A IMPORTÂNCIA DE TRABALHAR OS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENSINO FUNDAMENTAL

 

                                          Por:  Elbes Adriano de Oliveira Lima

 

"Há duas condições para você ser eficaz no trabalho. Uma que seja competente no que faz. Em segundo lugar, não acredito em eficácia quando se faz a coisa sem que haja uma entrega. É preciso também exigir respeito por nosso trabalho."

(Paulo Freire)

 

 

  1. 1.    INTRODUÇÃO

É possível aprender, tanto sobre a linguagem verbal quanto sobre as práticas sociais nas quais ela se realiza, através de troca interpessoal. Por isso, as atividades de aprendizagem de Língua Portuguesa ganham muito quando se realizam num contexto de cooperação. No processo de aprendizagem, aquilo que num dado momento um aluno consegue realizar apenas com ajuda posteriormente poderá fazê-lo com autonomia. Daí a importância de uma prática educativa fundamentalmente apoiada na interação grupal, que, apesar de só se materializar no trabalho em grupo, não significa necessariamente a mesma coisa.

Desde o início do primeiro ciclo é imprescindível que se ofereça aos alunos a possibilidade de se trabalhar os mais diversos gêneros textuais. O professor deve ser um investigador para que possa organizar um trabalho pedagógico, levando em consideração as idéias dos alunos e o que eles já conhecem sobre o assunto.

BEZERRA (2002, p. 40), afirma:

“Qualquer contexto social ou cultural que envolva a leitura e/ou a escrita é um evento de letramento, o que implica a existência de inúmeros gêneros textuais, culturalmente determinados, de acordo com diferentes situações comunicativas.”

            Sendo culturalmente determinados, os gêneros textuais não são aprendidos e usados igualmente por todos. Aqueles que são postos em rotina pelos grupos sociais influentes não chegam à população em geral. Os mecanismos sócio-políticos e ideológicos de controle dos recursos materiais e simbólicos são denominados de letramento ideológico, para explicitar o fato de que os eventos de letramento não são apenas aspectos de cultura, mas também de estruturas de poder numa sociedade.

            Os gêneros textuais, têm-nos mostrado concepções e classificações de texto e discurso variadas, com base em múltiplos critérios que fazem ver a diversidade de textos existentes numa sociedade e a necessidade de caracterizá-los teoricamente.

            Werlich (1975, apud BEZERRA, p. 40) propõe uma classificação geral de textos narrativos, descritivos, argumentativos, expositivos e convencionais, que parece contemplar características tipológicas desses textos. Porém, a tipologia de Vanoye (1979, apud BEZERRA, p. 40) que distingue textos expressivos, conativos, referenciais, metalingüísticos, fáticos e poéticos, baseando-se no estudo das funções da linguagem jakobsonianas.

            De acordo com os PCNs (2001, p. 70):

“Para considerar a diversidade dos gêneros, não ignorando a diversidade de recepção que supõem as atividades organizadas para a prática de leitura devem se diferenciar, sob pena de trabalharem contra a formação de leitores”.

            A produção de esquemas e resumos pode auxiliar na apreensão dos tópicos mais importantes quando se trata de textos de divulgação científica. No entanto, aplicar esse procedimento a um texto literário pode ser desastroso, pois apagaria o tratamento estilístico que o tema recebeu do autor.

            Se os resultados construídos são resultados da articulação entre as informações do texto e os conhecimentos ativados pelo leitor no processo de leitura, o texto não está pronto quando escrito, ou seja, a forma de ler é também a forma de produzir sentidos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  1. 2.    OBJETIVOS

 

2.1.        OBJETIVO GERAL

 

Reconhecer que os gêneros textuais têm uma dimensão social da linguagem nas formas discursivas orais e escritas, as quais fazem com que o aluno construa conceitos que o habilite nas escolhas conscientes de linguagem para dar conta de seus propósitos de comunicação.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

ü  Estabelecer a relação do assunto e da finalidade dos gêneros textuais,

ü  Reconhecer as características próprias dos gêneros textuais,

ü  Ampliar a competência lingüística e discursiva dos alunos,

ü  Fazer com que o aluno aprenda a estrutura e a linguagem de cada gênero textual,

ü  Desenvolver a capacidade de ler com compreensão, proporcionando familiaridade com os diversos tipos de gêneros textuais (histórias, trovas, poemas, canções, parlendas, notícias, cartazes, receitas, propagandas, dentre outros).

 

 

 

 

 

 

 

  1. 3.    JUSTIFICATIVA

É importante desenvolvermos a consciência de como a linguagem se articula em ação humana sobre o mundo, constituindo-se assim em gênero textual. A formação de um leitor crítico envolve o conhecimento das relações sociais, formas de conhecimento veiculadas por meio de textos em diferentes situações de interação escritor, texto e leitor, a pluralidade de discursos e as possibilidades de organização do universo.

Pode-se falar em gêneros variados que vão do cartão-postal e do telegrama ao texto científico e conto, fábula, anedota, poema, cartaz, crônica, email, receita, manual, ofício, charge etc.

São textos que circulam no mundo, que têm uma função específica, para um público específico e com características próprias. Essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, como a coerência e a coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero abordado.

É de fundamental importância que o professor trabalhe os gêneros textuais em sala de aula, a fim de que possa levar os alunos ao profundo conhecimento da diversidade de gêneros e, assim, terem uma visão mais ampla do tema.

Muitos alunos não têm conhecimento do que são os gêneros porque o professor, às vezes, não consegue fazer um trabalho melhor por falta até mesmo de interesse. Daí a importância de se trabalhar os diversos gêneros textuais com a finalidade de trazer para o mundo do educando algo que, para ele, é diferente e essencial para a sua jornada estudantil.

