A IMPORTÂNCIA DOS FAMILIARES NO TRATAMENTO DO MEMBRO DA FAMÍLIA PORTADOR DE ESQUIZOFRENIA.

Cintia
Cristiane
Edilson
Ednamar
Eliene
Mônica
Emerson Máfia

RESUMO

Por ser considerada uma doença mental incapacitante e também de curso crônico, a esquizofrenia merece uma atenção especial, devido suas conseqüências. Diante disto, a família exerce um papel de fundamental importância no tratamento do membro portador de tal doença. Com isso, o trabalho tem como objetivo geral conhecer a importância dos familiares no tratamento do membro da família portador de esquizofrenia. E específicos: conhecer os tipos de esquizofrenias; Elucidar o conhecimento a cerca do tratamento da esquizofrenia; Conhecer o papel da família e da enfermagem ante as esquizofrenias. Tendo como problemática o fato de a família muitas vezes não contribuir de forma adequada para a reabilitação do seu membro portador de tal patologia. Para concretização do trabalho foi utilizada uma pesquisa exploratória de natureza qualitativa. Percebeu-se que a família é o principal elo entre o doente mental e o tratamento e que muitas famílias não se inserem nesta perspectiva da forma como deveria.

PALAVRAS CHAVE: Enfermagem, família, esquizofrenia.

INTRODUÇÃO

A esquizofrenia é considerada uma doença crônica, com grande evidencia nos dias atuais, considerada, muitas vezes incapacitante, cabendo aos familiares dos portadores o cuidado para com os mesmos, porque, geralmente o portador fica dependente e desorganizado. Cabe à família, ainda, promover o contato entre o doente e os serviços de saúde existentes, funcionando como um elo.
"O envolvimento afetivo característico dos laços familiares de alguma forma orienta as tentativas de entendimento e as buscas de soluções para muitas questões pertinentes ao convívio com um familiar doente" (VILLARES, 1999).
As esquizofrenias são divididas em cinco tipos: Paranóide; hebefrênica; catatônica; simples e residual. Sendo que cada uma destas têm suas particularidades e seu nível de comprometimento familiar. Sendo assim, o diagnóstico se torna difícil, porém o tratamento consegue ser realizado de forma mais eficaz após este diagnóstico, e é claro, para que este tratamento seja efetivo são importantes os cuidados e a atenção dos familiares para com o portador.
Diante do exposto o trabalho tem como objetivo geral conhecer a importância dos familiares no tratamento do membro da família portador de esquizofrenia. E específicos: conhecer os tipos de esquizofrenias; Elucidar o conhecimento a cerca do tratamento da esquizofrenia; Conhecer o papel da família e da enfermagem ante as esquizofrenias. Tendo como problemática o fato de a família muitas vezes não contribuir de forma adequada para a reabilitação do seu membro portador de tal patologia
Desta forma a proposta de trabalho está sendo realizada sobre esquizofrenia frente a sua importância social, cultural, familiar e profissional, visto que o enfermeiro será conivente com portadores de esquizofrenia e familiares dos mesmos e precisarão ter conhecimento para orientar, principalmente a família, sobre a forma correta de como lhe dar com o esquizofrênico.
Sendo assim, para concretização de tal, foi realizada uma pesquisa de natureza exploratória qualitativa, no qual teve como foco principal obtenção de conhecimento a cerca da patologia em discussão. Segundo Nascimento (2005, p. 73) a pesquisa exploratória tem por objetivo permitir um aprofundamento maior sobre os temas ou questões com as quais o pesquisador não esteja ainda muito familiarizado ou que disponha de poucas informações. Este trabalho é baseado em pesquisa bibliográfica, pois foi produzido com base em material já elaborado pesquisado em livros, buscas no scielo etc.

