A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO FINANCEIRO PARA MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Janaina Alves Rosa¹, Robernei Aparecido Lima²

1 – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas - Avenida Fusanobu Yokota n° 68, Jardim Oriente – 12236-075 – São José dos Campos - SP – Brasil – [email protected]

2 – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas – Universidade do Vale do Paraíba – Avenida Shishima Hifumi n° 2911 – Urbanova – 12244-000 – São José dos Campos – SP – Brasil – [email protected]

Resumo – O objetivo deste artigo é evidenciar a importância do planejamento financeiro para sobrevivência das empresas, através de uma metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela organização. A problemática a ser analisada é que muitos empresários não estão preparados para administrar seus recursos financeiros. A metodologia utilizada para elaboração desse artigo, remete a pesquisa bibliográfica, com base em livros técnicos da área de Administração Financeira, bem como em artigos científicos via Internet na área de Planejamento Financeiro e teve como resultado a avaliação de que uma das maiores dificuldades enfrentadas pelos empresários no processo decisório deve-se a falta de informações e que estes, na sua maioria, não utilizam os dados financeiros das empresas devido a sua complexidade. A pesquisa permite ainda constatar através de levantamento de dados estatísticos no Sebrae da situação que se encontram as micro e pequenas empresas no Brasil, pode concluir-se que o planejamento financeiro é fundamental para continuidade das empresas.

Palavras-chave: Controle Financeiro, Planejamento Financeiro, Microempresa

Área do Conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas

Introdução

O planejamento financeiro estabelece o modo pelo quais os objetivos podem ser alcançados. Manter o controle financeiro é de suma importância para qualquer empresa.

O controle e o planejamento financeiro se fazem necessários em qualquer tipo de empresa, independente de seu ramo de atuação,em geral, as micro e pequenas empresas, apresentam um quadro crítico, devido ao fato de possuírem baixo conhecimento de técnicas administrativas, associado aos problemas de falta de capital de giro.

O problema a ser analisado é que nas micro e pequenas empresas, muitas vezes o empresário não sabe como administrar seus recursos financeiros adquiridos.Este artigo tem por objetivo apresentar um eficaz controle e planejamento financeiro para sobrevivência das empresas.

Um dos primeiros trabalhos que sem tem notícia sobre este tema é o de Fitspatrick (1932) que comparou dezenove empresas bem sucedidas com outros dezenove empresas que foram à falência entre 1920 e 1929 nos Estados Unidos. Outros pontos de destaques remontam a 1966, com os estudos de Beaver (1967) e posteriormente de Altman (1968). No Brasil um estudo foi desenvolvido por Karnitz (1976), bem sucedido pelo de Altman, Baydia e Dias (1979) e até os dias de hoje esse assunto também é tratado por Ercolin (2007).

Metodologia

A elaboração desse artigo se fundamentou em pesquisa bibliográfica na área de Planejamento financeiro, em livros específicos de Administração Financeira e artigos científicos via internet em sites como o Sebrae que apóia as Micro e Pequenas Empresas.

A pesquisa buscou verificar, por indícios de ausência de planejamento financeiro. E se tal ausência prejudica a continuidade das mesmas. Investigando ainda, como a ferramenta da contabilidade gerencial, por mínima que seja sua aplicação, aqui restringida ao planejamento financeiro, pode contribuir para a manutenção da continuidade das micro e pequenas empresas no Brasil.

No decorrer deste trabalho, serão apresentados em teorias e conselhos práticos, como colher esses dados, e como as ferramentas contábeis podem ser utilizadas, mantendo assim um controle financeiro da organização, gerando melhores resultados e evitando a extinção da empresa.

Planejamento

Segundo Sanvicente e Santos (1983, p. 155), planejar, numa abordagem geral, é estabelecer com antecedência as ações a serem executadas, além de estimar recursos e definir responsabilidades para o alcance dos objetivos. O planejamento é a tentativa de prever as ocorrências futuras e estar preparado para agir de forma a evitar surpresas desagradáveis no funcionamento e na gestão do empreendimento.

Planejamento Financeiro

Ross et al (2002) afirmam que o planejamento financeiro estabelece o método pela quais as metas financeiras devem ser atingidas. A meta mais freqüente adotada pelas empresas é o crescimento.

E é neste contexto que o planejamento financeiro procura estabelecer suas ações e metas através de planejamento. O desenvolvimento do país e a alta do desemprego, as micro e pequenas empresas foram crescendo, tanto no comércio como na indústria e na prestação de serviços.

Existem empresas que traçam toda sua estratégia num minucioso mecanismo de planejamento. É uma forma de gerenciamento dentre várias. Porém o planejamento financeiro pode contemplar um orçamento gerencial de forma a associá-los às demais necessidade de controle. Por isso, o planejamento financeiro pode ser visto como uma ferramenta ampla no atendimento às necessidades de gerenciamento das empresas.