 

 

 

 

  1. 4.    FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Os gêneros textuais são fenômenos históricos, profundamente vinculados à vida cultural e social. Fruto de trabalho coletivo, os gêneros contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas cotidianas.

De acordo com MARCUSCHI (2002, P. 19):

“Os gêneros textuais surgem, situam-se e integram-se funcionalmente nas culturas em que se desenvolvem. Caracterizam-se muito mais por suas funções comunicativas, cognitivas e institucionais do que por suas peculiaridades linguísticas e estruturais”.

            Os gêneros são entidades sócio-discursivas e formas de ação social incontornáveis em qualquer situação comunicativa. E mesmo apresentando alto poder preditivo e interpretativo das ações humanas em qualquer contexto discursivo, os gêneros não são instrumentos estanques e enrijecedores da ação criativa. São caracterizados como eventos textuais altamente maleáveis, dinâmicos e plásticos. Aparecem emparelhados  a necessidade e atividades sócio-culturais, bem como na relação com inovações tecnológicas, o que é facilmente perceptível ao se considerar a quantidade de gêneros textuais hoje existentes em relação a sociedades anteriores à comunicação escrita.

            São de difícil conceito formal, devendo ser contemplados em sua utilização e condicionamentos sócio-pragmáticos caracterizados como práticas sócio-discursivas. Inúmeros na diversidade de formas, obtêm denominações nem sempre únicas e, portanto, como eles surgem, podem desaparecer.

            Segundo MARCUSCHI (op. cit. p. 20):

“Uma variedade de gêneros textuais relacionados a algum meio de comunicação e analisados em suas peculiaridades organizacionais e funcionais, apontam aspectos de interesse para o trabalho em sala de aula”.

            Levando em consideração o que afirma o autor, podemos dizer que, neste contexto, o presente ensaio caracteriza-se como uma introdução geral à pesquisa dos gêneros textuais e desenvolve uma série de noções que servirão para o entendimento do problema geral envolvido. De certo, haveria várias probabilidades de análise e diversos outros meios teóricos para definir e abordar a questão, porém o espaço como objetivo didático impede que se faça longas incursões pela bibliografia disponível nos dias atuais.

Para BARROS & NASCIMENTO (2007, p. 241):

“Nos últimos anos, a noção de gênero vem sendo discutida pelos estudiosos da área de ensino de línguas. Tal conceito tem ajudado vários pesquisadores a compreender as interações sociais nas múltiplas esferas em que agem pela linguagem”.

            Considerando esta afirmativa, podemos reiterar que o conceito de gênero passa a assumir um elo entre o uso da língua na sua forma natural, incluída num contexto sócio-histórico, onde se confrontam as construções econômicas, semióticas e culturais produzidas ao longo da história da humanidade e as práticas de linguagem escolarizadas, bitoladas às quatro paredes da sala de aula.

“Embora a presença de uma noção mais geral de gêneros encontre-se em muitos trabalhos do círculo de Bakhtin, é em ‘Os gêneros do discurso’ (BAKHTIN, 1992) que as atenções convergem mais especificamente para este problema.” – afirmam BARROS & NASCIMENTO (op. cit. p. 245)

            A definição bakhtiniana enfatiza a relativa estabilização dos gêneros, o seu caráter de processo já que ao mesmo tempo em que estes se formam como forças reguladoras da ação de linguagem, também se renovam a cada situação de interação. No entanto, cada enunciado visto individualmente contribui não apenas para a existência, como também para continuar e renovar os gêneros.

            De acordo com os PCNs (op. cit. p. 48):

“A mediação do professor cumpre o papel fundamental de organizar ações que possibilitem aos alunos o contato crítico e reflexivo com o diferente e o desvelamento dos implícitos das práticas de linguagem, inclusive sobre aspectos não percebidos inicialmente pelo grupo”.

            Os gêneros nos quais os discursos se organizarão e as restrições e possibilidades disso decorrentes, as finalidades colocadas, os possíveis conhecimentos compartilhados e não compartilhados pelos interlocutores, são aspectos fundamentais a serem tematizados, o que dá possibilidades ao sujeito de ter seu discurso legitimado.

            A proposta dos PCNs de fundamentar o ensino da língua materna, tanto oral quanto escrita, nos gêneros do discurso, desencadeou uma relevante e significativa atividade de pesquisa visando, primeiro, descrever uma diversidade considerável de gêneros a partir dos heterogêneos textos que os atualizam e, segundo, apresentar sugestões didáticas para o uso dos textos enquanto exemplares e fonte de referência d um determinado gênero.

            Cabe ao professor, enfim, desenvolver um trabalho pedagógico que conduza o alunado a um resultado positivo, no que diz respeito às atividades com gêneros textuais, levando-o ao discernimento dos vários gêneros e, assim, poder ter uma visão mais ampla, crítica e analítica dos textos que estão a sua volta.

            É preciso repensar a prática pedagógica dos professores neste sentido para que possam melhorar as estratégias de ensino e, consequentemente, darem aulas de qualidade.

 

  1. 5.    BIBLIOGRAFIA

BARROS, Eliana Merlin Deganutti & NASCIMENTO, Elvira Lopes. Gêneros Textuais e Livro Didático: da Teoria à Prática. 2007. Texto extraído do site www. google.com. br em 10/06/09.

BEZERRA, Maria Auxiliadora. Gêneros Textuais e Ensino: ensino de língua portuguesa e contextos teórico-metodológicos. Ed. Lucerna, 2002.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 2001.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros Textuais: definição e funcionalidade. 2º edição, Rio de Janeiro: Lucerna, 2003.