A IMPORTÂNCIA DO HOME-OFFICE OU TELETRABALHO PARA QUALIDADE DE VIDA E PRODUTIVIDADE NAS EMPRESAS

Lillian Deborah Freire Rosemberg, RM (41813)

[email protected]

Elizabeth Souza Oliveira, RM (41824)

[email protected]

Orientador: Msc. Roberto Celestino Pereira

RESUMO

Com o avanço da tecnologia, comunicação e globalização, novas formas de flexibilização das relações de trabalho tem se disseminado visando o aumento da qualidade de vida do trabalhador, o aumento de produtividade, redução de custos para o empregador e retenção de talentos na empresa.

O Home-Office ou Teletrabalho surgiram para viabilizar tais necessidades, e por isso é atualmente, a maior evolução quando falamos em satisfação profissional, pessoal, redução de custos e retenção de talentos na empresa.

Este trabalho irá versar sobre o conceito e histórico do home-office, sua relevância para o mercado de trabalho, aspectos positivos e negativos, finalizando com o entendimento do que seria a melhor forma de aplicação.

Palavras-chave: Teletrabalho, Tecnologia, Informática.

ABSTRACT

With the advance of Technology, Communication and Globalization, new flexible formats of work relationships are spreading worldwide with the target focused on the increase of life quality of the worker, increase of productivity, cost reductions to the employer and retention of personnel talent.

The HOME-OFFICE was born to cope with those needs of the company and is nowadays the biggest evolution when one talks of professional satisfaction, cost reductions and talent retention in house.

This study will revolve around the concept and history of the home-office, its relevance to the labor market, positive and negative aspects, concluding with an understanding of what would be the best way to apply.

Keywords: Home-Office, Technology, Computers.

INTRODUÇÃO

O Home-Office ou teletrabalho,é uma realidade mundial. Empresas públicas e privadas utilizam-se dessa modalidade com o intuito de aumentar a qualidade de vida do trabalhador para conseguir reter talentos, reduzir custos, aumentar a satisfação profissional, otimizando o tempo e dando as empresas maior flexibilidade. 

É uma modalidade poderosa nas empresas, onde as mudanças ocorrem em ritmo vertiginoso, em que as informações ultrapassam fronteiras impulsionadas pela velocidade da internet, em que a globalização promove maior competitividade entre empresas.

Sob a ótica de profissionais que atuam em Home-Office ou tele trabalho, esses trabalhadores apresentam um nível de satisfação profissional maior em relação aos trabalhadores tradicionais, como demonstram pesquisas de RH. Além disso, sabe-se que pessoas satisfeitas produzem mais quando se tem qualidade de vida, a criatividade flui com mais facilidade e assim tendo maior produtividade, flexibilidade e economia, mais tempo para lazer, família e esportes.

Mobilidade, sustentabilidade e sóciodiversidade são pontos fundamentais em qualquer debate sobre cidade. O futuro e a melhoria de qualidade de vida nos centros urbanos dependem de uma mudança para que sejam tratados esses problemas. Obter novos conceitos é fundamental, como morar perto do trabalho, usar menos automóvel, desperdiçar menos e poupar mais são algum pontos para tentar resolver alguns problemas.

Qualidade de vida e o maior prêmio do escritório para casa. Com os avanços obtidos nas telecomunicações e na informática, já encurtaram distâncias entre nações, talvez se possa usá-las em distâncias menores, entre emprego e a casa, em prol da qualidade de vida.

O home-office ou teletrabalho surgiram como uma alternativa moderna de gestão empresarial, com foco no trabalho flexível para tornar as empresas mais competitivas e dinâmicas.

Abordaremos neste estudo, diversos aspectos a respeito do home-office, defendendo-o como uma alternativa e solução à diversos problemas de nossa atualidade, mesmo que  realizado de forma parcial.

  1. 1.   Evolução do conceito de Home-Office ou Teletrabalho.

