A INCLUSÃO DO SURDO COMO PROCESSO DE EXCLUSÃO DOS VÁRIOS ATORES ENVOLVIDOS1

Roberta Granchi Dias Heinzl
Graduada em Pedagogia ? formação de professores para a educação do deficiente mental e deficiente da audio-comunicação pela Universidade Católica de Campinas ? PUCCAMP ? Campinas ? SP.
Pós-graduada em Educação Especial ? uma visão integradora pela Faculdade São Luís ? Jaboticabal ? SP.
Pedagoga na Escola de Educação Especial "Joilda Marra Pozzi"- APAE de Pirassununga ? SP, no Sistema Operacional CEDAP - Centro de Estudos e Desenvolvimento do Autismo e Patologias Associadas e Intérprete de LIBRAS no Serviço Social da Indústria, CE 290 na cidade de Pirassununga - SP
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Resumo: Esta pesquisa se propõe a entender o processo pelo qual passa a pessoa surda em relação a sua inclusão acerca de sua vida, seja ela familiar, social e escolar, na qual este está inserido. Deste modo, para melhor esclarecer o tema abordado, busca-se, uma análise através de uma pesquisa bibliográfica com embasamento teórico, partindo de uma leitura crítica e dialógica a partir dos autores apresentados, tecendo suas contribuições em relação ao tema abordado retratando a temática da inclusão do surdo de diversas formas. Este artigo está subdividido em tópicos que se inicia com a construção do sujeito "surdo", que devido à sua falta de audição ocorrerá de forma diferente da do ouvinte. Em seguida retrata um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento dessa pessoa que é a sua família, não deixando de levar em consideração que é ela que dá a base para que o este indivíduo possa desenvolver-se integralmente e consiga prosseguir com independência dentro da escola e da sociedade, que também são duas temáticas abordadas neste estudo. Por fim esclarece-se a importância da Língua de Sinais Brasileira ? LIBRAS, como primeira língua da comunidade surda, fazendo-se necessária para que este indivíduo adquira sua linguagem de forma significativa, favorecendo essa tão discutida inclusão.

Palavras-chave: inclusão, surdez, família, escola e sociedade.

Abstract: This research aims to understand the process by which a deaf person goes about his inclusion on your life, be it family, social and school, in which it is inserted. Thus, to clarify the subject matter, seeks to, through an analysis of a sound theoretical literature, starting from a critical reading and dialogue from the authors presented, weaving their contributions in relation to the matter dealt depicting the theme of inclusion of deaf students in several ways. This paper is divided into topics that begins with the construction of the subject "deaf", which due to their lack of hearing occurs differently from the listener. Then portrays one of the most important factors for the development of this person is your family, not stopping to consider that she is giving the basis for this that the individual can develop fully and can proceed independently within the school and society, which are also two issues addressed in this order estudo. Por it clarifies the importance of Brazilian Sign Language - LBS, as the first language of the deaf community, making it necessary for this person to get their language significantly this much-debated encouraging inclusion.

Keywords: inclusion, deafness, family, school and society.

Introdução

Este estudo tem como tema central a inclusão dos surdos que por muito tempo de sua história foram vistos como incapazes por não se fazerem entender e não conseguirem ser entendidos dentro da sociedade, da família e da escola.
Partindo daí foram levantados alguns pontos importantes para que possamos entender como essa inclusão ocorre, ou deveria ocorrer, da melhor forma possível.
Abordaremos a questão da construção do sujeito para que possamos entender um pouco mais sobre o que ocorre com a pessoa surda.
Será feita a análise em relação ao papel fundamental da família na formação desse sujeito, como a escola que lhe dará as instruções necessárias deverá proceder com essas dificuldades e a sociedade na qual o surdo está inserido.
Um outro ponto importantíssimo que abordaremos é a aquisição da Língua Brasileira de Sinais ? LIBRAS para a construção da linguagem do surdo.

