A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA MUNICIPAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO Joselito Andrade Silva Nair Maria Balem Rozilda Gonçalves Borges Faculdade de Ciências, Educação e Letras (FACEL) Faculdade do Sertão Baiano (FASB) RESUMO O trabalho apresenta a necessidade de atuação psicopedagógica no segmento de educação dos Anos Iniciais, na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, da rede pública de ensino do município de Monte Santo – BA. A presente pesquisa retrata superficialmente a realidade escolar do cenário educacional brasileiro, em especial, da Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, expõe ainda a Psicopedagogia como instrumento importante no estudo das dificuldades de aprendizagem e as contribuições resultantes deste processo e demonstra também qual seria o papel do psicopedagogo frente as instituições escolares. Para tanto, constituiu-se a pesquisa, utilizando-se um referencial teórico respaldado, principalmente, em Bossa (2000), Fernandez (1990), Scoz (2008), Pain (1985), Freire (1996), Escott (2001), entre outros colaboradores. Essa proposta está descrita em itens de discussão acerca das atribuições do psicopedagogo escolar, que busca vislumbrar alternativas que viabilizem este profissional e a escola, uma constante reflexão em torno da atuação do professor, a fim de que encontrem caminhos prováveis para se chegar à finalidade da proposta, a efetiva aprendizagem e o desenvolvimento dos educandos. PALAVRAS-CHAVES: Dificuldades de aprendizagem. O papel do psicopedagogo na instituição. Perspectivas psicopedagógicas. Realidade escolar. 1 INTRODUÇÃO O presente estudo dispõe acerca da importância do psicopedagogo na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, situada no distrito de Pedra Vermelha, Monte Santo – BA. A referida Instituição oferece o Ensino Fundamental Anos Iniciais, que compreende o estudo do primeiro ao quinto ano. A partir dos estágios realizados, percebeu-se algumas barreiras que comprometem a qualidade da educação ministrada nesta unidade escolar. Constatou-se ainda, durante o período observado, que a educação pautava-se pelo verbalismo e transmissão de informações. Pode-se inferir que a aprendizagem era concebida como mero acúmulo de conhecimentos, onde ficou marcada a individualidade dos professores e o cativo demasiado a sua disciplina, ficando a margem o trabalho coletivo. Nesse processo de busca e reflexão acerca da atuação do psicopedagogo na escola supracitada, percebe-se uma realidade superficial das escolas públicas brasileiras, que denota preocupação dos atores envolvidos no processo de ensino e aprendizagem. A partir da convivência com a escola pública, nota-se que os profissionais na atualidade, enfrentam diversos problemas no que tange à aprendizagem dos alunos, o que exige uma atualização profissional constante, tanto em conhecimentos gerais, quanto em específicos, para que possam corresponder às exigências do mundo globalizado e também as expectativas do educando. Assim sendo, é importante ressaltar, já de início, a presença do psicopedagogo escolar como colaborador do processo educativo. A atuação deste profissional perpassa pelo trabalho coletivo e interdisciplinar, dando subsídios aos professores, aos educandos, a família, a direção, a coordenação e demais profissionais da área, com vistas ao melhoramento no que tange ao processo de ensino, prevenção dos problemas com a aprendizagem e o favorecimento do sucesso escolar do alunado. À luz das contribuições psicopedagógicas apresentadas neste trabalho, percebe-se a atuação do psicopedagogo na Instituição, como uma possibilidade de formação continuada dos professores, tendo em vista que vale-se da reflexão da prática pedagógica e do desenvolvimento do educando, constituindo-se num trabalho preventivo. Pois, para que o discente com problemas de aprendizagem receba uma educação adequada a sua formação, exige-se além dos atores educativos presentes neste processo, a figura do psicopedagogo escolar como colaborador na prevenção dos problemas com a aprendizagem dos cidadãos brasileiros que frequentam as escolas públicas deste país, em especial a Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição. 2 A REALIDADE ESCOLAR Educar é um desafio constante que na contemporaneidade tem se agigantado, especialmente diante de novas circunstâncias socioeconômicas e culturais que surgem e exigem mais qualidade e compromisso no que tange ao processo de ensino e aprendizagem e uma visão holística permeada por inovações