Vários autores que trabalham com este tema, o brincar como método de aprendizagem, ressaltam a importância da brincadeira na vida de uma criança. Mais que um método, o brincar proporciona as condições essenciais para o desenvolvimento infantil, pois através dele, a criança poderá desenvolver capacidades importantes que utilizará no decorrer de toda sua vida.

 

DESCOBRINDO O MUNDO

 

Desde seus primeiros meses de vida, a criança pratica várias tentativas de ver, de sentir, em fim, de descobrir o mundo à sua volta. Ela procura, através de seu corpo, explorar o ambiente onde está situado. Helen Bee (2003, p.196), descreve com clareza, a visão de Piaget sobre esse período:

 

Piaget supõe que o bebê realiza o processo adaptativo básico de tentar compreender o mundo que o cerca. Ele assimila as informações que lhe chegam na limitada série de esquemas sensório-motores com que nasceu – como olhar, escutar, sugar, agarrar – e acomoda esses esquemas baseado em suas experiências. Segundo Piaget, este é o ponto de partida de todo o processo de desenvolvimento cognitivo.

Esses momentos de exploração são extremamente importantes para treinar o esquema corporal, a lateralidade, a percepção e outras potencialidades necessárias no decorrer da vida, por isso não se deve impedir a criança de praticá-los, pois será a partir deles que ela irá treinar seus movimentos motores, desenvolver sua independência, maturidade e vivenciar novas situações.

 

A BRINCADEIRA NA ESCOLA

 

No período pré-escolar, o brincar desempenha forte fator na socialização da criança, pois ela começa a interagir com seus professores e colegas de classe (Sanseverino, M. M. 2002, p. 109). Esse tipo de situação fará com que o individuo aprenda a se portar de maneira adequada em situações distintas, aprenderá que para se ter uma boa relação, é preciso respeitar regras, respeitar o espaço, opiniões e idéias de outras pessoas, mesmo que não esteja de acordo com as mesmas.

O jogo e o brinquedo proporcionam, sem dúvida nenhuma, a interação ideal entre alunos e professores, por isso, é necessário que eles sejam incluídos como agentes do aprendizado na elaboração do plano pedagógico utilizado.

Hoje, infelizmente, nem sempre as brincadeiras e jogos são levados em conta pelos educadores, e quando são, aparecem apenas como recreação ou descarga de energia durante alguns minutos do tempo da criança na escola.

“Existem jogos nos quais a própria atividade não é agradável, como por exemplo, predominantemente no fim da idade pré-escolar, jogos que só dão prazer à criança se ela considera o resultado interessante. Os jogos esportivos (não somente os esportes atléticos, mas também outros jogos que podem ser ganhados e perdidos) são, com muita freqüência acompanhados de desprazer, quando o resultado é desfavorável para a criança (Vigotsky, L. S. 1984, p. 107)”. A criança deve sentir prazer ao brincar e o brinquedo certo é aquele que lhe diverte, que lhe desperta a curiosidade, o interesse, que lhe estimula a concentração, o raciocínio, a atenção e outras qualidades indispensáveis ao desenvolvimento psicomotor e cognitivo do mesmo.


A FALTA DO BRINCAR

 

Além dos educadores, a família também possui grande influência nessa questão da inserção das brincadeiras na vida da criança. É preciso que os pais se conscientizem de que o brincar é mais do que somente um passa tempo, elas são uma das formas mais eficientes que a criança possui para conhecer e se inserir no meio em que vive.

Segundo Vigotski (1984, p.162), “ao brincar, a criança está acima da própria idade, acima de seu comportamento diário, maior do que é na realidade”. Na medida em que a criança imita os mais velhos em suas atividades diárias, ela cria oportunidades para seu desenvolvimento intelectual e também social. Por isso a importância da interação dos adultos, sejam familiares ou professores, com as crianças.

Nos dias de hoje, várias crianças possuem algum “déficit” psicomotor devido à falta de exercícios ou treino necessário para seu desenvolvimento motor.  São, na maioria das vezes, crianças acomodadas, que não praticam nenhuma brincadeira ou atividade que exige desgaste físico, que não aprendem a fazer nada porque fazem por elas, são crianças que vivem em casa e passam o dia em frente à televisão ou o computador. “Tais crianças tornam-se regredidas, manipuladoras, com baixa resistência à frustração, apresentando também, dificuldade no trato social e no desenvolvimento pedagógico (Dalila, M. M. et al. 2002, p. 110)”.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Finalizando, poderíamos dizer que os jogos e brincadeiras oferecem um espaço de descontração às crianças, onde possam estabelecer novas relações, novas descobertas que permitiram o seu aprendizado e desenvolvimento, sejam eles, físico-motor, intelectual, afetivo-emocional, ou social, a partir dessas mudanças.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

BEE, Helen. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artimed, 2003. p.196 – 202.

 

CABRAL, Suzana Veloso. Psicomotricidade relacional: prática clínica e escolar. Rio de Janeiro: Revinter, 2001

 

COSTALLAT, Dalila M.M. de. et al. A psicomotricidade otimizando as relações humanas. São Paulo: Arte & Ciência, 2002.

 

VIGOTSKY, L.S. A formação social da mente. 4º ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p.107 – 109.