A IMPORTÂNCIA DO USO DE RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Antonia Josilete Nunes da Rocha
Celiane Sousa do Nascimento
Maria Antonia Costa Pereira.

Resumo: Este artigo tem como intenção apresentar uma reflexão inicial acerca da avaliação na educação infantil. Parte do levantamento da ?historicidade da avaliação, abrangendo o ato de avaliar e seus instrumentos, além dos relatórios de avaliação que se faz necessário na pratica educacional. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo. Contudo não temos a intenção de viabilizar a forma eficaz do uso da avaliação, que é um campo bastante abrangente. Nos pautamos em Libâneo (1994), Hoffmann (1996, 2009), Vianna (2005), e outros, que nos deram subsídios necessários para elaboração da pesquisa. O foco da abordagem deste artigo é sobre tudo, para uma mudança de postura em relação á avaliação na primeira infância. Isto implica em considerar a avaliação, não como mero domínio de habilidades ou técnicas, mas como um processo continuo que ajuda as crianças a desenvolverem a capacidade de auto-avaliação. O presente artigo apresenta ainda a importância de repensar constantimente às práticas avaliativas, para diagnosticar possíveis dificuldades, tanto dos alunos como do próprio professor enquanto mediador do conhecimento, pois só quando se detecta o problema é possível encontrar a solução e nesse sentido a avaliação da aprendizagem quando bem utilizada é uma ferramenta que poderá melhorar o ensino, levando o aluno ao sucesso em vez do fracasso.
Palavras-chave: Avaliação, Educação Infantil, Relatórios de Avaliação.

Abstract: This article is intended to provide an initial reflection on the evaluation of early childhood education. Part of the lifting of the 'historicity of the evaluation, covering the act and to evaluate its instruments, in addition to evaluation reports that is needed in educational practice. This is a literature qualitative. However we have no intention of making possible the effective use of assessment, which is a very broad field. Libâneo drives us on (1994), Hoffmann (1996, 2009), Vianna (2005), and others who gave us subsidies needed for research planning. The focus of this article's approach on everything, for a change in attitudes to evaluation in early childhood. This involves considering the assessment, not as mere mastery of skills or techniques, but as an ongoing process that helps children develop the capacity for self-evaluation.This article presents the importance of rethinking constantimente assessment practices, to diagnose potential problems, both students of the teacher himself as a mediator of knowledge, because only when it detects a problem you can find the solution and accordingly the assessment of learning when properly used is a tool that can improve education, leading students to success instead of failure.
Keywords: Assessment, Early Childhood Education, Evaluation Reports.




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1 INTRODUÇAO

A avaliação é um processo contínuo e necessário no trabalho docente, que permite acompanhar passo a passo o conhecimento adquirido pelo seu desenvolvimento e aprendizagem. Diante disso faz-se necessário pensar na complexidade do ato de avaliar.
A avaliação é um tema bastante discutido no campo da educação, por isso é conveniente esclarecer que não pretende-se propor um meio novo para avaliar as crianças na educação infantil. Nosso objetivo é o de apresentar uma reflexão sobre o uso dos relatórios de avaliação na educação infantil, que se faz necessário na prática educativa.
É preciso mencionar ainda que não se faz uma análise profunda da avaliação da aprendizagem dentro do sistema educacional. Entretanto as reflexões feitas neste artigo abrem as portas para novas leituras e análises sobre a temática discutida.
Diante disso para discutir como os relatórios de avaliação contribuem para o desenvolvimento da criança na educação infantil parte-se de uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativa baseados em autores como, Libâneo (1994), Hoffmann (1996,2009), Vianna (2005) e outros.

2 CONTEXTO HISTÓRICO DA AVALIAÇÃO
A pesquisa e a avaliação têm um significado especial no contexto histórico da educação. A partir do século XX a pesquisa é especialmente a avaliação, ambas, sofrem fortes influências de diferentes ciências, como da Psicologia, Sociologia, Antropologia, Economia entre outras, que determinaram novos enfoques metodológicos.
"A avaliação, após o trauma provocado pela constatação da eficiência tecnológica associada á carência educacional, no mundo ocidental, especialmente nos Estados Unidos, com o lançamento do Sputinik, no dia 4 de outubro de 1957, tornou-se impositiva" (VIANNA, 2005, p.143).

