MAGDA PICANÇO DE VASCONCELOS

A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NO TRABALHO DO PSICOMOTRISTA INFANTIL

Fortaleza – 2010

MAGDA PICANÇO DE VASCONCELOS

A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NO TRABALHO DO PSICOMOTRISTA INFANTIL

Artigo científico apresentado à Universidade Estadual Vale do Acaraú como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional.

Orientador: Eduardo André Rodrigues de Lima (Mestre)

Fortaleza – 2010

AGRADECIMENTOS

Antes de tudo agradeço a Deus, por ter me dado as condições de chegar ao fim desse curso com sucesso. A meus pais, por não me deixarem desistir. A minhas colegas de trabalho: Monica Dutra e Antonia Sousa que me incentivaram com convites de palestras, sempre mostrando que sou capaz de ir muito mais além do que imagino e por confiarem em meu potencial.Por fim, agradeço ao meu orientador e, antes de tudo, meu eterno amigo, Eduardo André, que me ajudou com suas indispensáveis orientações, opiniões, paciência e inigualável lealdade, sem deixar de usar de seu profissionalismo

A IMPORTÂNCIA DOS PAIS NO TRABALHO DO PSICOMOTRISTA INFANTIL

Magda Picanço de Vasconcelos

RESUMO: O objetivo deste trabalho é examinar e expor a importância dos pais em um trabalho de psicomotricidade realizado em uma criança. Através desta perspectiva, se analisa uma criança e sua mãe durante algumas sessões. Nós sugerimos então que, os pais são uma ajuda muito relevante neste tipo de trabalho e, o profissional desta área, deve estar alerta para observar se os pais estão ajudando seus filhos durante a intervenção ou, de algum modo, eles são parte do problema.

PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade, Pais e Filhos, Intervenção.

Este artigo tematiza a importância da participação dos pais no processo de recuperação das melhores condições psicomotoras dos seus filhos. Os pais são compreendidos a partir do seu papel fundamental e, portanto, intransferível para a formação e elaboração das melhores condições psicologias e motoras de seus filhos. Deste modo, são estimulados a atuarem em conjunto com o terapeuta facilitando seu trabalho, reforçando vários aspectos como a auto-estima das crianças.

Objetivando estas questões, em um primeiro momento, serão expostas as bases teóricas do artigo, onde o papel do psicomotrista e dos pais serão situados e definidos, a partir do problema supracitado. Posteriormente, um breve relato elaborado a partir de um atendimento com uma criança será apresentando. Por fim, através da análise das experiências relatadas e da problemática desenvolvida, algumas possíveis conclusões do trabalho serão explicitadas.

A Psicomotricidade é a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas. Três conhecimentos básicos a sustentam: o movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo empregado para uma concepção de movimento

organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização.

A relevância desta disciplina encontra-se nos menores gestos e em todas as atividades que desenvolve a motricidade da criança, visando ao conhecimento e ao domínio do seu próprio corpo. Por isso dizemos que a mesma é um fator essencial e indispensável ao bom desenvolvimento do corpo humano. Nesse sentido, para Barros:

Nosso corpo é, antes de tudo, nosso primeiro e maior mistério. Para estarmos realmente presentes no mundo, é preciso reconhecer que somos um corpo em sua imensidão de complexos processos que nos fazem ricos em sua consciência e inconsciência desconcertantes e pragmáticas e em suas atitudes, que são sempre corporais.(BARROS,2005,p.547)

A Psicomotricidade, portanto, é uma ciência cabível em qualquer época da nossa vida.

Na infância, adolescência, adulta ou velhice, pode-se lançar mão dessa ciência como terapia, ou simplesmente para uma melhoria na qualidade de vida. Na infância – período aqui recortado –, a Psicomotricidade é de vital importância para o desenvolvimento e, igualmente, para a aprendizagem da criança. Estruturando-se sobre três pilares: o querer fazer (emocional), o poder fazer (motor) e o saber fazer (cognitivo), essa ciência leva a criança a um desenvolvimento global e multidisciplinar. A Psicomotricidade infantil, portanto:

Como estimulação aos movimentos da criança, tem como meta: - Motivar a capacidade sensitiva através das sensações e relações entre o corpo e o exterior (o outro e as coisas). - Cultivar a capacidade perceptiva através do conhecimento dos movimentos e da resposta corporal. - Organizar a capacidade dos movimentos representados ou expressos através de sinais, símbolos, e da utilização de objetos reais e imaginários. - Fazer com que as crianças possam descobrir e expressar suas capacidades, através da ação criativa e da expressão da emoção. - Ampliar e valorizar a identidade própria e a auto-estima dentro da pluralidade grupal. - Criar segurança e expressar-se através de diversas formas como um ser valioso, único e exclusivo. - Criar uma consciência e um respeito à presença e ao espaço dos demais. (ZEVALLOS, 2010. p. 1)

