PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais

Curso de Ciências Contábeis

 Contabilidade Avançada

Contabilidade de Custos

Contabilidade de Entidades de Previdência

Contabilidade Fiscal e Tributária

Planejamento Gestão Governamental

Sistemas Contábeis I

 

 

 

 

 

Ângela Karolina da Silva Coutinho

Isadora de Assis e Souza

Luíza Palumbo Nascimento

Newton Cardoso Júnior

Pamella Ferreira da Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DOS DIVERSOS SABERES À FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL DE CONTADORES

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Belo Horizonte

06 maio 2013

Ângela Karolina da Silva Coutinho

Isadora de Assis e Souza

Luíza Palumbo Nascimento

Newton Cardoso Júnior

Pamella Ferreira da Costa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A IMPORTÂNCIA DOS DIVERSOS SABERES À FORMAÇÃO ACADÊMICO-PROFISSIONAL DE CONTADORES

 

 

 

 

 

 

Relatório apresentado às disciplinas: Ciências Sociais e as Organizações, Contabilidade Avançada, Contabilidade de Custos, Contabilidade Fiscal e Tributária, Planejamento e Gestão Governamental, Contabilidade de Entidades de Previdência, Sistemas Contábeis I, do Curso de Ciências Contábeis do Instituto de Ciências Econômicas e Gerenciais da PUC Minas BH.

 

Professores: Alex Diamante

Amaro da Silva Junior 

Geraldo de Assis Souza Júnior

José Ronaldo da Silva 

Hildegardo Martins Lima

Marco Antônio Pereira 

Sérgio Ribeiro da Silva

 

 

 

 

 

Belo Horizonte

06 maio 2013

SUMÁRIO

 

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................... 03

 

2 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E DO CONHECIMENTO NO FUTURO ........... 04

 

3 A IMPORTÂNCIA DOS DIVERSOS SABERES À FORMAÇÃO ACADÊMICA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL RELACIONADA ÀS CIÊNCIAS CONTÁBEIS .......... 05

 

4 OS SABERES PERTINENTES ÀS DISCIPLINAS ESTUDADAS DURANTE A GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS............................................................ 06

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 07

 

REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 08

1 INTRODUÇÃO

 

 

O presente trabalho pretende ter uma visão prática e teórica a respeito da prática de um profissional da área contábil. Sabe-se que nos dias de hoje, o profissional de contabilidade não esta restrito aos relatórios e a análise e elaboração de documentos, e sim, integrado com todas as áreas da organização.

Desta forma, a formação do profissional contábil deve ser ampla, abrangendo diversos conhecimentos de várias áreas diferentes. O intuito deste trabalho é justamente mostrar quais são as áreas de conhecimento que estão em constante relação ao trabalho deste profissional.

  Para o desenvolvimento deste trabalho foram realizadas pesquisas bibliográficas, sobretudo no livro: “Os sete saberes necessários à educação do futuro” do autor Edgar Morin, no qual traz como escopo a educação, em que o conhecimento seria a base de qualquer ser humano e juntamente a base de uma sociedade sólida e bem estruturada, mas que no entanto, apresenta lacunas que devem ser sanadas para o melhor desenvolvimento de uma sociedade.

Também foram realizadas entrevistas com profissionais relacionados a área da contabilidade, contadores e não contadores com o intuído de analisar quais são as áreas de conhecimentos mais presentes e que se inter-relacionam com o conhecimento da contabilidade. 

  O presente trabalho é dividido em dois tópicos. O primeiro trata-se do referencial teórico, um resumo dos principais pontos apresentados no livro de Edgar Morin.  

O segundo tópico apresenta a análise das entrevistas realizadas de forma quantitativa e qualitativa, para descobrirmos quais são os conhecimentos e as áreas relacionadas a atividade contábeis para poder contribuir à formação acadêmico-profissional dos estudantes de contabilidade. 

 

2 OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO E DO CONHECIMENTO NO FUTURO

 

Tratando do tema educação, o autor Edgar Morin trata das defasagens, dos sete buracos negros, da educação. No livro “Os sete saberes necessários à educação do futuro”, grande parte destas defasagens estão em erros ignorados pelos programas educativos. E são estes programas que merecem toda a atenção, pois serão eles que irão ser a base para a sociedade, nortear os futuros cidadãos.

