Indubitavelmente a cultura está aliamada ou vinculada ao comprazimento das sociedades, o que os indivíduos, como unidade, absorvem ou assimilam, de forma imanente em seus imos e que a coletividade abarca, incluindo no rol do que lhe agrada, como sustentáculo da mesma. O que lhe caracteriza. Os artistas, geralmente, vão na alheta desses gostos acalentados pela sociedade coeva e suas produções vão de encontro aos anseios dos seus contemporâneos. Ao artista não cabe o estar infenso aos gostos vigentes, pois se o mesmo se enveredar pelos meandros caminhos da extemporaneidade, o cutelo da cultura arraigada na contemporaneidade cerceará seus propósitos. Assim pensam os vacilantes. Então o artista deverá ter uma postura perfuntória, seguindo os padrões estabelecidos pela cultura vigente só para o agrado da sociedade ou o mesmo, como tal, obrigação terá de se desvincular desse padrão, caso em que com o mesmo não acha afinidade, não esteja afeito, arriscando ser incompreendido pelos seus contemporâneos, porém se auto-afirmando como autêntico?  Ao artista cabe coadunar a sua produção artística com os anseios dos seus contemporâneos, corroborando, legitimando, com essa postura, a cultura em voga, caso esteja a sua vontade sob os grilhões da veleidade, porém, caso não concorde com os aspectos culturais dominantes, alardear, em altos brados, não com voz tonitruante, porém com a sua obra, evocando outros aspectos concernentes a uma postura cultural de antanho, do prístino ou indo além, para o póstero, para o futuro, caso em que encontre nessas posturas culturais a beleza em si, a qual deve deleitar o artista? Pois o verdadeiro artista deverá buscar a beleza das coisas, exterior a si mesmo, se não encontrar o belo em seu próprio âmago, onde quer que ele o vislumbre, no passado, lá, no presente, aqui, ou no futuro, acolá. Disso se infere, tem-se por ilação, que o artista é um visionário. O mesmo está além do seu tempo, eterno inconformado.

A arte deve ter uma função vanguardista e não mimética? Mas há de se ter cuidado, nesse tocante, pois quando se fala em vanguarda extrapola-se equivocadamente e acredita-se que tudo é permitido na arte. Talvez essa seja a pior das falácias apregoadas pelo Modernismo e que os artistas devem rever para que a arte não vire um lugar-comum.