na prática pedagógica. O objetivo principal da educação no desenvolvimento do ser humano e da sociedade alarga-se no século XXI com o aflorar do novo milênio e denota para a necessidade de moldar a escola voltada a formação cidadã. Regenerar tal demanda e contribuir para o exercício pleno da cidadania é função social da escola e a mesma necessita se articular com a comunidade na qual está inserida para cumprir com eficácia este importante e amargo legado. As inovações sociais interferem em todos os campos, mas é na escola que suas experimentações, tanto para construção do conhecimento como para disseminação de contradições, se apresentam mutuamente. Assim, o professor precisa ter uma reflexão crítica da sua prática, para não fazê-la de maneira unilateral. Uma prática alienada a visão exclusiva do professor comporta o risco de expressar a alienação para os alunos, de forma mais eficaz, e para a sociedade de modo camuflado. Percebe-se a “reflexão crítica da prática docente”, à luz de Freire (1996), como um mecanismo indispensável na formação profissional dos educadores. É pensando de forma crítica a prática pedagógica do passado e do presente, que se pode mudar a prática do futuro, entendendo-se como a próxima prática. Para Freire (1996, p. 39), “O próprio discurso teórico, necessário a reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática”. O bojo desta concepção sugere uma prática associada à teoria e vice-versa, aproximando ao máximo uma da outra. A sociedade atual é marcada pela conquista, competição, qualidade, excelência, em que progressos tecnológicos e avanços científicos esboçam novas demandas para os jovens mergulhados em seus anseios de transformação social e principais atores do mundo globalizado que nos cerca, tendo como pano de fundo a preparação para o mercado de trabalho. Assim também, o processo de ensino e aprendizagem está passando por mudanças de paradigmas que permitem à escola uma revisão de sua função social, estabelecendo princípios e valores que apontem para a necessidade de se construir uma educação voltada para a cidadania, oportunizando ao educando o acesso, a permanência e a continuidade dos estudos, através de uma educação que prima por cidadãos conscientes e críticos, capazes de participar efetivamente no processo de transformação da sociedade e do meio no qual está inserido. Desenvolvendo, como consequência, uma ação pedagógica, baseada na “tríplice” relação escola/trabalho/realidade, através de um processo de discussão permanente dos direitos e deveres do cidadão. Possibilitando, também, a contextualização como forma de atingir o domínio de habilidades básicas de organização e expressão do pensamento e instrumentalizando o alunado para fazer a interpretação do mundo a sua volta com vistas à ampliação do seu espaço social. Porém, pergunta-se: Será que a função social da escola, em consonância com o exposto acima, vem sendo cumprida? Para Marin (1998), o sistema educacional no Brasil vem pecando ao oferecer um ensino de baixa qualidade, presentes nas escolas públicas. Os entraves atuais da educação brasileira, ministrada nas nossas escolas, perpassam pela indisciplina, péssimas condições de trabalho do professor associado ao despreparo profissional, salários baixos e desvalorização, são fatores que contribuem para este triste cenário, agravado pelos altos índices de abandono e reprovação. A conjetura negativa das escolas públicas presente no cenário educacional brasileiro nos permite inferir, com certa tranquilidade e propriedade, que não se tem perspectivas positivas, no que concerne ao ensino de qualidade. Scoz (2008), atribui à falta de preparo dos educadores, a precariedade nas condições de funcionamento e estruturas das escolas, adicionados a outros fatores, como causas do fracasso escolar. Diz a autora que esta realidade deságua numa educação deficitária, incapaz de sanar os problemas educacionais e acabam por corroborar com as dificuldades de aprendizagens impregnadas nas nossas crianças, comprometendo sobremaneira o sucesso escolar das mesmas. Ainda para Scoz (2008, p. 7), a culpa para o fracasso escolar é assim concebida: [...] a culpa ainda é, em grande parte, atribuída a problemas individuais dos alunos, haja vista a reação dos professores a algumas questões específicas do ensino nas escolas onde predomina o padrão conservador, que se utiliza da estratégia de culpar a vítima pelo próprio fracasso. A partir deste conceito, percebe-se que é conveniente atribuir o ônus do fracasso escolar ao próprio aluno, que na verdade, é