Alcançar o conhecimento amplo é um processo que depende da combinação de vários fatores, entre eles, compreender o que é o próprio conhecimento. Compreender o objeto a ser conhecido é o primeiro passo para o seu real conhecimento, afinal, como adquirir conhecimento sem saber o que é o próprio conhecimento em si? 

Não adianta as pessoas adquirirem conhecimento sobre diversas áreas sem saberem o que significa realmente conhecimento. Conhecimento possui sua origem no latim da palavra cognoscere e significa vir a saber. No entanto, este processo de conhecimento ou de vir a saber apresenta lacunas. 

Conhecer o conhecimento é integrar conhecedor no conhecimento (MORIN, 2000, p. 31), é permitir que o conhecedor explore todas as possibilidades do universo que pretende conhecer – e é por isso que ensinar o que é o conhecimento deve ser o pilar de toda a educação. Isso significa dizer que as condições físicas, sociais, culturais da humanidade devem ser repassadas aos alunos pelos educadores, de modo que eles possam compreender até onde o conhecimento humano pode chegar, bem como quais os percalços serão encontrados ao longo do caminho. 

Sem compreender quais os elementos que contribuem para o conhecimento, quais o afastam e qual a influência de nossas preconcepções no processo de conhecimento, a sociedade estará sempre refém de seus mitos e preconceitos, cometendo os mesmos erros.

Conhecer sem saber o que é conhecimento é obter informações sem a compreensão o seu conteúdo, é apenas colecionar dados, sem fazer qualquer uso deles. Fazendo um paralelo com as Ciências Contábeis, obter o conhecimento sem compreender o que é o conhecimento, seria como automatizar os lançamentos contábeis sem saber como proceder à leitura apropriada deles. Informações – contábeis ou não – por si só, não geram o conhecimento, já que este depende da capacidade de interpretação daqueles que as detêm. Assim é que, sendo o objetivo principal da educação “armar cada um para o combate vital para a lucidez” (MORIN, 2000, p. 33), imprescindível que a viagem ao conhecimento seja precedida da compreensão sobre o próprio conhecimento em si. 

Erro e ilusão são os maiores inimigos do conhecimento – e subestimá-los é cometer os maiores erro e ilusão de todos. Os erros podem ser motivados pela mente humana (erros mentais), pelos nossos sistemas de ideias (erros intelectuais) e pela nossa atividade racional (erros da razão). As ilusões, por sua vez, têm causas relacionadas à natureza humana, que não foram anuladas pelo conhecimento racional, chegando até mesmo a complementá-lo. 

Os erros mentais decorrem da incapacidade cerebral de distinguir, com precisão, o imaginário do real. Assim é que essa característica do nosso cérebro torna-se uma grande fonte de erros e ilusões, sobretudo em razão da capacidade de mentir para si próprio e até mesmo da memória, já que muitas vezes revestimos com alto grau de fantasia nossos fatos e recordações. Os erros intelectuais são a consequência dos erros mentais – nosso cérebro e nossa lógica  acabam por criar sistemas que excluem as ideias inconvenientes à nossa memória. A racionalidade, por sua vez, é o corretor dos demais erros, na medida em que se transforma na racionalização – tão preocupada com o rigor lógico formal que se esquece da análise material, quanto à veracidade das premissas. É a racionalização a fonte maior de ilusões e erros, e é por isso que a racionalidade nunca pode se afastar da autocrítica. 

O erro e a ilusão são inevitáveis, já que todo conhecimento possui tais vícios. O erro existe, pois sempre irá haver ruídos nas transmissões do conhecimento, ou porque sempre iremos colocar nossas próprias percepções ao transmitirmos um conhecimento. Neste ponto, o autor trata da existência de erros mentais, erros intelectuais, erros da razão. As causas para estes erros podem ser o tempo, as diferenças culturais, sociais e de origem, questões ideológicas, politicas.

 Já a ilusão acontece pois as versões e as visões de cada acontecimento são completamente diferente de uma pessoa para outra, tendo em vista que são baseadas na emoção e que cada pessoa apresenta um fato de um ângulo diferente.

