FARIA, C.F; HOFMEISTER E.; LOPES, V.A.X.

 

Resumo: Este trabalho teve como objetivo embasar teoria e prática no curso de Letras Vernáculas e clássicas. Gêneros textuais, formas de aplicação na sala de aula. De que forma esta etapa pode contribuir com a formação de novos professores de Língua Portuguesa.

Palavras-chave: Estágio, Língua Portuguesa, Gêneros Textuais.

Abstract: This study aimed to base theory and practice in the Portguese Language program. Text genres, forms of application in the classroom . How this step can contribute to training  new Portuguese teachers.

Keywords: Internship, Portuguese, Text Genres.

 

1 INTRODUÇÃO

O estágio obrigatório supervisionado é uma das partes mais importantes de um curso de licenciatura. Neste momento os alunos podem por em prática aquilo que aprenderam. Além disso, o próprio desejo de seguir no magistério pode ser testado, afinal este é um contato com a execução daquilo que aprendem na academia.

Quais conteúdos, como trabalhar, formas de avaliação, tudo isto e mais será posto em prática nesta fase do curso. As dificuldades de se conciliar estudos, trabalho e o estágio são conhecidas, porém mesmo neste contexto, ele é parte fundamental do aprendizado na formação de professores.

Além do conhecimento técnico que se adquire nesta fase, o saber como lidar com pessoas é decisivo. Enquanto em sala de aula, instruímos, neste caso, produção de texto, e tivemos de nos deparar com brigas em família, problemas na escola e corações partidos. Tudo isto nos mostrou os caminhos da docência.

       O estágio é o eixo central na formação de professores, pois é através dele que o profissional conhece os aspectos indispensáveis para a formação da construção da identidade e dos saberes do dia-a-dia (PIMENTA E LIMA, 2004).

 Francisco e Pereira (2004) denominam esta fase transitória entre ser aluno e ser professor. É neste momento que deixamos aquele lugar ocupado por tanto tempo, para viver nossa futura profissão. Conhecer a  realidade do fazer profissional do magistério.

      “Não é só frequentando um curso de graduação que um indivíduo se torna profissional. É, sobretudo, comprometendo-se profundamente como construtor de uma práxis que o profissional se forma” (FÁVERO, 1992).

A graduação nos embasa teoricamente para a profissão de professor, o estágio nos mostra na prática as realizações e decepções que por vezes podem aparecer.

 1.1 Objetivos do Estágio

      Por nossa área ser Letras Vernáculas e Clássicas, poderíamos optar entre as diversas faces do ensino da Língua Portuguesa. Escolhemos Produção de Texto, por saber que hoje nos vestibulares acontecem muitos erros e fatais para quem busca uma vaga na universidade.

    Algumas produções textuais mal sucedidas vão parar na internet e viram motivo de chacota na rede. Para nós, futuros professores de Português, nem tão engraçados assim.

    Então focamos nosso objetivo em alunos dos segundos e terceiros anos do Ensino Médio do Colégio Estadual Barão do Rio Branco de Londrina. Baseados nas exigências das provas de vestibulares atuais, três gêneros textuais foram escolhidos.

Em suma, os gêneros não são superestruturas canônicas e deterministas, mas também não são amorfos e simplesmente determinados por pressões externas. São formações interativas, multimodalizadas e flexíveis de organização social e de produção de sentidos. Assim, um aspecto importante na análise do gênero é o fato de ele não ser estático nem puro. Quando ensinamos a operar com um gênero, ensinamos um modo de atuação sócio-discursiva numa cultura e não um simples modo de produção textual. (MARCUSCHI, 2005, p. 19).

   Sabendo da importância dos gêneros também nas provas de vestibulares, passamos a fazer pesquisas dos mais pedido, grau de complexidade e formas de aplicação. Depois destes levantamentos decidimos o que faríamos nesta escola.

 Trabalharíamos Resumo, Carta do Leitor e Dissertação Argumentativa. Conforme afirma Bakthin (1992), se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo da fala, se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível.