O surdo e a construção do sujeito

Quando falamos em construção do sujeito, não podemos nos esquecer das contribuições de Vygotsky, Piaget, Freud e Lacan acerca das características psicanalíticas e psicológicas humanas, na qual aponta um olhar entre o plano individual e social, pois, esta acontece, através das relações interpessoais. A criança nasce inserida em um meio social, que é sua família onde acaba estabelecendo as primeiras relações sociais, culturais e linguísticas.
Avaliando a trajetória da pessoa surda pela história podemos observar que por muitas décadas o surdo foi considerado como deficiente mental até mesmo por seus familiares, pois, não conseguia se comunicar e nem expressar suas vontades por uma língua oral que, por muitas vezes para ele não tinha nenhum sentido.
Para Vygotsky (1926), a principal dificuldade na construção da linguagem da criança surda é que na maioria das vezes ela é levada à aquisição de uma linguagem oral, sem perceber o seu sentido e articulações fundamentais, sendo para ele o mais importante para a aquisição da linguagem é sua fala natural, que no surdo não se resume a oral, apontando a questão do surdo uma das mais complexas, pois não desenvolvem a linguagem da mesma forma do que os ouvintes.
Verifica-se ainda, com muita frequência, práticas de educação que visam à produção de uma fala que faz pouco ou nenhum sentido para os surdos e que os faz desprender horas importantes em treinos que não levam à aprendizagem de uma linguagem adequada nesse caso.
De acordo com Agrella (2000, p. 32), em 1930, Vigotsky mudaria a forma de encarar a surdez, chegando a afirmar que "a luta da linguagem oral contra a mímica sempre termina com a vitória da mímica, porque a mímica é uma língua verdadeira em toda a riqueza de sua importância funcional".
Vygotsky nos aponta a linguagem como fundamental para a formação do sujeito em seu aspecto funcional e psicológico, pois a língua nos permite a estruturação do pensamento, para que possamos interagir com o outro e fazermos a nossa própria leitura de mundo.
Para Lacerda (2000, p.73) "O verdadeiro problema parece estar no fato de que a linguagem oral precisa ser ensinada, o que ocorre normalmente com os ouvintes é que ela é adquirida, sem que para isso haja qualquer procedimento especial."
Dentro de uma concepção psicológica, a língua oral é para o surdo uma língua artificial, enquanto a língua de sinais é a língua natural.
Segundo Perlin (1998, p.56) "ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva", sendo assim, pode-se afirmar que o surdo começa desde cedo a perceber visualmente tudo o que o rodeia de uma maneira diferente do ouvinte.
Já para Piaget (1988), existe uma relação evolutiva entre o sujeito e o meio em que vive, para ele a criança reconstrói suas ações e ideias quando se relaciona com novas experiências existentes no meio em que vive, no qual o cognitivo está em supremacia em relação ao social e o afetivo. A criança acaba por aprender uma língua assimilando assim tudo o que ouve, transformando isso em conhecimento próprio, o que já não ocorre com o surdo, pois, é desprovido do sentido da audição.
A psicanálise já apresenta outra visão, para essa abordagem, a implantação da linguagem faz com que o sujeito se constitua de forma alienada, pois, acredita que tanto a língua oral quanto a língua de sinais são recursos artificiais.
Lacan e Freud afirmam que a operação inicial de constituição do sujeito ocorre quando o mesmo é capturado pelo desejo do outro, partindo do enfoque de sua família, sendo nomeado por Lacan de alienação.
Para Strauss (2000, p. 15) "A função da família é menos a satisfação das necessidades do que a transmissão que está na base da constituição subjetiva e que, por esse motivo, implica a relação do desejo que não seja anônimo."
A criança surda passa por esse tipo de problema, ela é bem cuidada, bem alimentada, bem educada, mas lhe falta ser trabalhada a questão da sua singularidade como sujeito, que muitas vezes, não é alimentada corretamente, fazendo com que seja indiferente a tudo. Será que o que lhe falta é apenas o uso da língua de sinais? Será que a família e a escola também não teriam um papel fundamental no processo de constituição dessa criança?
De acordo com Souza (1998), a partir do momento em que os surdos passaram a se reunir em escolas e associações e se constituíram em grupo por meio de uma língua, passaram a ter a possibilidade de refletir sobre um universo de discursos sobre eles próprios, e com isso conquistaram um espaço favorável para o desenvolvimento ideológico da própria identidade.
Faz-se necessário que o surdo reconheça sua identidade surda, convivendo com o universo dos surdos, participando da comunidade surda, tendo contato com a língua para que possa identificar-se com a cultura e os costumes dos mesmos, contato este que agregará experiências de mundo e vivências sociais.
Segundo Góes (2000) a comunidade dos surdos possibilita à criança significar-se como surda, assim como faz com que ela se veja como sujeito pertencente a uma língua efetiva, que apresenta características próprias e que se configura como fonte de identidade.