Diante disso houve todo um esforço para recuperar o tempo perdido no campo educacional, criando assim, novos currículos. Desse modo a avaliação passa a ter um papel relevante no desenvolvimento de novas estratégias de ensino.
A partir dos anos de 1960 cresce a literatura sobre a avaliação educacional, surgindo novos posicionamento teóricos e novas propostas de atividades práticas que enriqueceram e tornaram complexo o campo da avaliação (VIANNA, 2005). Assim foram levantadas questões fundamentais na sua teoria e na sua prática.
A avaliação sempre existiu sobre diferentes formas, associada ao processo educativo e adquire um caráter formal a partir da prática de coletas de dados para fundamentação de decisões e políticas públicas que afetam a educação. "[...] a avaliação, aos poucos começa a desenvolver procedimentos ainda utilizados nos dias de hoje, como o survey, e instrumentos objetivos padronizados" (VIANNA, 2005, P.145). Além disso, a comunidade educacional passa a preocupar-se com o desenvolvimento de uma metodologia que permitisse medir a eficiência de seus professores, além de definir e construir instrumentos que possibilitassem a mensuração do grau de eficiência das escolas e de diversos sistemas educacionais.
A avaliação educacional torna-se um campo profissional a partir dos anos 1970, exigindo especialização profunda excluindo assim improvisações simplesmente técnicas, mas pouco sólidas conceitualmente em um campo que atuavam diferentes profissionais.
[...] no contexto Norte-Americano, deixa de ser uma terra de ninguém". Simultaneamente, surgem importantes revistas especializadas, algumas de alta qualidade técnica, associando a avaliação e políticas públicas, avaliação, planejamento, entre outras, permitindo, assim, a disseminação de novas idéias, a formulação de teorias e modelos e sobretudo a divulgação de importantes estudos (VIANNA, 2005 P.152).

A avaliação educacional Inglesa surge em meados do século XIX inicialmente, ligada a métodos estatísticos e a técnica de survey, como ocorreu também nos Estados Unidos, mas a Inglaterra, a partir da década de 1950, realizou importantes trabalhos sobre a alfabetização e a aprendizagem da leitura contribuindo desse modo para novas metodologias experimentais e o desenvolvimento da teoria dos textos (VIANNA, 2005).
Além do mais, na Inglaterra não estava desenvolvendo com capacidade e formando cientistas da mesma forma que em outros países industrializados. Isso porque "[...] argumentavam que o interesse maior estava na mudança de atitudes dos estudantes em relação a ciência e não na medida se possíveis ganhos de conhecimento factual" ( VIANNA, 2005, p.155).
No contexto Inglês fica evidenciada a coexistência do quantitativo e do qualitativo, tendência que ainda hoje existe, apesar da falsa imagem divulgada por alguns de que haveria uma total dominância da pesquisa e da avaliação qualitativa, simplesmente (VIANNA, 2005 p.155).
[...] A avaliação era vista não apenas como uma medida dos resultados do projeto, mas como parte integrante do próprio projeto de construção do Currículo, segundo a perspectiva apresentada por Cronbach (1993). Em relação ao currículo, não deveria ser vista como uma simples apresentação de meros exercícios para que um produto final fosse avaliado, mas na verdade, consisteria na coleta e no uso de informações que possibilitariam decisões sobre as diferentes fases do desenvolvimento de um programa educacional (VIANNA, 2005, p. 156).

No Brasil as atividades de avaliação educacional, ainda são bastante escassas, em que haja uma coleta simultânea de dados socioeconômicos e de variáveis ligadas ao ensino, ao professor e a escola. Foi a partir da década de 1960 e ao longo dos anos seguintes, que constata-se que começou a ser realizada um esforço de orientação metodológica, com base em fontes nortes americanas sobre o campo da avaliação.
A avaliação no contexto educacional brasileiro é quase sempre promovida por órgãos gorvenamentais no âmbito federal pelo ministério da educação e no estadual, pelas secretárias de estado que, por falta de estrutura, muitas vezes solicitam a colaboração de outras instituições, universidades ou fundações públicas e privadas (VIANNA, 2005, p. 159).

