A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DE GRANDEZAS E MEDIDAS PARA OS ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II

 

 

João Batista Alves Gomes¹

Moésio Fonseca Araújo²

Resumo: O conteúdo matemático de grandezas e medidas compreende um campo de informações da natureza referente às situações habituais na vivência das pessoas. O grande desafio é mostrar aos alunos da Escola Geraldo Gomes da Silva na localidade de Sítio Onça Poranga-CE, a grande importância deste tema tanto para a vida pessoal quanto profissional dos indivíduos, pois precisamos frequentemente do auxílio deste conhecimento a todo instante. A escola deve trabalhar a partir de atividades práticas para que os estudantes possam desenvolver habilidades relativas à temática, usando-as em benefício próprio, a fim de melhorar o rendimento escolar. É importante ressaltar a necessidade de conhecer as relações entre grandezas no ato de medir quantidades para resolver situações cotidianas que compreendem uma série de fatores ligados ao meio onde estamos inseridos e que estão presente em nosso campo de vivência. O assunto em questão deverá ser desenvolvido de acordo com a realidade da sala abordando desde conceitos básicos até os que estão no nível da turma. Nessa perspectiva, exemplificar cada indagação, dúvida ou questionamento levantado pelos educandos ao longo do processo de ensino-aprendizagem, com isso, irão perceber a enorme influência das unidades de medidas em nossas ações.

 

Palavras-chave: Escola. Medidas. Pratica. Realidade.

 

 

1 INTRODUÇÃO

O conteúdo de Grandezas e Medidas é essencial para o conhecimento prático das pessoas. De modo geral, contempla aos educandos as diferentes maneiras pelas quais podem conhecer quantitativamente seu ambiente de convivência. Tudo que a gente ver pode ser medido, isso reforça a grande importância deste conhecimento para o dia-a-dia do indivíduo. A pesar disso, qual será o motivo que leva os alunos chegarem ao 6º ano do ensino fundamental e não terem o conhecimento necessário sobre este assunto importantíssimo no contexto social? Pois, além de não conhecerem as unidades de medidas nem os seus significados, ambos chegam à sala sem perspectiva de aprender, sem vontade de estudar,

 

1Aluno graduando do curso de licenciatura específica em matemática pela Universidade Estadual Vale do Acaraú-UVA.

2Professor graduado em matemática pela UVA e Especialista em Língua Portuguesa pelas Faculdades INTA.

principalmente quando se fala em Matemática. Qual o papel da escola diante desta dificuldade que atrapalha a relação ensina-aprendizagem e a construção do saber? Esse problema ocasiona a falta de interesse, a desmotivação, influencia diretamente no pensamento e sufoca o raciocínio do alunado refletindo na aprendizagem.

É comum para os alunos sentirem dificuldades no início do ano letivo tendo em vista uma nova série, um estudo mais avançado com relação a determinado assunto. Porém é inaceitável perceber-se que tais problemas continuem a existir ao longo do ano corrente sufocando o desejo de aprender por parte do alunado. Decerto que na maioria das salas de aula, acontecem transtornos em virtude daquilo que é desconhecido, seja qual for a disciplina ou assunto em estudo, principalmente na Matemática, por ter um histórico de “matéria difícil”. Como mudar esse pensamento negativo que acompanha os estudantes desde as séries iniciais do ensino fundamental? Não se deve ficar procurando culpados por tal situação e sim desenvolver um trabalho mais consistente para despertar na turma o desejo de conhecer o novo, isto é, acordar para a vida.

Num contexto geral, todas as grandezas têm sua importância para a construção do pensamento sólido que permitirá ao indivíduo como sujeito social conhecer e utilizar os vários tipos de medidas em benefício de si, afastando o fantasma da recuperação e da repetência. Isso lhe fará futuramente um bom profissional, pois, compreende diversos estudos relacionados ao nosso cotidiano, abrange questões relacionadas a quantificar objetos e formas da natureza. Tanto na Matemática como na Geometria, este tema aborda claramente, conhecimentos em que utilizamos diariamente em nossa vida onde podemos citar: dividir o tempo para realizarmos nossas tarefas, saber a área ou o perímetro de uma região que será coberta, a taxa de energia consumida mensalmente, entre outras.

É importante que o professor renove sua metodologia sempre de acordo com a realidade da sala, trabalhando atividades que facilitam a aproximação aluno-escola, a relação interpessoal professor-aluno tornando-se amigos na busca pela aprendizagem no âmbito educacional. A partir daí, poderá repassar tanto o conhecimento teórico, prático, quanto à afetividade, o respeito mútuo, comportamento e essencialmente a participação de todos no andamento das aulas, o que é de grande importância para compreender e consolidar as noções de grandezas.

