Com a revolução industrial as mulheres começaram a serem inseridas no mercado de trabalho, essas precisavam de um lugar para deixar seu filho em quanto trabalhavam nas fábricas, esses lugares tinham caráter assistencialistas não se preocupavam com o desenvolvimento dessas crianças. No Brasil essas instituições além de atender os filhos das mulheres que trabalhavam nas indústrias elas atendiam também os filhos das empregadas domésticas. O atendimento dedicado às crianças priorizavam apenas a alimentação, higiene e segurança física, sendo realizadas de forma precária.

Na década de 30 com a aceleração do processo de industrialização e urbanização começa-se a dar ênfase nas políticas sociais que trouxeram melhorias principalmente na área da educação, porém essas melhorias foram sentidas apenas em algumas áreas. Maiores avanços só seriam sentidos na década de 60 e meados de 70 onde nesse momento a Educação Básica passa a ser obrigatório e ainda garantido pela Constituição o oferecimento desta pela rede pública de forma gratuita. Juntamente com esse avanço das políticas educacionais crescia o número da evasão e da repetência entre as crianças mais pobres nos primeiros anos de estudo, para tal cria se a educação compensatória (pré-escola) para suprir as carências dessas crianças na faixa etária de quatro a seis anos. 

Com a constituição de 88 teve se a reafirmação do ensino público em todos os níveis, e novas medidas onde a creches e a pré-escola são enquadradas no ensino básico e passam a ser direito das crianças de zero a seis anos.

Mais adiante temos também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) trazem artigos ressaltando que a Educação Infantil com o auxilio da família e da sociedade deva agir objetivando o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectuais e sociais (art. 29), também exigindo o acompanhamento dessas turmas professores com habilitação legal em curso normal médio ou de nível superior (art. 62) estipulando o prazo de três anos para os municípios se enquadrarem (art. 89) e ficando claramente perceptível a divisão da Educação Infantil em duas etapas onde serão atendidas as crianças de zero a três anos de idade em creches e na pré-escola as crianças de quatro a seis anos (art. 30). Consecutivamente temos o Referencial Nacional Pedagógico da Educação Infantil que trazem para os professores, da área, uma proposta pedagógica contemporânea que vem auxiliar no pleno desenvolvimento da criança nos contextos sociais e culturais que garante a criança interações e práticas sociais que proporcionará a criança as mais diversas linguagens e o contato com os mais diversos conhecimentos que o auxiliarão na construção de uma identidade autônoma.

Atualmente a Educação Infantil tem a função de cuidar e educar, essa visão vem diminuindo a distância entre os profissionais dessa área e os que trabalham com crianças maiores, pois para apenas cuidar de uma criança pequena o profissional não precisaria de muita qualificação, mas para além de cuidar ter que educar uma criança, de baixa faixa etária, exige desse professor muito estudo e dedicação.    

Os registros bibliográficos defendem que a melhor forma de desenvolver nos alunos todas as suas habilidade e potencialidades, proporcionando os conhecimentos científicos e sociais seja pelas pedagogias contemporâneas ou pós-critica, porém em contato educadores percebe-se ainda enorme rejeição a essas práticas contemporâneas e a permanência do uso das práticas tradicionais.

Práticas tradicionais são marcadas pela transmissão e assimilação dos conteúdos onde gera a reprodução fiel dos conteúdos, o educando preconcebido como uma “tábua rasa” desprovido de conhecimento e sua capacidade é medida pela quantidade de informação que o mesmo pode memorizar informações, essas práticas já ha muito tempo vem sendo questiona pelos estudiosos, pois, impedem a interação do aluno com a realidade em que vive impedindo que esse se desenvolva de forma satisfatória, podemos perceber claramente a negativa dessas práticas em publicações diversas.

As práticas tradicionais incapacitam os alunos de irem além do conhecimento que nessa perspectiva é inquestionável e imutável tornando-o passivo, porem, como todos sabem que as grandes conquistas da humanidade se realizaram através de um sentimento de desconforto e questionamento dos conhecimentos existentes na busca de melhorias e a passividade e acomodação não geram melhorias. A perspectiva contemporânea traz como princípio o aluno aprender a aprender, onde o aluno deverá conhecer a si mesmo através da interação e conhecimento da sua realidade o que o possibilitará a ele autonomia no processo de aprendizagem com o intuito de formar alunos críticos que possam agir de forma que contribuam com melhorias sociais onde o aluno reconhece e transforma visando à práxis-social, nessa forma de aprendizagem não existe um modelo para ser seguida, nesse contexto a prática deverá se moldar a realidade atendida.

Para obtermos qualidade na Educação Infantil o Referencial aponta como eixo de trabalho a formação pessoal e social como processos a formação da identidade e autonomia e o conhecimento do mundo através da construção das diferentes linguagens e do contato com os conhecimentos. Há um consenso entre os pedagogos que a melhor forma de se desenvolver esses processos é com as práticas contemporâneas, porém elas ainda não estão sendo efetivamente praticada em sala de aula da Educação Infantil, que apesar do rompimento com o assistencialismo e a educação compensatória, poucas mudanças percebo no caráter da rotina escolar, com práticas de controle de tempo, disciplina, homogeneidade, muita preocupação com resultados estéticos, desinteresse em formação continuada, inflexibilidade, desafeto e resistência às pedagogias contemporâneas.   

 Como podemos perceber a Educação Infantil é ressente por esse motivo ela muitas vezes se apresenta se apresenta de forma desafiadora, para o desenvolvimento de uma prática pedagógica eficiente devemos usar da coletividade, dividindo e multiplicando experiências, com o constante ato de aprendemos uns com os outros, responsabilizarmos como grupo por nossas ações e opções e sermos constantes vigilantes para que possa nos permitir descartar ou dar continuidade em nossa prática ou destacarmos alguns equívocos que por vias podem acontecer.

O processo de transformação da escola deve reforçar o coletivo no contexto social mais amplo e vice- versa e, cabe a equipe de gestão o papel da mediação e ao comprometimento de todos para efetivação de uma proposta de superação dos problemas hoje existentes na comunidade escolar.

Partindo do dizer de Paulo Freire que ninguém educa ninguém, como tão pouco ninguém se educa sozinho onde os homens se educam em comunhão mediados pelo mundo. Tais transformações são necessárias visando que a educação deva ser feita coletivamente saindo dos limites dos portões da escola e chegando até a comunidade, tendo como eixo central as famílias atendidas pela instituição que se encontra também inserida naquela comunidade.

Essa forma de pensar, onde há a troca de conhecimentos e experiências não deve encontra-se apenas na sala de aula deve-se estender em todas as esferas da educação agindo na construção de um novo pensamento escolar e na reformulação de um novo currículo onde essa didática intercultural possa vir promover a construção do conhecimento a todos os envolvidos no processo de ensino. Essa didática muito se aproxima da matriz vygotskyana do sócio – construtivismos, onde através da interação com o meio social, advém a construção do conhecimento. Nessa prática o processo de aprendizagem com o intuito de formar alunos críticos que possam agir de forma que contribuam com melhorias sociais, nessa forma de aprendizagem não existe um modelo para ser seguida, nesse contexto a prática deverá se moldar a realidade atendida.

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