UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

ESCOLA DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE

CURSO EDUCAÇÃO FÍSICA 

Artigo: A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Rio de Janeiro

2013 

 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Priscila Barboza1                                                                                                                                                  Universitário do curso de Educação Física Licenciatura, da Universidade Castelo Branco do Rio de Janeiro¹ .

RESUMO: O presente estudo, tem como objetivo investigar os benefícios propostos no âmbito escolar, pela temática jogos cooperativos. A metodologia utilizada no estudo baseou-se em uma minuciosa pesquisa bibliográfica, onde renomados autores cuja militância desmistifica e comprova á cerca da importância e eficácia dos jogos cooperativos. Após a pesquisa bibliográfica conclui-se a importância e eficácia dos jogos cooperativos nas aulas de educação física escolar, como forma de permitir que todos participem das aulas de maneira igualitária, longe do cogito de habilidades e técnicas segregatórias.

PALAVRAS-CHAVE: Jogos cooperativos, competição, Educação Física,  jogo

ABSTRACT: The present study aims to investigate the benefits proposed in the framework for cooperative games-themed school. The methodology used in the study was based on a thorough literature search, where renowned authors whose militancy demystifies and proves to the importance and effectiveness of some cooperative games. After the bibliographical research concluded the importance and effectiveness of cooperative games in school physical education classes as a way to allow all participating classes of equal way, away from the cogito of segregatórias skills and techniques.

A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

Introdução

    Sem sombras de dúvidas a participação de todos os alunos efetivamente nas aulas de Educação Física escolar é de extrema importância. Tendo em vista a necessidade de se avançar para um processo de quebra de paradigmas e dogmas de modelos tecnicistas e competitivistas sobretudo no cotidiano escolar, abordando a necessidade e a oportunidade de se aprender em uma situação de diversidades sobremodo observado no cotidiano escolar . Observa-se em nossa sociedade que os conteúdos escolares, sobretudo na Educação Física estão atrelados ao modelo capitalista; da competição, segregação e da desvalorização do menos hábil, sendo demasiada a valorização do jogo, onde só a vitória é valorizada e buscada. ´´ A competição sadia não existe. A competição é um fenômeno cultural e humano, e não constitutivo do biológico. Como fenômeno humano a competição se constitui na negação do outro´´1. Ao disseminar a idéia de competição sadia no âmbito escolar, estimula-se a cultura e a ideologia da segregação e da negação do outro, enfatizando a continuidade as políticas de exploração e dominação  típicas das classes dominantes.

   "A proposta dos jogos cooperativos embora seja inovadora é adequada para minimizar as consequências negativas de uma Ed.Física escolar extremamente competitiva. São    necessários mais estudos para o aprofundamento dos seus aspectos filosóficos, sociológicos e pedagógicos 2. Portanto esse estudo visa conferir e refletir à cerca dos benefícios dos jogos cooperativos na Educação Física escolar´´.

   A utilização do jogo como ferramenta pedagógica, precisamente no ambiente escolar, sobretudo nos contextos das aulas de Ed. Física, tem caráter inestimável; numa perspeccativa de perdas e ganhos, constrói-se o contexto social, ancorando-se nos fragelos de modelo e ideologia capitalista. ´´Os jogos cooperativos são jogos de compartilhar unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos tendo pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmo. Eles reforçam  a confiança pessoal e interpessoal, uma vez que ganhar ou perder são apenas referências para o contínuo aperfeiçoamento e todos´´3.

   Baseando-se na ferramenta pedagógica - O jogo, com toda sua estruturação de caráter cognitivo, afetivo  e  social, onde aspectos relevantes de construção de caráter e ideologia no discente, se faz presente ; ´´O jogo tem um papel  importantíssimo na educação, mas ele é só um instrumento que se bem utilizado enriquecerá a vida do educando´´ 3. Os jogos cooperativos se apresentam como uma ótima opção, já que eles surgiram da preocupação com a excessiva valorização dada ao individualismo e a competição exacerbada na sociedade moderna, mais especificamente, na cultura ocidental.

