A INCLUSÃO – TODOS JUNTOS, BUSCANDO SOLUÇÕES...

RESUMO: É comum haver nas escolas preconceito com alunos disléxicos antes e depois do diagnóstico. Antes, os alunos são vistos como incapazes, com inteligência inferior aos demais, lentos, relapsos. Depois, como exigem algumas formas de tratamento diferenciadas, estes alunos são vistos como “protegidos” pelos professores. Portanto, acreditamos que devem ser feitos esclarecimentos sobre a dislexia entre os pais, professores, ou seja, a comunidade escolar como um todo para que fique evidente os motivos pelos quais os alunos disléxicos recebem tratamento diferenciado em sala de aula.

Palavras-chave: dislexia; aprendizagem; inclusão.

1 INTRODUÇÃO

É importante salientar que muitos disléxicos estão em nossas escolas sendo tratados como péssimos alunos e pessoas sem potenciais a serem estimulados, podem estar simplesmente sendo “aturados” em sala de aula.

Muitos “Picassos” podem estar sendo deixados de lado, lá no fundo da sala, precisamos refletir sobre isso com seriedade, pois um distúrbio como a dislexia costuma estar mascarado em sintomas que remetem a outros problemas e, conseqüentemente, o tratamento dado não é eficaz.

A atenção, o olhar para os alunos e filhos são as ações mais eficazes para o diagnóstico inicial da dislexia. Os profissionais que efetivam tal diagnóstico jamais o farão se os pais ou os professores não levarem a criança até eles.

Diante da pesquisa realizada, o maior aprendizado, sem dúvida, é este: olhar para as crianças, procurar entender suas ações ou sua inércia. Não apenas ver aquilo que ela não consegue fazer, mas saber por que ela não o faz e, o essencial, saber e explorar aquilo que ela consegue fazer.

2 NA FAMÍLIA


      
 A primeira coisa a fazer é observar a criança no que se refere ao desenvolvimento da linguagem oral. Crianças com atraso significativo nessa área podem apresentar dificuldades na aquisição da linguagem escrita e na habilidade de leitura mais tarde.
       A segunda é orienta os pais a procurarem manter contato próximo com os filhos, o que é cada vez mais difícil nos dias de hoje. O ideal seria que percebessem as alterações de linguagem em casa, antes dos professores e que lessem para as crianças. Além de todas as vantagens já citadas, a leitura serve de instrumento para verificar a capacidade que elas têm para lidar com as palavras.
       Nós, que cuidamos da reabilitação, estamos conscientes de que quanto mais precoce o diagnóstico, melhores as condições para intervir. É mais difícil tratar uma criança de dez, doze anos com dislexia fonológica do que uma de seis ou sete anos.

3  NA ESCOLA

A inclusão na escola é fato indiscutível, garantido por Lei[1]. Apesar disso, não podemos avaliar o problema como uma obrigação legal ou de forma fria, técnica e prática conforme assim são as leis.

Esta é uma questão delicada, que exige do professor e também dos colegas de classe, muito mais que informação adequada. Exige, acima de tudo, sensibilidade para perceber quais são as potencialidades, os limites e as dificuldades destas crianças, para que elas possam desenvolver seu processo de aprendizagem de forma eficaz.

Como vimos em nossa epígrafe, pessoas conhecidas e admiradas mundialmente tiveram dislexia, portanto tal distúrbio não pode limitar a criança, fazê-la acreditar que não é tão capaz como os outros, de que é inferior e não vai conseguir realizar sonhos pessoais e profissionais.