E é exatamente pelas mesmas questões físico-neuro-racionais que geram os erros e ilusões que o conhecimento nunca é um reflexo da realidade. Como ele advém da memória e da interpretação humanas, o conhecimento está mais para um “desenho” da realidade, do que um reflexo. Isso porque o conhecimento é uma reconstrução feita com base nas percepções humanas, é apenas uma versão da verdade, ilustrada com todos os sentimentos humanos, já que, entre os mamíferos, inteligência e afetividade são inseparáveis (MORIN, 2000, p. 21). 

Diante de tais vícios presentes no conhecimento é que o autor afirma que o conhecimento nunca será um reflexo ou espelho da realidade, pois nunca haverá um conhecimento puro, sempre será eivado de erros das pessoas que os transmitem.

Portanto, o conhecimento que adquirimos é reflexo da realidade, e este conhecimento acaba sendo premiado pelas nossas percepções. Assim, traduzimos o conhecimento de acordo com o que acreditamos. Portanto, a educação do futuro deve conhecer o conhecimento e buscar onde estão os erros e as ilusões para, assim, ter o conhecimento puro.

O segundo buraco negro do conhecimento diz respeito ao conhecimento pertinente, nas palavras do autor, um conhecimento que não mutila o seu objeto (MORIN, 2000, p.3), ou seja, o autor vai dizer que o sistema de educação é disciplinar, dividido em disciplinas, mas que, no entanto, deve-se aprender a ter uma visão de conjunto, poder aplicar o conhecimento adquirido em um determinado contexto e não fragmentá-lo. 

No ensino, tudo está muito fragmentado. Aprendemos as coisas isoladamente e isto dificulta a contextualização, que é natural do seu humano. Temos a capacidade de aprender o geral e conseguir contextualizar o específico, porém, a educação não estimula isto. Estimular esta inteligência geral é seguir um objetivo para a educação do futuro.

Para combater tal lacuna, o autor diz que se deve contextualizar todos os dados a fim de que se possa abranger os diversos ramos do conhecimento em uma situação, e não ter somente uma visão. Como dizia Pascal no século XVII: “Não se pode conhecer as partes sem conhecer o todo, nem conhecer o todo sem conhecer as partes.”

O terceiro aspecto será a identidade humana, e para isto deve-se saber que a realidade humana é indecifrável. Ou seja, somos parte do meio em que vivemos mas também somos responsáveis pela criação deste meio. Neste ponto o autor irá dizer que o relacionamento entre indivíduo-sociedade-espécie é como uma trindade divina, um dos termos gera o outro e um se encontra no outro. 

O quarto buraco seria da compreensão humana, em que não se é ensinado nas instituições o compreender o próximo. Compreender possui também sua origem no latim, com a palavra compreendere, que significa colocar junto todos os elementos da explicação. Logo, poder compreender não é somente poder explicar, mas comporta também um lado de empatia e identificação ao próximo. Assim a comunicação é poder compreender os motivos que levaram o próximo a agir de al forma. E neste ponto, a maior contradição do compreender revela-se no individualismo e a indiferença.

O ser humano é físico, biológico e social, mas o ser humano também acaba sendo fragmentado nas disciplinas. Por exemplo, a sociologia vê o ser humano de uma forma, a biologia estuda o ser humano de outra forma, e isto não nos permite nos conhecer como ser humano. Precisamos buscar a nossa identidade. O ser humano deveria ser o objeto essencial para a educação do futuro.

O quinto buraco chama-se incerteza. A ironia deste ponto apresenta-se na certeza que existe na educação. Ensina a certeza e é deixado de lado o ensinamento sobre as incertezas da vida. Desta forma a importância da incerteza é em mostrar que a sociedade só evolui, só chegou onde estamos por meio das incertezas que acontecerem. Em todo momento nos deparamos com incertezas. Coisas inesperadas continuarão acontecendo, portanto, é necessário que saibamos lidar com isso. É preciso ensinar formas para tentar enfrentar os imprevistos da melhor maneira possível. 

Assim é que a incerteza se revela essencial ao processo de conhecimento, seja porque aos educadores é recomendado apresentar os educandos às dúvidas e reflexões inerentes ao conhecimento, seja porque a incerteza é uma grande ferramenta contra a transformação da racionalidade em racionalização ou, ainda, porque o inesperado é uma fonte de conhecimento. 