   Infelizmente tais fatos foram aferidos e visualizados durante os estágios supervisionados, onde observou-se claramente a abstração dos  conteúdos onde houvesse a cooperação e em contra partida, a ênfase a atividades que se utilizavam de conteúdos metodológicos segregatórios e competitivos. diante de tal constatação revelou-se o anseio e a busca pela influência e importância  dos jogos cooperaticos como ferramenta pedagógica  para formar indivíduos mais solidários; sobretudo no ambiente escolar, base de toda sociedade. O estudo objetiva verificar se os jogos cooperativos no contexto  escolar são ferramentas pedagógicas, cujo a resultante favorece a formação discente. Espera-se que este estudo possa servir como fonte de pesquisa para acadêmicos de Ed. Física, professores e toda comunidade interessada no tema. Sendo utilizado amplamente para que se constitua um diálogo continuamente aberto, sendo despertado tanto na área de Ed. Física e em outras áreas de pesquisa e conhecimento à cerca da temática cooperação. Diante deste simples ensaio, é relevante um estudo mais abrangente por pesquisadores e entidades competentes. 

Metodologia

    Esta amostra foi constituída de 1 artigo, 9 livros e duas revistas científicas; totalizando 12 publicações registradas no período de 2010 á 2012.

    Este estudo baseia-se em um modelo descritivo: qualitativo e quantitativo, de tendência ex-post-facto, expressão cuja significância é "a partir do fato passado" 4. Quantitativa, pois a amostra foi constituída por três pressupostos teóricos, e portanto, será de caráter sobremaneira bibliográfico. Dentre os quais Correia, Brotto e Maturana, oferecem subsídios necessários para que se possa avançar na abordagem da pesquisa a cerca da importância dos jogos cooperativos como ferramenta pedagógica.

    "Os estudos que empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar  a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais" . Corrobora que podem "contribuir no processo de mudança de  determinado grupo e possibilitar,em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos" 5.

     Para realização do estudo foi realizado um computador da marca CCE, sistema operacional Microsoft Windows 7 Ultimate (64-bit) Service Pack 1: Memória (Ram); 2GB,processador Intel (R), monitor1619w. Os termos mais utilizados foram: (Cooperação, Educação Física Escolar, Formação Humana, Jogos, Jogos Cooperativos).

Discussões e resultados

      ´´Nosso sistema educacional é baseado na competição. Não ensinamos nossas crianças a amarem o aprendizado; nós a ensinamos a se esforçarem para conseguirem notas altas. Não ensinamos as crianças a amarem os esportes; nós as ensinamos a vencer os jogos ´´6. Observa-se o fenômeno competição em todos os âmbitos da sociedade, e a escola como parte do sistema não se absteve deste processo; todo o processo educacional é condicionado a incorporação e a decodificação mental de conteúdos que visam o condicionamento dos alunos á atingirem metas e notas altas.

        ´´O esporte, jogo ou competição são muito mais do que representações culturais, históricas ou sociais. Expressam concepções de mundo de valores que estiveram em voga em um determinado momento. Hoje, valores como a cooperação, a solidariedade, a preocupação com a ecologia, estão ganhando destaque nos discursos de diversos setores da sociedade. Assim, é possível que a Educação Física, descubra outras práticas corporais além do esporte e que este e o jogo incorporem os novos valores eminentes. Nesse contexto e nesse momento, os jogos cooperativos tornam-se a proposta mais adequada, para atender ao chamado da cooperação´´7. Acredita-se que o jogo na escola têm sua importância sobremaneira a colaborar na construção de indivíduos não somente hábeis no esporte; mas na consciência da existência do outro, agregando valores como solidariedade e cooperação.

     ´´Os jogos cooperativos foram organizados de maneira a atenderem á necessidade de promoção de habilidades interpessoais e de auto-estima, possuindo uma estrutura que favorece o jogo com o outro e não contra o outro´´3. Dentre a importância do jogo e sua proposta pedagógica em sua totalidade, acredita-se na funcionalidade proposta pelos jogos cooperativos  que abrangem em sua ideologia a primazia da valorização de habilidades interpessoais, o que contribui para o aumento da auto-estima.

      ´´É mais educativo reconhecer a importância do vencido e do vencedor do que nunca competir.´´8 Não abstraindo a importância da competição, mas garantindo sua ressignificação; pois a competição é inerente á raça humana e ao processo de sobrevivência, mas sobretudo que a mesma aborde o respeito mútuo e o prazer.

    ´´A competição é realmente inerente ao homem, isto posto, não queremos renegá-la do convívio de nossos alunos, temos sim que repensar osconteúdos e estratégias nas aulas de Educação Física´´9. Não há como negar a competitividade em nossa sociedade, porém o processo da ajuda mútua no cotidiano é também fundamental.