A década de 1990 foi marcada pela emergência da prioridade do tema avaliação em que prioriza no âmbito educacional as propostas relativas à avaliação de sistemas educacionais e às iniciativas voltadas para a superação do caráter excludente da avaliação tradicional. Em que deve ser observado que a interação entre a avaliação de sistemas educacionais e as propostas de avaliação continuada têm sido pequenas embora exista estreita ligação com as políticas públicas, em que limita-se a implantação de propostas de ciclos de avaliação continuada a partir da evidencia de que a distorção idade-série tem alimentado o fracasso escolar.
A importância dada à avaliação pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9393/96 é imediata, pois, no artigo 9º- inciso V da Lei, estabelece a atribuição da União de "assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no Ensino Fundamental, Médio e Superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino".
O segundo aspecto referente à avaliação tratado na LDB é a avaliação do aluno. Como no caso da avaliação dos sistemas educacionais, o texto busca identificar as novidades introduzidas na Lei e examina até que ponto e de que modo essas novidades relacionam-se com políticas e práticas correntes nas redes de ensino de interpretar as orientações e possibilidades abertas pelo texto legal.
As Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece no inciso V do artigo 24, as seguintes diretrizes para a avaliação na escola.
A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios:
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar;
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado;
d)aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e)obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos.

Observa-se que embora o inciso transcrito mencione a possibilidade de promoção escolar mediante verificação do aprendizado o tema da progressão e classificação dos alunos em séries, ciclos ou etapas é objeto de outras especificações, no inciso II do mesmo artigo 24:
A classificação em qualquer série ou etapa exeto a primeira do ensino fundamental, pode se feita:
a) por promoção, para alunos que cursarem, com aproveitamento, a série ou fase anterior, na própria escola;
b) por transparência, para candidatos procedentes de outras escolas;
c) independentemente da escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforma regulamentação do respectivo sistema de ensino.

O item C é um aspecto relevante que deve se destacado, pois permite a inscrição de alunos em séries ou etapas compatíveis com seu grau de desenvolvimento e experiência.
Além disso, devem ser consideradas as prescrições legais para a organização do ensino básico e examinadas suas consequências para a avaliação na escola. O artigo 23 da LDB regulamenta a organização da educação básica:
A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o recomendar.

Neste aspecto, a atual legislação difere das anteriores e da cultura prevalente que considera a organização em séries como exeção à regra. O contraste é enfatizado pela noção de que são aceitáveis todas as formas de organização que estejam a serviço do interesse do processo de aprendizagem. Além do mais deve ser observado que a lei faz menção à organização por ciclo e por idade, possibilidades de estruturação da educação básica que enfatizam a importância da avaliação continuada.
A LDB é a primeira lei que especifica a atribuição da União em promover a avaliação dos sistemas educacionais. Em que foi influenciado por contexto favorável à avaliação das atividades públicas e pela própria preexistência de um sistema nacional de avaliação da educação básica e de alguns sistemas estaduais de avaliação das redes de ensino (CANDAU, 2008).
Diante de tudo isso, percebe-se que a avaliação brasileira não limita-se a produzir elementos para a formulação de políticas educacionais, funcionando também como elemento de justificação de políticas pré-formuladas, muito embora evite o paradigma em que a avaliação funciona como linha indutora de reformas.

3 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO TRABALHO DO PROFESSOR
Avaliar é muito mais que medir o conhecimento de um aluno, avaliar envolve sempre um juízo de quem avalia a partir de dados observados, influenciando por sua subjetividade. Segundo Libâneo (1994 p.195):
A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação assim cumpre funções pedagógicas-didaticas de diagnóstico e de controle em relação às quais se recorre a instrumentos de verificação do rendimento escolar.