 Nessa perspectiva aumenta o compromisso do professor em planejar suas aulas com maior atenção, adequar sua didática às novas tendências e modelos de ensino para a disciplina, compreender ao máximo a história de vida de cada componente da turma. É necessário que o professor valorize as descobertas e opiniões dos seus alunos, dando maior ênfase naquilo que é interessante para eles, isso o ajudará a transformar a angústia da sua clientela em prazer, facilitando a construção do raciocínio lógico, melhorando a aprendizagem da sala como um todo.

2 GRANDEZAS E MEDIDAS-DIFICULDADES NA APRENDIZAGEM

A aprendizagem de qualquer conteúdo estudado em sala de aula ocorre paulatinamente obedecendo a uma ordem sistemática de acontecimentos, equilibrando-se aos níveis educacionais e organização das turmas em séries. Na grade curricular, os temas relacionados à disciplina de Matemática aparecem organizados deste os mais simples até os mais avançados, abrangendo vários assuntos como: números (símbolos que representam quantidades), operações fundamentais (que representam ganhos e, ou perdas de produtos), grandezas (representações geométricas de espaço e forma), entre outros. Dessa maneira, deveria acontecer também a compreensão por parte dos alunos no que diz respeito ao tema em questão. Porém não é o que a gente ver nas nossas salas de aula, pois há alunos do 6º ano do ensino fundamental que desconhecem o significado de grandezas e medidas para o nosso cotidiano, tampouco as diferenciam.

São vários os motivos pelos quais os educandos sentem dificuldades em conhecer e interpretar situações que envolvem medidas, um tema indispensável para nossa vida. Isso acontece muitas vezes em razão da falta de interesse por parte dos jovens, metodologia utilizada pelo professor em paralelo à realidade da sala ou até mesmo a didática do profissional da educação. Existe também o caso onde o próprio sistema educacional ao programar o currículo escolar trata o tema com mérito muito aquém do verdadeiro significado das grandezas, como ressaltam Lima e Bellemain (Coleção Explorando o Ensino Matemática, Vol. 17 p. 168):

Contudo, ainda há livros nos quais o estudo das grandezas e medidas aparece                    concentrado nos últimos capítulos da obra, e isso contribui, muitas vezes, para que esses conteúdos não sejam estudados durante o ano letivo. Além do mais, vários livros apresentam exclusivamente as unidades padronizadas de medição de grandezas. Outros dedicam excessiva importância à conversão de unidades de medida. Em alguns casos, nos primeiros anos do Ensino Fundamental, é dada atenção precoce às fórmulas de cálculo de perímetro e de área de figuras planas. (LIMA E BELLEMAIN, 2010, p. 168).

Como podemos ver o próprio sistema não dá a importância devida a um determinado conteúdo, torna-se difícil o professor conseguir repassar com êxito para sua turma e acaba refletindo no foco principal da educação que é o estudante. Sem falar que o ensino da Matemática focaliza mais a parte da aritmética nas séries iniciais, deixando de lado o assunto em questão. De acordo com os autores citados os livros apresentam contextos diferentes quanto às medidas, se determinado livro dá maior ênfase a conversão de unidades, os alunos poderão até aprender pelo fato da repetição de cálculos, mas não compreendem o verdadeiro sentido das grandezas para sua vida prática. Com isso, quando avançarem às séries posteriores, já tem esquecido o que estudaram anteriormente, isto é, não sabem o enunciado ou mesmo classificá-las, além do mais deparar-se-ão com novos tipos de grandezas como a velocidade, estudo avançado de ângulos e áreas de figuras. Ainda com relação aos livros didáticos, Fabiana Cezário de Almeida afirma o seguinte:

Os Livros Didáticos são materiais que no Brasil, de acordo com Romanatto (2004), sempre foram considerados de qualidade duvidosa, não cumprindo seu papel de apoio ao processo educacional, pois são autoritários e fechados, com exercícios que pedem respostas padronizadas, não permitindo aos alunos e professores um debate crítico e criativo. (ALMEIDA, 2005, p. 05).

