Linus van Pelt, do Peanuts: uso da naninha como objeto de transição

Você certamente já assistiu ao desenho Peanuts, sobre Charlie Brown, Snoopy e sua turma. Pois bem, lembra-se do personagem Linus? Um garoto pouco mais novo do que Charlie, que andava por todos os lugares com um pano de cor clara? Esse costume de Linus está longe de ser algo estranho para as crianças. Quem já teve filhos, sobrinhos ou conviveu com crianças de amigos sabe que crianças geralmente se apegam em objetos, pessoas ou coisas de uma forma inacreditável – e incompreensível, às vezes, para os leigos. Mas, você sabia que isso é um processo natural, saudável e passageiro?

Esses objetos aos quais os bebês se apegam são chamados de objetos de transição e são muito importantes para o desenvolvimento psicológico dos bebês e crianças. O termo objetos de transição apareceu pela primeira vez em 1953, nas pesquisas do pediatra e psicanalista inglês Donald Woods Winnicott. Ele classificou como objeto de transição qualquer coisa à qual o bebê e a criança se apeguem após os quatro meses de vida.

É justamente neste período, segundo Winnicott, que o bebê passa a perceber que ele e a mãe não são a mesma pessoa e que é possível “substituir” o carinho da figura materna por algo a ser escolhido por ele. A criança, então, se apega ao objeto escolhido, que pode ser um brinquedo, naninha, paninho, uma parte do corpo ou até um cheiro ou um som característicos para a criança. No fim, sempre será algo que traga sensação de segurança a ela.

O objeto também não precisa ser único: há crianças que escolhem até três, quatro ou mais objetos de transição. Da mesma forma, algumas crianças simplesmente não escolhem objetos de transição e podem passar a vida infantil toda livre deles.

E o que fazer?

A primeira sensação de alguns pais com relação a isso é regular o acesso do filho ao objeto, o que é extremamente ruim para a criança. Os objetos de transição são saudáveis e diminuem a ansiedade dos pequenos, além de cumprirem um papel pedagógico – são um tipo de amigo que só o seu filho ou filha pode criar e reconhecer.

Alguns pais também tendem a orientar a escolha desses objetos, o que na grande maioria das vezes não surte efeito algum: o seu filho vai escolher o objeto que ele quiser, independente de quantas vezes você insista na troca daquele paninho velho por uma bola novinha em folha.

Aos pais, a melhor orientação é acompanhar essa fase importante do seu filho e nunca, jamais jogar o objeto fora. Desfazer-se dele pode causar traumas na criança e prejudicar o amadurecimento psicológico.

Ele não larga mais, e agora?

Seu filho ou filha tem sete anos e ainda não deixou seu objeto de transição de lado? Isso pode, sim, ser um problema. Especialistas afirmam que o desapego da criança ao objeto costuma acontecer entre os três e cinco anos de idade. Após essa fase, vários fatores contribuem para que ele passe por momentos conturbados se não conseguir largar dos objetos. Casos de bullying na escolinha, por exemplo, não são tão incomuns e podem representar problemas para seu filho.

O ideal, nesse caso, é buscar ajuda psicológica para a criança, sem, contudo, desencorajá-lo ou criticá-lo por não querer largar o objeto. Lembre-se: é uma fase transicional muito importante para ela!

Willian Fusaro é jornalista e trabalha no departamento de comunicação da loja de roupas e enxoval para bebês Bebe Fácil.