REFERENCIAL TEÓRICO

ESQUIZOFRENIA

Histórico

Segundo Elkis (2000), O que hoje entendendo por esquizofrenia é o fruto de um conceito que sofreu muitas transformações no decorrer de 100 anos, tempo este, que foi necessário para se entender o pouco que sabemos desta patologia. Este período foi dividido em três etapas (1) as origens: Kraepelin, Bleuler e Schneider, (2) o período de expansão do conceito e (3) o período de restrição do conceito.
Elkis (2000), afirma que o nome "demência", proposto para classificar a esquizofrenia no passado, não cabe a esta doença, pois Kraepelin em seus estudos observando pacientes jovens que, após um momento psicótico, sofriam um "enfraquecimento psíquico", percebeu que isso não os classificava necessariamente como dementes.
Colabora, Araripe ET AL (2007) colocando que:

A idéia de uma alteração biológica como agente causador da esquizofrenia é tão antiga quanto a definição desta doença como entidade nosológica. Kraepelin (1996), ao sistematizar os diagnósticos psiquiátricos, agrupou a então chamada Dementia Praecox dentro do grupo das demências endógenas. O conceito de endogenicidade era fundamental para o sistema krapeliniano e, embora expressasse o desconhecimento das causas reais das afecções mentais, foi de grande importância ao centrar na própria constituição do indivíduo a origem da doença. A concepção de um transtorno demencial direcionou inicialmente as pesquisas para um processo neurodegenerativo. Alzheimer foi o primeiro a conduzir estudos neuropatológicos e não observou gliose reativa, diferenciando os processos neuropatológicos envolvidos na esquizofrenia das demências senis.

A esquizofrenia é uma síndrome polimorfa que incide em maior grau nos adultos jovens. Esta tem um andamento comumente cronificante, e implica em conhecimento de sintomas psicóticos, na deficiente adaptação e atuação social e no incessante uso de serviços hospitalares, ambulatoriais e de emergência. Se compararmos a esquizofrenia com outros transtornos metais, como alcoolismo e dependências químicas ou transtornos afetivos ou de ansiedade conseguimos perceber que esta patologia não caracteriza grande percentual de incidência diante das demais, porém, quantitativamente é significativa entre os usuários de serviços de saúde mental (DITTMAR, 1999).

A expansão do conceito de esquizofrenia deu-se predominantemente nos Estados Unidos, sobretudo devido às influências de Meyer e Sullivan, especialmente as do último, que interpretava os conceitos bleulerianos à luz da psicanálise. Outros autores dilataram o conceito de outras formas, como Kasanim com a psicose esquizoafetiva, que abolia a dicotomia kraepeliniana, ou como Hoch e Polatin, que aproximaram a esquizofrenia dos transtornos de personalidade por meio do conceito de esquizofrenia "pseudoneurótica", levando muitos pacientes, que hoje seriam diagnosticados como bipolares ou com transtornos de personalidade, a serem diagnosticados como esquizofrênicos. (ELKIS,2000)

Estudos demonstram que a esquizofrenia é uma patologia que ocorre grandes alterações cerebrais como afirma Busatto (2000).


Desde a década de 80, estudos morfométicos quantitativos post mortem têm mostrado anormalidades nos cérebros de alguns pacientes esquizofrênicos, incluindo diminuições globais de volume/peso e reduções localizadas em áreas temporais e frontais.1 Além disso, há achados histológicos de anormalidades de citoarquitetura nessas áreas, incluindo alterações no número, tamanho e distribuição dos neurônios em camadas.2 Um aspecto importante dos estudos histopatológicos é a ausência de um excesso de células gliais, indicando que as alterações observadas não são decorrentes de processos degenerativos.