 

O Home-Office ou Teletrabalho é um tema condicionalmente novo, tanto na prática quanto na literatura administrativa, especialmente no Brasil. Apareceu como proposta nos anos 1970, como possível resposta à crise do petróleo, ao aumento dos problemas de mobilidade, sustentabilidade e sociodiversidade, ainda, no cenário de maior afluxo das mulheres ao mercado de trabalho. No entanto, é a partir dos anos 1990 que o tema ganha força, especialmente nos países do chamado Primeiro Mundo, em virtude da sofisticação e estereotipagem das tecnologias de informática e telecomunicações (TICs-Tecnologia da Informação e da Comunicação ).

O trabalho em casa não é uma ideia nova já nos burgos da idade Média, a loja ou oficina ficava no térreo e a casa no andar de cima. Em 1980 , Alvin Toffer profetizava em seu Best Seller “A primeira onda” que a tecnologia permitiria que as pessoas voltassem a trabalhar em casa com o fim da era industrial e o início da era da informação, da valorização dos serviços, da criatividade e da produtividade.

O Home-office ou Teletrabalho, já é realidade para 58 milhões de pessoas no mundo todo conforme dados do IDC(Internacional Data Corporetion 2011)

Existem no Brasil 4,5 milhões de pessoas trabalhando em casa (jornal Nacional/2009). Com aumento de 10% ao ano chegando em 2015 com uma porcentagem de 30% de pessoas trabalhando em casa pelo menos uma vez por semana em todo mundo (Época negocio /49).

Hoje as formas tradicionais de trabalho a distância diferenciam-se bastante do fenômeno a que assistimos hoje nas organizações. O Home-Office ou teletrabalho, viabilizado pelas TICs(Tecnologia da Informação e da Comunicação ) que permitem a virtualização do espaço e do tempo, não é apenas nova forma de organizar o trabalho. Ele transforma o trabalho de “um lugar para ir” em uma atividade que pode ser feita a qualquer hora e em qualquer lugar. Mais do que isso, ele impacta o próprio significado de organização. Se os indivíduos podem trabalhar em qualquer lugar e a qualquer momento, não é mais tão fácil demarcar as organizações no espaço e no tempo: elas esticam suas fronteiras no espaço porque os teletrabalhadores podem estar em qualquer lugar; elas se esticam no tempo, porque o trabalho não está mais restrito aos horários convencionais do escritório (Brocklehurst, 2001).

 

  1. 2.   Home-Office ou Teletrabalho, uma questão de escolha ou de sobrevivência?

 

Embora o discurso do Home-Office ou teletrabalho compartilhem de elementos importantes com outros discursos gerenciais correntes, sua prática envolve o elemento restrito do afastamento físico do local de trabalho, gerenciamento das suas próprias atividades, autoconfiança, determinação, facilidade em lidar com tecnologias e telecomunicação e facilidade em administrar suas finanças. Consequentemente, além de articular uma pretenciosa autodisciplinar de autonomia e liberdade responsáveis, a prática tenta conciliar situação e sentimentos contraditórios: isolamento físico e vínculo com a organização, imediação física e indisponibilidade para a família, autonomia com invasão dos espaços íntimos, vida privada e trabalho, transferindo ao responsável e maduro tele trabalhador o “desafio”  de gerenciar tais paradoxos.

Não obstante, é preciso reconhecer que casa e trabalho são mundos culturalmente diferentes. Trabalho e casa são espaços sociais construídos sobrediscursos diferentes, envolvendo pessoas, normas, valores, noções de tempo, práticas e condutas distintas (Tietze, 2002).

Como defende Da-Matta (1987, 2001), as esferas pessoal e pública — incluindo o trabalho — são espaços deslignificação diferenciada, com seus códigos, comportamentos e condutas particulares: casa e rua.

Os dois mundos, o da casa e o da rua, “são mais que meros espaços geográficos. São modos de ler, explicar e falar do mundo” (Da-Matta, 2001:29); tratam-se, ambos, de espaços morais. Misturá-los, então, não é possível sem criar conflitos.

