Erroneamente já se pensou que incluir seria receber um aluno portador de alguma deficiência e ter sobre ele o mesmo olhar em relação aos demais, de maneira a oferecer o mesmo tratamento à criança na tentativa de torná-la igual ao restante da turma. Hoje compreendemos que a inclusão é exatamente o contrário, o aluno é diferente e todos os seus colegas também o são. A palavra incluir significa abranger, compreender, somar e é nisso que deve se pensar quando se fala em inclusão de pessoas portadoras de necessidades especiais, é proporcionar a elas os mesmos direitos, respeitando as suas singularidades.

Werneck (1993) afirma que “evoluir é perceber que incluir não é tratar igual, pois as pessoas são diferentes! Alunos diferentes terão oportunidades diferentes, para que o ensino alcance os mesmos objetivos. Incluir é abandonar estereótipos” (p.56).

Nesse contexto, a escola é um canal de transformação e uma das principais responsáveis por uma mudança de comportamento na sociedade, de modo que a inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino pode ser um começo para gerar transformações de pensamentos e atitudes, já que cotidianamente valores como a tolerância e o respeito ao próximo deverão ser exercitados.

“A educação de crianças com Síndrome de Down, apesar de sua complexidade, não invalida a afirmação de quem tem possibilidade de evoluírem. Com o devido acompanhamento, poderão tornar-se cidadãos úteis à comunidade, embora seus progressos não atinjam os patamares das crianças normais”. (SCHWARTZMAN, 1999, p.262).

 Além disso, a inclusão é um direito garantido por lei e incluir crianças deficientes, mais do que cumprir uma lei, é permitir que ela se insira numa sociedade e realidade que também é sua, não a deixando despreparada para tal.

Trata-se de um novo olhar para a educação, já que a inclusão bem sucedida não acontece automaticamente, a atitude do corpo docente como um todo é fundamental para que o processo se torne significativo.

Nesse contexto, é possível que alguns professores possam considerar a ideia de incluir alunos com Síndrome de Down em suas salas preocupante, podendo até ficar apreensivos no começo. Essa insegurança, de um modo geral, decorre de preconceito, da falta de informações e concepções erradas sobre o assunto, pois sabemos que o tema ainda é pouco discutido nas instituições escolares, não há momentos de reflexões coletivas sobre essa questão, tão pouco, são oferecidos aos educadores cursos de formação continuada ou especializações que vá ao encontro das dúvidas e auxiliem a enfrentar as reais necessidades apresentadas.

Entretanto, é preciso esclarecê-los e fazê-los acreditar que, tal como o mundo vem se evoluindo, a educação também é algo que se renova diariamente, de maneira que os membros educativos fazem parte deste processo e não pode ficar estagnados a um único modelo de currículo, metodologia de ensino e organização administrativa.

Além disso, os professores não devem ter medo de novos desafios, ao contrário, ao receber um aluno com deficiência, será evidenciado que todos são diferentes, devem ser respeitados e merecem ter os mesmos direitos e oportunidades. Afinal, o ambiente escolar é um local privilegiado e rico para que esses valores sejam apreendidos e aplicados, uma vez que ao se trabalhar a qualidade do convívio social entre as diferentes pessoas, as relações de diálogo e a solidariedade passam a ser valorizadas.

Assim, a inclusão não pode ser somente física, contrariamente, é importante organizar um trabalho em coerência com conceitos de respeito e gerar uma consciência cooperativa com todos àqueles que convivem no cotidiano escolar, criando um ambiente de expectativas positivas em relação às potencialidades do aluno especial, mesmo com as suas limitações, em que todos se sintam acolhidos.

O professor deve ter em mente que não precisa resolver tudo sozinho. O corpo docente da escola, a direção, os especialistas em educação especial, profissionais como médicos, terapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos são grandes aliados em todo o processo. Do mesmo modo, a família pode colaborar com as informações sobre o aluno, a sua síndrome, seu histórico escolar e de vida, o que favorecerá a definição das metas a serem atingidas, das ferramentas que serão utilizadas e dos caminhos mais efetivos para o avanço da criança.

Na sala de aula, preparar a classe e esclarecer a turma, apontando alternativas para que todos podem ajudá-lo. O educador também deve avaliar e adaptar as atividades segundo as necessidades exigidas pelo educando.

Enfim, a instituição escolar é capaz de oferecer aos alunos as chaves significativas para o acolhimento de crianças com deficiência. As condições para que isso aconteça podem ser efetivadas através de atividades de cooperação, numa estrutura em que prevaleça a tolerância, o diálogo e o respeito.

 Referências Bibliográficas:

WERNECK, Cláudia. Muito prazer eu existo. Rio de Janeiro: WVA, 1993.

SCHWARTZMAN, José Salomão. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie: Memnon, 1999.