Os problemas metodológicos intrínsecos aos estudos neuropatológicos, os achados inconsistentes e o aparecimento dos antipsicóticos na década de 50, fizeram com que estas pesquisas passassem a focalizar os neurotransmissores como elementos centrais na gênese da esquizofrenia. Entre as décadas de 70 e 90, ocorreu um grande desenvolvimento dos grupos enterresados em pesquisar sobre a esquizofrenia (ARARIPE, 2007). Nessa época, também teve um avanço das técnicas de neuroimagem que consentem a avaliação in vivo de alterações neuroestruturais, neuroquímicas e funcionais, as quais foram vastamente utilizadas para o inquérito da esquizofrenia. Em 1990, os principais grupos de pesquisa enfocaram seus empenhos em estudos de pacientes de primeiro episódio psicótico e, mais ultimamente, na identificação de pacientes de elevado risco para o desenvolvimento da esquizofrenia. (ARARIPE, 2007)

Esquizofrenia

A definição da Esquizofrenia é complexo devido seu sintomas não serem específicos. "O paciente pode apresentar-se isolado, ou perder o desejo pela vida, como tornar-se incapaz de desenvolver atividades rotineiras que outrora poderia realizar facilmente. Alucinações e delírios são determinantes em alguns tipos de Esquizofrenia e seus sintomas mudam mediante a terapia medicamentosa" (ALMEIDA, ET AL, 1996).

Sintomas agudos

Como sintomas agudos pode-se destacar: os delírios, dentre estes os de grandeza, os persecutórios, sendo mais nítidos do que em qualquer outra psicopatologia. Alterações do pensamento são freqüentes a questão afetiva pode estar alterada e juntamente o estado psicomotor (ALMEIDA, ET AL, 1996).

Sintomas crônicos

O sintoma que deve ser destacado é o embotamento afetivo. O pensamento pode ser de pobreza do discurso, ou seja, o paciente fala poucas palavras; podendo também ocorrer pobreza do conteúdo do discurso: excesso de palavras, porém vagas, sem lógica ou sem qualidade eficiente (ALMEIDA, ET AL, 1996).

Tipos de esquizofrenias

PARANÓIDE: Mais predominante; se destaca por apresentar delírios do tipo persecutórios onde o paciente acredita estar sendo perseguido; também podem ocorrer perturbações na percepção e alucinações de caráter auditivo (FIGUEIREDO, ET AL, 2008).
HEBEFRÊNICA: É marcada principalmente porque pode ocorrer tanto no final da adolescência como no início da vida adulta. Comportamentos como mudanças afetivas, ou de forma irresponsável; pensamentos desorganizados; maneirismos; rápida evolução para sintomas negativos; também pode apresentar embotamento afetivo (FIGUEIREDO, ET AL, 2008).
CATATÔNICA: O paciente pode apresentar mutismo (não se comunica por um longo período de tempo). Perturbações psicomotoras; obediência automática; estupor e hipercinesia (FIGUEIREDO, ET AL, 2008).
SIMPLES: Pode ocorrer incapacidade perante a sociedade e suas e exigências;pode haver conduta estranha,sendo que alucinações e delírios não são percebíveis (FIGUEIREDO, ET AL, 2008).
RESIDUAL: Estado mais avançado e crônico da esquizofrenia, neste tipo destaca-se os sintomas negativos onde os mesmos são mais difíceis de tratar (FIGUEIREDO, ET AL, 2008).

Diagnóstico

Em psiquiatria, a esquizofrenia constitui um transtorno de difícil diagnóstico dado a sua característica de apresentação clínica heterogênea. Na última década, vários critérios diagnósticos operacionais foram desenvolvidos para identificar e classificar a esquizofrenia (RAZZOUK, 2000).
Comumente, ao promover a anamnese de um portador de esquizofrenia, se tem o relato de que este esquizofrênico começou a apresentar alterações no comportamento comum, meses ou ate anos antes do começo dos sintomas psicóticos do quadro agudo. (ELKIS, 2007). Essas alterações são primeiramente confundidas com condutas que fariam parte da adolescência ou então aplicadas a fatores emocionais ou sociais deste adulto jovem. Muitas vezes, os sintomas são atribuídos a outros transtornos mentais, como ansiedade e depressão, e esses pacientes chegam, eventualmente, a ser tratados com ansiolíticos ou antidepressivos. (ELKIS, 2007).