Em empresas estudadas por Felstead, Jewson e Walters (2003), os teletrabalhadores e os respectivos supervisores enfrentavam dificuldades para negociar o modus-operandi em termos de tempo e espaço para a realização de atividades, principalmente, em função do problema da visibilidade. Os teletrabalhadores, o fato de os supervisores não os observarem no mesmo espaço físico, daria a conotação de que eles não estariam efetivamente trabalhando.

Porém, conforme observam autores como Hartig, Kylin e Johanson (2007), Hilbrecht et al (2008), Mann, Varey e Button (2000), Marsh e Musson (2008) e Tietze (2005), a flexibilidade parece ter também um alto custo para alguns indivíduos, pois faltam referências que ajudem a definir os limites entre tempo e espaço de trabalho e de vida pessoal.

2.1. Vantagens do trabalho realizado remotamente;

A redução de custo é um dos principais benefícios, pois, são eliminados gastos com transporte, alimentação, aluguel ou compra de uma sala, mesas, cadeiras, computadores, armários, limpeza, taxas, luz, condomínio, telefone, enfim, todos os gastos necessários para manter um escritório. Com essa economia, muitas empresas optam por melhorar a remuneração de seus funcionários, visando obter maior produtividade e maior aderência dos mesmos.

Bentley e Yoong (2000) e Patrickson (2002) indicam outros motivos que levam as organizações a promoverem a migração de seus funcionários para o regime home-office, tais como a retenção de talentos e a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos. Rifkin(2001) atribuiu principalmente ao avanço das novas tecnologias de racionalização do tempo e do trabalho – que tem substituído o esforço humano nas organizações – a razão do fim do emprego.

A prestação do serviço torna-se mais cômoda para o trabalhador, que mantém seu nível de eficiência técnica e pode ser útil inclusive ao empregador, que não necessita reservar, no seu estabelecimento, espaço para o empregado, nem máquinas para seu uso.

Por esse motivo, é possível verificar que as atividades do trabalho em domicilio, já não é mais tão criticado como antigamente. Hoje em dia alguns especialistas já citam pontos muito positivos nesse ramo: Diminuição do stress; Aumento do bem-estar. Maior disponibilidade para a família; diminuição de despesas com vestuário, alimentação, transporte; controle do próprio ritmo pessoal e de trabalho; aumento da produtividade; ausência de competição; menor número de interrupções no trabalho; menor número de afastamento por problemas de saúde; menor rotatividade de pessoas; maior capacidade de concentração; autodisciplina e organização pessoal e maior tempo livre.

Aliás, não só os particulares saem ganhando, como os Governos também: geração de empregos virtuais; diminuição no congestionamento nas cidades; redução da poluição do ar; redução do consumo de combustível e energia; maior utilização de mão-de-obra de deficientes físicos; maior utilização de mão-de-obra incapacitada temporariamente; e diminuição nos valores dos imóveis praticados pelo mercado imobiliário.

2.2. Desvantagens do trabalho realizado remotamente;

Isolamento; aumento da jornada de trabalho; falta de suporte; impossibilidade de faltar por motivo de doença; dificuldade de progresso na carreira; redução da comunicação face a face; impossibilidade de expressão de sentimentos, reduzindo a intimidade e desumanizando a relação entre os colegas de trabalho; baixa motivação e baixo comprometimento do indivíduo,  aumento dos gastos com energia e com a infraestrutura doméstica; formação de mini culturas; dificuldade de acompanhamento do desempenho;

  1. 3.   Questões de âmbito legal

 

No dia 15 de dezembro de 2011 a presidente Dilma Roussef assinou a lei 12.551/2011, que “equipara os efeitos jurídicos da subordinação exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos”.  Quem trabalha em home office terá os mesmos direitos trabalhistas de quem trabalha dentro da empresa, sem mais nem menos. Não é uma regularização da atividade – para isso tramita outro projeto de lei - reconhece esses trabalhadores e seus direitos.

A Lei 12.551/2011 teve origem no PLC 102/2007, do ex-deputado Eduardo Valverde (Falecido em 2011), que, na época, lembrou que a revolução tecnológica e as transformações do mundo do trabalho exigem permanentes mudanças de ordem jurídica.