a grande vítima. Desta forma, camuflam-se os verdadeiros responsáveis pela educação de qualidade contestável oferecida às nossas crianças. O fracasso escolar é também causado por fatores sociais e vinculados a aspectos quantitativos que, segundo (ROVIRA, 2004), está associado, em sua maioria, com o baixo rendimento escolar, como: notas, conceitos, processos avaliativos, além de adaptação social do alunado. Mas, também se configura fracasso escolar, quando se consegue destruir a autoestima e/ou imagem do discente de si mesmo e/ou dos outros. A partir deste pressuposto, o fracasso escolar não é intrínseco ao sujeito, mas, produto social. O fracasso escolar é um fato social sistêmico, que se produz de acordo com uma causalidade complexa. (...) As situações social, familiar e escolar, por meio de seus múltiplos parâmetros, atuam entrelaçando-se e provocando o surgimento do fracasso escolar. (ROVIRA, 2004, p. 84) A partir desta realidade da educação no Brasil, constata-se, para que houvesse uma melhoria neste cenário educacional e a possibilidade de sucesso dos discentes, com base nos estudos de Scoz (2008), não basta apenas ampliar as vagas no sistema escolar, é necessária também uma política clara de intervenção, que seja capaz de ensinar as crianças e amenizar o problema da marginalização. Para tanto, além de compreender a conjuntura, faz-se necessário que os educadores abarquem sua prática e os mecanismos que irão conduzir ao sucesso dos escolares. Ao vivenciar as etapas de Estágio Institucional e Clínico, ambos concretizados na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, situada em Pedra Vermelha, distrito de Monte Santo, localizado no nordeste baiano, a 352 km da capital Salvador, percebeu-se que a mesma enquadra-se tranquilamente ao cenário educacional brasileiro, vivenciando dos mesmos problemas e entraves presentes na maioria das escolas públicas deste país. Como desdobramentos dos estudos e pesquisas realizados na referida unidade escolar, constatou-se a precária condição de trabalho dos profissionais, estrutura física defasada e inadequada, indisciplina em sala de aula, despreparo dos professores, aparato pedagógico insuficiente e uma prática docente que faz alusão a educação tradicional, além das condições socioeconômicas da maioria dos educandos e seus familiares, ratificando sobremaneira a realidade escolar vivenciada pelos cidadãos brasileiros. Numa perspectiva de mudança desta realidade, seria necessária, segundo Scoz (2008), absorção das contribuições oriundas da Psicopedagogia, área que discute e estuda o processo de aprendizagem e os problemas provenientes deste processo, recorrendo para tal, aos conhecimentos interdisciplinares, sem esquecer o foco do “ato educativo”, nas relações sociais mais amplas. Essa nova abertura proporcionada pela Psicopedagogia vem ganhando espaços nos meios educacionais brasileiros e aguçando sobremaneira o interesse dos profissionais que trabalham na área da educação e buscam novos mecanismos e possibilidades para sua prática. 3 PERSPECTIVAS PSICOPEDAGÓGICAS Utilizando-se dos estudos de Bossa (2000), pode-se afirmar que os primeiros estudos psicopedagógicos afloraram na França, no século XIX, com contribuições decisivas do ambiente médico, psicológico e psicanalítico, que tiveram grande destaque neste período com foco na atuação em consultórios, com o atendimento de crianças que apresentavam dificuldades para aprender, consideradas “escolares anormais”. Para Martins (2008 apud BOSSA, 2000), a prática francesa influenciou o início da atuação psicopedagógica na Argentina que contribuiu sobremaneira para desencadear o pensamento psicopedagógico no Brasil, onde Scoz (2008), afirma ter surgido na década de 80, cujos problemas de aprendizagem eram diagnosticados como Disfunção Cerebral Mínima (DCM) e os Distúrbios de Aprendizagem (afasias, disgrafias, dislexias, discalculias) modismos da época, servindo para camuflar e justificar os problemas atribuídos à incapacidade de algumas crianças em aprender. O advento da Psicopedagogia trouxe novas perspectivas no que concerne ao sucesso escolar dos discentes que apresentavam problemas com o processo de ensino-aprendizagem disseminando o pensamento coletivo e o trabalho multidisciplinar que resultou num leque de possibilidades para a intervenção psicopedagógica nas escolas públicas deste país. Neste cenário, Bossa (2000), diz que a Psicopedagogia se apresenta com um vasto campo de conhecimentos amplos, que deságuam no principal objetivo desta ciência, que é o estudo do