Vamos citar algumas atitudes que precisam ser adotadas por professores com alunos disléxicos em classe:

  • Realizar provas orais: o aluno disléxico pode aprender e aprende, porém tem maior dificuldade em escrever o que sabe e maior facilidade em dizer o que sabe.
  • Trabalhos de variadas formas: as atividades devem possibilitar a expressão de todas as formas de linguagem, não predominando nenhuma delas.
  • Explorar a criatividade: grandes inventores e pintores eram disléxicos, isso significa que seu potencial criativo pode ser até superior a uma criança que não apresenta o distúrbio. É fundamental explorar aquilo que se destaca, a principal qualidade de todos os alunos.         
  • Fale olhando para a criança disléxica: mas é preciso bom senso, não seria ficar encarando o aluno e sim procurar olhar para ele e explicar novamente uma sentença, se perceber que demonstra não ter entendido ou não ter prestado atenção.
  • Utilizar, sempre que possível, variados recursos: retro-projetores, computadores, cartazes, em fim, variados recursos audiovisuais estimulam a atenção.
  • Introduzir vocabulário novo de forma contextualizada: o aluno disléxico tem dificuldade em compreender o significado de palavras isoladas, ele precisa de uma frase ou um texto que dê uma orientação, uma dica de sentido, por isso essas crianças não entendem facilmente o que são sinônimos e antônimos e a classe gramatical das palavras.
  • Autorizar o uso de tabuadas, dicionários e outros: a memorização é complicada, portanto consultar tais recursos pode ajudar neste processo.
  • Dar maior tempo para realização de atividades, em especial avaliações: já está previsto em Lei, alunos comprovadamente disléxico podem e devem ter tempo maior para realização de concursos.
  • Não tratá-lo como doente: dislexia é um distúrbio complexo, mas não é doença.

            Infelizmente, a dislexia pode gerar preconceitos no ambiente da sala de aula. Para evitar isto, o professor precisa estar atento e não tolerar quaisquer que sejam atitudes que visem mal tratar, isolar ou ainda ridicularizar o aluno disléxico.

            Algumas das dicas citadas anteriormente podem provocar reclamações na turma, como por exemplo: o aluno disléxico ter maior tempo para executar as tarefas, poder consultar tabuadas e dicionáriosem avaliações. Portanto, uma conversa esclarecendo os problemas aos alunos e, se necessário, aos pais de todos, faz-se imprescindível.

            O preconceito nasce daquilo que não se conhece e julga-se erroneamente, por isso esclarecer a todos pode ser uma maneira de evitar tais atitudes que contribuem para o agravamento do problema, na maioria dos casos. Por outro lado, a ajuda de colegas ditos normais traz benefícios relevantes no tratamento da dislexia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Podemos constatar que pais e professores devem estar atentos ao desenvolvimento da fala de crianças em processos de aquisição de linguagem e, se constatarem que a criança possui dificuldades que já deveriam ter sido superadas de acordo com sua idade, é importante que procurem as causas destes problemas na fala, com orientações de profissionais em Fonologia, Psicologia e outros afins, já que os distúrbios da linguagem podem estar relacionados à história pessoal da criança.

Constatamos que a dislexia pode ter variadas origens (neurológicas, genéticas, psicológicas...), portanto o diálogo entre pais e professores deve ser constante, assim como a orientação profissional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

10 EM TUDO hptt://www.10emtudo.com.br/artigos. Download realizado em 2006.

AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria Infantil. São Paulo: Masson, 1990.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISLEXIA. hptt://www.dislexia.com.br/ Download realizado em 2006.

BAGLIOLI, O. Fundamentos biológicos do desenvolvimento infantil. Curitiba: IESDE, 2004.

CINEL, N. Dislexia. Revista do professor. N. 68. p.19-24, outubro/dezembro, 2001.

MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita. São Paulo: Cortez, 2003.

MARTINS, V. Como descobrir uma criança disléxica. http://www.pedagogiaemfococom.br/ Download realizado em 2001.

________________ Educação Especial: Psicolingüística e Dislexias. http://www.pedagogiaemfococom.br/ Download realizado em 2003.

PERRONI, M. C. Desenvolvimento do discurso narrativo. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

PINHEIRO, M. A. Leitura e Escrita: uma abordagem cognitiva. Campinas: São Paulo, 1994.



[1] Ver em Anexos a Legislação existente a cerca da Dislexia.