A lei passa a ser também o artigo 6o. na CLT, ou seja, não há mais desculpas para as empresas tratarem de forma diferente quem trabalha em casa e quem trabalha in loco. Teletrabalhadores serão mais protegidos, pois terão garantidas todos os diretos previstos em lei, como fundo de garantia, décimo terceiro, entre outros.

  1. 4.   Pesquisa exploratória com profissionais de T.I.

Realizamos, em Setembro de 2012, uma Pesquisa Exploratória com 21 (vinte e um) profissionais da Área de Tecnologia, com o objetivo de identificar e avaliar suas opiniões a respeito do home-office.

Foram aplicadas as seguintes perguntas:

1)    Qual seu nível profissional?

2)    Já trabalhou ou trabalha com Home-Office?

3)    Se sim, por quanto tempo?

4)    Como é feita a supervisão do seu trabalho?

5)    Qual tipo de Home-Office você escolheria?

6)    Sabe-se que a modalidade Home-Office pode isolar as pessoas fisicamente. Você acha que visitas regulares ao escritório poderia ser uma alternativa?

7)    A modalidade Home-Office proporciona ganho de tempo, satisfação e concentração. Você acha que isso é compensado pelo fato de estar isolado fisicamente?

8)    A quem cabe analisar se o profissional tem perfil para trabalhar em Home-Office?

9)    Você acha que deve ser a critério do próprio funcionário?

10)  Quais são os principais pontos para ter sucesso no Home-Office? (Ser organizado / Ser comprometido / Ter uma estrutura de trabalho satisfatória (telefone, bom computador, silêncio)).

11)  Quais são as desvantagens do Home-Office? (Falta de motivação / Falta de concentração (não resistir a outros tipos de entretenimento) / Dificuldade em socializar-se ao retornar ao escritório).

12)  Você gostaria de trabalhar com Home-Office?

Como resultado, podemos consolidar as seguintes afirmações, que apresentaram total conformidade com todos os aspectos abordados neste estudo:

  • Os níveis profissionais estão divididos entre analistas e consultores de T.I.;
  • A maioria nunca trabalhou ou não trabalha com Home-Office;
  • Dentre os entrevistados, 71% gostariam de fazer Part Time Home-Office;
  • 95% acreditam que visitas regulares poderiam ser uma saída para o possível isolamento;
  • 66% entendem que, caso ocorra o isolamento, ele é compensado pelos benefícios do teletrabalho (como o ganho de tempo e a satisfação);
  • 47% acreditam que deve haver envolvimento do gestor do colaborador, para a decisão da realização ou não de trabalho em home-office, seja em conjunto pelo próprio colaborador, com o RH e/ou exclusivamente;
  • Dentre as características necessárias para o sucesso do Home-Office, os entrevistados acreditam que primeiramente o colaborador deve ser comprometido com o trabalho e em seguida deve ter organização. A estrutura é entendida, por eles, em não ter grande influência no sucesso;
  • A falta de concentração (tentação por outros tipos de entretenimentos) figura como a principal desvantagem do Home-Office, isto é, principal fator para o não sucesso desta modalidade de trabalho. A falta de motivação e a dificuldade em socializar-se no retornam ao escritório figuram em igualdade como fatores secundários de desvantagens.

CONCLUSÃO

 

Sabemos que o trabalho tomou diferentes formas, desde o seu surgimento, variando conforme a necessidade da realidade mundial. Muitas delas foram ditadas pelas dificuldades apresentadas, outras motivadas por avanços tecnológicos, que, desde então, permitem maior flexibilidade em todos os aspectos da economia.

Conforme proposto, durante este estudo conseguimos demonstrar, até mesmo como resultado de pesquisa realizada com profissionais de tecnologia, que o home-office figura como uma das principais novas formas de trabalho, trazendo diversos benefícios às empresas e à população global. Em especial, entendemos que a realização do teletrabalho de forma parcial, o conhecido part time, permitirá um maior conforto nos dias atuais, figurando como um elo entre as estruturas de relações de trabalho clássicas e o home-office total, o full time, onde depositamos nossas certezas de caracterizar os moldes do trabalho de tempos futuros.

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