Mais que isso, deve-se ter em mente de que a incerteza é a característica mais marcante do futuro. A inovação decorre da incerteza, afinal, ela decorre do inesperado, assim como dele surgem as destruições. E as incertezas que cercam o homem que o encorajam na busca do conhecimento, que é, por sua natureza, uma nova incerteza, já que carrega consigo os riscos do erro e da ilusão. Por isso é que o homem precisa enfrentar as incertezas – internas e externas – em busca do conhecimento, bem como enfrentar as próprias incertezas do conhecimento com a finalidade constante de aprofundar-se em busca do conhecimento. 

O sexto aspecto é a condição planetária, o sentido de ver o mundo como um só elo, a casa em que todos moram, não importam as suas diferenças. Neste ponto tem-se o nome de globalização, em que tudo esta conectado e uma ação em um lugar reflete em outro lugar, pode-se citar os impactos da economia como um exemplo desse fenômeno. Para tanto se deve ensinar a conhecer o planeta para poder preservá-lo, mas compreender exatamente como o mundo funciona, esta correlação entre os povos, é a grande dificuldade da educação.

Assim, o gênero humano não compreende o destino planetário. Não sabemos o que viemos fazer no planeta. Não cuidamos do planeta, destruímos o ecossistema. A educação do futuro deve nos estimular a conhecê-lo, a entender as relações e, assim, buscar a identidade terrena.

E ao enfrentar as incertezas, o homem rompeu com a diáspora que lhe deu origem, em busca da globalização. Na era planetária, o conhecimento – antes atribuído apenas à sociedade ocidental – passou a ser compartilhado. De cultura mestra a aprendiz, atualmente os mundos ocidental e oriental vem abrindo canais de comunicação cultural que são muito mais amplos que a criação de fast food com sushis. Todavia, nem tudo são flores: o conhecimento não compartilhado acabou sendo o pavio da bomba nuclear em Yoroshima e é, ainda hoje, combustível para muitos conflitos internacionais. De nada adianta viver na era planetária, mantendo-se isolado o conhecimento classificado como estratégico por aqueles que o detêm.

Conhecimento não compartilhado e era globalizada são incompatíveis entre si e esse é uma dificuldade enfrentada pela educação atual, que tende a se agravar no futuro com a diminuição das distâncias causada pelos avanços da tecnologia. 

E é nesse contexto que a ética humana (ou antropo-ética) assume especial relevância como ética do futuro, sobretudo porque baseada na solidariedade, compreensão e respeito – essenciais para se atingir a completude da humanidade. É a ética da incerteza, da comunicação, da consciência individual que extrapola a individualidade (MORIN, 2000, p. 106). É a antropo-ética o sétimo buraco negro, em que os problemas de ordem moral e ética diferem dos problemas da cultura e da natureza humana. Deste modo, a educação deve proporcionar ao individuo o conhecimento sobre ética, responsabilidades pessoas e a participação social. Este ponto de ser exercido na democracia, em que o ser humano é solidário e responsável por suas ações. 

Devemos ter uma compreensão mútua dos indivíduos, mas isto não é ensinado. É necessário que a educação do futuro ensine a ter esta compreensão e que ela busque esta forma de compreensão na incompreensão. Por exemplo, é preciso saber onde está a raiz do racismo para buscar a compreensão por parte dos indivíduos.

Assim, o autor após apresentar os sete saberes da educação quis mostrar que devemos aprender além do ensinado nos livros, a viver em sociedade e a relacionar os conhecimentos para uma visão do todo. 

3 A IMPORTÂNCIA DOS DIVERSOS SABERES À FORMAÇÃO ACADÊMICA E ATUAÇÃO PROFISSIONAL RELACIONADA ÀS CIÊNCIAS CONTÁBEIS 

 

Ultimamente, os profissionais com formação contábil dependem cada vez mais dos conhecimentos adquiridos em áreas complementares das tradicionais Ciências Contábeis. Os conhecimentos sobre a legislação, sobretudo tributária, orçamentária e empresarial (típicas das Ciências Jurídicas), bem como conhecimentos de informática (decorrentes das Ciências Exatas da Tecnologia) se mostram imprescindíveis para o dia-a-dia profissional. 