 Outro ponto crucial para tais dificuldades de aprendizagem em sala é a respeito dos alunos não terem tido uma boa base nas séries iniciais com relação à temática e o fato dos professores não se identificarem com a Matemática e cumprem apenas aquilo que já está programado no livro didático, ou seja, copiam do livro e repassam para a turma. Nesse caso fica claro que não há um planejamento mais detalhado a respeito da aula de Matemática no conteúdo já mencionado. Contudo, isso não condiz com a proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais, nos quais detalham que:

O professor, ao organizar as atividades que envolvam Grandezas e Medidas, deverá levar em conta que o trabalho com esse tema dá oportunidade para abordar aspectos históricos da construção do conhecimento matemático, uma vez que os mais diferentes povos elaboraram formas particulares de comparar grandezas como comprimento, área, capacidade, massa e tempo. Assim também, o estudo das estratégias de medidas usadas por diferentes civilizações pode auxiliar o aluno na compreensão do significado de medida. Além disso, possibilita discutir a temática da pluralidade cultural. (PCNs, 1998, p. 129). 

Outra dificuldade encontrada nos alunos do ensino fundamental II é pelo fato de não entenderem o conceito de grandezas e nem distingui-las, por exemplo: numa simples atividade de comparação de medidas de mesma grandeza, ou seja, a transformação de unidades maiores em unidades menores ou vice-versa, constatamos uma dificuldade que chega a ser até absurda. Imagine então para eles trabalharem a comparação de unidades de grandezas diferentes como, por exemplo, transformar l (litros) em m3 (metros cúbicos), no entanto para isso deve-se compreender primeiramente o conceito das unidades envolvidas. Da mesma forma acontece com atividades relacionadas a tempo, massa, e mais tarde poderá acontecer quando estudarem velocidade, ângulos, etc. Portanto as dificuldades existem e o desafio é envolver os jovens com os estudos relacionados à Matemática partindo de situações práticas vivenciadas por eles no seu dia a dia, fazendo-os entenderem através do pensamento crítico a necessidade de um conhecimento amplo no que se refere às grandezas e medidas.

2.1 GRANDEZAS E MEDIDAS NAS ATIVIDADES SOCIAIS

 

 

As grandezas e medidas começaram a aparecer como práticas sociais com o surgimento das primeiras civilizações quando o ser humano sentiu a necessidade de construir moradias para que pudessem esconder-se dos perigos. Na civilização egípcia deu-se o processo de medição dos terrenos nas encostas do Rio Nilo, pois quando as águas baixavam, descobria uma grande quantidade de área fértil que era dividida entre os trabalhadores. Neste processo eles usavam cordas como materiais para medir as terras e como medida utilizavam partes do seu corpo. Ângela Maria da Silva Godoi em seu artigo “Grandezas e Medidas do cotidiano escolar” relata:

Quando o homem começou construir habitações e a desenvolver a agricultura, precisou criar meios de efetuar medições e começaram a usar como referência parte do corpo, surgindo, assim, as primeiras medidas de comprimento: a polegada, o pé, a jarda, a braça e o passo. Algumas dessas medidas (a polegada, o pé, a jarda) continuam sendo empregadas até hoje. (GODOI, 2008-2009, p. 03).

Na sociedade em geral as grandezas se mostram presentes em todos os momentos nas atividades exercidas pelas pessoas cotidianamente. Adultos, jovens e crianças partilham constantemente das unidades de medidas conforme suas necessidades no cumprimento das suas tarefas diárias. Uma criança, mesmo desconhecendo o valor de uma nota ou moeda, sabe que o dinheiro serve para obtermos alguma coisa em “troca”; um engenheiro, ao construir a planta de casa trabalha as grandezas geométricas como área, perímetro e ângulos; nos comércios de modo geral são usados continuamente massa (peso) e o próprio dinheiro na compra e venda de produtos. As grandezas e medidas fazem-se presentes em nossos lares nas mais variadas tarefas do dia a dia, seja na conta de energia, telefone e água entre outras que pagamos mensalmente, nos utensílios domésticos que a dona de casa usa para cozinhar alimentos, preparar sucos e bolos. É bastante intensa a relação das grandezas com as nossas ações, pois, diariamente trabalhamos alguns tipos de unidades.

 Perez (2008, p. 41-42) explica que: “O tema grandezas e medidas tem um cunho social muito forte e por isso as crianças, quando vem para a escola, já realizaram algumas experiências mesmo que informais, com medidas, seja em jogos, brincadeiras ou outras atividades do seu dia-a-dia”. Para ter-se um exemplo mais claro disso, vejamos que no simples ato de fazer um cafezinho, uma dona de casa trabalha com as seguintes grandezas: volume, esta grandeza faz-se presente através da água utilizada para o café; massa (peso), encontrados na quantidade de pó do café e no açúcar em quantidade necessária; temperatura (em graus Celsius) adequada para ferver a água; a energia elétrica consumida e o tempo relativo ao intervalo entre a preparação até que o café esteja pronto.