O surdo e a família

A família tem um papel fundamental para o desenvolvimento de qualquer criança, sendo responsável pela formação do comportamento, do desenvolvimento da personalidade, da moral, da vida e evolução escolar, social e cultural, pois sabem que só assim conseguirão promover o bem estar e dar proteção a elas, com o objetivo de formarem cidadãos independentes para ser inseridos na sociedade em que vivem.
Cada família tem sua própria cultura, regras, mitos e crenças em que acreditam, compartilhando assim uma ideologia própria e única, o que faz com que haja equilíbrio entre seus membros para que possam viver e conviver em um núcleo familiar.
De acordo com Parolin (2005, p. 39.) "a grande arte da família é manter-se família", o mais importante é sempre manter-se unidos em suas dificuldades para que possam alcançar os objetivos propostos por eles.
Em relação ao filho surdo, ocorre tudo isso, e além de tudo, começa a aparecer à preocupação em relação à aprendizagem dessa criança e qual a melhor forma para que possam educá-la de maneira que possa ser aceita nessa tal sociedade existente.
Para Gouveia; et. al. (2004, p. 03):

O ato de gerar uma criança no interior do útero materno é considerado como um milagre, uma das experiências mais importantes que a mulher pode viver, em que a expectativa ganha espaço e os inúmeros cuidados e atenções, que a mulher já tem, passam a ser bem maiores para que o bebê nasça saudável. È a partir deste momento que os pais começam a responsabilizar-se por alguém que ainda não conhecem e o amam desde o momento em que confirmam a gravidez.

A família quando está à espera de um bebê, idealiza uma criança perfeita, quando esta nasce com uma necessidade especial, as coisas mudam, pois começam a pensar de que forma irão educar essa criança. Quando os pais se deparam com um diagnóstico de surdez percebem que a partir daí tudo terá que caminhar de outra forma. Primeiramente vem o choque, sendo assim, é necessário que os pais aprendam lidar com essas alterações e acabam partilhando suas inquietações com pessoas que também já passaram por isso. Em seguida começam a pensar como será a adaptação dessa criança no meio em que vive e até mesmo a recepção da mesma na sociedade, para por último chegam a pensar em ter as orientações necessárias para que possa seguir da melhor forma possível.
Pesquisas nos mostram certa resistência desses pais em relação à surdez e principalmente em relação à Língua de Sinais que tem um papel fundamental para a aquisição da linguagem dessa criança surda. Cabe aos pais dar a atenção e o carinho necessário para que desenvolva sua comunicação da melhor forma possível, dando abertura e oportunidades para o seu desenvolvimento afetivo, cognitivo e social.

O surdo e a escola.