A avaliação é necessária e permanente no trabalho docente que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem. Através dela os resultados são encontrados em conjunto professore aluno, que são comparados com os adjetivos dos mesmos a fim de constatar os progressos e as dificuldades no decorrer do ano letivo, para se ter uma reorientação e correções necessárias para seu trabalho. Além do mais a avaliação serve para a reflexão do professor, no caso do seu aluno não estiver aprendendo, por essa razão ela pode ajudar o professor a mudar sua prática pedagógica.
A prática de avaliação em muitas escolas tem exercido função de controle e classificação dos alunos, pois como aponta Libâneo (1994, p.198) "o professor reduz a avaliação á cobrança daquilo que o aluno memorize e usa a nota somente como instrumento de controle. Ainda hoje há professores que se vanglorizam por deter o poder de aprovar ou reprovar".Mas a avaliação não é um momento, no final do processo de aprendizagem, ela precisa começar no planejamento, no estabelecimento de objetivos a serem atingidos pelos alunos, para que no final do processo e na escolha das atividades o aluno atingirá esses objetivos e assim o professor não faz juízos de valor sobre os alunos.
Contudo, o professor deve assumir a responsabilidade de refletir sobre toda a produção de conhecimento do aluno, promovendo um caminho consciente da avaliação, favorecendo a iniciativa e a curiosidade no perguntar e no responder e construindo novos saberes junto com os alunos, pois o processo avaliativo é um método investigativo e que prescinde da correção tradicional e impositiva.

4 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
No Brasil a partir da década de 1970 em termos de políticas educacionais surge os processos avaliativos na educação infantil, conquistando-se na Constituição de 1988, em que reconheceu a educação em creches e pré-escolas como um direito da criança e um dever do Estado. Na atual LDB, artigo 29 oferece os conceitos e as definições da Educação Infantil. "A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade".
Dessa forma a importância da educação infantil cresce na medida do respeito à cidadania da criança à sua dignidade e da conquista dos seus direitos.
Embora a avaliação insere-se numa questão histórica, numa visão assistencialista, ela surge segundo a exigência das famílias de classe média que acaba sendo representado novamente como um espaço de assistencialismo, onde as crianças brincam enquanto aguardam a saída de seus pais do trabalho (HOFFMANN, 1996). Conforme Hoffmann (1996, p. 9) "[...] a prática avaliativa, dessa forma, surge como um elemento de controle sobre a escola e sobre as professoras que se vêem com a tarefa de formalizar e comprovar o trabalho realizando via avaliação das crianças."
É preciso salientar também que a avaliação classificatória na educação infantil se faz presente em muitas escolas, em que sua função de controle, mediante a qual se faz classificatória quantitativa das crianças relativa às notas que tiveram nas provas. Pois como aponta Hoffmann (1996 p. 11):
Conceber o avaliar implica em conceber a criança que se avalia, pois essa não é uma prática neutra ou descontextualizada como procura se caracterizar a avaliação no ensino regular onde os professores determinam sentenças sobre os alunos sem perceber o seu inalienável compromisso com os julgamentos proferidos.

Essa postura não leva em conta o que a criança aprendeu no seu cotidiano e no âmbito familiar, ou seja, não leva em conta o seu conhecimento de mundo.
É preciso, portanto, dar uma atenção maior na avaliação em educação infantil como acompanhamento e oportunidades pra o desenvolvimento de cada criança, adequada na sua faixa etária, assegurando intenções da prática educativa, tais como desligar o controle burocrático do sistema de ensino para ter uma autonomia em termos de avaliação em relação a estrutura curricular.

4.1 Instrumentos de Avaliação
Os instrumentos de avaliação são utilizados para a verificação da aprendizagem, que tem como objetivo, levantar dados da realidade dos alunos, que se dará o julgamento e os encaminhamentos necessários, mas os mesmos deverá ser claros, precisos, simples e não muito extenso.
Os instrumentos de avaliação mais utilizados pelas instituições de ensino são: prova oral e escrita, testes objetivos, fichas da avaliação. Em algumas escolas o que predomina são as provas com métodos tradicionais que classificam e excluem o aluno. Segundo Libâneo (1994, p.198) "o mais comum é tomar a avaliação unicamente como o ato de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. O professor reduz a avaliação a cobrança daquilo que o aluno memorizou e usa a nota somente como instrumento de controle". Em razão disso, é que a prova continua sendo um instrumento para coagir o aluno a estudar e decorar a matéria anterior.
Na Educação Infantil os instrumentos mais comum de verificação utilizados são as fichas de avaliação, que têm como objetivo avaliar os alunos apenas com conceitos sem levar em conta a aprendizagem da criança no seu cotidiano. A ficha é feita em coletivo para facilitar o trabalho do professor, sendo que o acompanhamento deve ser feito individualmente, pois o desenvolvimento do aluno é algo único.
Por isso a alternativa para avaliar as crianças pequenas é a utilização de relatórios da avaliação uma vez que a avaliação na educação infantil é processual e construtiva com o objetivo de acompanhar e identificar o desenvolvimento integral da criança. Em virtude disso a avaliação será realizada mediante o acompanhamento e registro do desenvolvimento de cada criança sem o objetivo de promoção ou reprovação. Conforme Hoffmann (1994 p. 55):