Exemplos como esses mostram o quanto as pessoas utilizam diferentes unidades de medidas na prática de suas atividades cotidianas, seja domésticas, pessoais ou sociais. Mas, por que muitas pessoas mesmo sem ter frequentado sala de aula tem uma noção aproximadamente exata da quantidade de material usado para preparar um chá, ou um bolo, por exemplo? Ora, tarefas como essas não precisam que a medidas dos ingredientes sejam exatas, pois apenas uma aproximação é necessária. É o mesmo caso dos operários juntarem o cimento com a areia e o barro para obter como resultado uma massa pronta usada nas construções. Esse conhecimento é adquirido nas práticas vivenciadas diariamente de acordo com a necessidade das pessoas e são transmitidos pela instrução onde os jovens aprendem com seus pais e continuam exercendo a mesma profissão. Neste caso, é um conhecimento “hereditário”, independentemente de uma formação acadêmica, alheio à escola, pois tornou- se um profissional apesar de não ter nenhuma graduação.

 

Vejamos outro exemplo da presença indiscutível das grandezas na prática social e agora como quantidades de medida exata. Imagine um paciente com pressão alta ao consultar seu médico, este ouvindo o problema dele, receita-lhe um medicamento, ambos deverão saber quantos miligramas serão ingeridos e o intervalo de tempo necessário para que esse remédio faça efeito e normalize a pressão. Neste caso cada unidade de grandeza envolvida neste processo deverá ser exata para o bom êxito do trabalho realizado, caso o paciente exceda na posologia ou no intervalo de tempo transcrito na receita médica, o remédio não surtirá o efeito esperado. Então aquilo que seria tranquilamente a solução para um determinado problema de saúde acaba por causar efeito colateral e maior risco ao paciente.

Na situação citada acima percebemos a influência das grandezas e medidas em nossas atividades diárias, mas não se resumem apenas nos exemplos mencionados anteriormente, este conteúdo tem significado amplo no contexto social. “Além dos usos no cotidiano, os conhecimentos relativos às grandezas e medidas são necessárias nas atividades técnicas de todas as profissões: culinária; agricultura e pecuária; marcenaria; costura; comércio; engenharia; medicina; arquitetura; esportes”. Lima e Bellemain (Coleção Explorando o Ensino Matemática, Vol. 17 p. 170). Pela fala dos autores percebemos que as grandezas têm um papel fundamental na sociedade independente da qualificação profissional de cada cidadão, pois de um jeito ou de outro, o conhecimento adquirido em sala de aula com relação às unidades de medidas sempre estarão sendo usadas.

Na atualidade, algumas outras unidades contemporâneas dominam o mundo dos adolescentes que estão sempre abertos as novidades tecnológicas. Mas, como ainda não fazem parte do currículo escolar e os professores estão alheios a isso, acaba passando despercebido por todos. Diante disso, percebemos a importância de uma reforma no ensino da matemática mais direcionado aos novos tempos. Segundo Piaget (1896-1980) apud Munari (2010, p. 66):

É perfeitamente possível e desejável, empreender uma reforma do ensino na direção da matemática moderna, pois, por uma convergência notável, esta revela-se bem mais próxima das operações naturais ou espontânea do sujeito (criança ou adolescente) do que o ensino tradicional desse ramo, excessivamente submetido à história. (MUNARI, 2010, p. 66). 

Em virtude disso, esperamos uma reformulação no ensino direcionado às novas tendências tecnológicas para os temas matemáticos, tendências essas que venham facilitar a relação ensino aprendizagem em sala, bem como a relação professor-aluno. Os jovens adoram ouvir músicas, seja no som do carro, no celular ou em um som comum, porém eles nem imaginam que estas mesmas músicas são armazenadas em objetos que tem como unidade de medida o byte presente em pendrives, Cds, DVDs, entre outros. A escola deve buscar soluções na vivência dos discentes a fim de prender sua atenção sobre as grandezas fundamentais, bem como as contemporâneas nas quais eles já trazem para as aulas uma bagagem considerável a respeito do tema como conhecimento de mundo. Tendo em vista isso, torna-se fundamental o professor ter uma visão além do contexto apresentado no currículo escolar e procurar sempre novas técnicas para relacionar vivência e prática de acordo com cada temática a ser estudada em sala de aula. 