Em pesquisa de campo realizada durante o desenvolvimento deste trabalho, oito contabilistas – dos nove entrevistados que trabalham com contabilidade privada – classificaram os conhecimentos em informática como os mais utilizados em sua rotina profissional, ao mesmo tempo em que nenhum deles indicou essa área complementar do conhecimento entre as disciplinas mais marcantes estudadas durante o curso de graduação. Diante desse dado, podemos tirar duas conclusões: a primeira é a de que a presença de uma disciplina que apresente os acadêmicos de Ciências Contábeis às Ciências da Tecnologia é recente e a segunda é de que as noções de informática transmitidas aos graduandos em Contabilidade não lhes chamou a atenção devida durante os estudos na academia. 

Os conhecimentos em Tecnologia da Informação são cada dia mais importantes, considerando que a Receita Federal exige conhecimento de uma enorme gama de programas eletrônicos

. Ademais, esses mesmos conhecimentos se mostram também relevantes no cenário de negócios internacionais, com a globalização da economia e das transações

. Os conhecimentos em Informática também são relevantes no controle financeiro, de pedidos, compras e estoques, sobretudo porque a maioria das empresas utiliza softwares para tais controles, quando os conhecimentos sobre a área administrativa e sobre o próprio funcionamento da empresa são, também, importantes no dia-a-dia do profissional contábil

.  

Além dos conhecimentos em Tecnologia e Sistemas, são também muito importantes para a formação do profissional que atua na área contábil os conhecimentos dos institutos jurídicos. Interessante notar que as formações contábil e jurídica vêm se complementando, sobretudo no campo do Direito Tributário

, do Direito Empresarial

, do Direito Financeiro

 e do Direito do Trabalho

, áreas que, tamanha a complementaridade com as Ciências Contábeis, já não pertencem exclusivamente à graduação em Direito. 

Também os conhecimentos em Economia, Finanças Matemática (Básica e Financeira) são indispensáveis no dia-a-dia da profissão contábil, já que são imprescindíveis nos planejamentos fiscais e orçamentários

, bem como nas defesas das autuações fiscais

. Também merece destaque a necessidade de conhecimentos em Ética Profissional

 e Psicologia

, necessários não apenas à vida profissional contábil, mas a todos o universo acadêmico e profissional. 

Ainda assim, mesmo após perceber que o diálogo interdisciplinar é essencial para a vida profissional daqueles que militam na área das Ciências Contábeis, muitos Contabilistas apontam como disciplinas fundamentais à sua formação, aquelas típicas da graduação em Ciências Contábeis: Contabilidade Gerencial, Contabilidade Avançada, Contabilidade de Custos. Podemos dizer, então, que são essas as disciplinas essenciais para a formação do raciocínio contábil tão necessário à atuação profissional do Contabilista

Isso significa que a interdisciplinaridade, por mais importante que seja, nunca pode afastar os conhecimentos específicos das Ciências Contábeis, indispensáveis ao dia-a-dia do profissional contábil. O sucesso depende, portanto, da correta interligação dos conhecimentos gerais e específicos da Contabilidade com aqueles que, apesar de pertencerem a outras áreas do conhecimento, complementam e enriquecem o trabalho do Contabilista. 

 

 

4 OS SABERES PERTINENTES ÀS DISCIPLINAS ESTUDADAS DURANTE A GRADUAÇÃO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

 

Pelo trabalho de campo realizado, é fácil notar que as disciplinas ofertadas na graduação em Ciências Contábeis pela Puc Minas estão intimamente relacionadas ao dia-a-dia do profissional contábil, revelando uma grade curricular capaz de atender às necessidades do mercado, cabendo a nós, acadêmicos, explorar todo o conhecimento que nos está sendo disponibilizado. 

Note-se que a Contabilidade Avançada, disciplina em que estudamos as demonstrações contábeis mais complexas – que envolvem Fluxo de Caixa, Mutações Patrimoniais e Reorganização Societária – é extremamente utilizada pelos Contadores (responsáveis pela contabilidade de um grupo empresarial, como é o caso da entrevistada Gisele Moreira de Sousa), consultores que oferecem serviços de planejamento tributário os clientes (como é o caso do entrevistado José Reynaldo Leite) e advogados responsáveis pela defesa administrativa tributária de grandes contribuintes (como é o caso do entrevistado Rafael França Savassi Longo). 