Embora o diagnóstico da esquizofrenia esteja baseado nos sintomas positivos e negativos, os sintomas depressivos são bastante freqüentes e têm grande importância para os pacientes. As descrições clássicas da esquizofrenia de Kraeplin e Bleuler já enfatizavam a importância dos sintomas depressivos na evolução da doença. Como os sintomas depressivos não tinham utilidade para a classificação diagnóstica, o estudo desses foi por um longo tempo relegado a um segundo plano. Nas décadas de 60 e 70, com a disseminação de conceitos psicanalíticos na prática psiquiátrica, houve um interesse pelos sintomas depressivos que ocorrem no período que segue a remissão do episódio psicótico agudo. Esses quadros foram denominados de depressão pós-psicótica e eram considerados um sinal de bom prognóstico, bem como uma fase favorável para o trabalho psicoterapêutico. O quadro de depressão pós-psicótica tornou-se bastante conhecido e teve grande influência nas classificações .diagnósticas vigentes (BRESSAN,2000).

Bressan, (2000), afirma que sintomas depressivos são muito freqüentes em todas as fases da esquizofrenia. E estão ligados a muitos aspectos negativos do desfecho clinico, incluindo taxas maiores de recaídas, pior qualidade de vida e suicídio. Para fazer o diagnóstico da esquizofrenia, é preciso investigar freqüentemente os sintomas depressivos que sejam característicos de depressão nesta doença. O acompanhamento dos doentes necessita ser rigoroso, envolvendo equipe multidisciplinar e os familiares. A tática terapêutica deve se fundamentada no tipo de depressão apresentada. Estudos atuais indicam que os antipsicóticos atípicos podem ser um bom recurso terapêutico para pacientes que apresentam sintomas depressivos (BRESSAN, 2000).

Tratamento Farmacológico

Muitos pacientes que desenvolvem esquizofrenia apresentam personalidades pré-morbidas normais, enquanto outros possuem personalidades mais retraídas, quietas e não sociáveis. Em geral, o tratamento antipsicótico tem efeito satisfatório sobre os sintomas positivos de da esquizofrenia aguda, Isto é sobre as alucinações, os delírios e os distúrbios do pensamento (SMITH e ARONSON, 2004). Os sintomas negativos, tais como apatia e passividade emocional, são menos responsivos ao tratamento, embora a clozapina, a olanzapina e a risperidona possam ser eficaz. A fase aguda da esquizofrenia é mais responsiva do que a fase crônica, porém a terapia em longo prazo com agentes antipsocóticos pode ajudar a evitar as recidivas e pode exercer algum efeito ao prevenir e retardar o desenvolvimento dos sintomas negativos crônicos graves em alguns pacientes (SMITH e ARONSON, 2004).
Segundo Rang, Dale e Ritter (2001) existem uma classificação das drogas antipsicóticas, onde as principais drogas de uso clinico são: Antipsicóticos típicos: ex., clorpromazina, haloperidol, flufenazina, tioridazina, flupentixol, clopentixol; Antipsicóticos atípicos: ex., clozapina, risperidona, sulpirida, olanzapina;

"A distensão entre os grupos "típicos e atípicos" baseia-se na incidência de efeitos colaterais extrapiramidais (menor no grupo atípico); na sua eficácia no grupo de pacientes resistentes ao tratamento; e sua eficácia contra os sintomas negativos. A distensão entre os grupos "típicos e atípicos" baseia-se na incidência de efeitos colaterais extrapiramidais (menor no grupo atípico); na sua eficácia no grupo de pacientes resistentes ao tratamento; e sua eficácia contra os sintomas negativos." (RANG, DALE E RITTER, 2001).