Percebe-se que durante o processo de aprendizagem da criança, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com freqüência e o desenvolvimento do esquema corporal, da lateralidade, da estruturação espacial, da orientação temporal e da pré-escrita são fundamentais na aprendizagem. Um problema em um destes vários elementos irá prejudicar a



obtenção de uma boa aprendizagem. Mas qual o papel dos pais no enfrentamento destas relações? Segundo, Maria Lúcia Lupepesa:

A psicomotricidade trata-se de um lugar da expressividade motora, onde a criança será ouvida e reconhecida em sua maneira de ser original e singular no mundo; lugar de comunicação verbal e não verbal; lugar de construções simbólicas; lugar onde ela poderá se projetar num espaço acolhedor e seguro. Sabe-se que, quando a criança é estimulada desde bebê tende a ter mais facilidade nos seus relacionamentos afetivos, na sua forma de lidar com o próprio corpo, com ela mesma e com o ambiente social. Além disso, o contato acolhedor, estimulador e constante da psicomotricidade torna-se essencial para que ela adquira confiança em si mesma e no meio, podendo, de fato, se sentir estimulada para suas próximas realizações.(LUPESA, 2010, p. 2.)

Com isso, já é possível focar o papel dos pais, expondo que, estes podem e devem auxiliar suas crianças na da descoberta do seu corpo, em suas relações com o espaço social envolvente, aproveitando os momentos que ofereçam condições objetivas para os exercícios físicos. Enfatizando estas fundamentais relações que a criança e sua família vivenciam, Ana Sánchez entende que:

No desenvolvimento total da criança a estimulação através do movimento é essencial, por isso a psicomotricidade ou a manipulação, o uso e manuseio de objetos para ter todas as habilidades forma, parte de suas aprendizagens naturais que lhes servirão de base para sua maturidade e estar preparado para escrever, ler e falar corretamente. É importante estimular a criança desde uma idade muito precoce por meio do movimento sem forçar sua natureza, para chegar a sua maturidade. Para Piaget, o amadurecimento é a tendência fundamental do organismo a organizar a experiência e a converte-la em assimilável; amadurecimento e aprendizagem influem entre si para obter o desenvolvimento.(SÁNCHEZ, 2010, p. 1)

Portanto, através do lúdico e da brincadeira, por exemplo, os pais podem, em sintonia com os seus filhos, desde sua primeira infância, realizar atividades diversificadas como freqüentar ginástica de interação pais/criança, exercícios práticos de descoberta do corpo - reconhecimento da sua cara, cabeça e pescoço, ombros braços, mãos, peito, costas, abdômen, pernas e pés; tentar mentalmente que as crianças localizem diferentes partes do seu corpo, (com os olhos fechados) através de jogos de imitação em que os pais servem de modelo à medida que vão nomeando as suas ações, e os filhos imitam, desenvolvendo a sua capacidade de percepção-motora.

Deste modo, um perfeito desenvolvimento do corpo da criança não ocorre somente de um modo mecânico e solitário, pois podem e devem ser aprendidos e vivenciados no seio da sua família, onde a criança começa a formar a base da sua noção corporal.

Para a criança, seu corpo é o "canal" mais adequado para a comunicação com o exterior. De fato, as sensações percebidas, os movimentos realizados e o reconhecimento corporal que facilitam o conhecimento preciso de si próprio. Em suma, toda a relação pais/criança possibilita todas as aprendizagens ligadas ao movimento e ao jogo. O importante neste desenvolvimento da psicomotricidade é, sem dúvida, que os pais partilhem sentimentos, caminhando com os seus filhos na busca da sua autonomia, da construção da sua própria imagem e se em todo este processo existir uma forte relação afetiva, a criança sentir-se-á respeitada, desejosa de escutar, experimentar, de fazer. Neste ponto, já é possível abordar a relação psicomotricidade e baixa auto-estima nas crianças e jovens através de suas relações com os pais. Segundo Vilma Medina:

É dentro do ambiente familiar, principal fator que influencia na auto-estima, onde as crianças vão crescendo e formando sua personalidade. O que sua famílida pensa dela, é de fundamental importância. Em razão disso, é recomendável que os pais não se esqueçam das conquistas dos seus filhos. Se o bebê começa a andar, mas os maiores vêem a situação como uma obrigação, e não como uma conquista do bebê, a criatura não se sentirá suficientemente estimulada a seguir se esforçando para conseguir outras conquistas, para superar-se. (MEDINA, 2010, p. 2)

Portanto, o olhar dos pais deve ser estimulante, amoroso, atencioso. Fortalecendo as conquistas dos filhos com reconhecimento valioso e não como mais uma obrigação que foi cumprida. Não como mais uma simples etapa alcançada sem grande importância. Deste modo, cada conquista motora dos filhos deve ser vivenciada de forma positiva e incentivadora. E, através do que já foi exposto, é possível situar que as crianças que enfrentam algum problema de psicomotricidade tendem a se sentir baixa auto-estima. Tal fato pode ser um obstáculo a mais para o profissional que irá atuar com o cliente. Neste ponto estão as questões deste artigo: Os pais podem auxiliar o profissional que irá atuar junto à criança? Como pode ser esta intervenção?

Diante do que foi apresentando até o momento, parece claro que os pais devem, de fato, ajudar o profissional que irá trabalhar com a criança. No entanto, este entendimento não significa que o assunto seja óbvio e, portanto, que não seja de relevância no momento da

intervenção do psicomotrista. Afinal, será realmente que os todos os pais tendem a serem amorosos, estimuladores, pacientes e positivos com seus filhos? Sobretudo, se percebem que este apresenta algum problema psicomotor que os impossibilita de realizarem algo que, outros, de sua idade, já realizam? Diante desta pergunta, acreditamos ser relevante enfatizar, exatamente este recorte: A participação dos pais em toda a problemática que envolve a ajuda do profissional psicomotrista durante seu trabalho. Sobre este aspecto:

O importante em todo o processo de crescimento dos nossos filhos é que demos a eles a possibilidade de ser, de sentir-se bem com eles mesmos. Que nosso esforço esteja vinculado ao afeto, ao carinho, à observação, a valorizar suas qualidades, e apoiá-los quando algo vai mal. E para isso é necessário conhecê-los a cada dia, favorecendo os encontros, as conversas, e o contato físico. (MEDINA, 2010, p. 2)

Nota-se a imensa relevância de enfatizar, a participação dos pais em toda a problemática que envolve a ajuda do profissional psicomotrista durante o trabalho com seu cliente. Com isso, os pais devem fazer parte da atenção do profissional que irá atuar junto à criança. Devem ser focados e assistidos enquanto agentes importantes no pleno desenvolvimento do trabalho.

O psicomotrista pode, e deve trabalhar esta perspectiva com os pais de modo que cumpram este intransferível papel na vida de seus filhos. A atuação profissional deve ser, portanto, dirigida para a criança e, igualmente, para àqueles que atuam na sua vida cotidiana mais intima.

Um caso estudado será, neste momento, apresentado com o intuito de exemplificar o tema escolhido para este artigo. Deve-se dizer que não foi uma longa pesquisa e, portanto, os resultados não são fortemente conclusivos. Não obstante, o caso parece ter uma relevância digna de atenção, sendo indicativo da necessidade de outros estudos. Todos os atendimentos foram realizados na clínica disponibilizada pela faculdade Universidade Vale do Acaraú, do curso de especialização em Psicomotricidade. Localizada na Rua João Cordeiro. Bairro Aldeota, no horário de 18h às 19:30h às quintas – feiras. Com o apoio da Coordenadora Sylvana, apresentando recepção, sala de espera, banheiro, espaço externo para atividades psicomotoras e salas de atendimentos climatizadas. O local foi projetado visando o conforto dos clientes e estagiários, oferecendo todos os recursos necessários.

As atividades foram desenvolvidas pelas estagiárias do curso de especialização em psicomotricidade da Universidade Vale do Acaraú, sob a supervisão dos professores, Genivaldo Macário e Noélia Marques. Os atendimentos clínicos foram registrados através de relatórios e fotos, sendo estas com autorização da responsável do cliente.

Os encontros foram realizados na própria clínica do curso todas às quintas a noite no período de uma hora e meia cada atendimento, com um cliente de doze anos que apresentava, como queixa inicial, um comprometimento motor e baixo auto-estima Foram usadas como recursos sala climatizada com espaço suficiente para os atendimentos clínicos possibilitando a execução do estagio e recursos utilizados pelas estagiárias em Psicomotricidade.