No decorrer dos anos, foi possível observar que, na área da educação sempre ouvimos dizer que crianças pobres não conseguem acompanhar as atividades escolares devido a seus problemas familiares, desnutrição ou até mesmo incapacidade própria, o que não difere das opiniões em relação ao surdo, que vem sendo discriminado desde o início de sua existência.
A história da educação do surdo vem progredindo com o passar dos tempos, pois no início eram vistos como deficientes mentais, sendo assim, eram internados em asilos. Sabe-se que os primeiros educadores de surdos surgiram na Europa no século XVI, os mesmos criaram diferentes metodologias de ensino utilizando a língua auditiva-oral nativa, língua de sinais, datilologia e outros.
A partir do século XVIII, a língua de sinais passou a ser difundida, permitindo assim, que os surdos conquistassem sua cidadania.
De acordo com os avanços tecnológicos que acabavam por facilitar o aprendizado da fala pelo indivíduo surdo, na segunda metade do século XIX, a língua de sinais perde sua força, sendo proibida e se incorpora à educação do surdo o Oralismo que acreditava que a modalidade oral da língua era a única e melhor forma de comunicação para o surdo, sendo evitada qualquer forma de gesticulação.
A língua de sinais começou a aparecer novamente em meados da década de 60, associada à língua oral acompanhada de novas correntes, tais como a Comunicação Total, que defende a utilização de todos os recursos linguísticos, orais e visuais possíveis para que a comunicação ocorra, e atualmente o Bilinguismo que vê como ponto principal a aprendizagem da língua de sinais como língua materna do surdo, ou seja, a primeira língua, com a qual poderá desenvolver sua linguagem, sendo a língua oficial de seu país, a segunda língua.
O Brasil vem passando por todos esses processos de mudanças de metodologias na educação de surdos, até que ocorreu a regulamentação da Lei nº 10.436 de 24 de abril de 2002, que afirma a LIBRAS ? Língua Brasileira de Sinais como segunda língua do nosso país e ampara o surdo em escolas regulares, repartições públicas, dentre outras. A lei cita em seu 1º capítulo, obrigatoriamente, a inclusão da LIBRAS como componente curricular para os cursos de formação de magistério, em nível médio e nos cursos de graduação e pós graduação relacionados à educação e capacitação do surdo, garantindo ao surdo um melhor entendimento e uma comunicação mais adequada, pois a lei ampara a presença de um Intérprete de LIBRAS dentro da sala de aula para viabilizar o acesso a todos os conteúdos curriculares e na escola para todas as demais atividades pedagógicas.
As escolas, muitas vezes, são o reflexo da sociedade em que estão inseridas, deixando de levar em consideração as dificuldades encontradas em relação à comunicação, entendimento e compreensão, focando toda deficiência existente no surdo, esquecendo das partes atuantes do processo ensino-aprendizagem.
A criança surda no decorrer de sua vida acadêmica encontra muitos obstáculos que o faz fracassar. Nesse sentido, cabe a escola detectar os problemas, resolvê-los de maneira adequada, criar subsídios para que essa troca de informações ocorra da melhor forma possível para atender as necessidades desse aluno.
Em primeiro momento se torna necessário um conhecimento das dificuldades encontradas para que a escola possa oferecer condições e criar um programa de apoio para amenizar tal dificuldade.
A educação do surdo ainda é um assunto polêmico que requer muita atenção na área da educação, pois ainda observamos sujeitos surdos, que após anos e anos de escolarização apresentam muitas limitações, não sabem ler e escrever, sendo assim acabam não dominando os conteúdos acadêmicos necessários.
A atual política nacional de educação preconiza a educação integradora, aquela que deveria atender a todos, inclusive os portadores de necessidades especiais, sustentando-se com a Declaração de Salamanca (Espanha), em 1994, que tem como objetivo principal promover a educação para todos. Nesse sentido podemos afirmar que nenhum aluno deveria estar fora do ensino regular.
As escolas, juntamente com seus diretores, coordenadores e equipe de educação especial, são responsáveis pela adequação desses alunos fazendo com que tenham acesso ao currículo global, criando situações para que essa aprendizagem efetivamente ocorra, dando suporte a todos os alunos, independentes de serem surdos ou não, sem esquecer que inclusão é muito mais que isso.
Segundo Mittler; Peter (2003, p. 27), "a essência da inclusão é que deve haver uma investigação sobre o que está disponível para assegurar aquilo que é relevante e acessível a qualquer aluno na escola".
Sabe-se que para que a inclusão aconteça se faz necessário algumas mudanças dentro das instituições escolares, pois estas muitas vezes não conseguem realizá-la sozinha, é preciso um esforço mútuo das partes escola, família e sociedade.
A inclusão é um grande desafio para ambas as partes, um dos pontos primordiais é o envolvimento dos professores que atuam diretamente com estes alunos, se fazendo necessária capacitação profissional de qualidade na qual possa construir e ampliar seus conhecimentos comparando-os com os já vivenciados anteriormente.
Contudo, se faz necessário estarmos atentos à parte que mais nos interessa neste artigo "o surdo", que por muito tempo não vem sendo entendido e não consegue se fazer entender. É preciso avaliar até que ponto tudo o que é prometido e amparado por lei está sendo cumprido por instituições escolares e repartições públicas, pois só assim teremos a certeza de que os surdos estão aptos para seguir uma vida digna dentro da escola que tanto o discrimina e o julga como incapaz.

O surdo e a sociedade.