Os relatórios de avaliação representam a análise e a reconstituição da situação vivida pela criança na interação com o professor. Eles representam, ao mesmo tempo, reflexo, reflexão e abertura a novos possíveis. Ao objetivar, através do relatório, o seu entendimento sobre o processo vivido pela criança, o educador se reconhece como participe desse processo, co-responsável pela história construída por ela. Elaborar o relatório de acompanhamento da criança equivale assim ao educador assumir conscientemente seu compromisso seu compromisso com ela, e abrir-se á colaboração da própria criança, dos pais e outros educadores no processo avaliativo.

Os registros sobre a análise de cada criança serão compartilhados com a família através de ficha de acompanhamento individual, uma vez que a educação familiar. Cabe, portanto, as instituições e as famílias estabelecerem um dialogo aberto, considerando-as parceiras e interlocutoras no processo infantil.
Entretanto, os relatórios diários do professor de educação infantil correm o risco de rotinas repetitivas de ações improvisadas e/ou não refletidas em termos do seu significado educativo para as crianças.
Os registros de avaliação refletem a imagem da ação desenvolvida pelo professor. Tal reflexo tende a ficar nebuloso, falso, quando os códigos a serem utilizados não permitem uma representação clara, nítida, significativa, do que se observou e do trabalho realizado junto aos alunos ( Hoffmann, 2009, p. 93).

Além do mais, os relatórios da avaliação não podem reduzir o seu significado ao cumprimento de uma função burocrática das escolas e nem satisfazer as necessidades que os pais têm de controlar e conhecer o trabalho que as escolas estão fazendo com seus filhos. "Os relatórios de avaliação alcançam o seu significado primeiro a medida que ultrapassam a função burocrática, para expressar com objetividade e riqueza o processo educativo" (HOFFMANN, 1996, p.56).
É importante o uso de relatórios de avaliação na educação infantil porque o professor fica conhecendo o que se passou com as crianças no ano anterior. Além disso, ele também pode contribuir com o próximo professor com o histórico das crianças, para que ele possa refletir e ter um olhar diferente sobre a criança em desenvolvimento, pois o seu sentido não é de classificar a criança ou apontar o que ela é ou não capaz de fazer. Conforme Hoffmann (1996 p.57):
Relatórios de avaliação têm por objetivo historicizar os caminhos que cada uma vem percorrendo em busca de conhecimento de valores pessoais, retratando, assim, a dinamicidade de sua ação de conhecer. Os próprios relatórios têm o sentido dinâmico de estabelecer elos entre momentos do trabalho pedagógico de um professor ou vários professores, criando o álbum da vida da criança e permitindo aos pais e professores melhor compreendê-la e ajudá-la em termos de sua possibilidade e limites.


Desse modo é através do relatório geral de avaliação que o professor reconstroe o processo vivido com sua turma, em um processo de reflexão/avaliação que encontra significado na possibilidade de compartilhar com suas famílias e com seus próximos professores, experiências vividas por elas e o sentido dessas em termos de aprendizagem e desenvolvimento.
"[...] Ao mesmo tempo em que contextualiza o espaço pedagógico, o professor re-significa-o, descobrindo e apontando pistas de continuidade para a própria ação educativa, para a participação dos pais no processo e para os próximos educadores" (HOFFMANN, 1996, p.68).