Na primeira atividade foi realizado o contato com a mãe do cliente, fazendo uso da anamnése para a colheita dos dados do cliente. Ela relatou que o filho era agitado, não sabia se vestir, não tinha amigos, era bobo, se metia em brigas no colégio, não dormia só, não fazia tarefa só, tudo dependia dela. Disse ainda que ele gostava de cinema e ia ver filmes com os amigos. Relato em que se percebem aspectos contraditórios, pois se o cliente não tinha amigos, como ele podia ir ao cinema com estes? Imaginamos que iríamos receber um menino com sérios problemas, afinal ele tinha doze anos, não parava de pular de frente de uma televisão e não sabia se vestir.

Nos dois primeiros encontros houve uma entrevista com o cliente N.A.O.S. de 12 anos para formação de vínculo e definir um "contrato" de sigilo entre o cliente e as estagiárias frente às atividades realizadas no espaço. Foram feitas dinâmicas de relaxamento e reconhecimento da imagem corporal, utilizando- se como material: Som, CD, balão, papel madeira, canetinhas.

A terceira sessão o cliente faltou, mas demonstrou-se muito chateado por não comparecer ao nosso encontro.

No quarto encontro foi implementado um relaxamento de reconhecimento do corpo, pois os conceitos de imagem corporal, esquema corporal, corporeidade e consciência corporal, nem sempre se mostram claramente delineados, acarretando confusão de significados, com isso, pedimos para que o cliente retratasse como se via naquele momento e como se sentia diante de tudo que estava vivenciando. Foram utilizados como recursos: som,

CD de música instrumental, canga, cartolina, revistas, cola, tesoura e canetinhas. Observou-se também sua lateralidade e percebemos que o cliente possui a lateralidade cruzada.

Durante a quinta sessão foram realizadas atividades com balões para observar todo seu motor amplo e, o cliente jogou com os balões, pulou e estourou, porém logo se mostrou cansado e pediu para fazer um relaxamento, comentando que gostava mais de atividades com relaxamento, indo de encontro com umas das queixas apresentadas pela responsável, que N.A.O.S. seria muito agitado. Depois foi questionado a cerca do lugar que ele dormia. Ele explicou que dormia no quarto dele, mas quando eram às vinte e três horas a mãe dele o acordava para que fosse dormir com ela, pois ela tinha medo.

Neste sentido, começo a parecer muito provável que a mãe, de alguma forma, talvez não estivesse ajudando seu filho na intervenção realizada e que, além disto, poderia ter fornecido informações não totalmente verdadeiras sobre a criança. Estes relatos contraditórios podem gerar pistas das dificuldades na intervenção do profissional psicomotrista, pois, como explica Maurilia Gonçalvez:

A complexidade dos problemas psicomotores é inumerável. A eles se encontram ligados fenômenos de comportamento tais como: instabilidade, depressão, emotividade, imaturidade, inibição, agressividade etc. A perturbação psicomotora está na base de um problema afetivo, aspecto este que requer enquadramento conveniente sobre as noções de pessoa, movimento e corpo. A interação dos aspectos afetivos com os motores traduz a arquitetura de toda a personalidade do indivíduo e a organização das suas funções cognitivas. (GONÇALVEZ, 2010, p. 1)

Se a mãe tiver algum problema ao lidar com os filhos, parece claro que isto pode gerar distúrbios afetivos. Um dia no horário de almoço o celular toca, era a mãe dele solicitando ajuda para ele sair da frente do computador e que fosse estudar. Foi dito que ela teria ajuda, mas somente dessa vez, pois ela tinha que ter autoridade com o filho dela, e colocar regras e horários. A cerca deste tema, foi dito que seria feito um horário para ele no próximo encontro.

A sexta sessão foi realizada fora do espaço da clínica, fomos para um jogo de futsal no Círculo Militar, com o intuito do cliente que ama futsal, ser apresentado a um treinador do grupo SUMOV, para um teste e quem sabe passar a treinar pela seleção do SUMOV e assim poder trabalharmos sua auto-estima e confiança em si mesmo. Porém, a própria mãe falou que achava N.A.O.S. incapaz, muito bobo e não seria capaz se chegar ao nível das crianças que ali

estavam. Foi percebido que a mãe não procurou de nenhuma forma ajudar ao filho no enfretamento desta suposta dificuldade.