processo de aprendizagem humana, seu padrão de desenvolvimento normal e patológico, sua prevenção e tratamento, além de compreender como se dá a influência do meio em que está inserido neste processo. Por ter esta característica e abranger vários aspectos já mencionados que permeiam o “ato educativo”, percebe-se a complexidade do alcance profissional e o quanto o psicopedagogo necessita ter em sua formação e atuação, mecanismos que transformem as construções e práticas sociais, com enfoque nos problemas e dificuldades de aprendizagens. Com a contribuição dos estudos de Escott (2001, p.200), pode-se afirmar que a Psicopedagogia, a partir de preceitos históricos, foi sempre reconhecida pela intervenção clínica nos consultórios psicopedagógicos em relação às dificuldades de aprendizagem. Atualmente, verifica-se um grande crescimento da ação psicopedagógica nas escolas, notoriamente preventiva e institucional, com deslumbramento e presunção de amenizar o fracasso escolar. Parafraseando Bossa (2000), a Psicopedagogia é a área do conhecimento que estuda a fundo a aprendizagem humana, perpassando pelo objetivo de facilitar o processo de aprendizagem não apenas na instituição escolar, como também abrange aspectos cognitivos, afetivos, sociais, comportamentais e familiares, buscando contemplar toda a vida do aprendiz. Para isso, a Psicopedagogia recorre ao trabalho coletivo e interdisciplinar, buscando conhecimentos na área da Filosofia, Neurologia, Sociologia, Psicanálise, com o intuito de melhorar a compreensão sobre a aprendizagem e nortear sua prática. Utilizando-se das ideias de Maia (2007), atualmente a Psicopedagogia conceitua-se em um campo de atuação que emerge das complexidades dos problemas de aprendizagem, perpassando pela coletividade e o trabalho transdisciplinar. Para tanto, utiliza-se conhecimentos de diversas áreas do saber, que visa especialmente dois campos de atuação: institucional e clínico, numa perspectiva preventiva e terapêutica. Assim, Maia (2007), afirma que a Psicopedagogia nasce da busca por uma melhor assimilação do mecanismo de aprendizagem humana, a partir do conhecimento de como se processa sua aquisição e concomitantemente suas distorções, para agir pontualmente no ato de aprender e ensinar, propondo estratégias que irão agir frente às dificuldades de aprendizagem ocasionadas no processo de aquisição do conhecimento. A aprendizagem humana e os problemas dela oriundos são o principal objetivo e razão da existência da Psicopedagogia. Mas o que seria aprendizagem? A aprendizagem é um processo cuja matriz é vincular e lúdica e sua raiz corporal; seu desdobramento criativo põe-se em jogo através da articulação inteligência-desejo e do equilíbrio assimilação-acomodação. No humano, a aprendizagem funciona como equivalente funcional do instinto. Para dar conta das fraturas no aprender, necessitamos atender aos processos (à dinâmica, ao movimento, às tendências) e não aos resultados ou rendimentos (sejam escolares ou psicométricos). (FERNANDEZ, 1990, p. 48) Partindo do pressuposto teórico supracitado, e ainda com referência à Fernandez (1990, p. 48), “Somente observando como aprende, como joga a criança, e em seguida qual é a originalidade de seu fracasso (a partir do qual se diferencia como sujeito), estaremos no caminho de elucidar por que ela não aprende”. A educação como cultura é transmitida pelo processo de aprendizagem. Segundo Pain (1985, p.11), “O processo de aprendizagem se inscreve na dinâmica da transmissão da cultura, que constitui a definição mais ampla da palavra educação.” Pode-se evidenciar esse fenômeno na evolução da humanidade e, com vistas ao que se transmite de uma geração para outra. Desta forma, o conhecimento é perpetuado e fortalecido nas sucessivas gerações, perpassando pela educação e concomitantemente pela aprendizagem, contribuindo sobremaneira para a melhoria da qualidade de vida do ser humano. Ainda, escreve a autora que a educação tem quatro funções interdependentes: “Função mantenedora da educação; Função socializadora da educação; Função repressora da educação; Função transformadora da educação”. Neste contexto, a educação tem o poder de conduzir a cada cidadão a transmissão da cultura, disseminada através da aprendizagem e seus reflexos no sujeito, permitindo a socialização do conhecimento e a vida em sociedade propriamente dita, com suas normas e leis, além da possibilidade real de transformação do meio no qual está inserido. A partir dos estudos de Pain (1985), o sujeito que não desenvolve satisfatoriamente o processo