 

2.2 ATIVIDADES RELACIONADAS ÀS GRANDEZAS E MEDIDAS

De acordo com os PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais), os livros didáticos do aluno adotados pela escola Geraldo Gomes da Silva numa visão mais ampla discorre exercícios que apresentam uma grade variedade de situações onde no ato da resolução requer uso de unidades diferentes na resposta dada. Isso ocorre independentemente da unidade ou conteúdo que esteja sendo aplicado pelo professor durante o ano letivo, isto é, mesmo que o item colocado em discussão não seja especificamente sobre grandezas. Veja um exemplo bastante claro a respeito deste questionamento encontrado no livro do 8º ano do ensino fundamental “A conquista da Matemática” no Cap. 10 Monômio ou Termo Algébrico da p. 52, exercício 4 p. 63.

Escreva o monômio que representa a área do retângulo da figura a seguir.

 1,6 x

 3,5 x

(Giovanni Jr. e Castrucci, edição de 2009)

O exercício a cima é um questionamento sobre a multiplicação de monômios com relação ao estudo dos polinômios, mas devemos observar que a letra x na medida da base e da altura do retângulo ocupa o lugar da unidade de comprimento e que ao encontrarmos 5,6x2 como resposta, a letra x2 corresponde à unidade de medida da área do retângulo. Neste caso o que importa para ambos os interessados no exercício é que o aluno escreva o monômio pedido, até por que o estudo está relacionado a polinômios. Com isso, percebemos a importância das unidades de grandezas para outros assuntos matemáticos no ensino fundamental.

Nos 5º e 6º anos do ensino fundamental espera-se que os educandos já possuam um conhecimento significativo com relação aos temas estudados nas séries iniciais. Certamente acontece com os alunos que tem maior facilidade em Matemática e tiveram uma boa base nas séries iniciais, isto é, estudaram em ótimas escolas com bons professores na disciplina vigente. Atualmente os livros didáticos trazem uma grande variedade de atividades sobre grandezas bastante condizentes com a realidade e que ilustram diversas situações cotidianas, mas que o método de resolução continua sempre a pedir o “x” da questão, ou seja, mudam as questões, porém o processo de repassá-las em sala de aula continua o mesmo. O professor exemplifica na lousa o conceito da grandeza em questão, tira as dúvidas dos poucos alunos que se interessaram e logo marca no livro os exercícios a serem trabalhados naquela aula, nisto julga ter concluído sua parte e a partir daquele momento é a vez do aluno. Embora ele consiga resolver prontamente os exercícios do livro didático, não terá assimilado o conceito explicado pelo professor, pois, através das fórmulas segue passo a passo a maneira de resolver as questões e, ao ver-se de frente a outro assunto acaba por esquecer aquele que estudou anteriormente.

Para que haja uma aprendizagem sólida e contínua, a atenção configura-se como ferramenta essencial por parte da turma no processo educativo. Portanto, é essencial que o planejamento docente recaia sobre a realidade, visando sempre a interdisciplinaridade e acontecimentos atuais, assim conseguirá a atenção necessária para o assunto em questão. Celso Antunes registra no seu livro - Aprendendo o que jamais se ensina - a importância de está atento no momento da aula:

A atenção está próxima da compreensão e tudo que não é compreendido acaba causando a desatenção. Repare se sua aula traz questões curiosas, se as palavras usadas são conhecidas pelos alunos, se os exemplos apresentados podem ser transferidos para a experiência de cada um. (ANTUNES, 2008, p. 54).   

O autor destaca neste trecho o fato de que o professor deva-se ater ao mundo dos adolescentes, isto é, ser simples e claro nas suas colocações ao passo que a turma possa compartilhar das aulas e compreender o tema relacionando-o as práticas cotidianas. Pois, é através da relação do conceito e o conhecimento prático a melhor maneira de fazer com que os estudantes assimilem o conteúdo estudado. O aluno que conseguir assimilar o conteúdo, contextualizando-o ao seu modo de vida, buscando estreitar a relação estudo e prática com certeza não terá problemas de recuperação ou repetência, além do mais, futuramente, tornar-se-á um cidadão consciente dos seus direitos e deveres. Em decorrência disso será um profissional bastante qualificado, comprometido com seu trabalho e terá grande sucesso conforme a profissão escolhida.