Esses profissionais – contadores, advogados e consultores – precisam de conhecimentos profundos de Ciências Contábeis, que lhes permitam trabalhar com agilidade e qualidade em áreas de grande responsabilidade técnica. São profissionais que, pelo nível de exigência técnica e interdisciplinaridade das áreas que atuam, muitas vezes trabalham em conjunto – os contadores se valem dos consultores externos para elaborarem modelos societário-fiscais mais favoráveis e dos advogados para o contencioso tributário daí decorrente, ao passo que consultores e advogados dependem de um perfeito funcionamento contábil para garantirem o sucesso dos planejamentos e defesas. 

Em relação à disciplina Sistemas Contábeis I, que apresenta aos alunos softwares de controle dos processos empresariais capazes de gerar informações societárias e gerenciais os usuários da contabilidade na entidade, também fica fácil perceber quão úteis são aos conteúdos ministrados durante a graduação. Os conhecimentos de sistemas foram apontados como necessários por quase todos os entrevistados, tanto os que exercem funções de analistas (fiscal e contábil), quanto para os contadores e advogado. É interessante notar, ainda, que a disciplina em questão fornece também conhecimentos acerca do funcionamento da empresa, já que todos os usuários do sistema passam a ter noções sobre os processos empresariais, já que são parte efetiva do fluxo de informação na entidade. E os conhecimentos administrativos são, igualmente, de suma importância aos funcionários das áreas contábil e financeira da entidade, como bem salientou a entrevistada Leandra Ribeiro Ramos Magalhães, analista financeiro de uma sociedade agropecuária. 

Já em relação à disciplina Contabilidade de Entidades de Previdência, cujo objetivo é apresentar aos alunos os conceitos e a estrutura dos mercados securitário e previdenciário, tivemos a oportunidade de conhecer uma Contadora do Instituto Nacional de Previdência Social – INSS. Durante a entrevista, entendemos que as funções de um Contabilista de entidade de previdência social está altamente relacionada à Contabilidade Pública, sendo muito mais abrangente que as noções de contabilidade das entidades de previdência complementar que estamos estudando em sala de aula. A presença do interesse público e o fato de serem as informações contábeis do INSS serem incorporadas nos demonstrativos da contabilidade pública certamente justificam essa diferença de funções do Contador do INSS para aquelas que imaginamos sejam exercidas pelos contadores das entidades seguradoras e/ou de previdência complementar. 

Digno de nota, ainda, que todos os entrevistados – profissionais das mais diversas áreas da Contabilidade – ressaltaram a necessidade de possuírem uma boa formação básica, com destaque para as disciplinas que formam o raciocínio contábil, que introduzem o acadêmico ao mundo dos lançamentos e demonstrativos, e que permitem a boa leitura das informações contábeis que são produzidas pela entidade.  

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Durante o desenvolvimento deste trabalho, tivemos a oportunidade de vislumbrar as Ciências Contábeis pelos mais diversos ângulos. Iniciamos pela leitura de uma obra de viés pedagógico, em que foram apontadas deficiências e avanços no processo de ensino e apreensão do conhecimento. Se, num primeiro momento, imaginamos que esse tema não seria relacionado com a graduação em Ciências Contábeis, esse preconceito logo se desfez quando nos deparamos com situações práticas que exigem de nós uma reflexão sobre o conhecimento adquirido ao longo da nossa vida acadêmica. 

Percebemos que a formação do Contabilista é muito mais ampla do que apenas as disciplinas oferecidas na graduação ou aquelas típicas das Ciências Contábeis. Percebemos, ainda, que a maioria dos entrevistados utiliza em seu dia-a-dia profissional disciplinas distintas daquelas que consideraram essenciais na sua formação acadêmica. E, diante desse cenário, temos a oportunidade de refletir sobre as deficiências que encontramos ao longo da nossa apresentação ao conhecimento e de aproveitar para investir nas disciplinas cuja relevância já foi indicada no trabalho de campo, mas que nem sempre são tão valorizadas pelos estudantes durante a graduação. 

Assim, compreendendo bem quais os desafios da educação do futuro, temos a oportunidade de usar as nossas incertezas em nosso favor, na busca de um conhecimento cada vez mais profundo das Ciências Contábeis e das matérias que complementam o dia-a-dia do profissional contábil.  

 

REFERÊNCIAS

 

MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. Disponível em: <http://www.juliotorres.ws/textos/textosdiversos/SeteSaberes-EdgarMorin.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2013.

ANEXOS

 

Entrevistas com profissionais que atuam na área contábil.