Ângela Conceição dos Anjos Pena

RESUMO

O presente estudo objetivou incentivar, identificar, analisar e refletir sobre possíveis causas da importância do lúdico na Educação Infantil, levando em consideração o compromisso político pedagógico da Escola. A análise bibliográfica teve por base obras de Piaget e Vygotsky, as quais serviram como aporte para o aprofundamento teórico da pesquisa. Verificou-se que a deficiência de aprendizagem se dá em razão de métodos inadequados dos professores, falta de capacitação dos mesmos, falta de materiais lúdicos para facilitar e motivar um melhor aprendizado provocando o desinteresse da criança. Além do mais, observa-se que os professores, apesar de sua pouca capacitação, mostram-se dispostos e interessados em efetivar um processo de ensino-aprendizagem significativo e inter-relacionado com os alunos, o que viabiliza um modelo afetivo de educação. Concluiu-se que o fator primordial para utilização adequada do lúdico na Educação Infantil é o desempenho do educador, sendo esse profissional o responsável por estimular atividades prazerosas e dinâmicas que possam fazer com que a criança não seja apenas um receptor de conhecimentos, mas um gerador de seus próprios conceitos, desenvolvendo senso crítico e exercitando sua autonomia pessoal com responsabilidade para interagir no meio em que vive.

Palavras-chaves: Aprendizagem; Educação; Lúdico; Criança; Educador.

1 INTRODUÇÃO

A necessidade do lúdico no contexto da educação infantil nos levou à investigação do mesmo como mecanismo para melhorar o desenvolvimento da criança no processo educativo, uma vez que a criança, ao nascer, já está inserida no mundo infantil e para que haja melhor interação com o ambiente em sua volta, é necessário concentrar-se em materiais lúdicos. Por essa razão, a educação infantil, por se constituir a primeira etapa do processo educativo da criança, caracteriza-se pela presença de atividades lúdicas como elementos estratégicos da interação e socialização no ambiente escolar. Assim, as escolas destinadas a ofertar esse nível de ensino são decoradas com diversas situações que a ludicidade é capaz de proporcionar, pois se apresentam favoráveis ao desenvolvimento das competências cognitivas e motoras da criança.
No entanto, o jogo, a brincadeira e o brincar não vêm sendo utilizados de maneira competente e consistente. A criança ainda manifesta vestígios de uma educação autoritária, onde, nesse espaço, não há lugar para brincadeiras, inibindo a manifestação da fantasia do sonho e do imaginário da mesma, isso porque as atividades lúdicas inibem os professores que insistem em não experimentar o novo. Diante do problema levantado, é necessário refletir sobre respostas satisfatórias que possibilitem a construção de um novo olhar sobre o processo do ensino-aprendizagem no contexto infantil.
Portanto, visando direcionar a pesquisa as seguintes questões norteiam o presente estudo:
­ Por que há a ausência de brincadeiras na Educação Infantil? Por que o professor não insere o lúdico no seu conteúdo programático?
­ Por que o jogo, a brincadeira e o brincar na Educação Infantil ainda não são reconhecidos como uma forma de aprender?
O surgimento dos jogos educativos ocorre a partir do século XVI, quando dois interessantes trabalhos detalham o aparecimento dos mesmos. Em Kishimoto (2002) os mesmos são destacados: Rebeca-Mailard - Historie dos jux educatifs - mostra o gradual aparecimento dos jogos educativos na história ocidental e Brougére - La notion de ju educatil dans l?école maternelle française au debut du Xxéme siécle - a penetração da idéia do jogo educativo na escola maternal francesa.
No entanto, segundo o mesmo autor, os primeiros estudos sobre os jogos educativos já vinham sendo feitos na Roma e Grécia antigas, apesar de Rebeca-Maillard apontar o século XVI como o surgimento dos mesmos. Platão comenta a importância do "aprender brincando" em oposição à utilização da violência e da repreensão. Aristóteles sugere para a educação das crianças pequenas o uso de jogos que imitem atividades sérias, de ocupações adultas, como forma de preparo para a vida futura. Entretanto, naquela época, ainda não se discutia o emprego do jogo como recurso para o ensino da leitura e do cálculo.
O interesse pelo jogo aparece nos escritos de Horácio e Quintiliano, que se referem à presença de pequenas guloseimas em forma de letras, produzidas pelas doceiras de Roma, destinadas ao aprendizado das letras. A prática de aliar o jogo aos primeiros estudos parece justificar o nome de ludus, atribuído às escolas responsáveis pela instrução elementar, semelhante aos locais destinados a espetáculos e à prática de exercícios do fortalecimento do corpo e do espírito (KISHIMOTO, 2002, p. 15).
No século XVIII, a eclosão do movimento científico diversifica os jogos que passam a incluir inovações. Preceptores da época se servem de imagens publicadas na Enciclopédia Científica para criar jogos destinados ao ensino de Ciências para a realeza e a aristocracia. Ao término da Revolução Francesa e com o surgimento de inovações pedagógicas, há um esforço para colocar em prática princípios de Rosseau, Pestalozzi e Froebel. Mas é com Froebel que o jogo é entendido como objeto e a ação de brincar pela liberdade e espontaneidade, passando a fazer parte da história da educação infantil. Manipulando e brincando com materiais como bolas e cilindros, montando e desmontando cubos, a criança estabelece relações matemáticas e adquire conhecimento de física e metafísica; além de desenvolver noções estéticas. Embora, em sua teoria, Froebel enfatize o jogo livre como importante para o desenvolvimento infantil, também introduz a idéia de materiais educativos, os dons, como recursos auxiliares necessários à aquisição de conhecimento, como meio de instrução.
As discussões sobre a relação entre o jogo e a educação e o crescimento da rede de ensino infantil estimularam a expansão dos jogos na área da educação, manifestado no início deste século. Em síntese, o jogo educativo surge no século XVI, como suporte de atividade didática, visando à aquisição de conhecimentos e conquista espaço definitivo na educação infantil.