 

2.3 A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR COM INSTRUMENTOS DE MEDIDAS NA SALA DE AULA

Os principais instrumentos de medidas mais utilizados pelas pessoas são: o relógio e o calendário, (medição do tempo) tão importante nas nossas atividades diárias; a régua e o metro, (medição de comprimento) utilizado por diversos profissionais; a balança, (medição de massa) usada pelos comerciantes, indústrias alimentícias, agricultores e em outros setores sociais; provetas e seringas, usadas em laboratórios e hospitais. Devido a grande importância de tais materiais bem como sua influência para a nossa vida, torna-se necessário seu uso no ambiente escolar, os chamados “materiais manipuláveis” o que dão um suporte a mais na compreensão do assunto trabalhado.

No momento do planejamento das aulas de determinado conteúdo de grandeza, o professor deverá ter o cuidado para estabelecer um tempo no qual apresentará aos alunos instrumentos utilizados para a medição, o que vai ser de grande ajuda no entendimento por parte da turma, seja qual for a unidade de medida estudada. Tais materiais, além de serem apresentados, deverão ser manuseados pelos próprios alunos em questão, desta maneira eles darão maior significação às atividades e principalmente nas explicações do professor. Segundo Gabba (1975) apud Santos (2010, p. 19), para o uso do material concreto propõem o esquema apresentado a seguir:

  • Manipulação de objetos concretos
  • Ações realizadas com objetos
  • Obtenção de relações
  • Interiorização dessas relações
  • Aquisição e formulação do conceito
  • Integração do conceito a conceitos anteriores (estruturação)
  • Aplicação ou reconhecimento da estrutura em novas situações.

O esquema sugerido requer um planejamento bastante cuidadoso, respeitando cada etapa desde a manipulação até a aplicação nas tarefas a fim de que se obtenha sucesso ao longo do processo educativo. Ainda sobre o uso de materiais concretos na construção da aprendizagem de grandezas, Ângela Maria da Silva Godoi relata a importância do cuidado no momento da escolha de tais materiais:

A escolha de um material manipulável pelo professor, a ser utilizado em sua prática, deve ser feita com bastante cautela, baseando-se na sua fundamentação teórica, num plano de ação e na capacidade cognitiva do aluno, que deve ser o maior beneficiado no processo. O professor deve estabelecer uma ligação entre a manipulação dos materiais e situações significativas para a aprendizagem de novos conceitos. (GODOI, 2008-2009, p. 7).

Sem dúvidas o uso de materiais concretos nas aulas de grandezas e medidas tem grande influência na parte motora dos jovens e consequentemente refletirá no seu desempenho em sala. Além do mais, torna a aula mais dinâmica, prazerosa e atrativa, pois o manuseio das ferramentas de estudo faz com que os alunos mantenham contato bem mais próximo uns com os outros. Nessa perspectiva aumentará cada vez mais a discussão de idéias, o elo de amizade, a construção e solidificação do conhecimento.

3 METODOLOGIA

O tipo de pesquisa realizada no decorrer deste trabalho na escola Geraldo Gomes da Silva, em Sítio Onça, Poranga-Ce foi explicativa, pois visa um estudo detalhado acerca das dificuldades enfrentadas pelos alunos da turma do 6º ano da referida escola no que diz respeito ao conteúdo de grandezas e medidas. Tem o objetivo de explicar os motivos pelos quais os alunos não dão o devido valor às aulas de Matemática e, principalmente o conteúdo citado e mostrar a grande importância social do uso das medidas.

A presente pesquisa será realizada em três etapas obedecendo a todos os aspectos referentes ao funcionamento da instituição Geraldo Gomes, entre eles, o horário das aulas da disciplina e a grade curricular da escola. Na primeira etapa acontecerá uma conversa com os alunos e entrevista com a professora para um conhecimento aprofundado sobre os métodos de trabalho usados por ela, fazendo-se uma análise do livro didático utilizado pelo aluno a fim de observar o conteúdo de grandezas e medidas bem como os exemplos e exercícios propostos e a metodologia usada pelo docente sobre o referente tema.

Na segunda etapa acontecerá a observação em sala. A partir daí começa a parte mais importante na construção do artigo, pois, nesta fase há um conhecimento de causa com dimensão mais ampla daquilo que está sendo pesquisado. Além disso, é o melhor momento para que aconteça a aplicação de algumas atividades sobre grandezas com base no livro didático. A terceira e última etapa será a análise dos resultados apresentados através de dados em tabelas e gráfico para melhor entendimento do trabalho realizado. Contudo o processo envolverá diretamente toda a sala num total de 14 alunos os quais apresentam pouco conhecimento sobre a temática.