Desta forma, baseados nos estudos dos gêneros e nos principais autores do tema, recolhemos mais conhecimentos a respeito para aplicar em sala de aula.

O resumo escolar pode assim, ser considerado uma variação de um gênero ou de um conjunto de gêneros tão variado quanto a ficha de leitura, o resumo incitativo e a resenha oral de um filme. Isso permite, por um lado, tratar e analisar o resumo, da perspectiva do gênero ao qual pertence — a extensa gama dos resumos — e descrever técnicas de escrita, no sentido mais amplo do termo, que são próprias às variações deste gênero e, por outro lado, definir sua especificidade em relação às outras variações. (SCHNEUWLY, B. DOLZ, J. 1999, p.15)

A “carta do leitor” é uma carta aberta dirigida a destinatários desconhecidos. Ela é veiculada através dos meios de comunicação escrita, de circulação ampla ou restrita, tem caráter público, cumprindo importante função social na medida em que possibilita o intercâmbio de informações, ideias, opiniões entre diferentes pessoas de um determinado grupo. Nessas cartas, encontramos o português escrito no padrão formal, atual, da forma como é concebido pela comunidade usuária. (PASSOS, 2003, p. 81)

A dissertação é baseada numa tese fundamentada num assunto específico, que possibilita a inclusão de novos dados, direcionando para uma conclusão ou uma nova tese. Essa sequência tipológica tem a função de fortificar uma opinião, utilizando o poder de convencimento, que é expresso por meio do expor, refletir, explicar, avaliar, entre outros, a fim de fazer com que o leitor tome uma determinada posição em relação ao tema. Pressupõe o pensamento lógico, o raciocínio, juntamente com a análise crítica do assunto. (PAVANI; KÖCHE, 2006, p. 114).

      Cientes da necessidade de trabalhar estes temas com os vestibulandos,  passamos a dar foco nestes assuntos. Buscando formas e materiais para explicar, esclarecer, produzir e refazer caso se fizesse necessário. Isto, com a finalidade de ajudar aos alunos a obter sucesso nas provas das universidades.

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

     Foram de grande importância neste minicurso diversas atividades. A cada gênero trabalhado fazíamos uma explicação. Do que se trata o gênero, para que serve na sociedade, como produzir.

   Conforme supracitado Bakthin, os gêneros não se prendem ao papel. Aprende-los não se resume a “ir bem” nas provas de vestibular. Eles nos rodeiam e precisamos conhecê-los para usá-los bem.

       Alguns alunos tinham certa dificuldade para entender como, fora do contexto escolar estes tipos de textos poderiam ser aplicados. Não se pede o domínio da teoria deles no cotidiano, porém necessita-se narrar fatos, escrever uma carta do leitor e denunciar algo ou argumentar para defender uma ideia sua. Este tipo de letramento é preciso para se atuar em sociedade.

   A produção de texto também foi fator importante neste curso. Todos os gêneros estudados na teoria foram também praticados. Conforme afirma Barbosa (1986). Um texto é uma unidade de linguagem, de extensão variável, produzido a partir de um determinado contexto ou situação. E que além do contexto, ou da situação, há outros dois elementos de que depende a sua significação: o locutor ou sujeito e o interlocutor ou receptor.

    E os textos foram refeitos quando necessário.  Os PCNs instruem a refacção da seguinte forma:

-Seleção de um dos textos produzidos pelos alunos, que seja representativo das dificuldades coletivas e apresente possibilidades para discussão dos aspectos priorizados e encaminhamento de soluções.

- Apresentação do texto para leitura, transcrevendo-o na lousa, reproduzindo-o, usando papel, transparência ou a tela do computador.

- Análise e discussão de problemas selecionados. Em função da complexidade da tarefa, não é possível explorar todos os aspectos a cada vez. Para que o aluno possa aprender com a experiência, é importante selecionar alguns, propondo questões que orientem o trabalho. A revisão exaustiva deve ser reservada para situações em que a produção do texto esteja articulada a algum projeto que implique sua circulação.