Para que pudéssemos observar a coordenação motora do cliente e, se o mesmo consegue vestir só, – pois a mãe apresentou como queixa de N.A.O.S. a de que ele não sabia se vestir –, houve, na sétima sessão, como dinâmica, o uso de diversas vestimentas onde ele teria que utilizar botões, laços, zíperes, etc. Ele vestiu todas as roupas sem dificuldades e ainda disse que gostou mais da roupa que tinha gravata. Interessante anotar que ele sabia colocar uma gravata, mas segundo a mãe, ele tinha grandes dificuldades no ato de vestir.

Diante do observado e relatado no estágio, por mãe e filho, se percebeu indícios de que a mãe não sabia lidar com seu filho em alguns aspectos e que, inclusive, talvez não fossem totalmente verídicas as informações fornecidas para o profissional psicomotrista. Nota-se o quanto é importante que os pais possam trabalhar de forma positiva e verdadeira, pois é muito desejável que o atendimento seja baseado nos melhores dados possíveis e, com o melhor auxílio dos responsáveis pela criança. Deste modo, o profissional psicomotrista deve ter sensibilidade para detectar situações em que os pais, não conseguem ajudar seus filhos, ou mesmo, eles próprios podem, de algum modo, ser parte do problema do cliente que está sendo atendido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através desse artigo, baseado em atendimentos clínicos com uma criança de doze anos, podemos sugerir que, atualmente, algumas famílias possam de algum modo dificultar o desenvolvimento dos filhos, não somente na parte emocional, como também na parte psicomotora que são interligadas. Isto sugere que o profissional psicomotrista deve estar atento pra este possível problema.

Com efeito, nosso campo teórico afirma que os pais podem, e devem estimular a imaginação das crianças, sua independência, despertando idéias e as questionando de forma que, elas próprias, procurem soluções para os problemas que surjam. Além disso, devem brincar com elas, procurando as estimular, em todos os âmbitos. Com isso, devem participam de forma positiva no processo de crescimento dos filhos e, se for o caso, da recuperação de

suas melhores condições. Com isso, podemos dizer que os problemas de relação família-filho freqüentemente têm impacto na apresentação e na manutenção do sofrimento afetivo e psicomotor na atuação comportamental na criança, logo, o envolvimento dos pais no tratamento é um componente que não deve ser minimizado.

Os pais podem sim, atuar no reforço em quase todo o ambiente da criança. Durante as sessões é possível fornecer informações aos pais e trabalhar cooperativamente com eles para identificar comportamentos e habilidades-alvo. Deste modo, os psicomotristas podem, igualmente, ensinar os pais a dar reforço positivo e apoio a seus filhos fora das sessões realizadas. Assim, a freqüência de comportamentos adequados da criança deve aumentar. Outro aspecto importante da participação dos pais no processo terapêutico é que o psicomotrista por sua vez, também deve estar atento se os pais apresentam um discurso contraditório e, como esse dado negativo, interfere no surgimento e na manutenção do processo reabilitador do desenvolvimento do cliente.

O cliente, N.A.O.S. foi trazido pela mãe com a queixa de que ele é agitado, bobo, dependente na realização de atividades simples e, de não ter muito convívio social. Entretanto, foram constatadas algumas contradições nestas informações, fato que sugere que, talvez, um foco importante do problema se encontre na dinâmica da família do cliente.

Através da criação de vinculo com o cliente, das dinâmicas de relaxação e realização de atividades propostas através de desenhos, atividades com balões, circuito com escada, pneus, cones e cordas, músicas etc. podemos observar a postura do cliente diante dessas atividades, suas projeções evidentes e diretamente através de sua fala o que realmente essa criança necessitava.

Fazer com que a mãe de N.A.O.S. tomasse consciência de todo esse processo, foi o que se deu de mais significativo e compensador em nossos atendimentos. Assim, foram feitos encaminhamentos para que ambos, mãe e filhos procurassem ajuda de um profissional terapeuta, para que melhor pudesse ser desenvolvidos o fator emocional e a relação afetiva influenciando na mudança da dinâmica familiar dos mesmos.

O estudo teve por finalidade demonstrar a importância da intervenção psicomotora junto á família enquanto pessoas que somem forças, para que se tenha com mais sucesso o desenvolvimento do cliente envolvido. Com isso, a criança possa melhor desenvolver seu lado motor, sua auto-estima, o lado emocional e, conseqüentemente, dar continuidade ao seu processo de desenvolvimento de forma saudável e plena.

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Acesso em: 14.02.2010.

Especialista em Psicomotricidade pela Universidade Estadual Vale do Acaraú. Email: [email protected]