Para a realização do trabalho de pesquisa levou-se em conta o período de estágio I, onde observou-se a dificuldade para escrever a grandeza comprimento, ou seja, como anotar 1,75m por exemplo e na construção dos gráficos e tabelas, nos quais mostrariam suas respectivas alturas. Foram consultados livros de autores famosos referentes ao tema, entre eles Lima e Bellermain, autores diversos, artigos relacionados ao tema bem como visitas diárias à instituição educacional escolhida para realizar o estudo. A partir daí foi formulado algumas atividades com relação às principais unidades do Sistema Internacional de Medidas (SI), onde se tratava de questões do livro didático do aluno e outras criadas especialmente para serem aplicadas na construção do referido artigo.

Para a aplicação das respectivas atividades foram necessários dois momentos com os alunos. No primeiro instante, lançou-se uma questão relacionada ao perímetro e a área de um retângulo. Em seguida saímos da sala para a realização da segunda atividade. Com intuito de aproximar o conteúdo do livro didático à realidade dos estudantes, pediu-se para que observassem o campo de futebol e depois, em grupos, medisse no “passo” o comprimento do entorno das linhas, anotando os dados no caderno. Formulou-se uma pergunta e encontrou o perímetro do respectivo campo. Logo após, socializou-se o resultado com os demais colegas a respeito da atividade realizada, esse exercício os fez sentir-se mais a vontade e trabalhar o tema espontaneamente, concretizando-o de modo prático e eficaz, tornando mais fácil a compreensão das unidades de medidas.

 Esse exemplo servirá futuramente como sugestão para a professora planejar melhor outras atividades em sala, motivar seus alunos quanto à importância da participação de todos na busca pela aprendizagem. As questões servirão para traçar um paralelo entre atividades selecionadas no livro didático com as que serão planejadas especificamente para a turma, dessa maneira comprovaremos a necessidade de uma visão mais ampla quanto ao tratamento do conteúdo e o planejamento do currículo escolar quanto à disciplina citada a cima. Além disso, houve a necessidade de uma entrevista com a professora da área de Matemática com questionamentos relacionados à sala em questão, na qual se mostrou disposta a ajudar.

