homem com o outro no espaço social. RABELLO E PASSOS (SEM DATA)

            A primazia  da teoria vygotskyana está  na crença em que o conhecimento se dá ao passo que o individuo se relaciona com meio, com a cultura, com a linguagem, com as pessoas que estão em sua volta. Este processo o ajuda a compreender-se como espécie, enquanto ser biológico, social e histórico.

3-  CONCEPÇÃO GERAL DE BRINCADEIRA

 

Em consulta rápida a Wikipédia: enciclopédia livre se obterá a seguinte definição:

Brincadeira é a ação de brincar, de entreter, de distrair. Pode ser uma brincadeira recreativa como brincar de "esconde-esconde" ou um gracejo, como trocadilhos ou insinuações. A bricadeira contribui muito para o desenvolvimento da criança, onde através dela, o professor estimula a autonomia em cada indivíduo. Ainda, quando a criança encontra-se no Pré-Operatório (caráter lúdico do pensamento simbólico), segundo Jean Piaget, ela é extremamente egocêntrica, centrada em si mesma e para tudo deve haver uma explicação. A brincadeira nessa etapa da educação passa a ser fundamental, pois ela consegue lidar com os diferentes pontos de vista de seus colegas e tenta resolver diferentes problemas de diferentes formas, sempre com o auxílio da professora e respeitando as regras/combinados. A importância de brincar na educação infantil é essencial e necessária, pois ajuda na construção da identidade, na formação de indivíduos e na capacidade de se comunicar com o outro, reproduzindo seu cotidiano e caracterizando o processo de aprendizagem. O termo brincadeira é utilizado, quando se fala das relações sociais, para se designar alguma ação cujo objetivo claro é divertir. Nesse caso, incluem-se os gracejos, as piadas, os trocadilhos e outras ações do gênero. As brincadeiras de crianças também podem ser educativas. Brincadeiras com regras pré-estabelecidas e com objetivos, estimulam a responsabilidade, a disciplina, entre outros valores sem que as crianças se sintam obrigadas a cumprir. As responsabilidades na vida da criança irão favorecer o seu convívio na sociedade. Além do conhecimento de uma maneira espontânea, as brincadeiras trazem vantagens em todas as etapas da vida das crianças. O desenvolvimento da criatividade e da coordenação motora, o estimulo da imaginação e das habilidades das podem ser trabalhadas nas brincadeiras independente da faixa etária das crianças.

Mediante esta definição salutar pode-se afirmar que a brincadeira é o lúdico em ação. É o brincar em plena atividade, exercido pelo individuo com objetivo pedagógico ou não. Assim  esta ação é importante em todas as fazes da vida humana, colocando em foco vários valores desenvolvidos pelo individuo ao longo de sua existência.

Ao que se percebe ao brincar o individuo  pode colocar em evidencia sua linguagem cheia de significados, sua afetividade, seu pensamento, seu raciocínio lógico e sua capacidades motoras o que é de extrema importância para sua aprendizagem, seja de valores morais ou de ordem educacional.

 Na ideia de Melo & Valle (2005) ao brincar a criança pode externar sua emoções e assim  trazer a tona os seus conflitos e os elementos que estão construindo sua personalidade. Ao mesmo tempo em que coloca o mundo dos adultos em questionamento, pois é dele que abstraem os valores morais. No ato de brincar salienta os autores, é feito um processo em que as normas se adaptam  ao mundo infantil, não como uma tentativa de fuga mas como  uma possibilidade de conhecimento de contato com u mundo e suas normas de vida. No ato da brincadeira a criança coloca em ação a imaginação que por sua vez é também guiada pelas pressões cotidianas.

 Segundo Rolim, Guerra e Tassigny ( 2008):

A brincadeira proporciona à criança um contato com sentimentos de alegria, sucesso, realizações de seus desejos, bem como o sentimento de frustração. Esse jogo de emoções a ajuda a estruturar sua personalidade e a lidar com angústias. O brincar prepara para futuras atividades de trabalho: evoca atenção e concentração, estimula a auto-estima e ajuda a desenvolver relações de confiança consigo e com os outros. Colabora para que a criança trabalhe sua relação com o mundo, dividindo espaços e experiências com outras pessoas.