Micro e Pequenas Empresas

As MPEs (micro e pequenas empresas) surgiram na Europa há mais de 500 anos com as primeiras oficinas de artesões. Elas se localizavam próximas às regiões de intenso comércio, como portos e feiras comerciais, onde os produtos confeccionados pelos artesões podiam ser vendidos. Não apresentavam um setor específico de atuação, uma vez que produziam e comercializavam uma grande gama de produtos, de ferraduras a caixas, de roupas a armas. Também, nesta época, já existiam empresas que prestavam pequenos serviços como carregador de navios, transporte de pessoas, concertos de equipamentos, dentre outros. Era o embrião das MPEs que começava a surgir.

Na economia nacional as micro e pequenas empresas ganharam seu espaço e grandes benefícios. Segundo dados do SEBRAE (2005), as MPEs representam um total de 98% das empresas brasileiras.

Em quase sua totalidade, estas empresas foram criadas e são administradas por empreendedores e por suas famílias, pois muitas empresas tiveram seu início em base familiar. Existem também aquelas que surgiram pela união de dois ou mais micro empresários de um determinado setor. Segundo o SEBRAE (2005), a maior motivação na abertura de uma empresa de pequeno porte, tanto para os empresários de firmas de sucesso como de empresas extintas, se dá pela identificação de uma oportunidade de negócio. A segunda maior motivação corresponde à existência de experiência anterior e talvez seja este um dos principais fatores responsáveis pelo sucesso de novos negócios. Segundo a mesma pesquisa, a maior parte dos micros e pequenos empresários de sucesso tinham experiência no ramo em que estavam ingressando, enquanto nas empresas extintas este fator foi negligenciado.

Devido a fatores como concorrência, crescimento do país, essas empresas precisam de preparo específico, como ferramenta de gestão para evitar a mortalidade das organizações.

Ferramentas de Controle Financeiro

Existem diversas ferramentas que podem contribuir para o processo de gerenciamento de uma empresa, aqui restringida a duas ferramentas de grande importância para o controle financeiro das organizações, como fluxo de caixa e orçamento, entende-se como fluxo de caixa o registro e controle sobre a movimentação do caixa de qualquer empresa, expressando as entradas e saídas de recursos financeiros ocorridos em determinados períodos de tempo. (CAMPOS FILHO, 1997).

O fluxo de caixa é considerado um dos principais instrumentos de análises e avaliação de uma empresa, pode-se afirmar que o fluxo de caixa é demonstração visual das receitas e despesas distribuídas pela linha do tempo futuro.

O fluxo de caixa constitui ferramenta de fundamental importância para a boa administração e avaliação das organizações. A sua adoção possibilita uma boa gestão dos recursos financeiros, evitando situações de insolvência ou falta de liquidez que representam sérias ameaças à continuidade das organizações.

Orçamento é uma ferramenta de gestão que explicita as intenções da empresa em termos financeiros. O orçamento é uma ferramenta adotada para o controle de suas finanças, sendo que contemplam duas das funções básicas propostas por TAYLOR (1978): o planejamento e o controle.

O orçamento é um resumo dos planos da empresa, e estabelece metas específicas das atividades de venda, produção, distribuição, financeira, etc. e, que geralmente, é representado por um orçamento de caixa, uma demonstração de resultado orçada e um balanço patrimonial orçado.

Entre as muitas vantagens que temos em possuir um orçamento bem elaborado, podemos apresentar alguns itens importantes como, fornecer um meio de transmitir os planos da administração a toda à organização; forçar os administradores a pensar no futuro e planejá-lo; revelar as possíveis falhas ou problemas que a empresa pode vir a encontrar antes que eles ocorram; e definir metas que servirão de níveis de referência para a subseqüente avaliação de desempenho.

Ruschel (2005) afirma que ausência de um adequado gerenciamento de custos, possibilita que muitas empresas encerrem suas atividades, sem que seus proprietários possam sequer identificar as causas. E completa dizendo que um eficiente controle de custos pode proporcionar benefícios concretos a uma empresa, como conhecimentos da rentabilidade da empresa e definição da política de preços.

Em sua maioria, os modelos de planejamento financeiro exigem que seu usuário especifique algumas hipóteses a respeito do futuro. Os modelos podem ser muito diferentes em termos de complexidade dependendo da empresa, mais muitos identificam o orçamento de receitas e despesas. Outra particularidade que pode ser considerada nas micro e pequenas empresas, no que envolve o controle financeiro, está ligado ao porte, ou seja, ao baixo nível de complexidade de suas operações, fato esse que pode ser bem aproveitado. Pois muitas vezes os sócios executam desde as tarefas operacionais até as tarefas gerenciais. Isso possibilita que ele tenha um conhecimento maior de suas atividades como um todo, fato que pode contribuir para o gerenciamento da empresa, já que a decisão e controle de todos os setores passam por sua decisão.

Resultados

De acordo com a pesquisa realizada ficou claro que todo empreendimento necessita de bases sólidas para iniciar suas atividades. Estabelecer indicadores financeiros que permitam conhecer quais as condições financeiras relacionadas com o seu negócio dá parâmetros e serve como um guia de viabilidade do processo.