A escolha do fármaco consiste nas diferenças que residem no grau de sedação produzida, no grau de aquietação do estado hiperativo e no risco de produzir efeitos adversos extrapiramidais e anticolinérgicos, ex.: a Clorpromazina é sedativa e mostra-se útil para pacientes violentos, hiperativos e difíceis, que podem tornar-se menos afetados, sem atingir um estado torporoso (SMITH e ARONSON, 2004). O Haloperidol exerce um efeito especifico e útil em pacientes com acentuada hiperatividade. O Haloperidol e a Trifluoperazina, causam efeitos adversos extrapiramidais, enquanto a Tioridazina e a Clorpromazina o fazem com menos freqüência (SMITH e ARONSON, 2004).
Colabora ainda Smith e Aronson (2004); colocando que O tratamento deve ser iniciado o mais cedo possível após o restabelecimento do diagnóstico, visto que qualquer demora pode prolongar a doença.

"A terapia oral em longo prazo pode não ser confiável, por causa da aderência incompleta do paciente ao tratamento e, algumas vezes, por uma biodisponibilidade sistêmica do fármaco. A rotina da clinica que aplica injeções de depósito também serve para regularizar a supervisão e o tratamento dos pacientes com esquizofrenia, que são imprevisíveis ao tomar medicamentos."

Efeitos adversos

Segundo Smith e Aronson (2004), os efeitos adversos dos agentes antipsicóticos estão relacionados nas seções pertinentes da Farmacopéia (quadro 1):

Quadro 1? Efeitos adversos dos agentes antipsicóticos.
Psiquiátricos Sedação,
Síndrome semelhante à depressão.
Extrapiramidais e motores Distonias agudas,
Acatisia (inquietação),
Parkinsonismo,
Discinesia tardia.
Autônomos Hipotensão,
Efeitos anticolinérgicos agudos,
Arritmias cardíacas.
Pele Fotossensibilidade.
Endócrinos e Metabólicos Ganho de peso,
Hiperprolactinemia, galactorréia,
Ginecomastia e perda de libido nos homens
Outros Hepatite,
Discrasias sanguineas ( especialmente
com clozapina),
Opacidades da córnea e da
lente (clorpromazina),
Anormalidades da retina (tioridazina).
Fonte: Smith e Aronson; Rio de Janeiro, 2004.

Atuação da família no processo

O espaço familiar é indispensável para a garantia de sobrevivência de desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros, independente do disposição familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que proporciona os aportes afetivos e, sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal. "É em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais" (MURTA APUD CORREIRA, 2009).
Diante desta perspectiva, observa-se que a família desenvolve um papel de extrema importância no processo de doença mental e em se tratando de esquizofrenia ela está presente desde o diagnóstico até o tratamento do seu membro portador desta doença, afinal é ela que convive com o mesmo e sabe como tudo iniciou.
A família do doente mental tem dificuldades para lidar com ele, com a doença mental e com o tratamento por não terem informações suficientes para tal, portanto, suscitando, também, atenção especial (PAIVA ET AL, 2000).
É a família que deve proporcionar o contato entre o portador da esquizofrenia e os serviços de saúde disponíveis a este tipo de patologia, e isso faz com que os familiares saibam lidar melhor com as situações de crise do paciente e saibam quando é hora de procurar ajuda emergencial (CORREIRA, 2009).
Muitos dos familiares de portadores não se encontram em condições emocionais e econômicas para lidar com o sofrimento que a doença causa. De alguma forma, esse laço da família com o paciente permite novos entendimentos e soluções para doença.
A forma como a família é estruturada tem muito a ver com o desenvolvimento da doença, principalmente o relacionamento entre mãe e filho. A cultura familiar os valores e regras têm muita influência no prognóstico. "Os aspectos psicossociais mais estudados dentro do ambiente familiar são os fatores de estresse que influenciam o curso do transtorno, sendo as principais variáveis medidas dos desvios de comunicação" (VILLARES, APUD CORREIRA, 2009).
É a família quem fornece as informações do paciente, e por isso é de extrema importância essa intervenção, pois a cada dia que passa, a família vai estar cada vez mais entrosada com a equipe responsável pelo paciente, ficando cada vez mais fácil seu convívio com o doente, deixando a família mais à vontade a lidar com a situação deixando para trás comportamentos críticos (CORREIRA, 2009).
Afirma ainda Correira, (2009) colocando que:

É essencial que a família esteja sempre informada do estado real do paciente, e que os mesmos possam sempre esclarecer suas dúvidas sobre a patologia, pois uma vez que se conhece a patologia fica bem mais fácil o entendimento do comportamento tornando, assim, mais tolerantes as mudanças do estado mental. Essas intervenções devem sempre ser acompanhadas, juntamente com o tratamento medicamentoso e com outros atendimentos clínicos. Por este motivo, a família desempenha no decorrer do tratamento um papel fundamental, pois é dela que deve partir a iniciativa para o tratamento do portador de esquizofrenia.

É importante ressaltar que quando o individuo de uma determinada família desenvolve a doença, todos os outros indivíduos da mesma são afetados, que segundo, Correira, (2009) Acontece uma mudança em todo seu cotidiano onde muitas vezes deixam de realizar suas atividades, para dedicarem integralmente seu tempo ao doente, fazendo com que acabem com o passar do tempo adoecendo junto ao individuo doente. A vida das pessoas mais próximas ao doente torna-se inteiramente dedicada ao mesmo, principalmente se o cuidador for um filho ou conjugue, onde eles deixam suas vidas de lado e optam por cuidar do outro ao invés de si próprio (CORREIRA, 2009).
Caetano apud Correira (2009) afirma que o episódio esquizofrênico se desencadeia em uma crise. Sendo assim, suas conseqüências não são previsíveis, no entanto o modo em que a família lida com essa crise e com o portador do transtorno interfere positiva ou negativamente em seu prognóstico. Por isso a família não deve ser somente vista como um informante, ou coadjuvante do tratamento do doente, mas também deve ser tratada, expondo suas dificuldades, anseios, medos, angústias e ansiedades, realizando um acolhimento da família. (CORREIRA, 2009).

Atuação do profissional de enfermagem

A enfermagem psiquiátrica está baseada no relacionamento interpessoal enfermeiro-paciente, através do qual se observa os aspectos biopsicossociais do ser humano. No aspecto biológico, a enfermagem observa efeitos colaterais da medicação e acompanha a saúde geral do jovem paciente e de sua família. No campo psicossocial, pode se envolver em diversas atividades, tais como a visita domiciliária, a coordenação de grupos de pacientes em oficinas e outros temas (GIACON ET AL 2006).
As ações de enfermagem ocorrem em serviços específicos para o atendimento do primeiro surto e em serviços de saúde primária. Assim que pacientes e famílias apresentam uma melhor aceitação da nova condição, são encorajados a enfrentá-la através de atividades com recursos da comunidade, o que possibilita a recuperação da vida social e, uma reabilitação mais rápida e eficiente (GIACON ET AL 2006).
O enfermeiro e sua equipe precisam dirigir suas ações para atender as necessidades apresentadas pelo esquizofrênico. Os enfermeiros, juntamente com os demais membros da equipe, desempenham papel fundamental no cuidado e na luta contra o estigma da esquizofrenia, em todas as fases do tratamento e da recuperação das pessoas (CASTRO ET AL 2008).
As ações de enfermagem discutidas na literatura segundo Giacon ET AL (006) são:

Programar avaliações biopsicossociais com atenção às características culturais do paciente; criar e implementar planos para melhorar as condições de saúde do paciente e de sua família; orientar paciente e família sobre as características da doença, do tratamento e sobre os recursos disponíveis; promover e manejar, dentro da saúde mental, os efeitos da doença através do ensino, da pesquisa, proporcionando adequado aconselhamento à família e ao paciente; manejar e coordenar sistemas de integração de cuidados que integrem as necessidades do paciente e da família, promovendo um entendimento e uma melhor aceitação da doença, o que leva à melhor adesão ao tratamento e uma melhor reabilitação social. Outra importante ação da enfermagem é a estimulação dos pacientes de primeiro surto esquizofrênico a usar recursos disponíveis na sociedade como trabalhos voluntários, atividades em grupos, exercícios físicos, lazer, entre outros.
Sendo assim, o profissional de enfermagem, através do cuidado, deve partir do princípio de que o portador dessa patologia é um ser humano singular que apresenta alterações emocionais e comportamentais diferenciadas. Assim, poderá ajudá-lo a enfrentar as dificuldades, aceitando suas limitações. Os profissionais devem acreditar na remissão dos sintomas e na capacidade de inclusão social dessa pessoa, apesar da doença (CASTRO ET AL 2008).


CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou-se conhecer a importância dos familiares no tratamento do membro da família portador de esquizofrenia. Evidenciou-se que a Família exerce papel de fundamental importância em todo processo que envolve a doença, desde seu diagnóstico até tratamento, porém, a família, muitas vezes, não está preparada emocionalmente, financeiramente para lidar com tal situação, necessitando a mesma, também, de atenção do profissional de saúde.
A família exerce, ainda, a função de fazer a compactação entre o portador da esquizofrenia e os serviços de saúde disponíveis a este tipo de patologia, fazendo com que os familiares aprendam a lidar melhor com as situações de crise do paciente para melhor ajudá-lo.
O profissional de enfermagem também exerce um papel importante no curso do tratamento da esquizofrenia, é ele quem promove avaliações biopsicossociais, cria e implementa planos para o paciente e sua família, promove uma melhor adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico, que são de grande importância para a melhora do quadro clinico do esquizofrênico.
Com isso, as conseqüências de tal doença não são previsíveis, no entanto o modo em que a família e o profissional de enfermagem lida com essa crise e com o portador do transtorno interferem positiva ou negativamente em seu prognóstico.

REFERENCIAS

ALMEIDA, Osvaldo Pereira de; DRACTU, Luiz e LARANJEIRA, Ronaldo / Manual de psiquiatria 1996, Guanabara Rio de janeiro.

CARREIRA. O. GEORGIA . ESQUIZOFRENIA: Uma abordagem geral, com enfoque na assistência de enfermagem e familiar. Publicado em: 24.10.2009. Disponível em: http://www.webartigosos.com/articles/26876/1/ESQUIZOFRENIA-Uma-abordagem-geral-com-enfoque-na-assistencia-de-enfermagem-e-familiar/pagina1.html.

CASTRO. A. SUELI. Conhecimento e atividades da enfermagem no cuidado do esquizofrênico. Revista Eletrônica de Enfermagem. 2008.

Figueiredo A. M. Nébia , ET AL Tratado prático de enfermagem, volume 2 / 2ª. Ed. ? São Caetano do Sul, SP: Yendis Editora, 2008.

GIACON C. C. BIANCA. Primeiro episódio da esquizofrenia e assistência de enfermagem. Revista escola de enfermagem da USP. vol.40. São Paulo. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342006000200019

NASCIMENTO. D. M. Metodologia do trabalho científico: Teoria e Prática, 1° Ed. Rio de janeiro: Forense, 2005.

PAIVA. A. S. MARIA ET AL . Grupo Familiar na Convivência com o Doente Mental: Programa de Educação em Saúde. Fam. Saúde Desenv. Curitiba, 2000.

RANG, H. P.; DALE, M. M.; RITTER, J, M., Farmacologia, 4ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.

SMITH, GRAHAME-D.G.; ARONSON, J.K.; Farmacologia Clínica e Farmacoterapia, 3ª edição, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.

VILLARES. C. Concepção de doença por familiares de pacientes com diagnóstico de esquizofrenia. 1999. Disponível em: http://br.monografias.com/trabalhos/concepcoes-doenca-familiares/concepcoes-doenca-familiares.shtml.