Pensando na sociedade em que vivemos, aquela que discrimina desde as pessoas com baixa renda até aquelas que por algum motivo encontram qualquer tipo de dificuldade aparente ou não, imagine então o surdo neste contexto.
A sociedade em que vivemos prioriza a língua oral, pois é esta que utilizamos diariamente, fazendo com que todas as pessoas que fazem parte dela se adequem a este meio de comunicação, independente de terem condições para isto ou não, acabando por discriminar qualquer outra forma de comunicação, é o que vejo acontecer com a língua de sinais, acabando por ser inferiorizada por fazer parte de uma minoria.
Como nos afirma Sacks (1998) as línguas de sinais apresentam sintaxe, gramática e semântica completas, mas possuem caráter diferente daquele das línguas escritas e faladas.
Algumas pessoas que trabalham com a educação de surdos também acabam não atribuindo a Língua de Sinais, com o status de língua, mas sim como uma forma de comunicação alternativa para aqueles surdos que não conseguem desenvolver a língua oral.
Segundo Skliar (1997), "o oralismo é considerado pelos estudiosos uma imposição social de uma maioria linguística sobre uma minoria linguística", sendo assim, a predominância do oralismo faz com que o surdo não participe do processo de interação social, pois essa corrente afirma que o surdo só poderá interagir com os ouvintes através da língua oral, deixando de lado a importância do desenvolvimento de sua linguagem que acontecerá na aquisição de sua língua materna, a língua de sinais.
Pensando em nossa sociedade que predominantemente é de ouvintes, em que todos os processos comunicativos são orais, onde através da linguagem há a aquisição dos conhecimentos e a interação com o mundo é possível, para os surdos, esse acesso à língua oral não apresenta condições favoráveis, sendo necessário a aprendizagem da língua de sinais na vida desses sujeitos.
Góes (1999) afirma que a língua de sinais será necessária para que haja condições mais propícias à expansão das relações interpessoais, constituindo o funcionamento cognitivo e afetivo, promovendo a constituição da subjetividade.
É necessário analisarmos a questão da oralidade e da gestualidade dos surdos, que por muito tempo de sua história vem sendo discriminados por sua forma de comunicação, fazendo com que se tornem inferiorizados em relação a sua língua majoritária.
Sacks (1998, p. 52) ressalta que "(...) um ser humano não é desprovido de mente ou mentalmente deficiente sem uma língua, porém está gravemente restrito no alcance de seus pensamentos, confinado, de fato, a um mundo imediato, pequeno".
Os surdos devem ter acesso à Língua de Sinais o mais cedo possível, tornando-se adultos maduros, independentes e capazes de elaborarem pensamentos para uma perspectiva de vida adequada, pois sem a aquisição da mesma tudo acaba ficando mais difícil.
O surdo adquire a Língua de Sinais com facilidade e rapidez o que lhe ajuda, e muito, na aquisição de sua linguagem, propicia uma grande oportunidade de se comunicar e expressar seus sentimentos. O mais preocupante é que muitas vezes a Língua de Sinais é negada para ele, dificultando sua interação com o mundo e o seu desenvolvimento cognitivo, linguístico e afetivo.
Góes (1999) se refere que o aprendizado de uma língua implica de certa forma considerar um modo de atribuir significações ao mundo por intermédio da linguagem, percebendo assim as peculiaridades culturais.
Considerando que ao longo de sua vida, o ouvinte, desenvolve habilidades de captação de informações do meio em que vive, através da audição e da visão, criando códigos que assimilam imagens aos sons, conseguindo assim, processar diversas informações pelo simples fato de estar presente em um ambiente predominante da língua oral. Com o surdo isso ocorre de maneira diferente, pois a ausência da audição faz com que ele interaja com o meio em que vive através da visão, da aquisição de uma língua que possibilite essa comunicação e o faça compreender o mundo em que vive e tudo o que acontece ao seu redor.
Dada a relevância da Língua de Sinais na vida do surdo, os trabalhos devem estar focados à aquisição da linguagem o mais cedo possível, possibilitando um maior aproveitamento do entendimento de mundo, tornando-se um cidadão participativo na sociedade em que vive.



Metodologia

Esta pesquisa está classificada nos critérios de pesquisa bibliográfica para o embasamento teórico.
Partindo da pesquisa realizada, os dados foram analisados a partir de leitura crítica e redação dialógica a partir dos autores apresentados.

Considerações finais

Considerando a comunicação como ponto primordial da inclusão dos surdos, seja esta na família, escola ou sociedade, chega-se a conclusão de que muitas vezes, nós como ouvintes
não damos a oportunidade que o surdo merece de se expressar da maneira que ele pode ou tem condições, querendo na maioria das vezes que ele siga a nossa língua majoritária, a língua portuguesa, nos esquecendo que a língua do surdo é outra, a LIBRAS.
Através das análises realizadas, acerca dos autores estudados, foi possível perceber que a inclusão do surdo deve acontecer não apenas dentro da família, mas também da escola e da sociedade que ele esta inserido.

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