Bruna Fernandes Silva¹

Gabriela Almeida Silva Kellner¹

Laura de Oliveira Cunha¹

Layla Ellen Crispim Carvalho¹

Luana Cassiana Vilela¹

Maria Clara Vasconcelos Marcelino¹

Ana Paula Barbosa²

 

RESUMO

Nesta pesquisa estudamos a importância do acolhimento para a construção do apego no Lar Jesus Maria José e então tivemos a oportunidade de conferir a importância de tal fasto para a construção dos laços afetivos nessas instituições. A forma como as crianças são acolhidas pela Instituição é essencial para a construção de um apego seguro, onde elas desenvolvem uma ligação afetiva com os cuidadores e as outras crianças. É de fundamental importância o acolhimento para a construção do apego, para a socialização das crianças institucionalizadas. A partir do método dedutivo, usando observação e questionário para a obtenção dos resultados no Lar Jesus Maria José na cidade de Cássia (MG), pode perceber como as crianças e adolescentes são bem acolhidos e cuidados pelos funcionários e que elas tem uma relação de confiança e apego seguro. Tanto os funcionários quanto as crianças e adolescentes dizem ter uma relação não apenas de cuidadores e abrigados, mas também de amigos e até mesmo de familiares. Sendo assim, vimos que é realmente importante o acolhimento dos funcionários do Lar para que as crianças tenham um bom desenvolvimento social.

Palavras-Chaves: Acolhimento, Apego, Criança, Socialização.

ABSTRACT

The way children are welcomed by the Institution is essential to building a secure attachment where they develop an emotional attachment with caregivers and other children. It is vital to build the host attachment for the socialization of children institutionalized. From the deductive method, using observation and questionnaire for obtaining the results in Home in Jesus Maria José of Cássia, we can see how children and adolescents are welcomed and cared for by the staff and they have a relationship of trust and secure attachment. Both the employees and children and teenagers say they have a relationship not only caregivers and sheltered, but also friends and even family. Thus, we see that it is really important to welcome the employees of Home for children to have a good social development.

 

Keywords: Home, Attachment, Child, Socialization.

 

INTRODUÇÃO

Nosso grupo pôde observar o verdadeiro acolhimento dos cuidadores com as crianças neste período que nos dedicamos a essa instituição.

O Lar Jesus-Maria-José acolhe e protege a criança ou o adolescente e depois orienta e auxilia a família para recuperar as condições necessárias para reaver a guarda do filho. Cuidando de um e de outro esperamos garantir o bem-estar da criança, da sua família e da sociedade geral. O público atendido são crianças (de 0 a 12 anos) e adolescentes (entre 12 e 18 anos). O número de crianças atendidas é sempre inconstante.

O acolhimento para a construção do apego é de suma importância, especialmente porque tais crianças foram retiradas do convívio familiar por determinação judicial (vara da infância e da juventude). Sendo assim muitas dessas crianças passaram por experiências de negligência e abandono e precisam ser bem acolhidas pela instituição para construir vínculos sociais e novas relações de apego, junto a outras crianças e aos cuidadores para que seu desenvolvimento não seja prejudicado.

O objetivo foi verificar a importância do acolhimento da instituição, para a construção do apego e laços afetivos saudáveis nas crianças que foram retiradas, ou estão temporariamente afastadas do convívio familiar.

DESENVOLVIMENTO

Usamos o método dedutivo, que segundo Fachin (2005, p.32), é um conhecimento que se obtém de forma inevitável e sem contraposição. O método dedutivo utiliza-se de dois argumentos condicionais válidos que são: a afirmação do antecedente e negação do consequente; direcionando a uma razão que tenha condição de designar o conhecimento verdadeiro. 

 

De acordo com Machado (2011) o Acolhimento Institucional é definido como atendimento institucional a crianças e adolescentes que tiveram seus direitos violados e que necessitam ser afastados, temporariamente, da convivência familiar. O uso da terminologia “acolhimento institucional” é novo e substitui o termo abrigamento (alteração feita pela Lei nº 12.010 de 03 de agosto de 2009); medida excepcional e provisória, pois utilizada como forma de transição, uma vez que visa à reintegração familiar.

Segundo Silva (2004) apud Machado (2011) o termo acolhimento institucional veio, alterar as concepções anteriores. São instituições que devem oferecer programas de abrigo e atender crianças e adolescentes que tenham tido seus direitos violados e que, em razão disso, necessitam ser temporariamente afastados da convivência de suas famílias. Funciona, de fato, como residência provisória, na qual as crianças permanecem até o retorno ao seu lar de origem ou em caso de impossibilidade, até serem colocadas em família substituta.

Segundo Bowlby (1989, p.38),“apego é definido como qualquer comportamento que tenha como resultado o alcance e a proximidade com algum outro indivíduo que o torne mais apto para lidar com o mundo. Assim como é também uma forma da criança se sentir segura e protegida.”

Neste artigo apontamos como o acolhimento dos cuidadores do Lar Jesus Maria José pode auxiliar no desenvolvimento saudável das crianças que lá vivem, amenizando a falta de seus familiares e tentando desenvolver uma relação de apego seguro, para que tais crianças cresçam e sejam capazes de lidar com problemas e superar obstáculos.