Quanto informar os dados catalogados durante o estudo de caso está sendo dispostos através de gráficos de pizza contendo dados em porcentagens para uma leitura mais compreensiva, desta maneira, poderemos ter uma visão mais clara com relação aos resultados sendo facilmente interpretados pela comunidade escolar do rendimento dos alunos em questão. Também será feita uma análise tendo como base as situações vivenciadas no ambiente escolar com os alunos no momento das atividades. Esta observação minuciosa nos dará uma dimensão mais detalhada dos resultados que serão apresentados perante o desenvolvimento do artigo de conclusão do corrente curso.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Durante a pesquisa realizada na sala do 6º ano da escola Geraldo Gomes da Silva foram propostas atividades que mostraram situações de mesma natureza envolvendo grandezas, traçando um paralelo entre exercícios semelhantes aos do livro didático e outros mostrando situações concretas criados especialmente para ser trabalhados com a participação espontânea dos alunos durante a pesquisa. As situações foram às seguintes:
1. Um terreno retangular possui as dimensões em metros como mostra a figura abaixo. Qual o perímetro deste terreno?
Nessas condições verificou se a turma conseguiria encontrar o perímetro deste terreno, tendo em vista que a questão trabalha simplesmente este conceito na grandeza comprimento, nela podemos perceber se o aluno adquiriu o conhecimento necessário com relação às medidas de comprimento estudadas em séries anteriores. Para um aluno do 6º ano é relativamente fácil, pois entende-se que já é um tema consolidado por ele desde as séries iniciais do fundamental. Observemos também cuja situação poderá ser resolvida usando o raciocínio lógico diante dos dados apresentados, visto que visualmente a medida do lado y corresponde a 50m e o lado x 100m, portanto bastaria somar as quantidades correspondentes
x
y
50
100
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aos quatro lados da figura para obter o resultado da atividade. Porém, observe no gráfico o resultado da turma:
A sala citada consta de 14 alunos no total, 3 que corresponde a 21,43% conseguiram responder mostrando segurança no resultado, mas não quiseram explicar como encontraram a resposta; 9 que corresponde a 64,285% não conseguiram encontrar a solução, pois não lembravam do conceito de perímetro e como iriam proceder para encontrar a resposta e 2 deles, correspondendo a 14,285% não quiseram responder ao exercício proposto. Em contra partida a esta questão foi proposta uma nova atividade envolvendo a mesma grandeza, porém utilizando como ferramentas o próprio corpo. Aproveitando o espaço de um pequeno campo de futebol utilizado para as aulas de Educação Física foi proposta uma situação aos discentes com intuito de verificar o desempenho de ambos com relação a atividades planejadas e direcionadas a vivência dos mesmos. Foi solicitado que medissem o contorno retangular do campinho de futebol usando como unidade o passo. Veja no gráfico a seguir o resultado obtido pela turma:
Observa-se que se pede na questão o perímetro do campo, ou seja, a grandeza é a mesma da atividade anterior, o contorno tem a mesma forma retangular, o método de resolver segue os mesmos passos que é simplesmente somar todos os lados da região que contorna o
21,43%
64,285%
14,285%
Gráfico do desempenho da turma na atividade 1
Conseguiram responder
Erraram
Não fizeram
86%
7%
7%
Gráfico do desempenho da turma na atividade 2
Conseguiram responder
Erraram
Não fizeram
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campo. Porém as diferenças existem na unidade de medida a ser utilizada, e a parte principal é que não temos nenhum valor para qualquer um dos lados do terreno, aí é que está o segredo da questão, pois o aluno já tem na mente que precisa andar no entorno do terreno contando passo a passo conforme pedida a unidade de comprimento. Observe que dos 14 alunos, 12 deles, correspondente a 86% conseguiram encontrar a medida solicitada, 1 que corresponde a 7% errou na contagem e o outro aluno não realizou a tarefa.
Uma atividade como essa não será esquecida pelos alunos, pois, trata-se de uma situação na qual eles participaram efetivamente tirando suas próprias conclusões a respeito da tarefa e utilizando uma técnica que estão acostumados a praticar. Então, a escola deve trabalhar de acordo com essa linha de raciocínio, aliando a prática cotidiana ao conteúdo do livro didático na perspectiva de melhorar a aprendizagem dos estudantes.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o desenvolvimento do trabalho ficou explícita a enorme distância entre a teoria e a prática no campo das unidades de medidas na disciplina de Matemática. Porém, o estudo realizado serviu para mostrar aos alunos a importância das grandezas nas nossas atividades de rotina. Foi também uma ótima oportunidade para a professora perceber que através de atividades práticas do cotidiano obtém-se um empenho bem mais efetivo dos alunos para com suas tarefas de sala de aula, bem como um interesse maior no contexto de querer resolver as situações a eles apresentadas. Com isso, desperta neles a tão esperada motivação, pois aquilo que se estuda passa a ter um significado expressivo para o educando em contrapartida ao modo como se encara os conteúdos e exercícios propostos nos livros didáticos.
Isso explica porque a maioria dos educandos conseguiu resolver a segunda atividade planejada para o estudo apresentado, pois torna-se mais fácil e prazeroso participar em grupos, de tarefas extra sala de modo a explorar concretamente o tema aplicado pelos livros, propostos pelo docente. Tanto as atividades concretas quanto as observações e entrevistas foram bastante claras e com o objetivo alcançado dentro do que foi programado e de acordo com as possibilidades, ficou a sensação do trabalho concretizado com linguagem matemática simples e de fácil compreensão direcionado aos jovens, pois diante das tarefas programadas o resultado foi o esperado. É importante ressaltar o quanto uma conversa sobre os materiais
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usados para medir e o manuseio dos mesmos foi essencial para o andamento da pesquisa e o entendimento do tema em estudo, isso despertou o interesse e o entusiasmo da turma nas atividades desenvolvidas dentro e fora da sala.
Portanto o estudo realizado com certeza deixou nos alunos um incentivo a conhecerem mais sobre as grandezas e medidas, pois ficou evidente sua importância para o nosso cotidiano, tanto pessoal quanto socialmente. Sem dúvida foi bastante proveitoso para ambos os envolvidos na pesquisa realizada em virtude da necessidade de se construir uma aprendizagem mais significativa de acordo com a vivência de cada ser social na busca insaciável pelo conhecimento prático, pois necessitamos para crescermos profissionalmente e obtermos êxito em nossas atividades, construindo assim, uma vida digna e respeitável nesta sociedade tão cheia de conflitos e atribulações na qual vivemos.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Fabiana Cezário de. O Livro Didático de Matemática e os Temas Transversais/Político-Socias: Um Estudo dos Conteúdos de Grandezas e Medidas para Quinta Série do Ensino Fundamental1. 2005. Disponível em: http://www.sbem.com.br
01 de Junho de 2012 – às 10h05min
ANTUNES, Celso. Aprendendo o que já mais se ensina. O quê? Como? Editora IMEPH, 2ª edição. Fortaleza-Ceará. 2008.
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