A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Adriana Helena Fernandes de Carvalho Maria Carolina Gomes de Campos RESUMO Este trabalho dará ênfase nas idéias de alguns autores que valorizam os brinquedos e as brincadeiras como um método valioso de ensino e a importância do brinquedo como um dos recursos facilitadores na construção e apreensão do conhecimento, relatando também as formas de utilização do brinquedo e valorizando esse instrumento como um facilitador do convívio pessoal, do relacionamento com o outro e das varias características observadas pelo professor que a criança demonstra enquanto brinca e constrói o seu processo de aprendizado e reconhecimento do ambiente que a rodeia, apesar da seriedade da escola, mostrando que nas brincadeiras os aspectos cognitivos são apreendidos de forma prazerosa e que a postura lúdica do professor contribui para dinamizar o processo ensino aprendizagem. A IMPORTÂNCIA DO BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO INFANTIL Definir o brinquedo somente como uma atividades para dar prazer a criança é menosprezar todo o desenvolvimento que o individuo apresenta durante essa ação, desde a linguagem, as imitações, as historias e a criatividade em produzir cenas vivenciadas e até mesmo inéditas para ela. Para Chimelli: “brincar é uma palavra muito rica em conteúdo, é mais que uma palavra, é uma atividade, uma forma de ação e expressão” (Chimelli, 1993, p. 61) As crianças querem se igualar ao mundo adulto, e através do brinquedo conseguem reproduzir a situação desejada, utilizando do mundo real para criar um mundo só seu, repetindo experiências de prazer. Segundo Bomtempo o brinquedo pode ser visto como objeto e como atividade: “Como objeto: é quando o material oferecido a criança é industrializado; ou artesanal, quando é feito pela própria criança ou por adultos, ou ainda outros materiais entregues a crianças para a atividade de brincar como caixinhas, tampinhas, sucatas...Como atividade significa o ato ou efeito de brincar, distrair-se como o brinquedo ou o jogo.”( Bontempo,1986, p. 203) Ao brincar, a criança aprende a exercitar muitos movimentos e modos operacionais dos quais necessitarão mais tarde para a vida. As crianças desenvolvem-se muito quando tem oportunidade de brincar, inventar seus brinquedos, construir maquetes, dar asas a imaginação, socializar-se seja no seu próprio quintal, a rua ou na escola.Para Winnicott: “a criança adquire experiência brincando. O brinquedo contribui para a unificação e interação da personalidade, permitindo à criança o fascínio da criança pela repetição”( Winnicott,1985 p. 203) O processo adaptativo de acomodação e assimilação é o meio pelo qual a realidade é transformada em conhecimento. No brinquedo a interação da criança com o objeto não é feita pela função que ela tem, mas com a função que a criança lhe atribui, não havendo necessidade de compromisso com a realidade. Vygotsky afirma que: “é notável que a criança brinque com uma situação imaginaria, tão próxima da sua situação real, reproduzindo a própria situação real: casinha, escolinha, medico, repetindo com prazer, a mesma brincadeira muitas vezes.” (Vygotsky,1989, p. 89) Sob o ponto de vista pedagógico, a criação de uma situação imaginaria pode ser considerada como uma forma de desenvolver o pensamento abstrato. O desenvolvimento correspondente às regras, conduz a uma diferenciação distinta entre o trabalho e o brinquedo, o que será fundamental na idade escolar. A essência do brinquedo é a criação de uma nova relação entre o campo de significado e o campo de percepção visual, isto é, situações no pensamento e situações reais. Por isso a pratica pedagógica deverá pautar-se por atividades construtivas, criativas e embaladas pelo prazer. Para Vygotsky, o brinquedo é o principal meio de desenvolvimento cultural da criança: “O brinquedo dirige o desenvolvimento. A imaginação é o brinquedo sem ação.”(Vygotsky, 1986, p. 146) O processo de imaginação existente no brincar possibilita à criança conhecimento aprendidos, atuando, assim, na zona de desenvolvimento proximal e real, não se constituindo de forma alguma em uma atividade puramente mecânica, a criança percebe o que esta sendo aprendido, reproduz e imita. O brincar é uma forma de averiguar como a criança esta pensando, construindo seu conhecimento através das relações sociais. O brinquedo cria, então, na criança uma zona de desenvolvimento proximal, devido a situações imaginárias existentes, às regras de comportamento socialmente estabelecidas e à presença de uma situação social. É no brincar que a criança se comporta alem do seu comportamento habitual, segundo Vygotsky: “As experiências vivenciadas no brincar pela criança propiciam desafios, situações novas, as quais possibilitam propostas por parte da criança de modificação do apresentado, visto que a brincadeira permite, alem da imitação, a imaginação e a regra.”( Vygotsky, 1989, p. 146) Mas nem sempre nas brincadeiras são produzidos sentimento de positivos, visto que a criança passa a operar com as regras sociais, abandonando as regras individuais. As frustrações, o medo e a ansiedade encontram se presentes também no brincar, e através dos processos de intervenção realizados, fazem com que o sujeito trabalhe com seus sentimentos, problematizando-os, construindo, assim novas relações de enfrentamento dessas questões. Para Elkonin: “São sempre os adultos que introduzem os brinquedos na vida das crianças, ensinando-as a brincar. Nesse sentido, a modificação do brincar esta associada ao processo de desenvolvimento cultural dos povos: a sociedade que determina os instrumentos lúdicos das crianças.”(Elkonin, 1980, p. 35) Desse modo, cada sociedade constrói uma espécie de cultura lúdica, sendo processada de forma continuada, de geração a geração, sofrendo modificações e alteração devido as informações do momento. BIBLIOGRAFIA CHIMELLI, Mannoun. Gastando tempo com os filhos.São Paulo: Quadrante, 1993. BONTEMPO. E; HUSSEIN, C.L.E ZAMBERLAN, M. A. A psicologia do brinquedo: aspectos teóricos e metodológicos. São Paulo: Edusp/Nova Estela, 1986. WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Tradução José Octavio de Aguiar Abreu e Vanede Nobre. Rio de Janeiro: 1985. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. VYGOTSKY, L. S. Estudos sobre a forma de comportamento: símios, homem primitivo e criança. Porto Alegre : Artes Médicas, 1986. ELKONIN, D. B. Psicologia del juego. Madrid: Aprendizagem, Visor, 1980.