O que fica bem claro neste diálogo e que o ato de brincra embora muitas vezes seja involuntário também passa por motivações do mundo que cerca o individuo. O que seria o mesmo que dizer que através da brincadeira a criança extravasa os conflitos diários muitas vezes inexpressáveis e incompreendidos pelo mundo adulto. Neste sentido podemos dizer que a criança expressa sua realidade através da ação lúdica, isso implica dizer que os currículos ocultos existentes nas praticas escolares e nas famílias se evidenciam na brincadeira.

4- VYGOTSKY E O BRINCAR

Vygotsky traz  como foco de seu trabalho questões como :

ü  O desenvolvimento humano;

ü   As formas de  aprendizado;

ü  As relações entre desenvolvimento e aprendizado

Entres estes elementos  da teoria de Vygotsky estão a questão das brincadeira, a ação do lúdico para desenvolvimento cognitivo da infância. Neste assunto ele permeia sua concepção com ideias distintas entre jogos e brincadeira  como elementos  importantes para o desenvolvimento infantil.

4.1.  O JOGO

Diferente como outros teórico Vygotsky ao discorrer sobre  estes elementos da aprendizagens os descrevem como cenários que instalam a favor da construção cognitiva.  Sua ideia de jogo está indissociável de brinquedo. Ele trata o jogo como uma ferramenta pedagógica que ajuda a criança a liberar a imaginação e por em ação o raciocínio lógico que sofre mediações e age de forma direta através da zona do desenvolvimento proximal.

 

 

O mais simples jogo com regras transforma-se imediatamente numa situação imaginária, no sentido de que, assim que o jogo é regulamentado por certas regras, várias possibilidades de ação são eliminadas. Assim como fomos capazes de mostrar (...) que toda situação imaginária contém regras de uma forma oculta, também, demonstramos o contrário – que todo jogo com regras contém, de forma oculta, uma situação imaginária (VIGOTSKY, 1990, p. 126).

A vivencia com as regra faz com que a criança aprenda que o mundo é regido por elas e quanto elas necessária para organização da sociedade. Assim as possibilidades da ação da criança estão dispostas por regras, o que não inibi os sonhos e fantasia, tão pouco a mediação de adulto na construção e compreensão destas.

4.2.  O Brincar

Segundo Vygostsky (1998), salienta que para entendermos o desenvolvimento infantil é preciso descobrir os elementos necessários a este e entender como se realiza na infância. Desta forma conhecer as necessidades da criança se faz necessário para o processo de aprendizagem. Conhecendo estas necessidades o mediador/adulto pode fazer suas intervenções usando-as como ferramentas.  As motivações estão fortemente ligadas aos processos de aprendizagem.

A criança necessita por natureza de brincar. Necessita de contado com brinquedo por mais simples que seja para que possa expressar os atributos de sua Infância. Neste sentido o autor enfoca que o brinquedo pode ser algo real ou imaginário, criado pela criança ou pelo mundo em sua volta. Não planejado e por isso as regra são criadas na própria ação de brincar. É um relacionamento sério com objeto alvo de sua imaginação ou de sua realidade.  este passa ser um instrumentalizador da brincadeira, do lúdico que se coloca em ação.

 

O brinquedo cria na criança uma zona de desenvolvimento proximal, que é por ele definida como a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKY, 1998, p.112).

Ao brincar a criança cria noções de significado e significante em uma forte relação que faz com as coisas, com mundo real e com mundo fantasioso. Nesta relação de significados um simples pedaço de cortiça pode ser um soldado valente, com qual ele estabelece relação com o mundo real. Seja para mudá-lo ou para perpetuá-lo. ]

O imaginário que é construído na ação lúdica  a criança define  por meio de espaços e formas o significado do brinquedo. É mesmo que dizer que ao manusear um boneco de palha ela o terá como médico de vestes brancas, assim ela pode manipular o pensamento através da fantasia sempre colocando atributos do mundo real conhecido. É como a criança usa o objeto em sua brincadeira, isso não obedece padrões convencionais.