O planejamento financeiro estabelece diretrizes de mudança e crescimento numa empresa, preocupando-se com uma visão global, com os principais elementos de investimento e financiamento da empresa, onde mediante essas informações a empresa pode visualizar as diferentes oportunidades de desenvolvimento, além da possibilidade de analisar e comparar diversos cenários, cumprindo assim a principal finalidade do planejamento financeiro que é evitar surpresas e desenvolver planos alternativos de providências a serem tomadas casos ocorram imprevistos.

O tempo tem mostrado que a abertura de novos negócios, baseados na criatividade e no desenvolvimento do cidadão brasileiro é fundamental para o desenvolvimento de nosso país. No entanto, apenas vontade e coragem não são suficientes para o sucesso de um empreendimento. Para encarar tão grande responsabilidade, o novo empresário precisa conhecer os aspectos e as fases que envolvem a abertura de um negócio, as características e dimensões do mercado no qual pretende atuar, a legislação pertinente, os padrões de qualidade, entre outros. Estes fatores, aliados à afinidade com a atividade a ser desenvolvida e a competência gerencial, são predominantes para o sucesso do negócio. O novo empresário deve ser empreendedor e ter como característica básica o espírito criativo e pesquisador, buscando sempre novos negócios, oportunidades e ter preocupação sempre presente com a melhoria da organização.

Discussão

A sobrevivência e o crescimento da empresa são conseqüências de um planejamento financeiro que envolve um eficiente orçamento, controle das receitas e despesas e que seja suficiente para a projeção de um fluxo de caixa e conseqüentemente um melhor controle dos recursos financeiros, garantindo assim a viabilidade e a permanência da empresa no mercado.

Entretanto, por diversos motivos, a maioria destas empresas não tem obtido sucesso ao longo de sua existência, caminhando para a descontinuidade de maneira precoce. E entre tantos motivos, a ausência de planejamento financeiro tem destaque, um dos grandes motivos é que todos querem ter seu próprio negócio, mas poucos se preocupam com as regras básicas da abertura e administração deste negócio. Os números mostram que 42% das micro e pequenas empresas morrem com até dois anos de existência; 53% com até três anos e 56% com até quatro anos. (SEBRAE 2004).

Na maioria das micro e pequenas, encontramos uma má administração dos recursos financeiros. Os empresários ainda não têm uma mentalidade de planejamento. Isso dificulta muito a sobrevivência da empresa, pois, estas geralmente não possuem grandes reservas de capital, e ao encontrar as primeiras pedras no seu caminho, não estão preparadas e acabam caindo.

É importante ressaltar que os empresários devem estar atentos aos mecanismos que utilizam no planejamento e acompanhamento do desempenho das empresas. A visão empreendedora na organização e do ambiente em que atua deve ser o parâmetro para a aferição e ajustes nos instrumentos utilizados.

Conclusão

Conclui-se, mediante a pesquisa que o planejamento financeiro é fator determinante no desempenho das micro e pequenas empresas.

Constatou-se, que o controle funciona como diferencial para as empresas, que o presente e o futuro necessitam ser trabalhado para a sobrevivência e continuidade das empresas.

Toda a empresa necessita de um planejamento financeiro que foca todo o ambiente predominante, para fixar metas e saber identificar alterações e justificá-las, tornando o processo do planejamento um instrumento hábil e interativo.

Os gestores poderão planejar o futuro de suas empresas utilizando-se de ferramentas comuns de serem aplicadas como o fluxo de caixa e o orçamento, fundamentados em informações geradas pela própria administração e contabilidade da empresa. Executar seus planos traçados e, eventualmente se encontrar alguma mudança no caminho, corrigi-lo durante o processo de execução. E finalmente, na fase do controle, realizar a comparação entre o traçado e o realizado, chegando assim a um resultado final.

Referências

- CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos Fluxos de Caixa: Uma ferramenta indispensável para administrar sua empresa. São Paulo: Atlas. 2ª Edição.

- Ross, S. A., Westerfield, R. W., Jaffe, J. F. Administração Financeira: Corporate Finance. 2ª Edição, São Paulo: Atlas, 2002.

- RUSCHEL, Cláudio Fernando. Custos...estes desconhecidos. Artigo. Disponível em: http://www.classecontabil.com.br/art.php. Acesso em: 06 mai. 2008.

- SANVICENTE, Antonio Zoratto e SANTOS, Celso da Costa. Orçamento na administração de empresas. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 1983.

- SEBRAE. Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa. A empresa. Disponível em: http: //www.sebrae.com.br/br/osebrae/historia. Acesso em: 05 de mar. 2008.

- SEBRAE. Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa. Controles Administrativos.

Disponível em: http://www.sebrae.com.br/br/controlesadministrativos Acesso em: 27 de abr. 2008.

- SEBRAE. Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa. Planejamento Estratégico. Disponível em: http://www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/planejeeorganize.Acesso em 27 de abr. 2008.

- TAYLOR, Frederick W. Princípios de Administração Científica. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1978.