A avaliação exige a sistematização sobre a forma de registros significativos que irão reorganizar e refazer-se no relatório semestral de avaliação, pois o registro é a imagem que o professor faz de seu trabalho com seus alunos. Por essa razão, o educador precisa a delinear algumas questões implícitas ao seu olhar avaliativo a referir-se a cada aluno em sua individualidade para eu não fiques em sentido. Hoffmann (2009, p.106), delineia algumas questões que não tem sido privilegiado pelos educadores ao elaborar tais relatórios.
● Que áreas de conhecimento foram trabalhadas pelo aluno?
● Quais os avanços que vem demonstrando nessas áreas?
● Apresenta alguma área a ser melhor desenvolvida?
● Que sugestões o professor oferece nesse sentido? Tarefas? Jogos? Leituras? Outros?
● Como se trabalhou com ele as questões socioafetivas? Alguma sugestão aos pais?
● Como o aluno se refere ao seu desenvolvimento nesse período?
● Como os pais se referem ao seu desenvolvimento?

E necessário o professor elencá esses pontos, porque define sua contribuição para o desenvolvimento da criança, além de nortear seu compromisso de educador no processo de construção e (re) construção do conhecimento do educando numa postura epistemológica que privilegia o entendimento e não a memorização.
Segundo a autora (2009, p.106) os
[...] relatórios de avaliação devem expressas avanços conquistas, descobertas dos alunos, bem relatar o processo vivido em sua evolução, em seu desenvolvimento, dirigindo-se aos encaminhamentos, as sugestões de cooperação entre todos que participam do processo.

Diante disso, para os professores, relatórios de avaliação devem constituir-se na síntese organizadora do processo vivido por ele e pelas crianças, sobretudo que foi construído a partir de suas reflexões e transformação do seu modo de pensar e agir sobre determinados, no qual o professor se coloca como agente e sujeito de sua prática num processo de (re) construção do conhecimento.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste artigo procuramos caracterizar a avaliação desde o seu contexto histórico até os dias atuais refletindo sobre a importância de avaliar as crianças em seu desenvolvimento escolar sem o objetivo de promoção ou reprovação dos mesmos.
Discutir a avaliação é buscar compreender que o professor é um mediador do conhecimento e que junto com seus alunos procura a melhor maneira de alcançar os objetivos a fim de constatar os progressos e as dificuldades no decorrer do ano letivo.
O processo de avaliação é longo e euxastivo porque é um estudo sobre o estado da criança no campo educacional, buscando apontar caminhos possíveis na construção dos conhecimentos adquiridos em conjunto professor e aluno, possibilitando desse modo, a construção de novos significados sobre suas experiências de aprendizagem.
A análise desenvolvida sobre os instrumentos de avaliação, mostrou que há vários meios de utilização para verificar o aprendizado dos educandos. Contudo, o processo avaliativo é flexível, dependendo do planejamento de cada educador, do qual os mesmos fornecem subsídios para que os alunos na sua produção reconheçam os seus avanços e retrocessos.
Ainda nessa mesma perspectiva, cabe ressaltar a importância de se incentivar a realização do uso de relatórios de avaliação na educação infantil, permitindo aos pais e futuros educadores uma visão completa e integrada do trabalho realizado com cada grupo de criança, pois os mesmos poderão melhor compreendê-las e ajudá-las em termos de suas possibilidades e limites.
Espera-se por intermédio deste artigo abrir novos questionamentos em torno da avaliação na educação infantil, a enfatizar a importância essencial da participação do professor no processo de mudança na prática transformadora.

REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: Leitura critico compreensiva, artigo a artigo. 17 ed. Atualizada e ampliada. Petrópolis, RJ: vozes, 2010.

CANDAU, Vera Maria (org.) Reinventar a escola. 6 ed. Petrópolis, RJ: vozes, 2008.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994 (coleção magistério. 2º grau. Série formação de professores).

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliação na prática em construção na pré-escola: Um olhar sensível e reflexivo sobre a criança. Porto Alegre: mediação, 1996.

____________. Avaliação mediadora: Uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre: mediação, 2009.

VIANNA, Heraldo Marelim. Fundamentos de um programa de avaliação educacional. Brasília: líber livro editora, 2005.