    ´´Os jogos cooperativos nas aulas de Educação Física são de grande valor no processo  pedagógico, desenvolvendo aspectos como o aumento da auto-estima, confiança, respeito mútuo, comunicação, criatividade, alegria, entusiasmo´´10. Sendo a escola participadora na formação do sujeito, e a Educação Física diretamente ligada á jogos, acredita-se que a utilização de jogos cooperativos na Educação Física escolar corrobore com fatores interligados ao aumento da auto-estima e respectivamente respeito mútuo.

    ´´O problema da competição não é um problema que se reduz á forma como jogamos, mas está presente e é uma parte fundamental do sistema cultural dominante em nossa sociedade´´11. O fenômeno competição está arraigado em nossa cultura social e é uma concepção do modelo dominante em nossa sociedade.

    ´´O objetivo primordial dos jogos cooperativos é criar oportunidades para o aprendizado cooperativo e a interação cooperativa prazerosa´´6. Acredita-se na importância dos jogos cooperativos, sendo ferramentas apropriadas na disseminação de um aprendizado onde a cooperação se faz presente, buscando a interação cooperativa de forma prazerosa.

    ´´A relação ganhador-perdedor não existe apenas no jogo. Também existe entre patrão e empregado, rico e pobre, países desenvolvidos/países subdesenvolvidos. O patrão domina o empregado - o rico o pobre. Nessa sociedade se reforça a relação de dominação, violência, destruição dos mais fracos pelos fortes. Poucos são os ´´ganhadores´´ e muitos os ´´perdedores´´. Do mesmo modo como se aceita a dominação na sociedade. Acredita-se que aquele que ganha merece o triunfo, porque é mais forte. Igualmente se aceita que o dono da fábrica estar onde esta, porque soube esforçar-se e trabalhar´´11. Cabe ressaltar que a escola é um retrato de especulações de cunho político que a regem; sobretudo observa-se o fenômeno competição e da segregação em esferas políticas regidas pelo sistema capitalista, o que propõem que em sociedade o fenômeno competição permeia as relações cotidianas. A figura do patrão e do empregado, do rico e do pobre, e dos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, reproduz relações de dominação e dominados, o que reforça a aceitação de que quem ganha merece o triunfo, porque é mais forte.

     ´´Devemos trabalhar para mudar o sistema de valores, de modo que as pessoas controlem seus próprios comportamentos e comecem a se considerar membros cooperativos, da família humana (...) Talvez se alguns dos adultos mais destruidores de hoje tivessem sido, quando crianças, expostos ao afeto, á aceitação e aos valores humanos, o que tento promover com os jogos e esportes cooperativos teriam crescido em uma outra direção ´´6. Tamanha têm sido a urgência na demanda de mudança de comportamento, o que influênciaria diretamente na mudança de valores agregados; sobremodo, tal alternativa corroboraria para a formação de indivíduos menos destruidores. A proposta dos jogos cooperativos sinaliza á práticas onde permeia o afeto e a aceitação do outro, criando assim oportunidades para a construção de adultos mais cooperativos.

     (...) quando participamos de determinado jogo, fazemos parte de uma minissociedade, que pode nos formar em direções variadas. Uma vez formados pelas regras, pelas reações dos outros, pelas recompensas e punições, tornamo-nos parte do jogo e começamos a formar outros. Dessa forma o jogo ganha vida e poder independente dos jogadores. Em vez de criar minissociedade ou jogos, que refletem de forma pura a competitividade, a desonestidade, e a cobiça da sociedade maior; porque não desenvolver jogos que criem uma miniatura de utopias em que gostaríamos de viver? Porque não criar e participar de jogos que nos tornem mais cooperativos, honestos e atenciosos para com os outros? Porque não usar o poder transformador dos jogos para ajudar anos tornamos o tipo de pessoa que realmente gostaríamos de ser´´6. Se a escola enquanto aparelho do Estado, e a Educação Física tem o papel de formadoras de caráter e adestradora respectivamente, a utilização do jogo se faz eficaz; utilizando-se do jogo e sua importância, e como este perfaz dentre um cenário de regras, recompensa, punições e desonestidades, sendo este para o alunado reprodução fidedigna da vida cotidiana, principalmente no que tange as relações apresentadas em sociedade; competitividade, desonestidade, e a cobiça, reflexo de um sistema hegemônico, onde o mais forte deve vencer o mais fraco.

