As barreiras à aprendizagem fazem parte do cotidiano escolar dos alunos, deficientes ou "normais", e se manifestam em qualquer etapa da escolarização.Barreiras existem para todos, mas alguns requerem ajuda e apoio para seu enfrentamento e superação, o que não nos autoriza a rotulá-los como alunos "defeituosos".
Todos já experimentamos dificuldades e enfrentamos barreiras.Lembremo-nos de que as dificuldades se transformam em problemas na medida em que não sabemos, não queremos ou não dispomos de meios para enfrentá-las.Acredito que na sociedade me geral e nas comunidades escolares, as mais significativas são as barreiras de atitudes e falta de vontade.
Tratando-se de educação especial, a remoção de barreiras tem sido,considerando sob o enfoque de acesso físico, como ênfase as barreiras arquitetônicas ambientais que, na escola, se manifestam como superfícies irregulares, instáveis, com desníveis e derrapantes, nos pisos da escola; nas áreas de circulação livre de barreiras para a movimentação de cadeiras de rodas; sanitários inadequados e inadaptados, entre outras.
Esses e outros obstáculos têm representado sérios obstáculos para o acesso, ingresso e permanência de pessoas portadoras de deficiência nas escolas, infringindo seus direitos de ir e vir e criando empecilhos para sua aprendizagem e para sua participação.Reconhecer o direito de acessibilidade e de fundamental importância, embora não signifique que serão concretizados e respeitados.
Dessa forma, a remoção de barreiras para a aprendizagem pressupõe conhecer as características do aprendiz bem como as características do contexto no qual o processo ensino-aprendizagem ocorre e, principalmente, analisar as atitudes dos professores frente a seu papel que é tanto político quanto pedagógico.
Remover as barreiras para a aprendizagem e para a participação de todos engloba todos os alunos como seres em processo de crescimento e desenvolvimento e que vivenciam o ensino-aprendizagem segundo suas diferenças individuais.Qualquer aluno achará a aprendizagem escolar desagradável, como uma verdadeira barreira, se estiver desmotivado, se não encontrar sentido e significado para o que lhe é transmitido na escola.Os pais e professores devem se unir e ter desejo de auxiliá-los, elevando os níveis de participação e de sucesso de todos os alunos, sem discriminar aqueles que apresentam dificuldades, sejam deficientes ou não.
Na sala de aula, muitos obstáculos podem ser enfrentados e superados graças à criatividade e a vontade do professor que assume a postura de profissional de aprendizagem, em vez do tradicional profissional de ensino.Educadores verdadeiros, ao assumirem essa postura, transformam suas salas de aulas em espaços prazerosos onde, tanto eles como os alunos, são cúmplices de uma aventura que é o aprender, o aprender a aprender e o aprender a pensar.
Tornar a aprendizagem interessante e útil é uma das formas de remover as barreiras.O professor, para melhor conhecer os interesses de seus alunos, precisa estimular a sua própria escuta, criando diariamente, um tempo de ouvir os alunos, reconhecendo em suas falas o que lhes serve de motivação. Bem como as experiências e vivências que trazem para escola.
A criatividade do professor somada à sua convicção de que a aprendizagem é possível para todos os alunos e de que ninguém pode estabelecer os limites do outro, certamente contribuirão para remover os obstáculos que tantos e tantos alunos têm enfrentado no seu processo de aprendizagem.
A flexibilidade é outro fator que contribui para a remoção das barreiras.Traduz-se pela capacidade do professor modificar planos e atividades à medida que as reações dos alunos vão oferecendo nos rumos.
Para remover as barreiras para a aprendizagem é preciso sacudir as estruturas tradicionais sobre as quais a escola está assentada, todos trabalhando em equipe, sintonizados com valores democráticos.Uma escola aberta à diversidade, consciente de suas funções sociais e políticas.Porém, mais importante que conceber a escola como transmissora de conteúdos é arquitetá-la como espaço privilegiado da formação e do exercício da cidadania, pois ela é capaz de provocar profundas e intensas mudanças sociais, desde que esteja alicerçada em princípios que visem uma educação digna, igualitária e de qualidade para todos.Não vai ser fácil fazer com isso aconteça, mas não podemos desistir.É nosso dever fazer com que ela aconteça de fato.



REFERÊNCIA:

CARVALHO,Rosita Edler.Removendo barreiras para a aprendizagem: uma educação inclusiva.Porto Alegre: Mediação, 2000.