Segundo Granda&Farias, “O padrão de apego desenvolvido pela criança pode vir a interferir no desenvolvimento social do indivíduo, até a vida adulta”. Um padrão de apego seguro na infância parece favorecer os processos de escolhas próprias na adolescência, como a escolha profissional, do grupo de amigos e aquelas relacionadas a comportamentos pró-sociais e há muitos aspectos negativos em adolescentes com um padrão de apego inseguro.

Um modelo de apego seguro é visto quando o indivíduo está confiante de que suas necessidades serão supridas, e seus cuidadores estão disponíveis oferecendo ajuda, caso ele se encontre com dificuldade ou medo. Em contrapartida, quando o indivíduo se mostra incerto dessa disponibilidade e possibilidade de receber ajuda caso necessite, ou quando até mesmo se sente rejeitado ao procurar ajuda, ele tende constantemente a se mostrar ansioso ou depressivo quanto à exploração do mundo, podendo até mesmo evitar relações de apego, procurando viver sua vida sem o amor e a ajuda dos outros, o que mais tarde pode vir a lhe causar transtornos emocionais.

Sendo assim, os funcionários da instituição assumem uma enorme importância e responsabilidade no cuidado das crianças e adolescentes institucionalizados, devendo estar sempre que possíveis a disposição eles demonstrando atenção, carinho e cuidado, especialmente quando estas crianças e adolescentes se encontrem com dificuldade, medo e ansiedade. Pois assim, estas crianças e adolescentes serão capazes de desenvolver um modelo de apego seguro que influenciará em todos os âmbitos de suas vidas, tornando-os corajosos e seguros na exploração do mundo.

Temos como base avaliativa os questionários aplicados nas crianças e cuidadores da Instituição.

Analise dos resultados:

Levando em consideração o apego, o convívio das crianças com os cuidadores é satisfatório?

Grafico 01: Questionário referente aos cuidadores.

Aproximadamente 83% dos funcionários disseram que o convívio das crianças com os cuidadores é satisfatório, que as crianças são bastante carinhosas. Aproximadamente 16% acham que o convívio não é tão satisfatório.

Quando você se sente desprotegido quem você procura?

Grafico 02: Questionário referente as crianças.

60% da amostragem de crianças e adolescentes disseram que procuram os cuidadores quando se sentem desprotegidos, 30% disseram que procuram as outras crianças. E ainda uma criança procura um amigo específico.

            Através dos questionários aplicados chegamos a conclusão de que o acolhimento é satisfatório para o desenvolvimento pessoal e social das crianças.

CONCLUSÃO

De acordo com os resultados dos questionários e a observação, pode se perceber que as crianças e adolescentes são bem acolhidos e cuidados pelos funcionários e que elas tem uma relação de confiança e apego seguro. Tanto os funcionários quanto as crianças e adolescentes dizem ter uma relação não apenas de cuidadores e abrigados, mas também de amigos e até mesmo de familiares.

Apesar de chegarem à instituição com medo e assustadas, as crianças e adolescentes costumam se adaptar bem, e tendem a ser bastante carinhosas, costumam se relacionar muito umas com as outras, em suas brincadeiras, conversas e jogos. As crianças mais velhas têm um gesto cuidadoso com as mais novas, e as próprias crianças acolhem bem quando chegam outras crianças à instituição.

As crianças afirmaram também que gostam de morar no lar, se sentem protegidas, porém sentem saudade de seus familiares. Algumas disseram que veem as pessoas da instituição como uma família, e de um modo geral as crianças consideram as outras como irmãs e amigas.

A maior parte deles diz que sentirá saudade dos cuidadores e das outras crianças quando forem embora da instituição, e ouve respostas nos questionários dizendo que sentirão saudade dos conselhos que recebem dos funcionários.

Diante de tudo que foi observado, e analisado nos questionários, vimos que é realmente importante o acolhimento dos funcionários do Lar, e que as crianças são bem acolhidas e têm um desenvolvimento saudável, proporcionado pelos funcionários da Instituição.

REFERÊNCIAIS

BOWLBY, J. Uma Base Segura: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.

BOWLBY, J. Cuidados Maternos e Saúde Mental. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

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FACHIN, OLINDA. Fundamentos de Metodologia. 4.ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

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GANDRA, M. I. S. & FARIAS, M. A. In: A Importância do Apego no Processo de Desenvolvimento. Disponível em: <http://www.criancaemfoco.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95:a-importancia-do-apego-no-processo-de-desenvolvimento&catid=24:artigos&Itemid=90 >. Acessado em: 17 mar. 2013.

MACHADO, V. R. In: A atual política de acolhimento institucional à luz do estatuto da criança e do adolescente Serv. Soc. Rev., Londrina, 2011.

PAPALIA, Diane E. OLDS, Sally Wedkos e FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento Humano. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

REZENDE, P.A. In: O Estatuto da Criança e do Adolescente e o Acolhimento Familiar. Disponível em: http://www.crianca.caop.mp.pr.gov.br/arquivos/File/download/O_ECA_e_o_acolhimento_familiar.pdf. Acessado em 15 de abril de 2013.

RUIZ, J. A. Metodologia Científica: guia para eficiências nos estudos. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

SILVA, 2004 apud MACHADO, V. R. In: A atual política de acolhimento institucional à luz do estatuto da criança e do adolescente Serv. Soc. Rev., Londrina, 2011, V. 13, N.2, p.157.