- Registro das respostas apresentadas pelos alunos às questões propostas e discussão das diferentes possibilidades em função de critérios de legitimidade e de eficácia comunicativa. Nesta etapa é importante assegurar que os alunos possam ter acesso a materiais de consulta (dicionários, gramáticas e outros textos), para aprofundamento dos temas tratados.

- Reelaboração do texto, incorporando as alterações proposta.

- Se a refacção pretende explorar aspectos morfossintáticos, o professor pode, em lugar de apresentar um texto completo, selecionar um conjunto de trechos de vários alunos para desenvolver com mais profundidade o assunto.

- Quando os alunos já tiverem realizado bom número de práticas de refacção coletiva, o professor pode, gradativamente, ampliar o grau de complexidade da tarefa, propondo sua realização em duplas, em pequenos grupos, encaminhando-se para a autocorreção. (PCNs, 1998,p. 80-81)

   Passos estes seguidos de forma religiosa a fim  de melhorar a qualidade dos textos produzidos. Neste caso, tivemos a possibilidade de sentar com os alunos, um por um para uma conversa sobre refacção e direcionamentos.

   A leitura também foi atividade de grande importância neste minicurso. A leitura é algo crucial para a aprendizagem do ser humano, pois é através dela que podemos enriquecer nosso vocabulário, obter conhecimento, dinamizar o raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro, no entanto isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito rotineiro as pessoas saberiam apreciar uma boa obra literária, por exemplo, conforme explica Percília (2011).

3 Conclusão

  A importância do estágio é sempre bastante discutida dentro dos cursos de Licenciatura, neste caso particular, o de Letras. Alguns estudantes não valorizam esta etapa do aprendizado. Porém, com a nossa experiência vivenciamos o cotidiano em sala de aula e como ele é depois de conseguir o diploma.

  A possibilidade de aliar a teoria com a prática é de fato bastante importante para a formação de novos professores. Sentimos como é ministrar aulas, avaliar atividades e administrar as mais diversas situações. Desta forma percebemos o quão relevante é o estágio em Letras.

4  Referências

____. Parâmetros Curriculares Nacionais: língua portuguesa: terceiro e quarto ciclos. Brasília: MEC/SEF, 1998.

 BAKHTIN, Mikhail (VOLOCHINOV, V. N.). Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

BARBOSA, Severino Antonio M. Escrever é desvendar o mundo: a linguagem  criadora e o pensamento lógico. São Paulo: Papirus, 1986.

FÁVERO, Maria  Lourdes de Albuquerque. Universidade Estágio Curricular, subsídios para discussão. In ALVES, Nilda.(org) Formação de professores pensar e fazer. São Paulo, Cortez, 1992

FRANCISCO, C. M. e PEREIRA, A.S. Supervisão e Sucesso do desempenho do aluno no estágio, 2004. Disponível em internet.

 http://www.efdeportes.com/efd69/aluno.htm. Acesso em

PERCILIA, Eliene. A importância da leitura. Brasil Escola 2011. www.brasilescola.com/ferias/a-importancia-leitura.htm acesso em 09 de movembro de 2012

PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. ed.2 São Paulo: Cortez, 2004.

PAVANI, C. F.; KÖCHE, V. S. Redação de vestibular: um gênero discursivo heterogêneo. Caderno Seminal Digital, Rio de Janeiro, v.5, p. 111-130, jan./jun. 2006.

PASSOS, Cleide Maria Teixeira Veloso dos. As cartas do leitor nas revistas Nova Escola e Educação. In: DIONÍSIO, Ângela Paiva & Beserra, Normanda da Silva. (Orgs.) Tecendo textos, construindo experiências. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.

MARCUSCHI, L.A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: KARWOSKI, A.M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, B.S. (Orgs.). Gêneros textuais: reflexes e ensino. Palmas e União da Vitória, Pr: Kaygangue, 2005, p. 17-33.