de aprendizagem, não consegue vivenciar os princípios sociais inerentes a educação e acaba sucumbindo a este fracasso. A luz da psicopedagogia, responsável pelo processo técnico de aprendizagem, deve trazer no seu bojo, o cumprimento dos fins contemplados na educação, permitindo ao sujeito que não aprende a possibilidade de consolidar sua aprendizagem numa perspectiva de transformação social. Desta forma, pode-se compreender que as dificuldades de aprendizagem têm origens diversas e devem ser consideradas a partir de um leque de possibilidades, pode ser atribuída à ausência de estímulos sociais, carência financeira, questões multiculturais, afetividade, fatores orgânicos, cognitivos, sociais, pedagógicos e familiares. Assim como a inteligência tende a objetivar, a buscar generalidades, a classificar, a ordenar, a procurar o que é semelhante, o comum, ao contrário, o movimento do desejo é subjetivante, tende a individualização, à diferenciação, ao surgimento do original de cada ser humano único em relação ao outro. (FERNANDEZ, 1990, p.73) Assim sendo, a aprendizagem é única e heterogênea. Cada ser humano aprende de forma peculiar e individualizado, o que exige dos professores mecanismos distintos na prática pedagógica e no processo de ensino e aprendizagem. Para tanto, faz-se necessário o auxílio de um profissional especializado na área da aprendizagem humana e do processo de aquisição do conhecimento. Esse profissional é o psicopedagogo, que atuará no suporte pedagógico numa perspectiva interdisciplinar. Intervindo em vários aspectos da dinâmica escolar e a partir do diagnóstico psicopedagógico, fortalecer sobremaneira o trabalho desenvolvido nas escolas, tendo como consequência a melhoria na qualidade do processo de ensino e aprendizagem. 4 O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO A Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição oferece o Ensino Fundamental Anos Iniciais, que perpassa do 1º ao 5º ano. Através das etapas dos estágios realizados na instituição supracitada, perceberam-se alguns entraves que comprometem a qualidade da educação ministrada. A educação oferecida e observada durante este período, pautava-se pelo verbalismo e transmissão de informações. Percebia-se que a aprendizagem era concebida como acúmulo de conhecimentos, onde o professor trabalha de forma individual, cativo demasiadamente a sua área de atuação, sem conexão com a coletividade da escola e não levam em conta as experiências significativas dos discentes, vivenciadas e construídas ao longo de suas vidas pessoais. A partir da convivência na escola pesquisada e, principalmente, com as vivências na clínica, percebeu-se que os profissionais na atualidade enfrentam grandes desafios e dificuldades no que tange à aprendizagem dos escolares, permitindo a inferência que os mesmos necessitam estar atualizados em conhecimentos mais globais e individuais para que possam corresponder as exigências e os mecanismos da globalização e assegurar também as expectativas dos discentes no que diz respeito ao aprimoramento pessoal, com perspectivas a inserção no mercado de trabalho. É o que nos reforça Oliveira (2006), “O mundo do trabalho hoje, requer profissionais com maiores conhecimentos, uma cultura ampla e diversificada, preparo técnico, inclusive de forma interdisciplinar,...” ainda segundo a autora, esse contexto irá determinar a inclusão e/ou exclusão do mercado de trabalho, com ênfase na educação recebida pelo aluno. Partindo do pressuposto que a escola é responsável e parceira na formação do ser humano, o trabalho psicopedagógico na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição tem caráter preventivo, quando cria competências e habilidades na resolução dos problemas com a aprendizagem, considera o grande número de escolares que apresentam dificuldades na aprendizagem e resgata a participação da família neste processo. Além de perspectivas terapêuticas, quando inicia o atendimento com crianças que já sofrem e vivenciam o fracasso escolar. Para Bossa (2000, p. 89), no que diz respeito à Psicopedagogia preventiva, “podemos dizer que o nosso sujeito é a instituição, com sua complexa rede de relações” e afirma que a escola é o espaço da aprendizagem, local e objeto de estudo da Psicopedagogia. Além deste contexto, que é o pano de fundo mais geral, percebe-se a situação singular da aprendizagem no interior da escola, porém, é necessária uma reflexão sobre a educação de qualidade e a contribuição de outros profissionais e parceiros nesse processo. Sabe-se que o contexto atual da aprendizagem na referida escola é preocupante, e afirma-se também que, depois da família, é o professor o profissional mais próximo do educando. Logo, é essencial, também, a reflexão sobre a participação efetiva do psicopedagogo na referida instituição e que o mesmo esteja atendo a uma nova perspectiva no processo de ensino-aprendizagem, com ênfase no trabalho coletivo e interdisciplinar, propiciando harmonia no ato de ensinar e aprender. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do cenário educacional encontrado na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, comprovado a partir das vivências propiciadas pelos estágios supervisionados realizados, tanto no institucional quanto no clínico, evidenciado ainda através do baixo rendimento escolar apresentado pelos discentes que têm dificuldades de aprendizagem e partindo do pressuposto que a referida Instituição de ensino apresenta dificuldades no procedimento com crianças que não aprendem no processo considerado normal, além da constatação que as escolas brasileiras, em sua maioria, não possui políticas adequadas de intervenção capazes de solucionar e/ou mesmo amenizar os problemas vinculados à aprendizagem, evidenciando a necessidade iminente de mudanças de paradigma no que concerne ao processo de ensino-aprendizagem. Assim sendo, a presença do psicopedagogo na escola, por ser um profissional especializado no problema da aprendizagem, estando apto para o trabalho na área da educação, assume o papel de colaborador, dando subsídios aos professores, aos discentes, a família, a direção, a coordenação e demais profissionais da área, com o intuito de melhorar o processo de ensino, desaguando na prevenção dos problemas de aprendizagem e contribuindo sobremaneira para o sucesso escolar dos educandos. À luz das contribuições psicopedagógicas apresentadas neste trabalho, percebe-se a atuação do psicopedagogo na Instituição, como uma possibilidade de formação continuada dos professores, a partir da reflexão da prática pedagógica e o desenvolvimento dos discentes, constituindo-se num trabalho preventivo. Contudo, acredita-se que uma postura psicopedagógica que contempla a dimensão preventiva em sua atuação, trás no seu bojo o psicopedagogo como possibilidade real em cumprir o papel social da escola, em função da efetiva aprendizagem do alunado. A Psicopedagogia é a área que estuda e lida com a aprendizagem e os problemas que dela resultam. Acredita-se que se existisse na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, no mínimo, um psicopedagogo trabalhando com o problema da aprendizagem, o número de crianças que sofrem com o amargo sentimento do “não prender” seria consideravelmente reduzido. O trabalho do psicopedagogo inclui a orientação da família, o auxílio dos professores e demais profissionais da escola, a orientação junto à direção e coordenação para a harmonia entre todos os segmentos e, principalmente, o socorro ao educando que esteja sofrendo com problemas de aprendizagem. Nesta perspectiva, o psicopedagogo contribui sobremaneira com todos os atores presentes no processo de ensino-aprendizagem, pois contempla o trabalho coletivo e multidisciplinar numa visão bem mais ampla do processo. Portanto, a proposta exposta nesta pesquisa ratifica a necessidade de uma prática pedagógica alicerçada na parceria, no trabalho em equipe, na solidariedade, promovendo o sucesso escolar e prevenção dos discentes no que tange ao processo de ensino e aprendizagem e favorecendo a melhoria da educação ministrada na Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição. Portanto, para que o educando com dificuldades de aprendizagem tenha uma educação adequada às suas necessidades exige-se além do trabalho coletivo, a formação continuada dos professores, a participação eficaz de todos os atores educativos, e a presença do psicopedagogo como instrumento didático importante na prevenção dos problemas de aprendizagem vivenciados pelos alunos, buscando juntamente com os demais atores escolares, agregar valores e contribuir para a formação cidadã e a transformação social do meio no qual está inserido. REFERÊNCIAS ALVES, Maria Dolores Fortes; BOSSA, Nádia. Psicopedagogia: em busca do sujeito autor. Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=809. Acesso em 02 de março de 2012. BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. ______. Dificuldades de aprendizagem. O que são e como tratá-las? Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 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