 

 

 

Quadro comparativo:                                                                             

Autores

Jogos Cooperativos

Competição

Solidariedade

Cultura Corporal

Educação Física

Escola

Jogo

Maturana

 

         x

         

Correia

        x

         x

   

    x

        x

 

Brotto

        x

         x

           x

 

    x

        x

    x

Orlick

 

        

 

         x

 

        x

    x

Freire

 

         x

       

    x

Kemmer

 

         x

           x

       

Bronw

 

         x

           x

       

                             

     Dentre os principais autores que enfatizam e discursam á cerca da temática jogos cooperativos e sua importância no âmbito escolar, por unanimidade observa-se que 99% observaram o fenômeno competição nas aulas de Educação Física escolar. Tal percepção, provocou nos autores mais renomados no assunto, o desafio de pesquisar o fenômeno competição sobretudo no mundo da escola e seus reflexos na sociedade. Observa-se que muitos autores não renegam a importância da competição: aceitando-se como inerente ao homem desde os primórdios como base da sobrevivência humana. Observa-se, que a competição parte de uma espécie de invólucro da cultura corporal de cada indivíduo, sendo uns menos e outros mais atingidos, prevalecendo a existência de dominados e dominantes, onde o mais forte sempre vencerá o mais fraco, tendo este a aceitar o jogo da vida.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Sobremodo, as abordagens relatadas neste estudo á cerca da importância dos jogos cooperativos na Educação Física escolar são desafiadoras; sobretudo á quebrar com paradigmas existentes em nossa sociedade, o que remete claramente a existência de um sistema hegemônico capaz de tornar as aulas de Educação Física segregatórias e excludentes. A proposta dos autores em referência aos jogos cooperativos, incita e desafia os profissionais de Ed. Física à refletirem  estas ideologias em suas práticas ; o que corrobora para formação de sujeitos mais solidários, perceptivos do outro e menos discriminatórios ; utilizando-se do jogo, como peça principal, a trabalhar questões de caráter humanitário e social.

    Portanto, o presente estudo de caráter bibliográfico, baseado em autores renomados na temática jogos cooperativos; autores estes cuja militância promulga a importância dos jogos cooperativos na Educação Física escolar, evidênciou-se de forma plena e satisfatória que os jogos cooperativos são ferramentas pedagógicas cuja a resultante favorece a formação discente;.                                                      dentre esta perspectiva, observou-se claramente que, a proposta dos jogos cooperativos no âmbito da Educação Física escolar, favorece e propicia o pleno desenvolvimento das habilidades sociais dos alunos, refletindo claramente na formação discente, de forma a utilizar-se do jogo como ferramenta eficaz á contribuir para formação de indivíduos mais cooperativos. Sendo os jogos cooperativos, um oportuno veículo de propagação de mudança de práticas, conceitos e valores competitivos normalmente encontrados no mundo da  escola, onde em meio a jogos e esportes prevalece os atributos das performances de gestos técnicas e táticas, em contrapartida a proposta dos jogos cooperativos é transformadora e eficaz pois promove o encontro, inclusão, partilha, e principalmente o  prazer e a vontade de jogar com o outro, e não contra o outro.

REFERÊNCIAS

1- Maturana, H.R. (2002), Emoções e Linguagem na educação e política. Belo Horizonte: UFMG

2- Correia, M.M. Jogos Cooperativos e Educação Física escolar: possibilidades e desafio. Revista Digital - Buenos Aires – Año 12 - N° 107 - Abril de 2007. Disponível em <www.efdeportes.com/.../jogos-cooperativos-e-educacao-fisicaescolar.htm> Acesso em 16 de Junho 2013.

3- BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos – O jogo e o esporte como um exercício de convivência – Santos: Ed. Projeto Cooperação, 2001.

4- Gil, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa.5° edição. São Paulo: Atlas, 2008.

5- Richardson, R. J. Pesquisa Social: Métodos e Técnicas.3° edição São Paulo: Atlas, 1999

6- Orlick, T.(1989) . Vencendo a competição. São Paulo: Círculo do livro

7- CORREIA, M. M. Trabalhando com jogos cooperativos: em busca de novos paradigmas na educação física. Campinas: Papirus, 2006.

8- Freire J. B. (1999) Educação de corpo inteiro: Teoria e prática daeducação física. 4° edição São Paulo Scipione

9- Kemmer A. V. M. (2000) A influência da competição na vida escolar do educando. Anais do IV Encontro Fluminense de Educação Física Escolar, 16-17 Junho

10- BROTTO, F. Os Jogos cooperativos se o importante é competir, o fundamental é cooperar. Santos, SP: Ed. Renovada, 1997.

11- Brown, G. (1995) Jogos Cooperativos: Teoria e prática. 2° edição. São Leopoldo: Sinodal