Para Vygotsky a criança relaciona os significados com a ideia real e o brinquedo fornece os elementos necessários a essa relação, na brincadeira. Essa relação só possível através da brincadeira que por sua vez libera o imaginário típico das construções da  infância.

A criação de uma situação imaginária não é algo fortuito na vida da criança; pelo contrário, é a primeira manifestação da emancipação da criança em relação às restrições situacionais. O primeiro paradoxo contido no brinquedo é que a criança opera com um significado alienado numa situação real. O segundo é que, no brinquedo, a criança segue o caminho do menor esforço – ela faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer – e ao mesmo tempo, aprende a seguir os caminhos mais difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte renunciando ao que ela quer, uma vez que a sujeição a regras e a renúncia a ação impulsiva constitui o caminho para o prazer do brinquedo. (VYGOTSKY, 1998,p. 130)

Vygotsky enfoca que ao se deparar com a educação formal da escola a criança faz relação com tudo que já se relacionou em suas brincadeiras. Pois seu processo cognitivo se iniciou desde o contato com a primeira canção de ninar, com primeiro objeto que se constituiu seu brinquedo. Ela interpreta  as situações de aprendizagens a partir do que já vivenciou em suas brincadeiras.

Assim

A aprendizagem  se torna o processo em que se potencializa as habilidade, canaliza as atitudes a partir de situações que se instalam e fazem inferências na zona de desenvolvimento proximal.

Em Vygotsky, justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre envolvendo interação social. (OLIVEIRA, 1995, p. 57).

Isto nos faz compreender que Vygotsky evidencia um processo de construção cognitivo onde as brincadeiras fazem parte como elementos indispensáveis. Pois o brincar ajuda a criança  a entender a situação de aprendizagem, possibilitando que ela faça relação entre significante e significado, culuira e linguagem.

5.Conclusão 

Conclui-se que a brincadeira tem fundamental contribuição com  o desenvolvimento infantil. Sendo que a cada cenário que instala a favor da aprendizagem esta se configura com fortes características para o mundo infantil deliberando os elementos necessários para zona de desenvolvimento proximal.

Os estudos de Vygotsky trazem a tona uma concepção de infância  com seu elementos indispensáveis, colocando do direito de brincar  como parte indissociável  da construção cognitiva infantil. Para o ele o desenvolvimento infantil já traz consigo as suas necessidades que precisam ser compreendidas e respeitadas pelos adultos que são mediadores do processo.

Assim a relação  da brincadeira com a aprendizagem se dá de forma involuntária e possibilita que seja feita pela criança  através da compreensão do significado e do significante, fortalecendo a construção da linguagem em desenvolvimento.

Conclui-se que a brincadeira desempenha papel preponderante na aprendizagem infantil a parti das teorias de Vygotsky.

5- REFERENCIA BIBLIOGRÁFICO

 

 

MELO, Luciana; VALLE, Elizabeth. O brinquedo e o brincar no desenvolvimento infantil. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 23, n. 40, p. 43-48, jan./mar. 2005.

OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento um processo sócio-histórico. 3. ed. São Paulo: Scipione, 1995.

RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Disponível em www.josesilveira.com/artigos/vygotsky.pdf  acessado em março de 2015.

ROLIM. Amanda Alencar Machado.  GUERRA. Siena Sales Freitas.  TASSIGNY. Mônica Mota.Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Disponível em: brincarbrincando.pbworks.com/f/brincar _vygotsky.pdf acessado em março de 2015

VYGOTSKY, Lev Semenovich. Aprendizagem e desenvolvimento intelectual na idade escolar. In: VIGOTSKY, Lev Semenovich; LURIA, Alexander Romanovich; LEONTIEV, Alexis N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. Tradução de Maria da Penha Villalobos. 2. ed. São Paulo: Ícone, 1988. p. 103-117.

VYGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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